Sozinho ou com ajuda, Eduardo vai saindo do buraco

Eduardo Baptista - coletiva
César Greco / Ag.Palmeiras / Divulgação

A goleada sobre a Ferroviária foi excelente para todos. Mas para uma pessoa, ela não poderia ter sido melhor: Eduardo Baptista, que depois de uma derrota muito dolorida em Itaquera, precisava de uma vitória por um bom placar e com futebol convincente para estancar a sangria. O jogo do sábado de Carnaval não apenas trouxe as duas coisas, como ainda mostrou uma faceta do treinador até então desconhecida para a torcida.

Eduardo parecia ser refém de seu 4-1-4-1. Depois de uma sequência bastante irregular no início da temporada que culminou com a derrota no clássico, o treinador mostrou à diretoria, aos jogadores e à torcida que é maleável. Possivelmente notou que estava indo na direção errada e corrigiu o erro. Não se sabe se percebeu isso sozinho ou se teve ajuda de alguém. Neste contexto, no entanto, o que importa é que ele reconheceu os equívocos e partiu em direção de corrigi-los.

Nossos jogadores não se adaptaram ao esquema original proposto. Mesmo com vários atletas do meio para a frente no elenco que não jogaram com Cuca em 2016, foi o esquema do ano passado, o 4-2-3-1, que encaixou melhor. Antes, Felipe Melo ficava igual charuto na boca de banguela no meio das duas linhas, muito distantes. Agora, tendo possivelmente Tchê Tchê para acompanhá-lo, a tendência é seu futebol crescer muito mais.

Com dois volantes, as triangulações pelos lados do campo aparecem com mais facilidade. Jean e Zé Roberto/Egídio podem descer com muito mais liberdade, e Guerra ou Raphael Veiga surgem como opções que saem de dentro para ajudar a envolver as defesas adversárias junto a Dudu de um lado, Keno ou Michel Bastos do outro. Ou o próprio Dudu pode sair de dentro. São muitas opções de jogo.

Então está tudo certo?

Ainda há que se treinar a recomposição, mas os jogadores já sabem mais da metade desse caminho. Eduardo não gosta que nossos pontas acompanhem os laterais adversários até o fim, e isso já vem dando algum resultado, visto que nossa defesa é uma das melhores do país em 2017 até o momento. Essa troca ainda precisa ser treinada no novo posicionamento, mas não deve ser tão difícil.

Todo esse novo encaixe surge ao mesmo tempo que Borja entregou seu cartão de visitas para o mundo de forma espetacular. O gol marcado no sábado, pouco mais de dez minutos depois de entrar em campo, empolga até o palmeirense mais cético. O cara parece mesmo ser do ramo.

Que as cornetas cessem. A sequência que temos agora pela frente é uma das mais importantes do primeiro semestre: depois de encarar o Red Bull, temos a estreia na Libertadores, na Argentina; depois um clássico contra o SPFC em casa; depois mais um jogo em casa pela Libertadores; e em seguida mais um clássico na Vila Belmiro. Só com o apoio maciço de nossa torcida pularemos essas fogueiras sem nos queimar – e se isso acontecer, temos grandes chances de embalar.

Que Eduardo continue nos ajudando a ajudá-lo. É o que todos queremos, não?

A lesão de Moisés: perguntas e respostas

Moisés e Zé Antônio

César Greco / Ag.Palmeiras / Divulgação

Passados quase três dias da deprimente lesão sofrida por Moisés, após as suspeitas criadas durante o jogo terem infelizmente se confirmado – o meio-campista rompeu os ligamentos do joelho esquerdo, será operado nesta quarta-feira e tem previsão de volta entre agosto e outubro – algumas perguntas ficaram no ar, feitas por leitores e padrinhos do Verdazzo. Vamos a elas:

Quem entra no lugar de Moisés?

Borja será inscrito no Paulistão em seu lugar e pode fazer sua estreia já neste sábado, contra a Ferroviária, ou contra o Red Bull, na sexta-feira da semana que vem. Não deverá haver contratações. Eduardo Baptista tem à sua disposição um elenco numeroso e tem que achar uma solução para fazer o time funcionar, mesmo não havendo ninguém no grupo com características similares. Se formos pensar bem, não existe no futebol brasileiro jogador algum parecido com nosso Profeta.

Nosso treinador está vendo Dudu iniciar uma fase magnífica. Tchê Tchê, o insaível, logo estará inteiro. Guerra é talentosíssimo e ainda está pegando o jeito. Keno está cheio de apetite para jogar pelas pontas – ele se garante dos dois lados. Raphael Veiga está mostrando muita personalidade. E Michel Bastos parece estar no mesmo nível de seus melhores momentos desde que voltou do exterior, em 2014. Mesmo sem Moisés, temos seis jogadores de alto nível para as quatro vagas. Mattos fez a lição de casa direitinho.

E quem vai tratar de Moisés, já que nossos três médicos foram demitidos e não houve reposição?

Esta é uma ótima pergunta. Em princípio, o corpo médico das categorias de base deu a primeira assistência e Moisés será operado por um especialista. Mas já é a quarta lesão do ano no elenco (Arouca, Tchê Tchê e Fabiano também estão em recuperação) e não há notícia alguma sobre os substitutos dos doutores Rubens Sampaio, Vinicius Martins e Otávio Vilhena, demitidos em janeiro. Não cabe aqui entrar no mérito dessas demissões, já que a avaliação do desempenho do departamento médico vai muito além do que nossa observação como torcedores permite. Mas a reposição não pode demorar tanto, sobretudo com este caso tão delicado.

O Palmeiras deve pedir uma punição para Zé Antônio, o causador da lesão?

Zé Antônio é um jogador limitado, por isso joga apenas no Linense. Ele tem raras chances de disputar partidas grandes na vida, e quando as tem, tenta se destacar dentro do que sua limitação permite. Não vi vontade de quebrar o Moisés no lance; mas também não vi nenhuma preocupação com a integridade do companheiro de profissão. Zé Antônio é daqueles que entra forte em todos os lances e não se importa com as possíveis consequências. Quebrou Moisés pelo segundo ano consecutivo, e Wendell Lira, aquele do gol Puskas, mencionou que também já precisou ser operado após um contato com o sujeito.

Não cabe pedir punição ao jogador porque foi mais um acidente de trabalho. Não é possível caracterizar a intenção de causar a lesão. Só não me venham com conversinha que o Zé Antônio acabou sendo é vítima nessa história toda por causa da revolta de nossa torcida nas redes sociais. Vamos parar com essa palhaçada.

Então o que o Palmeiras poderia fazer para diminuir os riscos de prejuízos como este aconteçam de novo?

Não expor os jogadores mais valiosos no Paulistão. Inscrever para esta primeira fase os oito ou dez jogadores menos importantes do elenco e completar com jogadores da base. O período entre janeiro e março serve apenas para entrosar o elenco para as disputas mais importantes do ano. Se o Palmeiras vencer qualquer outro campeonato no ano, o troféu do campeonato paulista se torna secundário, quase dispensável. Alguém aqui entrou em dezembro de 2015 e 2016 lamentando a perda do Paulista? Amargaremos alguns resultados ruins em clássicos – o que não é pouco. Mas parece ser um sacrifício válido por um bem maior.

Para entrosar o time principal, o Palmeiras pode promover torneios amistosos com times de outros estados e/ou sul-americanos, nos moldes dos Torneos de Verano argentinos. Imaginem triangulares contra Olímpia e Atlético-PR, Bahia e Peñarol, Chapecoense e Colo-Colo, Independiente e Goiás, por exemplo. Deixa-se claro que o convite não se repetirá se machucarem nossos jogadores, vende-se as transmissões para a ESPN, Fox e Esporte Interativo e ainda é possível ganhar uns trocados, enquanto o time alternativo disputa a fase preliminar do estadual. Na fase final, caso o time se classifique, inscrevemos o time principal e vamos em busca do caneco.

A Federação Paulista não poderia fazer algo para proteger os atletas?

Esqueçam a FPF. Aquele prédio na Barra Funda deve ser a maior concentração de incompetentes por metro quadrado do planeta. Não são capazes de marcar um Derby para um domingo. Não conseguem formar árbitros que apitem as regras mais básicas, quanto mais que saibam coibir a violência que extrapola a virilidade natural do jogo.

A FPF faz um campeonato cujo regulamento permite que um time com ZERO PONTOS na fase preliminar se classifique para a fase seguinte e seja campeão. E não consegue valorizar esse campeonato sem impor uma regra que limite o número de atletas, impedindo que jogadores como Borja sejam inscritos a não ser por uma enorme infelicidade, como a que aconteceu. E ainda mantém uma entidade como o TJD, que suspendeu Alecsandro de forma preventiva por doping sem ter elementos suficientes para tal – o que se mostrou injusto posteriormente, com Alecsandro provando sua inocência.

E a FPF, mesmo com tudo isso, não é pior que nenhuma outra federação estadual. Vejam o que está fazendo a federação carioca, que não consegue nem marcar um Flamengo x Vasco, enquanto rouba seus clubes que têm prejuízo na bilheteria para disputar os jogos do Cariocão por causa das taxas absurdas. Vejam o que fez a federação paranaense, mandando a arbitragem cancelar um clássico com estádio cheio só para mostrar quem manda. Vejam se existe algum time do interior do Rio Grande do Sul, Minas, Goiás ou Pernambuco com alguma chance de se destacar no cenário nacional? Pra que servem essas federações?

Mas se os estaduais são tão ruins, por que eles ainda existem?

Por dois motivos: grana e poder. A RGT precisa de datas, precisa transmitir dois jogos por semana durante o ano todo com exceção do período de férias – é isso que ela vende em suas seis cotas de patrocínio. Quanto mais jogos no contrato, maior o valor dessas cotas. E os estaduais são parte fundamental para se atingir os números desejados.

A CBF tem sua diretoria eleita pelos clubes das duas divisões principais e pelas Federações Estaduais. Os presidentes dessas federações ganham mesadinhas da CBF para permanecerem contentes. E para justificar a existência dessas federações, é preciso haver campeonatos. Junte essa vontade política com o interesse financeiro da maior emissora de TV do país, e está explicado por que ainda temos essas aberrações esportivas.

Mas não é legal grandes jogando contra pequenos? Não são dos pequenos que aparecem os grandes nomes do futebol nacional?

Sim e não. Os clubes grandes não podem expor seus atletas a tantas partidas contra esses nanicos, mas isso não quer dizer que não possa haver um ou outro jogo. Na Inglaterra existe a FA Cup, um gigantesco mata-mata onde mais de 120 equipes de sete divisões disputam o troféu. Não que isto seja uma saída perfeita para ser aplicada no Brasil – nem sempre uma solução que funciona na Europa pode ser aplicada aqui – mas não deve ser impossível equacionar esse problema para que os times pequenos enfrentem esporadicamente os grandes, se mantenham em atividade durante todo o ano revelando talentos, sem que haja tantos jogos com tamanha disparidade técnica, algo que acaba promovendo vários encontros semelhantes com Zé Antônio x Moisés.

Pensem aí numa solução. Se virem.

E o encontro com o Moisés naquele jantar? Ainda vai rolar?

Calma. A ideia da organização do evento beneficente ainda é a de remarcar o evento, mas tudo vai depender do resultado da cirurgia. O jantar deveria ter acontecido na noite de segunda-feira no restaurante Quattrino, nos Jardins, mas obviamente não se realizou.

Ainda havia alguns lugares disponíveis – em caso de confirmação da remarcação, é uma chance gigantesca para não apenas ter contato com um grande jogador do Palmeiras, mas também de passar muito carinho e energia positiva para que sua recuperação aconteça da melhor forma possível. Fiquem atentos.

Eduardo se enfia num buraco, sozinho

A atuação do Palmeiras ontem em Itu deixou boa parte de nossa torcida de cabelo em pé. Depois de mais de 100 dias, o time de Eduardo Baptista voltou a perder um jogo; nossa torcida, mal acostumada pela arrancada espetacular no segundo turno do Brasileirão, viu o time jogar muito mal pela primeira vez desde sei lá quando – mesmo nos tropeços do segundo semestre de 2016, o Palmeiras não exatamente jogava mal; perdia pontos por mérito dos adversários e nossa torcida conseguia compreender isso.

No jogo do Novelli Junior, o Ituano não mostrou absolutamente nada que justificasse a inoperância do Palmeiras. Perdemos para nós mesmos, numa noite tecnicamente lamentável de quase todo o time, especialmente de Dudu. O time não conseguia trocar três passes, mesmo com Guerra mostrando sua classe em jogadas de muita criatividade.

Como atenuantes: depois de muito tempo, jogamos sem Moisés e Tchê Tchê. Por vários meses, um conseguia compensar a eventual falta do outro em campo, mas sem os dois, o cimento do meio-campo virou poeira e os tijolos desmoronaram. Além disso, uma desculpa surrada, mas sempre relevante, surge nesta época do ano: os jogadores, sem o preparo físico ideal, nem que estivessem extremamente coordenados conseguiriam ocupar os espaços da melhor maneira.

Na entrevista após o jogo, Eduardo demonstrou, de forma preocupante, que parece não estar enxergando o que está acontecendo. Disse que o time jogou bem, com a expressão assustada de quem está sentindo bastante a responsabilidade de estar vivendo o projeto mais importante de sua vida.

Ao definir o 4-1-4-1 como seu esquema principal, o treinador deveria insistir em aprimorá-lo antes de qualquer outra coisa, começando pelo posicionamento sem a bola. Felipe Melo está isolado, distante das duas linhas que o cercam, e quando vai para o bote, nem sempre chega a tempo; o adversário, ao passar por nosso volante, entra em velocidade e com opções de passe frente a uma dupla de zaga exposta. Sofremos contra a Ponte e contra o Botafogo. Em vez de trabalhar para compactar essas linhas, Eduardo resolveu alternar para o 4-2-3-1, que foi o esquema vencedor do ano passado.

Das duas, uma: ou Eduardo já está pensando em mudar sua rota inicial e fazer do 4-2-3-1 seu esquema principal, ou segue com o plano original e já começou a desenvolver um desenho alternativo para usar ao longo da temporada. Nenhuma das opções anima: se for a primeira, demonstra ter feito uma péssima análise preliminar das características do elenco – menos mal que detectou o alegado erro rápido e tentou corrigir; se for a segunda, temos um desastre completo – começou uma etapa sem terminar a anterior, interrompendo a evolução e confundindo os atletas, que naturalmente perdem confiança no comandante.

Eduardo Baptista ainda está dando seus primeiros tiros e é normal que erre vários deles enquanto calibra a mira. O problema é que até agora só está errando, e por muito. Pior: em vez de se aproximar da mosca, vai atirando cada vez mais longe.

Nosso treinador se enfiou sozinho num buraco, de forma desnecessária. A resistência da torcida a seu nome, que vem do “fator filho do Nelsinho”, parece mais forte do que parecia ser no início. A derrota, jogando muito mal, depois de três jogos pouco convincentes após as férias, causam arrepios na torcida, que começa a ter um déjà vu de 2016, quando o péssimo início de temporada de Marcelo Oliveira nos custou a Libertadores. A expectativa este ano, diante de todas as circunstâncias, é muito maior e já se nota em boa parte da torcida uma pressão por demitir Eduardo, para que a decepção não se repita.

A comparação com 2016 parece bastante injusta. Marcelo Oliveira já tinha conhecimento prévio da maior parte do elenco que iniciou os trabalhos no ano passado. Quando chegamos em março já era bastante nítido que o treinador tinha praticamente esgotado todas as suas tentativas de fazer o time jogar bem.

Provavelmente não ia sair mais nada daquele bagaço – mas a troca, no meio da primeira fase, não deu certo: nem Cuca conseguiu fazer a leitura do elenco e implantar um novo sistema a tempo de salvar a Libertadores. Menos mal que a preparação para o Brasileiro foi adiantada. Eduardo, por sua vez, tem a seu favor o fato de estar em início de trabalho. Não é nenhum absurdo imaginar que ele ainda pode encontrar uma boa fórmula para o magnífico elenco que tem em mãos.

Trocar de técnico só faria sentido se tivéssemos uma excelente alternativa disponível, e teria que ser AGORA. E também não seria garantia de nada; um mês de trabalho seria jogado fora e, diante do atraso, a Libertadores continuaria ameaçada. Para enterrar de vez essa opção, depois de uma rápida checagem, percebemos que neste momento o que há de melhor no mercado troca o S pelo X e gosta mesmo é de pojetos. Melhor não.

Então, como faz?

Eduardo Baptista precisa é de uma resposta rápida. O elenco precisa confiar em seu comando; ele precisa não apenas ser firme em seu planejamento, mas também precisa PARECER firme. Para o jogo de quinta-feira, contra o São Bernardo no Allianz Parque, ele vai precisar de um gol bem rápido se não quiser conhecer o inferno de perto. Qualquer resultado que não seja uma vitória, mesmo que jogue bem, vai resultar em guerra aberta entre torcida e treinador, gerando uma situação cada vez mais difícil de resolver.

Toda essa situação faz desta teoricamente entendiante partida-de-terceira-rodada-do-estadual-contra-time-pequeno uma decisão. E os jogadores sabem disso. A chave estará na postura dos atletas, que já sabem o que querem. Se confiam em Eduardo, darão a vida pelo técnico, farão um grande jogo, e mesmo se apoiando apenas em seus desempenhos técnicos individuais salvarão sua pele.

E será bom mesmo se estiverem pensando realmente assim.

Com Borja, Palmeiras fecha o elenco mais poderoso do país

Mattos e BorjaO Palmeiras fechou ontem a contratação do atacante Miguel Borja, do Nacional de Medellín, por cinco anos. As partes chegaram a um acordo após aproximadamente três meses de tratativas.

A chegada de Borja, eleito o melhor jogador das Américas no ano de 2016, fecha o elenco do Verdão para a temporada. A saída de Gabriel Jesus havia deixado uma lacuna técnica muito grande no setor ofensivo – Barrios e Alecsandro, além de Willian Bigode, não conseguiram chegar nem perto de substituir nosso menino de ouro à altura. O desempenho mostrado pelo colombiano no último ano recoloca o ataque do Palmeiras no patamar mais alto possível.

No papel, o elenco do Verdão tornou-se indiscutivelmente o melhor do país, mesmo aos olhos do mais cretino dos jornalistas ou torcedores clubistas. O campeão brasileiro mostra ao mercado que está realmente disposto a se manter na onda de conquistas iniciada em 2015, desta vez rompendo as fronteiras nacionais. É inegável que o principal objetivo é a conquista do bicampeonato da Libertadores e a disputa do Mundial de Clubes.

E esse foi um dos motivos para que Borja tenha preferido o Palmeiras em detrimento ao futebol chinês, que chegou com uma proposta financeira quase três vezes maior: o colombiano enxergou no Verdão um caminho muito mais forte para conquistas esportivas. Na visão do atacante, de 24 anos, conseguir destaque e títulos importantes o levarão naturalmente à Europa, onde poderá ganhar bastante dinheiro no futuro.

Eduardo Baptista tem nas mãos um elenco como há muito tempo não se vê num time brasileiro. O treinador é estudioso e aplicado e está também bastante preocupado em manter o ambiente em harmonia, administrando as disputas internas com senso de justiça. Tudo isso, aliado a uma estrutura impecável, faz do Palmeiras o favorito destacado para as quatro competições que disputará em território sul-americano em 2017.

Rivais

Outros times do Brasil também montaram elencos bastante interessantes. O Santos manteve a base do ano passado e, com reforços pontuais, aposta na evolução do bom trabalho do ano passado. O mesmo caminho está sendo percorrido pelo Atlético Mineiro, apesar de, a exemplo do Palmeiras, ter trocado o treinador. O Flamengo reforçou seu setor ofensivo e segue forte, mas a defesa permanece duvidosa. O Cruzeiro parece disposto a retomar a disputa com seu rival e montou um elenco bastante consistente e equilibrado, sob o comando de um técnico experiente – está fora da Libertadores, mas deve incomodar no Brasileiro.

Com a contratação de Pratto, o SPFC consegue voltar, ao menos, ao top 10 na lista dos elencos mais fortes do país, embora siga com um plantel muito desequilibrado e um técnico iniciante. O Grêmio optou por reforços “alternativos” e sofreu um duro golpe no início da semana – a séria lesão de Douglas PDC, seu principal (ou único) articulador ofensivo. O Fluminense apostou numa dupla de equatorianos e espera que Abel Braga os encaixe bem na boa base do ano passado – mas o time ainda pena para suprir a lacuna deixada por Fred. E Botafogo e Vasco são apenas o Botafogo e o Vasco.

Sim, falta o SCCP. Nosso rival virou uma piada. Afundado em problemas financeiros e políticos, o Small Club andou tomando chapéu até da Ponte Preta depois do patético fiasco com Drogba. O estádio ameaça desmoronar, o elenco é incrivelmente desequilibrado e o técnico é apenas a opção mais barata que conseguiram. O ano de 2017 parece que não terá salvação nem com a tradicional mãozinha do pessoal do apito.

Favoritismo

O Palmeiras precisa saber conviver com esse favoritismo. É preciso buscar os troféus no campo. De nada adiantará todo esse destaque no papel se o time não corresponder quando a bola rolar. E Eduardo Baptista ainda está construindo o time, que não estreou quatro peças fundamentais: Mina, Guerra, Moisés e claro, Borja. O onze considerado titular, que perdeu Tchê Tchê por cerca de dois meses, vai precisar adquirir quilometragem até atingir a plenitude de seu potencial. As perspectivas apontam para atingir esse nível em meados de maio; até lá, o torcedor precisa ter sabedoria para ponderar as cobranças.

Essa sabedoria pode caminhar lado a lado com euforia e otimismo sem problema algum. O palmeirense tem todo o direito de curtir este momento, de “borjar” nas redes sociais e tirar onda com todos os rivais, sobretudo porque o patch de campeão brasileiro nos dá toda a autoridade. As tentativas de menosprezar nossos méritos continuarão pipocando de todos os lados, mas a esta altura, só um desempenho miserável dentro de campo nos tirará do posto de protagonistas absolutos do ano.

Há mais troféus em nosso caminho. Não podemos deixá-los escapar. VAMOS PALMEIRAS!

O que significa a renovação do contrato entre Palmeiras e Crefisa

Mauricio Galliote e Leila Pereira
César Greco / Ag. Palmeiras / Divulgação

Palmeiras e Crefisa anunciaram no início desta tarde a renovação do contrato de patrocínio na camisa do clube por mais duas temporadas. O valor do investimento passa dos atuais R$ 66 milhões para R$ 72 milhões em 2017 e R$ 78 milhões em 2018, mais as despesas relativas a Barrios, que entre luvas e salários chegam perto de R$ 1 milhão por mês, enquanto o atleta permanecer vinculado ao Palmeiras.

No anúncio, feito em conjunto pelo presidente do clube Maurício Galiotte e pela presidente da Crefisa, Leila Pereira, foi mencionado ainda que haverá bônus pagos ao clube pela patrocinadora em caso de conquista em qualquer campeonato que o time profissional do Palmeiras entrar em 2017 e 2018, e deixou em aberto a possibilidade de ajudas pontuais em oportunidades de mercado – algo semelhante ao que foi feito nas contratações de Guerra e na aquisição de 100% dos direitos econômicos de Dudu, por exemplo – tudo em troca de propriedades de marketing que proporcionam enorme retorno institucional para as empresas, como pontuou Leila em seu discurso, na contramão de quem maldosamente caracteriza a relação com um mecenato. A empresária também aproveitou para fazer campanha para o Conselho Deliberativo do clube. As eleições acontecem no próximo sábado. Veja abaixo o vídeo completo com a coletiva.

Os recursos da Crefisa são muito importantes para o Palmeiras. Os valores anunciados podem representar até 20% do orçamento do clube. Peças fundamentais do elenco puderam ser adquiridas com o auxílio da empresa, e não há nada de errado ou imoral nisso.

O futebol é profissional desde 1933 e desde então monta times mais fortes quem tem mais dinheiro; o Palmeiras tem se destacado em todas as frentes de captação de recursos: além do patrocínio da Crefisa na camisa e em outras propriedades, a arrecadação com o plano de sócio-torcedor, com a venda de ingressos,com a venda de camisas e artigos do clube e a negociação com o Esporte Interativo renderam ao Palmeiras valores que nenhum outro clube alcançou, nem os queridinhos da mídia. Tudo isto atrelado a um planejamento e a uma gestão financeira impecável fazem do Palmeiras a grande potência econômica do país. O resto é choro de maus jornalistas e das outras torcidas.

O aporte feito pela Crefisa, no entanto, não pode servir de passaporte para a política do clube. Qualquer palmeirense pode se aventurar na trilha à presidência: primeiro é necessário ficar sócio, depois de oito anos pode se candidatar ao Conselho, e se vencer pode então fazer seu primeiro mandato, ao final do qual terá condições de ser candidato à presidência.

Leila afirmou não ter tempo para ser presidente do Palmeiras no anúncio de hoje, mas não disse que não quer. Na eleição de novembro de 2022 (na de 2020 ela não terá completado o primeiro mandato) Leila pode perfeitamente ter arrumado tempo e mudar de ideia em relação ao que disse hoje. E não há quem circule pelo clube hoje que diga que ela não alimenta esse sonho; a fama e popularidade que atrelar seu nome ao do Palmeiras lhe parece ser muito prazerosa – ela mesma menciona esse fenômeno numa de suas falas.

Quem está aparentemente pavimentando o caminho de Leila é Mustafá Contursi, de olho exclusivamente nos votos que a patrocinadora trará para sua chapa. Em dezembro, ela mencionou que seu marido, José Roberto Lamacchia, não seria candidato. Mustafá, ao perceber que a candidatura de sua Tiririca corria risco de impugnação, recomendou que o marido fosse também candidato, uma manobra de quem conhece os meandros da política do clube como a palma de sua mão – ou até melhor. Coisa de quem só está pensando em ampliar seu poder, abalado com a ascensão de Paulo Nobre depois de uma gestão tão vitoriosa.

Quem dorme com cobra amanhece picado. Leila está sendo usada por Mustafá e parece não se importar com isso. Quando menos esperar, em meio à sua escalada no clube, será contrariada. E se não tiver desenvolvido uma musculatura política que lhe dê força para contra-atacar – algo bem pouco provável em tão pouco tempo, a não ser que literalmente compre esse apoio – terá seu tapete puxado. Mustafá já fez isso várias vezes e muito, muito provavelmente fará de novo.

E quando isso acontecer, nada indica que ela não reagirá de forma igual ou pior que no ano passado, quando simplesmente deixou de pagar as parcelas do patrocínio quando se sentiu contrariada por Paulo Nobre nos affairs que os dois tiveram no decorrer da relação, a despeito do que o contrato determinava. Os valores atrasados foram pagos a posteriori, depois que as arestas foram aparadas. Mas não é nada recomendável correr esse tipo de risco. E é nesse buraco que o Palmeiras está se enfiando ao dar corda para a caminhada de Leila na política do clube.

Se a participação da Crefisa se limitasse meramente ao apoio financeiro em troca das exposições que as propriedades de marketing do clube lhe darão, seria o melhor dos mundos, tudo o que esperamos de um patrocinador – e foi isso que Leila apregoou em seu discurso. Mas a realidade aponta para outra direção, infelizmente. Leila não tem estofo na política do Palmeiras, que definitivamente não é para iniciantes.

O presidente Mauricio Galiotte passou por cima do estatuto para agradar a Mustafá e ao patrocinador. Garantiu para seu mandato governabilidade política e fôlego financeiro, bastante fôlego. Mas para isso abriu um precedente que pode ter consequências muito sérias e vai ter que carregá-lo pelo resto de sua vida.

No curto prazo, tudo aponta para dois anos bastante auspiciosos no plano esportivo. O Palmeiras montou um timaço e nem os comentaristas mais azedos se atrevem mais a questionar a qualidade de nosso elenco. As conquistas tendem a vir, basta confirmar o favoritismo dentro de campo – algo sempre mais palpável no Brasileirão, que é um torneio de pontos corridos de tiro longo. No mata-mata chegaremos fortes e seremos o time a ser batido, mas sabemos das contingências do futebol e de como os torneios eliminatórios aprontam surpresas. Mesmo assim, com seis torneios de mata-mata por disputar nos próximos dois anos, a chance de beliscar alguns é enorme.

Parte desse favoritismo pode ser creditado a nosso patrocinador, mas não só a ele. Que sua contribuição continue tendo sua contrapartida na exposição da marca das empresas. Que esse aporte não se transforme numa obrigação política, principalmente com uma pessoa que já deu fartas demonstrações de que não gosta de ser contrariada. No Palmeiras, essa é uma tarefa que nem o Eike Batista com peruca conseguiria.

Eleição

Se você acha que Leila Pereira, pelo que vem fazendo pelo clube, merece ser eleita, uma informação: ela JÁ ESTÁ ELEITA, pois precisa de mais ou menos 28 a 30 votos, algo que facilmente vai atingir ainda nas primeiras horas de votação. A agressividade de sua campanha deve lhe dar um retorno de 180 a 200 votos.

Isso significa que o Conselho terá, na aba de Leila, cerca de seis a sete candidatos do Mustafá, velhos associados que não querem nem saber dos jogos de futebol e que têm como única função obedecer ao chefe nas votações do Conselho. Mesmo que o leitor do Verdazzo ache que ela merece, Leila não precisa desse voto. Jamais, em hipótese alguma, deem seus preciosos votos a qualquer candidato dessa chapa cujos números começam com 1.

O Verdazzo recomenda a todos os associados do Palmeiras com direito a voto que exercitem sua cidadania palmeirense apoiando os candidatos do grupo Fanfulla. Palmeirenses que não perdem um jogo, cuja única preocupação ao fazer política no clube é fortalecer mais e mais o futebol. Conheça melhor os candidatos neste link.