Base do Verdão avança, mas segue falhando na tarefa de revelar talentos

Uma das críticas mais recorrentes ao departamento de futebol do Palmeiras é o baixo aproveitamento dos atletas da base no time principal. Em levantamento feito pelo blog “Futebol em Números”, o Palmeiras é o penúltimo na lista dos clubes que mais aproveitaram atletas das categorias menores no Brasileirão, à frente apenas da Chapecoense.

Academia de Futebol II, em Guarulhos
Academia de Futebol II, em Guarulhos

Nas últimas temporadas, vários jogadores chegaram aos 20 anos e foram incorporados ao time principal do Palmeiras, mas com exceção de Gabriel Jesus, um extra-classe, nenhum emplacou com destaque. Podemos mencionar alguns jogadores que vêm jogando o Brasileirão por outros clubes, mas sem mostrar futebol suficiente para ser incorporado ao nosso plantel em nível compatível com nossas atuais ambições – ao menos na avaliação de nossa comissão técnica.

João Pedro e Nathan na Chapecoense e Vitor Luís no Botafogo são os casos mais notórios. Matheus Sales, depois de um papel fundamental na conquista da Copa do Brasil de 2015, hoje está na reserva do Bahia. Arthur vem tendo algum destaque no Londrina, na Série B. Apesar de todos serem bem melhores que os históricos e folclóricos Chocolate, Daniel Lovinho, Ramazzotti e o incrível Romarinho, nenhum deles, por enquanto, tende a ser chamado de volta ao Palmeiras.

A saída é ir ao mercado e contratar, algo que Alexandre Mattos faz como ninguém no mercado brasileiro – no bom e no mau sentido, recebendo muitos elogios pelos excelentes negócios que faz, em meio a contratações questionáveis. Tomemos com exemplo João Pedro: de fato, ele não enche os olhos de ninguém, mas hoje podemos dizer que não está abaixo do futebol mostrado pelo Mayke.

O elenco profissional do Palmeiras tem, hoje, apenas quatro pratas-da-casa, sendo dois deles o terceiro e o quarto goleiros: Vinicius Silvestre, Daniel Fuzato, Thiago Martins e Vitinho. Este último já está há mais de um ano treinando com os profissionais, ganhou massa muscular, mas não mostra desenvolvimento. Suas últimas atuações pela Copa do Brasil sub-20, em que o Palmeiras foi eliminado pelo Avaí nas quartas-de-finais, foram apenas medianas. Além deles, o atacante Iacovelli, que veio do Flamengo com pouco menos de 18 anos, chegou a ser aproveitado em um jogo do Brasileirão.

Transição falha

As divisões de base do Palmeiras vêm conseguindo resultados expressivos em várias competições nos últimos anos, sobretudo nas categorias menores. Mas a impressão que se tem é que todo esse potencial, à medida que os garotos se aproximam da transição para o profissional, acaba se perdendo. O trabalho final, a lapidação, de alguma forma parece não estar sendo tão bem executado como em outros clubes – hoje a referência é o Grêmio, que sob o comando do professor Renight, tem oito de seus onze titulares vindos da base, jogando em alto nível.

Há cerca de um mês o Palmeiras trocou mais uma vez o técnico do time sub-20. Depois de um ano e meio sem resultados relevantes, seja em conquistas ou em revelações, João Burse deu lugar a Wesley Carvalho, que estava no Vitória. Esperamos que o novo treinador, que já havia trabalhado com o nosso atual coordenador João Paulo Sampaio no clube baiano por muitos anos, tenha sucesso na tarefa de fazer a transição final dos juniores para os profissionais, para que o Palmeiras possa ser referência no futebol como um esquadrão poderoso não apenas pelo seu poderio financeiro, mas também como formador de novos atletas.

Podcast: Periscazzo (19/06/2017)

Mais um Periscazzo foi ao ar nesta segunda-feira. O time está reagindo sob o comando de Cuca e a confiança em novas conquistas para este ano crescem a cada jogo.

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Palmeiras evolui em campo e chega a “março”

A boa vitória fora de casa ontem em Salvador deu sinais de que o Palmeiras, mesmo atrasado em relação a quase todos os outros times do país no entrosamento e desenvolvimento do sistema de jogo, está evoluindo. Já podemos dizer que estamos “em março”, diante do padrão tático exibido nas últimas três partidas, contra Fluminense, Santos e Bahia.

Os gols sofridos na Fonte Nova não denotam desorganização: um foi por mérito de Zé Rafael, que conseguiu um raríssimo drible sobre Mina; e outro foi fruto de desatenção e relaxamento após o gol do 3 a 1, que em tese teria matado o jogo – o lance capital foi a bola esticada para Edigar Júnio, que jamais deveria ter alcançado aquela bola; Prass fez uma grande defesa, mas na sequência veio um cruzamento em que a bola desviou, pegou efeito e enganou Juninho quando pingou. Acontece.

Meio-campo sólido

Guerra
César Greco/Ag.Palmeiras

Tão importante quanto a solidez defensiva, mesmo jogando com laterais com características de apoio, está sendo o domínio do meio de campo. Thiago Santos vive uma fase exuberante e terá em breve a concorrência de Bruno Henrique, além da volta de Felipe Melo, prevista para o fim de julho – algumas semanas depois, Moisés também deverá estar à disposição.

Guerra encontrou seu espaço já em duas funções: tanto jogando mais de frente para a jogada, vindo de trás, como no primeiro tempo na Bahia, quanto mais avançado – posição que ocupou após a entrada de Tchê Tchê. São configurações distintas que confundem os adversários e ganham jogo. Já podemos identificar as variações de jogo que nos foram tão úteis no ano passado.

Ajustes no ataque

Roger Guedes
César Greco/Ag.Palmeiras

Roger Guedes, depois de uma oscilação preocupante, voltou a jogar bem e tem sido decisivo. Suas jogadas pelos flancos – ontem jogou pelos dois lados, invertendo com Keno – estão sendo uma arma fundamental para furar as defesas e chegar à linha de fundo. Bateu pela primeira vez um pênalti, de forma muito precisa, sem chances para Jean.

Dudu, que vivia uma fase ruim antes da lesão, está prestes a voltar e a esperança de todos é que o faça em alto nível, como de costume. Se Egídio fizer apenas o básico, sem comprometer, teremos um lado esquerdo consistente e ficaremos apenas com  uma pendência: o comando do ataque, onde ainda falta aquele último ajuste.

Willian
César Greco/Ag.Palmeiras

Willian marcou mais um gol ontem e é o artilheiro do time na temporada, com dez gols. Sabemos, no entanto, que jogar enfiado no meio dos zagueiros não é sua especialidade; o camisa 29 compensa com rapidez nas pernas e no cérebro a falta de porte físico para ganhar as disputas dentro da área. Em jogos fora de casa, em que os adversários tendem a dar mais espaço, ele pode continuar sendo bem usado nessa função.

Nas partidas em nossa casa, quando a marcação tende a ser muito mais compacta e recuada, vai ser necessário contar com um jogador mais forte para esse tipo de jogada. E temos no elenco um atleta que já mostrou potencial para ser um dos melhores do mundo nessa função. Com dificuldades na adaptação, Borja vem sendo preservado por Cuca; é bem pouco provável que esteja sendo “queimado” ou “boicotado”, como a ala paranoico-conspiracionista de nossa torcida gosta de sugerir. Os adversários devem se preparar para ter nosso camisa 9 pela frente em seu esplendor, sobretudo em partidas no Allianz Parque, em breve.

Que venham as copas

Diante dos tropeços nas rodadas iniciais do Brasileirão, o décimo título hoje parece algo distante. O Palmeiras deve continuar sua recuperação no campeonato e deve alcançar o G4 naturalmente, aproveitando o fim de um trecho bem difícil da estranha tabela e a evolução do time.

E é essa evolução que nos enche de esperanças para um papel bonito nas copas. Os caminhos já estão traçados e o Palmeiras chega nos funis como um dos principais favoritos nas duas chaves. Se vai ganhar, é outro papo; mata-matas são sempre sujeitos a um lance que mudam toda a história de um campeonato. Mas ao que parece, depois de atrasos e oscilações, pegamos o elevador e entraremos fortes para tentar levar os dois canecos.

Podcast: Periscazzo (12/06/2017)

Mais um Periscazzo foi ao ar nesta segunda-feira. Falamos sobre a reação do time contra o Fluminense e das lembranças de 12 de junho de 1993.

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Os vilões, os herois e a confiança de volta

O Verdão entrou em campo no último sábado contra o Fluminense precisando de apenas uma coisa: vencer. E conseguiu, graças à estratégia pragmática de Cuca e ao calendário, que colocou diante do Verdão o Fluminense, adversário providencial para tirar qualquer zica. Deu ruim? Chama o Série C, que resolve…

Brincadeiras à parte, nosso treinador armou o time de forma a voltar a finalizar e encontrar os gols, mesmo sem um centroavante. Willian Bigode, sabemos, não tem como maior qualidade ser o homem de referência na área, tampouco cabeceador. Sem ter como segurar os zagueiros e descartando os cruzamentos pelo alto, a saída foi usar e abusar das ultrapassagens pelos flancos, buscando invadir a área pelos lados e rolando a bola para quem chega de trás. Foi assim que saiu o segundo gol, feito por Keno após jogada de Roger Guedes, e foi assim que Tchê Tchê, Guerra e o próprio Roger Guedes conseguiram finalizar contra o gol de Júlio César.

Cuca e Abel
César Greco / Ag.Palmeiras

A estratégia é simples, mas eficiente, sobretudo quando o adversário não a espera. Abel deve ter lido os últimos jogos do Palmeiras e provavelmente notou o exagerado número de bolas altas buscando o cabeceio de Willian, isolado. Talvez por isso tenha posicionado Henrique como volante, para tentar ganhar o meio-campo, trocando com Wendel, bem mais baixo.

Abel foi surpreendido, mas talvez Levir Culpi não seja, assim como Jorginho e todos os nossos próximos adversários. Cuca precisa seguir buscando alternativas para chegar ao gol caso um caminho se mostre bloqueado – de preferência, aproveitando o enorme talento reprimido de Borja. Nas próximas partidas o desenvolvimento coletivo precisa voltar a ser o foco, mesmo que isso signifique deixar mais alguns pontos pelo caminho. Mas no sábado, vencer era fundamental.

Prass e Guedes: os heróis

Depois de algumas falhas, Fernando Prass se reabilitou plenamente com duas defesas espetaculares – a segunda, numa cabeçada à queima-roupa de Marcos Júnior, garantiu a vitória num momento crucial.

Fernando Prass
César Greco / Ag.Palmeiras

Para recuperar o apoio total das arquibancadas, foi fundamental ter mantido a confiança em si mesmo – as mensagens de apoio nas redes sociais, nos momentos delicados, certamente ajudaram – parabéns aos torcedores que mantiveram a fé em nosso ídolo.

Aparentemente desmotivado e envolvido em rumores de saída do clube, Roger Guedes estava quietinho em seu canto; a vida de Léo Pelé estava muito fácil diante da partida discretíssima do camisa 23, até os 39 do primeiro tempo. Foi quando baixou o Edmundo no moleque e ele passou no meio de dois marcadores como faca quente na manteiga, chegando ao fundo e servindo Keno para desempatar o jogo. Com a confiança restabelecida, incomodou demais a defesa do Fluminense até o lance final – literalmente.

Laterais: os vilões

Willian não fez uma boa partida, mas ao menos se posicionou bem na área, sempre preocupando a dupla de zaga carioca e abrindo espaços para a chegada dos companheiros – e mesmo assim, foi o responsável pela casquinha na jogada de Cucabol que abriu o placar.

Definitivamente estamos com problemas nas laterais. Zé Roberto, há muito tempo, não consegue fazer uma partida consistente na marcação e já deixou de ser uma opção confiável. O veteraníssimo, em sua última temporada como profissional, merece todo nosso respeito, mas deve seguir como opção para situações específicas, quando sua experiência for mais importante que sua força defensiva. Como seu reserva é Egídio, podemos dizer que temos um problema de elenco, já que Michel Bastos “improvisado” é hoje, tranquilamente, a melhor escolha para a posição.

Jean
César Greco / Ag.Palmeiras

Mas quem vem decepcionando mesmo é Jean. Depois de um jogo muito forte contra o Vasco, na reestreia de Cuca, quando jogou no meio-campo, o camisa 2 vem fazendo uma sequência muito pobre e prejudicando o time – pode-se dizer hoje, sem medo de errar, que é o jogador que está em pior fase no elenco. No clássico no Morumbi, perdeu um pênalti e definiu a derrota. No sábado, errou tudo o que tentou, sendo o responsável direto pelo gol do adversário.

Fabiano, apesar de ter sido o autor de dois gols históricos, não consegue engrenar. Mattos já foi ao mercado para reforçar o setor e trouxe Mayke, que até agora não encaixou. Jean será importante como opção no meio-campo, já que Arouca, Moisés e agora Felipe Melo estão fora de combate. Vamos precisar apoiar demais os três laterais direitos do elenco, principalmente Jean, e torcer para que ele recupere seu bom futebol.

Avanti!

O Palmeiras, a despeito da indignação da imprensa e dos rivais que fazem pressão para que o clube pare de contratar (“não vale bomba!”), tem que reforçar essas carências de elenco – um lateral esquerdo e um atacante para disputar a posição com Borja; e quem sabe, um volante – só temos Tchê Tchê e Thiago Santos, pendurado, à disposição; com Jean como opção. O Verdão já fez duas investidas frustradas no mercado (Marco Rúben e Richarlison) para o ataque e precisa resolver isso rápido.

Enquanto os reforços não chegam, fica a boa sensação de ver que Cuca, na hora do aperto, conseguiu surpreender o adversário. Deixou de lado o desenvolvimento em banho-maria do time e buscou a vitória a qualquer custo – algo que será fundamental para as copas, que claramente são as prioridades do ano.

Com a vitória, a confiança está de volta. O time reagiu e demonstrou que é capaz de buscar os resultados cruciais; o queixo voltou a ficar duro e não quebrou no primeiro golpe; a bipolar torcida voltou a pensar positivo e a ser uma aliada do time, e não uma âncora – sem perder o senso crítico, jamais. Assim, vai! VAMOS PALMEIRAS!


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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