O confuso Cuca contra a nauseabunda tendência de jogar sem a bola

Xavi e IniestaA essência do futebol é fazer mais gols que o adversário ao final de 90 minutos: ganhar por 7 a 1, por 10 a 9 ou por 1 a 0 é a mesma coisa, principalmente quando a cultura das torcidas, sustentada pela crítica, é resultadista.

Há alguns anos, Pep Guardiola assombrou o mundo com um futebol que privilegiava a posse de bola. Contando com jogadores muito dotados tecnicamente, com toques curtos e rápidos, fazia seu Barcelona manter a posse por quase 80% do tempo de bola em jogo. Ganhou tudo e estendeu a filosofia à seleção espanhola de Del Bosque, que conseguiu pela primeira vez na História levantar uma Copa do Mundo.

Em menor escala, outros técnicos reproduziram o tal de tiki taka, que deixou o futebol muito agradável de se ver por alguns anos: “A bola está comigo, então você não vai fazer gol. Farei pelo menos um de tanto insistir e ganharei o jogo”. A lógica parecia invencível. Até que os ferrolhistas apareceram com um antídoto.

O contra-ataque

LeicesterDiego Simeone inventou e Claudio Ranieri consagrou. “Então vocês querem a bola? Fiquem com ela. Mas não a percam, senão vocês vão tomar”. Com um esquema defensivo espartanamente montado e com uma capacidade de contragolpear surpreendente, o Atlético de Madrid esteve a segundos de conquistar a Champions League e bateu de frente com todos os grandões da Europa. Jogando da mesma forma, o Leicester conseguiu vencer uma Premier League com um orçamento cerca de cinco vezes menor que o de seus principais concorrentes. E o tiki taka morreu, sendo substituído por um horroroso, mas muito eficiente jogo de contra-ataque.

As TVs transmitem os jogos para todo o mundo e hoje é fácil assimilar e aplicar as tendências vencedoras no futebol em qualquer canto do planeta. Com uma boa dose de disciplina tática, qualquer time de jogadores medíocres consegue bater um time estrelado que não saiba furar esquemas defensivos bem postados e/ou que não consiga atacar sem estar bem guarnecido para os velozes e mortais contra-ataques.

E por aqui?

SCCP 0x1 VitóriaTite armou o SCCP desta forma há alguns anos. Carille vem fazendo o mesmo. Mas este final de semana tivemos uma surpresa: Vagner Mancini deu a bola para o SCCP. Recusou-se a ter a posse. Percebeu que a força do líder do campeonato estava apenas na capacidade de contra-atacar e reduziu suas chances de marcar um gol. Venceu. Um dia depois, o goleiro Jandrei, da Chapecoense, repunha a bola direto nas mãos de Fernando Prass. O time catarinense se recusou a jogar e venceu por 2 a 0.

Outros times notoriamente técnicos estão tendo problemas nesta temporada. Atlético-MG e Flamengo, tidos como prováveis rivais do Palmeiras em busca de todos os títulos no início da temporada, também sofrem na mão de times bem arrumadinhos que saem rápido para o ataque.

É claro que nem sempre o recurso de jogar a bola para o outro lado funciona. O Palmeiras amassou o Avaí no primeiro tempo do jogo realizado há algumas semanas mantendo a posse de bola. Posicionou uma linha de cinco na frente e furou as linhas do adversário – mas isso só funcionou porque os atacantes avaianos não eram velozes e foi possível jogar exposto.

Em busca do equilíbrio

Cuca não consegue se armar contra times que jogam  no contra-ataque.
César Greco / Ag.Palmeiras

Os times mais técnicos precisam encontrar novamente o equilíbrio entre ataque e defesa. As técnicas de se montar um ferrolho estão bastante desenvolvidas, com linhas próximas e coordenadas. Mas a forma de armar um contra-ataque continua igual à de 30 anos atrás e dois atacantes podem envolver uma linha de quatro defensores, desde que tenham precisão e velocidade.

O futebol precisa encontrar uma nova alternativa a esta tendência eficiente, mas horrorosa, de jogar sem a bola. Estamos em busca de uma maneira de postar o time de forma segura ao mesmo tempo que quatro ou cinco jogadores superiores tecnicamente consigam envolver duas linhas de quatro jogadores ultradisciplinados que parecem um muro.

Enquanto isso não acontece, a bola vai para o outro lado sem a menor cerimônia. Na próxima rodada teremos Avaí x Chapecoense e Coritiba x Vitória. Vai parecer jogo de volêi, os dois times vão insistir em dar a bola para os adversários por toda a partida e provavelmente o uniforme dos meio-campistas nem precisarão ser lavados.

Cuca aparentemente não descobriu ainda uma fórmula para usar o elenco qualificadíssimo que possui para se impor. Ainda confuso, nosso treinador vive um momento de estudo e desenvolvimento do elenco, finalmente completo e com semanas livres para treinamento. É hora dele mostrar que sabe se reinventar e usar o elenco qualificadíssimo que tem nas mãos. Se eu fosse treinador, adoraria ter esse tipo de desafio pela frente. Hora de trabalhar!

Podcast: Periscazzo (18/08/2017)

O programa desta sexta-feira observa a volta do time aos treinos e o início do entrosamento entre Moisés e Guerra.

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Gilto Avallone: o “homem-bomba” está de volta

Gilto AvalloneO Conselheiro Gilto Avallone voltou a colocar as manguinhas de fora. Depois de muitos anos quietinho, viu na gestão atual a cordialidade perfeita para cravar suas unhas, sempre em busca de holofotes para satisfazer sua sanha pela popularidade.

Em seu blog pessoal, o Conselheiro, que também é membro do COF, divulgou informações confidenciais do contrato de Felipe Mello com o Palmeiras, ato que gerou que o clube fosse notificado extra-judicialmente pelos representantes do atleta e que pode causar severos prejuízos à entidade.

Recentemente, um grupo de conselheiros redigiu um documento pedindo ao presidente do Conselho Deliberativo, Seraphim Del Grande, que instaure procedimento disciplinar contra Avallone, a fim de verificar se sua atitude pode ser tipificada como infração e assim punir o conselheiro pelo vazamento.

Histórico

Gilto Avallone militou na década passada na UVB, legenda que historicamente representava a oposição ao mustafismo e foi eleito conselheiro. Foi visto dizendo impropérios dignos de arquibancada referindo-se a Mustafá Contursi nas reuniões do grupo político, com o qual posteriormente rompeu durante a segunda gestão Della Monica. Curiosamente, foi se aninhar exatamente sob as asas de Mustafá, que o aceitou prontamente.

Foi um dos mais ferrenhos opositores à construção do Allianz Parque – felizmente, foi derrotado. Em 2011, foi objeto de uma reportagem no portal da RGT, na qual foi chamado de “homem-bomba” do Palmeiras. Na matéria, assume o gosto por divulgar para a imprensa tudo o que sabe sobre o clube.

Hoje, Gilto e a UVB estão novamente do mesmo lado, bebendo do mesmo vinho servido a Mustafá Contursi. Enquanto isso, alguns resilientes conselheiros tentam encerrar de uma vez por todas essa sangria de informações.

Processo

O requerimento, antes de ser enviado ao presidente do CD, precisa conter a assinatura de 50 conselheiros. Uma vez coletadas as assinaturas, aí o processo poderá ser validado por Seraphim Del Grande, que define a pauta de cada reunião do Conselho. Se Seraphim não quiser (leia-se: se Mustafá não deixar), o processo não caminhará um centímetro sequer. A tarefa é árdua.

Cabe à comunidade palmeirense pressionar os conselheiros conhecidos para que assinem o requerimento para que sejam juntadas as assinaturas necessárias. O segundo passo será pedir com bastante insistência ao presidente do Conselho para que faça seu dever que dê início à avaliação. Se Gilto não fez nada de errado, não tem nada a temer.

Sendo a infração tipificada ou não, o Palmeiras precisa de uma vez por todas tratar as informações com mais carinho. De “homem-bomba”, Gilto não tem nada – todas as vezes em que ele resolve detonar algo, sai ileso; só o Palmeiras é quem é bombardeado e precisa contornar os efeitos das crises por ele causadas.

Em 2011, quando Gilto gostava de brincar de X9 para a imprensa, o Palmeiras tinha um orçamento que mal ultrapassava os 100 milhões de reais ao ano – e já não era pouco. Agora essa cifra está quase cinco vezes maior e não comporta mais em hipótese alguma esse tipo de molecagem. Acabar com esse comportamento é dever de todas as esferas de poder do clube, em respeito ao patrocinador e aos milhares de sócios-torcedores que mensalmente fazem seus pequenos sacrifícios para engrandecer o Palmeiras.

Atletas que voltam de empréstimo ficarão à disposição de Cuca para 2018

Matheus SalesO repórter Ciro Campos, do Estadão, fez um ótimo levantamento junto ao Departamento de Futebol Profissional do Palmeiras e listou os atletas que estão emprestados pelo clube que voltam entre novembro e janeiro, teoricamente ficando à disposição de Cuca.

Obviamente, a maioria deles não está nos planos do treinador e devem ser realocados por Alexandre Mattos, mas revirando bem, pode haver um ou outro que se encaixe nas necessidades do elenco, ao menos para opção como banco de reservas.

Segue a lista, comentada por posições.

Goleiro

VagnerVagner – Quase com certeza deverá ser reemprestado, sobretudo diante dos bons treinos de Vinicius e Daniel Fuzato. A renovação de Fernando Prass, perto de ser concretizada, praticamente sepulta suas chances.

Laterais

Victor LuísJoão Pedro, Lucas, Taylor, Matheus Muller e Victor Luís – Aqui sai jogo. As laterais são as posições mais carentes de nosso elenco; todos eles tiveram bons desempenhos em suas experiências de empréstimo e podem servir para compor o elenco. Nenhum deles, no entanto, parece ter qualidade para segurar a titularidade.

Zagueiro

Leandro AlmeidaLeandro Almeida – talvez o pior jogador que vestiu a camisa do Palmeiras na década, mesmo com todas as bizarrices da gestão Tirone. Deve retornar do Figueirense, clube que está ajudando a comprar a passagem para a Série C. Recolocá-lo será um grande desafio para Mattos.

Meiocampistas

AllioneBruninho, Daniel, Matheus Sales, Renato, Allione, Juninho e Patrick Vieira – Allione vem fazendo boa temporada no Bahia; Juninho mostrou potencial nas chances que teve em 2015. Ambos podem ser reaproveitados, mas brigam com Raphael Veiga e Hyoran – a avaliação de Cuca ao fim do ano será fundamental.

Matheus Sales e Daniel, que fizeram uma excelente dupla no sub-20, merecem oportunidade, mas a volância está bastante concorrida – talvez sejam aproveitados em caso de empréstimo de Arouca, que tem os vencimentos bastante elevados para o pouco que é utilizado.

Atacantes

LeandroArtur, Gabriel Leite, Kaue, Leandro Calopsita e Rodolfo – os meninos Artur, Gabriel Leite e Kaue mostravam bastante potencial na base; resta saber se cresceram em seus empréstimos. Artur vem sendo bastante elogiado em sua passagem pelo Londrina.

E o Calopsita? Pegou até seleção em 2013 e é ídolo no Japão. Alguém daria uma chance?