Podcast: Periscazzo (26/01/2018)

A virada sobre o Red Bull, os desempenhos de Jailsão da Massa e Thiago Santos, e mais sobre as declarações de Luiz Ademar sobre o tratamento ao Palmeiras por parte da imprensa.

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Ex-comentarista do SporTV põe a boca no trombone

Luiz AdemarO comentarista Luiz Ademar, que trabalhou nos últimos anos no SporTV, fez revelações importantes na tarde desta quarta-feira através de sua conta no Twitter.

Tudo começou quando um leitor questionou a opinião do repórter Marcos Uchôa num programa matutino do canal.

Ademar, que já foi presidente da ACEESP, não se furtou a emitir seu parecer sobre a forma como a redação da casa é instruída para tratar o Palmeiras pelo fato de ter assinado com o Esporte Interativo a transmissão das partidas do Brasileirão em canal fechado a partir de 2019.

Confira abaixo a sequência de tweets.

As revelações são gravíssimas. A diretoria do Palmeiras precisa fazer uma representação junto à emissora e exigir um posicionamento imparcial dos jornalistas em relação ao clube.

Podcast: Periscazzo (22/01/2018)

Tudo sobre o jogo de ontem em Ribeirão e a evolução do time sob o comando de Roger Machado.

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Respeito, muito respeito, para criticar Dudu

Dudu
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras fez sua segunda partida na temporada e os jogadores mostram nitidamente que estão assimilando as orientações de Roger Machado. As jogadas já têm começo, meio e fim, mas ontem especialmente, foi necessária uma estratégia para lidar com o calor infernal que fazia em Ribeirão Preto.

Enquanto o Botafogo veio para o tudo ou nada no primeiro tempo, fazendo do time uma sanfona bem arrumadinha – se encolhendo bastante quando o Palmeiras tinha a bola, e saindo em rápidos e perigosos contra-ataques, o Verdão cadenciou o jogo, rodando a bola sem pressa e deixando os atletas do time da casa acabarem com suas energias. Os dois primeiros chutes a gol do Palmeiras só vieram após os 40 minutos.

O Botinha não era exatamente um George Foreman, mas o que o Palmeiras fez foi exatamente o que Muhammad Ali fez na célebre luta no Zaire em 1974: suportou a pressão do adversário, levando-o à exaustão, e chegou à vitória de forma extremamente fácil no segundo tempo.

Futebol não é boxe, e cada atleta tem uma forma de “se poupar”. Para quem está vendo de fora um atleta cumprindo essa orientação, um pique dado sem toda a intensidade, ou uma chegada mais leve numa dividida, pode parecer o velho corpo mole.

Logo quem?

DuduDudu não é o tipo de jogador que combina com esse tipo de estratégia, embora fosse necessário. Nosso capitão, conhecido por sua raça e dedicação durante todo o jogo, um cara que dá 110% em cada lance, transparecia apatia.

Entram também no pacote uma certa vontade de tocar de calcanhar na bola, a própria ferrugem típica de início da temporada e as informações de que recebeu propostas milionárias para jogar na China.

Foi o que bastou para alguns torcedores tomarem certas liberdades nas redes sociais. Ainda no primeiro tempo, acessaram sua conta no Instagram e fizeram ataques covardes, usando palavras duras, com todo o ódio que já é característico desta era.

Pouco depois, uma legião de palmeirenses abafou as manifestações negativas enchendo a mesma postagem com mensagens de apoio e gratidão a Dudu. O jogador que hoje é o maior símbolo da ressurreição do Palmeiras, que fez dois gols na final da Copa do Brasil contra o Santos, que marcou um gol de cabeça no Cássio e colocou um boné, que meteu gol de cobertura no Denis, que é um dos líderes de assistências do elenco e artilheiro do Allianz Parque, só pode ser desrespeitado por gente que não respeita a si mesmo.

Ninguém está acima do bem e do mal

Dudu
Divulgação

Nosso camisa 7, assim como qualquer jogador que passa pelo Palmeiras, estará sempre sendo posto à prova. Faz parte de vestir uma camisa tão pesada. Talvez ele saiba lidar com os ataques como os de ontem e tire de letra. Ou, menos provável, talvez isso tenha sido a gota d’água para que ele tome a decisão de deixar o Palmeiras e ganhar dois caminhões de dinheiro do outro lado do mundo. Esperamos que não.

Não foi só um mau primeiro tempo. Dudu jogou mal também na parte final do jogo, errando lances que não costuma errar, como aquele em que saiu de frente para o goleiro, mas não conseguiu tirar para o lado e fazer o gol. Aceitável, para início de temporada, sob um sol tão forte – e principalmente pelos créditos acumulados. Mas é claro que irrita.

Já podemos ver jogadores rendendo razoavelmente bem, como Felipe Melo, Victor Luis, Willian, Borja e Lucas Lima. Outros foram mal no primeiro jogo, mas já deram sinais de reação, como Tchê Tchê e Marcos Rocha. Dudu fez uma dobradinha de jogos ruins; pode e deve ser criticado.

As críticas, no entanto, devem estar revestidas de respeito, muito respeito. Dudu não está acima do bem e do mal, mas todos sabemos do que ele é capaz. E se continuar jogando mal, algo muito simples vai acontecer: ele vai para o banco, já que temos Willian, Gustavo Scarpa, Keno e Guerra brigando com ele por duas vagas pelos flancos. Não precisa o revoltadinho de internet demonstrar toda sua falta de atributos morais e de educação básica para tirá-lo do time.


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MEMÓRIA: Os bastidores da assinatura do acordo entre Palmeiras e Parmalat, em 1992

A partir de hoje, o Verdazzo publicará todos os sábados uma coluna assinada pelo jornalista Thell de Castro, com episódios da História do Palmeiras sob a perspectiva da época, com excertos da mídia no momento em que a notícia acontecia. 

A série começa com a divulgação do acordo de cogestão entre Palmeiras e Parmalat,e m 1992. 


Crise, pressões e especulações: os bastidores da assinatura do acordo entre Palmeiras e Parmalat, em 1992

Palmeiras assina acordo de cogestão com a multinacional italiana e se prepara para viver nova fase; enquanto isso, time sofre com jejum, brigas internas e jogadores citam forças negativas que atrapalham a equipe

Primeira foto do time do Palmeiras após o acordo com a Parmalat, ainda sem reforçosTodo mundo sabe como foi vitoriosa a parceria entre Palmeiras e Parmalat nos anos 1990. Após um longo período sem títulos, ganhamos o Campeonato Paulista de 1993, quando a competição ainda era muito valorizada, em cima do maior rival, com um show de bola. Tem coisa melhor? Depois veio um título atrás do outro.

Mas vamos relembrar o início dessa história, como se anunciou esse acordo, através de pesquisa no acervo da Folha de S. Paulo.

A primeira notícia sobre o assunto é de 14 de fevereiro de 1992. E já começou com especulação. “Palmeiras quer contratar Dener da Portuguesa”. Dizia o pequeno texto: “O Palmeiras sonha em contratar Dener da Portuguesa. O dinheiro viria de um convênio com a multinacional Parmalat, que pode ser fechado hoje à tarde na Itália. Se não for possível a vinda do jogador para o Campeonato Brasileiro, os dirigentes esperam até o meio do ano”.

Se fosse hoje, os torcedores estariam alvoroçados no Twitter e nos grupos de WhatsApp e o Conrado colocaria aquele famoso fluxograma para pegar os mais desesperados. Como se sabe, Dener não veio, mas o convênio sim.

No dia 18 de fevereiro, outra notícia pequena, no meio de uma matéria sobre uma vitória do Santos sobre o Guarani por 1 a 0 pelo Campeonato Brasileiro de 1992, falava que o acordo deveria ser fechado naquele dia.

O Palmeiras deve fechar hoje um acordo de US$ 500 mil por ano com a multinacional italiana Parmalat. A empresa pagará a rescisão de contrato de patrocínio com a Coca-Cola, que é de US$ 700 mil. A Coca-Cola dá US$ 200 mil por ano clube. A Parmalat vai investir cerca de US$ 40 mil por mês. A curto prazo, o uniforme do Palmeiras será mudado e o nome da Parmalat será escrito na camisa. Nenhum novo jogador deverá vestir a camisa do Palmeiras nos próximos meses”, dizia o texto.

Nelsinho Baptista e SergioO pouco destaque dado ao possível acordo talvez se explique pela escassez de títulos e notícias boas que o Palmeiras enfrentava naquela época. Outra notícia, no dia seguinte, jogava um balde de água fria no palmeirense, pelo menos por algum tempo. No mesmo dia, o Palmeiras jogaria contra o Bragantino e o técnico Nelsinho Baptista tentava administrar uma crise interna entre Evair e Betinho.

Junto com a ficha do jogo, a Folha publica: “O presidente Carlos Facchina Nunes informou ontem à tarde que o acordo com a Parmalat não será assinado tão já. ‘Hoje eu terei um encontro com diretores da Parmalat, mas posso te garantir que em menos de um mês nada acontecerá’ ”, afirmou.

A chegada de Brunoro

De 18 de fevereiro pulamos para 1º de abril, quando a Folha voltou ao assunto: “Brunoro pode dirigir esportes no Palmeiras”, dizia a manchete.

Leia trechos do texto: “Para derrubar a carga de 16 anos sem títulos, o Palmeiras deve contar com o trabalho de José Carlos Brunoro, ex-gerente de esportes do Pirelli de Santo André, que pode assumir o cargo de diretor de esportes do clube. Brunoro disse ter sido convidado pela diretoria da Parmalat, empresa multinacional italiana que está em negociações de patrocínio com o Palmeiras. (…) Pelo projeto, inédito no futebol brasileiro, Brunoro seria uma espécie de manager e ficaria responsável pelo futebol profissional, futebol do salão, vôlei e basquete”.

No dia 7 de abril, os conselheiros palmeirenses se reuniram para analisar o acordo com a Parmalat. Discussões, debates, acordo aprovado, seria assinado dentro de pouco tempo.

Amistoso com o Parma celebra acordo

No dia 28 de maio de 1992, as notícias já eram melhores e a nossa epopéia estava prestes a começar. O Palmeiras enfrentaria às 20h, no Palestra Itália, o Parma, “num amistoso que celebrou o acordo de cogestão técnico-administrativa entre o clube a empresa italiana Parmalat”, como citou a Folha. “O acordo marca a profissionalização dos cartolas nos clubes brasileiros. José Carlos Brunoro, diretor de esportes da Parmalat, cuida dos resultados (e do dinheiro) da cogestão – a companhia investe só neste ano US$ 500 mil no clube”, completava o texto.

O Palmeiras venceu por 2 a 0, gols de Betinho, aos sete minutos do primeiro tempo, e Toninho Cecílio aos 46 do primeiro. Mais de 12 mil pessoas compareceram ao estádio.

O Verdão jogou com Carlos, Odair, Toninho, Tonhão e Biro; César Sampaio, Edu Marangon, Luís Henrique e Betinho; Daniel e Paulo Sérgio, técnico Nelsinho. O Parma veio com Taffarel, Donatio, Benarrivo, Minotti e Apolloni; Nava, Zoratto, Osio, Buga; Asprilla e Agostini, técnico Nevio Scala.

As tais forças negativas…

Evair na final do Campeonato Paulista de 1992Como ainda eram tempos de vacas magras – o final desse tempo, pelo menos até 2000 – “a festa no Parque Antarctica vai servir também para amenizar o trauma pela desclassificação no Campeonato Brasileiro. Eliminado na fase classificatória, o clube faz planos para o Paulista do segundo semestre, prometendo, com a ajuda da Parmalat, fazer grandes contratações”, dizia a Folha.

Outra parte interessante do texto dizia que Evair, Andrei e Jorginho continuariam afastados por indisciplina e poderiam ser negociados. Vou explicar com detalhes em outro texto posterior, mas Evair foi mantido no elenco com a saída de Nelsinho e se transformou em um dos grandes ídolos da torcida palmeirense.

O ano de 1992, apesar de marcar o início da parceria, não foi um mar de rosas. O Palmeiras começou mal o Paulistão, Nelsinho foi demitido em 19 de agosto, após três derrotas e um empate em zero com o Noroeste, e chamou os torcedores que fizeram pressão de covardes. Dois técnicos recusaram o clube, Candinho e Valdir Espinosa. Raul Pratalli, comandante dos juniores, assumiu o time interinamente e sonhava com uma chance, que não veio.

O time foi para Parma, na Itália, com exceção de dois diretores que integrariam a delegação. “A demissão acabou atrapalhando os planos de Adriano Beneducci e Gilberto Cipullo, que não poderão passar um final de semana na Itália. O presidente Carlos Facchina retirou seus nomes da delegação para que fiquem no Brasil procurando um novo técnico”.

O Palmeiras acertou com Otacílio Gonçalves, do Paraná Clube, que já chegou com grande pressão: “Hoje ele se apresenta ao clube que o contratou por um ano. Chega ao mesmo tempo em que os jogadores desembarcam de sua frustrada excursão italiana, pródiga em almoços e jantares espetaculares, mas pobre no resultado: 2 a 0 para o Parma, gols de De Chiaro e Pizzi, em partida que celebrou o acordo Palmeiras/Parmalat. “O Palmeiras é um clube difícil”, disse, em Parma, o próprio presidente Carlos Facchina. Gonçalves foi avisado da ‘barra pesada’ palmeirense e, mesmo assim, aceitou a missão recusada por gente como Wanderlei Luxemburgo, Candinho e Valdir Espinosa”.

Outro trecho da matéria que mostra como era o clima no clube: “Segundo o meia Daniel, uma profusão de forças negativas ronda o Palmeiras e levam os jogadores a proporcionar exibições ruins como a de sábado. Em conversas com jogadores e dirigentes, percebe-se que as tais forças negativas são, na verdade, o trauma da demissão de Nelsinho e a pressão das torcidas organizadas. Pode-se somar a isso a ausência de pelo menos um craque e também o jejum de títulos. Mas o que é o ovo e o que é a galinha?”.

Isso mostra a importância do choque de gestão, profissionalismo, e, claro, investimentos. As tais forças negativas sumiram rapidamente a partir de 1993, voltando com a saída da Parmalat, em 2000, quando o clube voltou a andar com suas próprias pernas, por caminhos bastante tortuosos até pouco tempo atrás.


Thell de Castro é palmeirense, jornalista e editor do site TV História