Periscazzo (26/02/2018)

Tudo sobre o Derby.
Por que perdemos? O que precisa mudar. O ano está perdido? Fora todo mundo?

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Duas frentes de trabalho para acabar com a maldita sensação de déjà vu

Derby
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

O Palmeiras perdeu mais um Derby em Itaquera, no final-de-semana. Esta derrota perfez uma rara sequência de quatro seguidas no clássico – a última vez que eles nos impuseram isso na História foi entre 1983 e 1985. Assim, o placar de sequências de quatro ou mais vitórias foi igualado, com quatro para cada lado. A diferença é que o Palmeiras ostenta uma sequência de cinco e outra de seis triunfos.

A partida do último sábado traz uma desagradável sensação de déjà vu, já que guarda semelhanças com dois Derbies disputados no ano passado.

De certa forma, lembra o clássico disputado em 22 de fevereiro, pelo Paulistão, quando o Palmeiras, apesar do período de desenvolvimento do time em virtude de ter um treinador contratado na virada do ano, fazia melhor campanha no campeonato, enquanto o rival parecia bem mais longe, vindo de resultados ruins e ainda buscando encontrar um time titular confiável. Com um gol de Jô, no final do jogo, o Palmeiras foi derrotado pela contagem mínima.

Por outro lado, a partida do último sábado remete ao Derby de 5 de novembro, que terminou com o placar de 3 a 2 e que teve larga influência da arbitragem. Nos dois jogos, apesar da interferência dos homens do apito, o Palmeiras também mostrou falhas dentro de campo que precisam ser ajustadas.

Fomos roubados, mas claro que poderíamos ter jogado melhor

Instagram
Reprodução Instagram

A primeira reação do torcedor contra o próprio time é aquela que infelizmente já virou rotina de alguns anos para cá: achar que “faltou raça”. Daí a chamar este ou aquele jogador de vagabundo e pipoqueiro é um pulo. Daí para pior. Houve alguns episódios tétricos: torcedores procuraram o Instagram da esposa do Dudu e o xingaram – não pouparam nem uma foto em que aparece apenas um dos Duduzinhos. É caso de sociopatia gravíssimo.

Mesmo sem chegar a esses extremos, boa parte da nossa torcida canaliza a frustração da derrota contra nossos jogadores de forma exagerada. A necessidade de se achar culpados e de vociferar pelo teclado é um fenômeno alarmante. E não é justo.

Faltou atitude? Talvez, mas será que foi por falta de “tesão”? Será que foi por desinteresse? É bem pouco provável.

Nossos atletas no primeiro tempo, mesmo jogando ligeiramente melhor que o adversário, não conseguiram abrir o placar. A intensidade de jogo poderia ter sido maior, o time poderia ter atacado de forma mais compacta. Erros dos jogadores, talvez do técnico – jamais saberemos se o posicionamento equivocado dos nossos jogadores foi orientação do Roger ou se eles não executaram o que o treinador pediu. No final, mesmo com nossa defesa postada, um buraco na marcação e muita felicidade de Rodriguinho determinaram a abertura do placar.

Raphael Claus
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

No segundo tempo houve jogo por dez minutos, um massacre do Palmeiras, com muita atitude – tanto que Cássio aproveitou um choque com Borja para paralisar o jogo por três minutos para esfriar nosso time, sentindo o perigo. Assim que a partida recomeçou, uma bola vadia caiu no pé de Renê Júnior e o resto é o que já sabemos.

A partir desta sequência, o Palmeiras de fato morreu em campo e é impossível não relacionar este comportamento com as decisões da arbitragem. Nosso time se sentiu muito prejudicado e perdeu o foco, compreensivelmente – ao menos para quem tem a referência da prática de esportes de forma competitiva na vida. Quem não tem, fala que é vagabundagem.

Faltou aproximação entre os atletas com a posse de bola. Tchê Tchê estava fora de sintonia e não deu apoio a Felipe Melo, perdemos a disputa pelo meio de campo. Nosso time podia ter mais vibração no primeiro tempo – algo que 10% do estádio a nosso favor poderia providenciar, mas que o time deles, que da mesma forma não teve o apoio dos seus quando veio ao Allianz Parque em 2017, não se ressentiu – muito, mas muito provavelmente porque já estava se sentindo bem naquele jogo, coisa que nosso time não conseguiu.

Tudo isso ainda parece ter origem no atual estágio de desenvolvimento do time. Contra times fracos, os resultados vieram. Num ambiente extremamente hostil, contra um time mais ajeitado, e com a decisiva ajuda da arbitragem, o resultado não veio. Pensando friamente, não foi nenhuma zebra e já dizíamos antes do jogo, por todos esses motivos, que os favoritos eram eles.

Poderíamos ter jogado melhor, mas claro que fomos roubados

Roger Machado
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

Roger Machado ainda deve fazer ajustes no time titular. Nosso elenco é muito rico e ele tende a conseguir, com o tempo, achar a melhor combinação de jogadores e encontrar a melhor dinâmica de jogo para eles. Keno, Guerra e Gustavo Scarpa estão a postos para novas experiências. Diogo Barbosa é uma peça importante que ainda não estreou. Moisés é um craque cuja condição física ainda é uma incógnita. Roger ainda tem muito para evoluir com o time.

Isto dito, não podemos jamais deixar de lado a influência que a arbitragem sofre para apitar jogos do SCCP. Em seu site, a RGT soltou uma matéria quase criminosa no sábado tamanha a intimidação que causou na arbitragem. Nos momentos que antecederam ao jogo, o bandeirão desfraldado pela torcida local continha, descaradamente, as logomarcas dos canais por assinatura da emissora. Após o clássico, quase em tom de escárnio, exibiu matéria com a mãe de Jailson na arquibancada do Itaquerão, uniformizada, torcendo por seu time e por seu filho.

Bandeirão SCCPÉ fato que a arbitragem tem medo de apitar contra o time de Itaquera. “Pênalti para o SCCP” é uma piada generalizada na Internet. O Palmeiras precisa, de alguma forma, se defender disso. Boa parte da torcida espera um pronunciamento do presidente Maurício Galiotte. Talvez seja necessário, talvez não – uma declaração forte pode até reforçar, mas jamais será suficiente para, por si só, impor o respeito que nossa camisa demanda.

Estamos sendo roubados sistematicamente – até na base os juízes nos prejudicam. É necessário agir nos bastidores de forma incisiva, e se nossa diretoria tem tentado fazer algo neste sentido, não está surtindo efeito algum e a estratégia precisa ser revista.

Nosso patrocinador tem um peso enorme nas receitas da RGT, o principal agente dessa pressão. Mas a presidente da Crefisa e conselheira do clube Leila Pereira é uma neófita e ainda não sabe como usar esse poder para agir nos bastidores e defender os interesses do time – algo que nosso presidente poderia incentivar e eventualmente mostrar o caminho, até porque, ela já declarou a intenção de um dia presidir o clube.

Duas frentes a se trabalhar

Maurício GaliotteFomos roubados e podíamos ter jogado melhor. As duas coisas não se excluem. Fechar os olhos para qualquer um desses aspectos é limitar a análise, é enxergar apenas uma parte do problema. Nossa torcida precisa perceber o cenário de forma ampla e apoiar, em vez de se converter em mais um problema.

Roger está em início de trabalho e, tanto quanto o elenco, precisa de blindagem. Se os resultados não vierem, será preciso muita força para suportar a pressão interna – o erro que comentemos no ano passado não pode se repetir. Já Maurício Galiotte está mais perto do fim do que do começo de seu mandato e já passou da hora de resguardar, de uma vez por todas, nossos interesses.

As duas coisas se resolvem com muito trabalho: o treinador, treinando; o presidente, presidentando. Só assim não termos novamente a mesma maldita sensação de déjà vu quando voltarmos a enfrentá-los, provavelmente nas finais do Paulistão.


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Periscazzo (23/02/2018)

Semana de Derby. Só pensamos no Derby. Só falamos no Derby. DERBY!

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Rivalidade, a alma do futebol

Cascão e Cebolinha - Derby
© MSP

Os constantes episódios de violência envolvendo torcedores fomenta campanhas de paz nos dias que antecedem os grandes clássicos. Às vezes as ações partem dos próprios clubes, às vezes das federações, às vezes da própria imprensa – ou de quem mais queira conciliar interesses comerciais com um propósito nobre.

Tais campanhas, talvez nas primeiras vezes, surtiram algum efeito. Com a perda do ineditismo, entretanto, esse tipo de ação caiu na vala comum e hoje é solenemente ignorado por quem aproveita a realização de clássicos para satisfazer a necessidade patológica de sair na mão – ou na barra de ferro – com alguém.

No último final de semana, em Salvador, o Ba-Vi foi promovido na semana que o antecedeu como o “Clássico da Paz”. Quem partiu para a violência foi quem menos se esperava em tempos de extremo profissionalismo: os atletas. Obviamente, o fogo se alastrou para as arquibancadas do Barradão e tivemos mais uma série de registros para o baú de cenas lamentáveis do futebol brasileiro. Mesmo com toda a campanha, que acabou se tornando ridícula.

Dado que essas estratégias de comunicação se tornaram completamente inócuas, talvez tenhamos atingido o ponto de se mudar o enfoque para diminuir ou mesmo remover a pancadaria do dicionário do futebol. A mídia não é mais um instrumento eficaz, o foco principal talvez deva ser a inteligência policial sobre os já conhecidos elementos infiltrados nas organizadas que fomentam os conflitos, sempre pré-agendados com data e local. “Se organizar direitinho, todo mundo dá porrada” – é a piada que corre.

O hooliganismo é um fenômeno sociológico e antropológico e tem suas particularidades em cada local onde é praticado – o movimento que teve muita força na Inglaterra até meados da década de 80 era bem diferente do que ocorre aqui no Brasil – mas também tem suas semelhanças. Lá, foi praticamente erradicado – o que não quer dizer que se forem aplicadas as mesmas medidas aqui, surtiriam o mesmo efeito. É um trabalho difícil, que precisa ser feito de forma séria por gente competente e não por promotores aventureiros que usam a visibilidade que o futebol proporciona para alavancar suas carreiras políticas.

Enquanto esse trabalho é feito de forma capenga por quem não está de verdade a fim de resolver, quem sofre é o torcedor comum. Como sempre.

Medidas inúteis

Os novos estádios vieram para ficar. A maioria deles, em sua concepção física, não permite mais grandes clássicos com torcida dividida meio-a-meio – normalmente existe um local reservado para a torcida visitante que corresponde a, no máximo, 10% da capacidade do estádio. Quem viu os grandes clássicos com seis gomos de cada lado, viu.

Mas mesmo com 10% de visitantes ainda existia o espírito de clássico. A sensação de estender um dedo médio e soltar alguns palavrões em direção à torcida adversária após ver o Palmeiras fazer um gol num clássico no Allianz Parque, embora não se compare a calar metade do estádio, ainda rendia pontos valiosíssimos no placar de objetivos a se atingir na vida. Agora, nem isso nos permitem, depois da instituição da torcida única – uma solução paliativa que consiste num atestado de incompetência das autoridades em controlar o problema em sua raiz.

Sobra até para a cerveja. Chega a ser inacreditável que, mesmo 10 anos após a proibição, um produto que gire tanto dinheiro não tenha tido um lobby eficiente para derrubar uma resolução tão estúpida.

Estas são apenas algumas atrações do circo armado pelo poder público para fingir à sociedade que estão buscando soluções reais para o problema. Os índices de violência não dão sinais de arrefecer e a parte mais sedutora de ir a um estádio num clássico, ou mesmo em jogos comuns, está com cada vez menos atrativos.

Rivalidade, a alma do futebol

Derby da PazEnquanto as autoridades desfilam suas hipocrisias pelo picadeiro, a mídia também inventa moda. Os dirigentes dos clubes combinam, junto com seus marqueteiros, ações bonitinhas nos dias que antecedem o clássico. O apelo é forte: a paz! Quem pode ser contra?

E dá-lhe logomarca do “clássico da paz” com coletiva conjunta. Os torcedores comuns – aqueles que não usam o futebol para satisfazer o vício na pancadaria, mas que incorporam o espírito da arquibancada e querem matar o adversáriono sentido figurado – são impelidos a reprimir o instinto de repulsa ao rival em nome da disposição geral para que ninguém saia do estádio machucado. E não adianta nada, porque se os caras quiserem brigar, eles vão brigar e não vai ser o Cebolinha nem o Cascão que vão impedir.

O pior de tudo é que, mesmo após uma série de ações conjuntas entre os clubes, nos bastidores o SCCP, de forma cínica, continua influenciando autoridades e arbitragens, ganhando estádio e campeonatos na mão grande, enquanto vemos imagens de personagens de gibis se abraçando enquanto vestem as camisas dos rivais seculares.

Já basta terem proibido a cerveja, as bandeiras, acabado com os clássicos 50-50 e inventado a torcida única. Deixem a rivalidade aflorar. Parem com esse papo de amizade que não impede treta nenhuma. Deixem-nos odiar nossos rivais e querer vê-los mortosmais uma vez, no sentido figurado. Nós, o grosso da torcida do Palmeiras, 99% dos que estão no estádio, odiamos os torcedores do SCCP, e adoramos odiá-los, sem meter a porrada em ninguém – e provavelmente o inverso também é verdadeiro. Isso é a rivalidade, a alma do futebol que não pode acabar.

No dia seguinte, nos esprememos no metrô ao lado deles e a vida segue.


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Conmebol é pressionada para liberar jogador do Boca suspenso para atuar contra o Palmeiras

Nandez e Fernando Prass
Mariano Álvez/Padre Y Decano

É forte a pressão sobre a Conmebol para que o meia Nahitan Nandez, do Boca Juniors, não precise cumprir toda a pena que lhe foi aplicada devido à briga em que se envolveu no jogo entre Peñarol e Palmeiras, no dia 26 de abril do ano passado, quando ainda defendia o time uruguaio.

Condenado a cumprir cinco jogos de suspensão, Nandez cumpriu dois, e ainda teria mais três partidas de gancho, o que compreenderia todo o primeiro turno da fase de grupos da Libertadores, incluindo a partida no Allianz Parque marcada para o próximo dia 11 de abril.

A imprensa argentina engrossa o coro a favor de Nandez, argumentando que Felipe Melo, que mesmo sendo vítima da situação, pegou seis jogos de suspensão, teve a pena reduzida pela metade após o Palmeiras recorrer em segunda instância. Ocorre que o Peñarol, eliminado da competição, não recorreu e o prazo se esgotou, não cabendo mais recurso.

Nandez vem sendo titular absoluto do meio-campo do Boca e é considerado peça fundamental no esquema do técnico Guillermo Schelotto. Daí vem o esforço dos argentinos, incluindo a imprensa, em pressionar a Conmebol para que revise a aplicação da pena.

No Brasil, silêncio absoluto da imprensa; só a mídia independente palmeirense se manifesta. O Palmeiras, mais uma vez, está sozinho nessa briga.

Derby

Derby - Daronco
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

A pressão dos argentinos acontece na mesma semana em que o Palmeiras tem que se preocupar com os bastidores locais, a fim de se prevenir de novos problemas com a arbitragem no Derby do próximo sábado, em Itaquera.

Se dentro de campo Roger Machado e o elenco já estão fazendo um trabalho que se mostra bastante promissor, nos próximos dias teremos uma boa amostra de quanto o Palmeiras está preparado para se defender fora das quatro linhas na temporada de 2018.

Em 2017, deixamos para decidir a temporada na semana do último Derby e fomos claramente prejudicados nos dois jogos decisivos, nos tirando qualquer chance de conquista. Veremos agora o quanto essa lição foi aprendida.


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