Entre oscilações, elenco evolui e alimenta esperança da torcida decacampeã

Palmeiras 4x0 Fortaleza
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A partida de estreia do Brasileirão, em que o Palmeiras enfiou 4 a 0 no Fortaleza – e poderia ter sido bem mais – empolgou mais uma vez os bipolares palmeirenses. O time vinha de duas vitórias na Libertadores: 3 a 0 no Junior e 4 a 0 no Melgar, na altitude, mas a goleada pelo torneio nacional realmente entusiasmou a torcida decacampeã.

É difícil assumir certezas no futebol, mas podemos especular em cima de alguns fatos. Algumas dúvidas ainda perduram, mas poderão ser dirimidas com o andamento da temporada.

Nem três goleadas seguidas, com onze gols marcados e nenhum sofrido, servem para cravar que o Palmeiras engrenou de vez. Mas o desempenho cada vez mais consistente dá a impressão que o time mais uma vez vai ser dificíl de ser batido.

Na frente, os jogadores começam a se achar em campo com cada vez mais facilidade. A pontaria, grande vilã dos meses iniciais da temporada, parece que foi corrigida com treinos técnicos neste tempo livre. Com confiança e harmonia entre os atletas, o palmeirense tem mesmo razão para ficar otimista.

Fatos e dúvidas

Marcos Rocha
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Salta aos olhos a coordenação com que as subidas dos laterais estão cada vez mais cobertas pelos volantes. Ontem, Diogo Barbosa e Marcos Rocha foram fundamentais nas construções dos gols, e a defesa permaneceu bem guarnecida.

E isso não significa que Bruno Henrique, no papel de segundo volante, não tenha sido um jogador bem mais próximo do volante artilheiro que vimos em 2018. Ontem, o camisa 19 marcou seu primeiro gol na temporada, além de ter desperdiçado uma boa oportunidade numa finalização de joelho, chegando à frente com propriedade, com os laterais guardando a posição nessas situações. Seja com laterais ou com o segundo volante apoiando, as triangulações apareceram com muito mais frequência. O 4-2-3-1 tem se convertido num 4-1-4-1 com a bola.

A se lamentar, apenas, a lesão de Ricardo Goulart, que deve ter um diagnóstico ainda esta manhã. O Palmeiras oscilou negativamente nas duas semifinais contra o SPFC, nas quais Goulart esteve em campo. Nas duas partidas seguintes pela Libertadores, sem o camisa 11, o Palmeiras foi muito bem.

O jogo de ontem seria muito interessante para tentar estabelecer (ou dissociar de vez) a ideia de que o time pode render melhor sem o jogador que, curiosamente, tem os melhores números do elenco na temporada até agora.  A dúvida permanecerá no ar até que ele volte a campo.

Desempenhos individuais

Diogo Barbosa
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Os desempenhos individuais também estão saltando aos olhos. Além do entrosamento crescente, os jogadores estão cada vez mais afiados tecnicamente. Luan e Gustavo Gómez se estabeleceram como uma dupla muito forte e cometem pouquíssimos erros. Nas laterais, o crescimento de Diogo Barbosa nos deixou com duas opções muito consistentes de cada lado, nos deixando tranquilos para os revezamentos.

A já mencionada coordenação entre laterais e volantes foi possível pelo visível aumento no rendimento físico e técnico de Bruno Henrique – possivelmente um dos que mais evoluiu nesta “mini-intertemporada”. Felipe Melo ainda luta para adquirir a mobilidade necessária para a função, mas seu esforço é admirável – ontem, num campo pesado e difícil, conseguiu preencher bem os espaços. E Thiago Santos voou todas as vezes que foi solicitado numa função que ainda tem Moisés, que continua jogando bem demais.

No ataque, impressiona a variedade de atletas que desequilibram jogos. Contra o Junior, o mais efetivo em campo foi Dudu. Contra o Melgar, o dono do jogo foi Gustavo Scarpa. Ontem, Zé Rafael deu as cartas. Hyoran teve desempenho de destaque mesmo atuando poucos minutos nessas três partidas.

Voltando um pouco no tempo, tivemos partidas importantes de Goulart, Veiga, Deyverson e até de Borja. Carlos Eduardo, Felipe Pires e Arthur Cabral já decidiram jogos. Mesmo os menos cotados do elenco tiveram seus momentos de brilho e mostraram qualidade.

Felipão
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Neste momento, para suportar a maratona de jogos, Felipão pode alternar entre duas linhas de ataque com Scarpa, Goulart e Dudu, ou com Hyoran, Veiga e Zé Rafael, ou pode mesclá-las. E tem o Lucas Lima e o Guerra para acharem seus espaços. E ainda tem o Willian para voltar de lesão. Madonna mia…

Deyverson vem fazendo bem a função de centroavante jogando de costas para o gol, só precisa ser vigiado mais de perto porque o “modo lacraia” parece estar de volta – nos últimos cinco jogos, levou quatro cartões amarelos, todos evitáveis. Arthur Cabral mostrou potencial a ser explorado nas poucas chances que teve. E Borja ainda procura voltar a ser o Rei da América de 2016. São muitas possibilidades.

No meio do ano, a janela de transferência vai se abrir. Felipão e Mattos já devem ter mapeados os ajustes, entre dispensas e contratações. Não devem ser muitos, mas certamente podemos esperar um elenco mais forte ainda.

Foco na evolução

Comemoração
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O impacto da eliminação no estadual tende a se dissipar completamente em poucas semanas e o torcedor voltará a ter a compreensão de que trata-se apenas de um torneio de pré-temporada, que quando se vive o calor da competição parece adquirir muito mais importância do que realmente tem. Em janeiro a maioria da torcida adotou o discurso de usá-lo como treino, mas quando os resultados não vieram, esqueceram-se da racionalidade e falaram até em demitir o técnico. Sem mencionar os episódios artificiais de apedrejamento e xingamento.

Começamos bem o Nacional e estamos fortes na Libertadores. O momento é de alta. Mas não se pode ignorar que oscilações voltarão a acontecer; tropeços acontecerão – possivelmente alguns bem irritantes – e novos ataques de fúria nas redes sociais serão vistos.

Seria importante que esse perfil de torcedor se tornasse cada vez mais raro, em contraste com outro perfil que consegue enxergar a linha do tempo da temporada de forma cada vez mais ampla e não somente o momento. A interação entre esses tipos de perfil nas redes sociais é crucial para esse tipo de mudança. Uma torcida mais positiva ajuda muito mais que a cornetagem popularesca – sem desprezar que cobranças, quando fundamentadas e justas, também têm muita importância.

A evolução do time deve ser o foco e estamos vendo o salto que essa parada forçada, providencial, proporcionou no desempenho. O equilíbrio entre defesa e ataque é que vai determinar se as oscilações negativas são mesmo para se preocupar e se as positivas são para empolgar.

Nos mata-matas, nada supera uma oscilação negativa e uma competição pode cair por terra num detalhe, mas nos pontos corridos, a força do Verdão tende a aparecer. De qualquer forma, o protagonismo está em curso de novo. Neste momento, as coisas parecem se encaminhar para mais um grande ano para nossa torcida. Parecem.

VAMOS PALMEIRAS!


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Brasileirão 2019: planejamento de pontos

Calculadora

Vai começar mais um Campeonato Brasileiro. O Verdão, atual campeão que não precisa aparecer em videozinho promocional, surge mais uma vez como um dos maiores favoritos à conquista, neste que deve ser um dos campeonatos mais difíceis dos últimos anos.

Como todos os anos, o Verdazzo faz a projeção de pontos rodada a rodada, para que o torcedor possa balizar a campanha do Palmeiras. Normalmente, a meta de pontos que é suficiente para se chegar ao título no Brasileirão com alguma folga é 77 pontos – o vice-campeão desde 2006, quando o campeonato chegou ao formato de 20 clubes em pontos corridos, jamais bateu a marca de 72 pontos.

Este ano, porém, alguns clubes chegam com propostas mais fortes. O sarrafo, aparentemente, subiu. O Flamengo montou um elenco – pelo menos do meio para a frente, bastante competitivo. O Inter mantém o bom trabalho de Odair Hellmann e tem um conjunto bem interessante. Grêmio e Cruzeiro entram no quarto ano de trabalho de seus técnicos, com elencos muito bons, e certamente vão incomodar – não só no Brasileiro, mas também nas copas.

Diante dessas ameaças, a nova meta precisa ser maior. Nada impede que dois ou até três times batam a marca dos 77 pontos. O objetivo neste Brasileirão precisa ser algo em torno de 82 pontos – e o Palmeiras tem todas as condições de atingir essa marca, mas vai precisar jogar muita bola, sobretudo porque as competições de mata-mata vão se entremear nos jogos do nacional.

Primeiro quartil – 23 pontos

Segundo a Lei de Guardiola, perde-se um campeonato nas primeiras oito partidas. Considerando que a Copa América paralisará o Brasileirão após a nona rodada, temos um bom ponto de corte, uma rodada depois.

A largada precisa ser forte – os jogos contra dois times vindos da Série B, Fortaleza e CSA, precisam ser convertidos em 3 pontos, bem como a partida contra o Inter em casa – um concorrente direto, mesmo que isso signifique arriscar os pontos da partida contra o San Lorenzo.

Com nove pontos, a primeira sequência de pontos desperdiçados pode acontecer, em partidas contra o Atlético-MG (F) e Santos (C). Neste ponto é importante destacar que teremos quatro quartas-feiras de Copa do Brasil, e jogaremos em duas delas, em datas ainda indefinidas. Seria interessante para o Verdão que esses jogos fossem nas duas primeiras datas disponíveis, para dar tranquilidade para buscar as vitórias nas rodadas seguintes, até a pausa.

A tabela segue com jogos contra o Botafogo (F), Chape (F), Athletico (C) e Avaí (C). Nesta sequência, o Verdão não pode nem pensar em deixar pontos pelo caminho e quatro vitórias são mandatórias para atingir os 23 pontos necessários neste ponto de corte.

Segundo quartil – 18 pontos

As dez partidas seguintes, logo após a Copa América, terão o terrível complicador das partidas de mata-mata. Serão dez extenuantes semanas com jogos “quarta-e-domingo”, sem folga – a não ser em caso de eliminação. A Copa do Brasil vai até o final, e a Libertadores avança até as quartas. O Verdão terá o excepcional reforço de Willlian Bigode para ajudar nessa caminhada. E se é difícil para o Palmeiras, que tem um elenco vasto, é mais difícil ainda para os outros times, que não dispõem de tanta qualidade para revezar os times.

Jogo no panetone é sempre complicado e podemos deixar dois pontos na primeira partida após a pausa. Ceará (F) e Vasco (C) são vitórias obrigatórias antes de mais uma operação em Itaquera, que virá antes da primeira semifinal da Copa do Brasil.

Bahia em casa precisa ser vitória em qualquer hipótese, antes de fazer o jogo da volta das semis da Copa e de viajar a Porto Alegre para pegar o Grêmio, que também pode estar ocupado em duas ou três frentes – qualquer ponto nesta partida é lucro.

Com a cabeça totalmente voltada para as quartas da Libertadores, o Verdão ainda precisa de forças para vencer o Fluminense em casa e arrancar um empate contra o Cheirinho no Maracanã, e conciliar tudo isso com as expectativas pelas finais da Copa do Brasil.

No final do turno, o time alternativo precisa vencer o Goiás num estádio maldito e pelo menos empatar com o Cruzeiro em casa, para chegar aos 41 pontos e se manter forte na briga.

Terceiro quartil – 20 pontos

O segundo turno do Brasileirão terá apenas três partidas de mata-mata para atrapalhar – justo as duas semis e a final da Libertadores; o time principal deve ser mais acionado do que nunca.

Fortaleza (F) e CSA (C), a exemplo do primeiro turno, abrem o quartil e são partidas mandatórias de 3 pontos.

Às vésperas da primeira semi da Libertadores, uma derrota no Beira-Rio pode estar no caminho. Nas quatro partidas seguintes, o Palmeiras precisa fazer 10 pontos: Atlético (C), Santos (F), Botafogo (C) e Chape (C). A lógica indica para três vitórias em casa e empate na Vila Belmiro (ou Pacaembu).

Pelo menos um empate na Arena da Baixada, nos dias que antecedem a volta da semifinal da Libertadores, é necessário. Com a chavinha virada só no Brasileirão, o time poderá focar em sete partidas seguidas, e a primeira é a que fecha o terceiro quartil: uma vitória em casa contra o Avaí, alçando o Verdão a 61 pontos.

Quarto quartil: 21 pontos

Seguindo o foco total no Brasileirão, mais dez pontos em quatro jogos são fundamentais para a arrancada final: SPFC e Ceará em casa, Vasco fora e Derby em casa. A sequência, puxada, vai servir para acumular gordura para os seis jogos finais, recheada de pedreiras.

Pode-se tolerar até um tropeço na Fonte Nova, desde que o Verdão vença o Grêmio no Allianz Parque dias antes da grande final da Libertadores, em Santiago. Se vier a vitória na Bahia, um tropeço contra os gaúchos pode ser absorvido – desde que eles não estejam em nossa cola.

Depois da final da Libertadores – e esperamos muito estar nela – o Verdão, com 75 pontos, poderá administrar os pontos finais, dependendo da situação na tabela. Sete pontos nas quatro partidas finais devem nos alçar aos 82 pontos, em partidas contra Fluminense (F), Flamengo (C), Goiás (C) e Cruzeiro (F).

Esperamos chegar nesta partida em Belo Horizonte já campeões, para não ter que conquistar a taça num dificílimo jogo no Mineirão, em fim de temporada, com todos exaustos. Afinal, temos que pensar também que pode haver ainda um torneio rápido para ser disputado em dezembro.

Referência

Sempre é importante lembrar, para os leitores que não estão habituados a este exercício, que teve início em 2016, que esta marcha de pontos é uma mera referência. O Palmeiras pode perder pontos em jogos onde se espera vitórias, desde que recupere esses pontos em partidas onde tropeços estão previstos.

O importante é fechar os quartis na meta e não ficar para trás. E mesmo assim, caso uma ou outra oscilação aconteça, nada está perdido. Em 2018, a previsão para o primeiro quartil era de 23 pontos, mas terminou com 19, quatro abaixo da meta.

A situação piorou no segundo quartil: o Palmeiras não só não recuperou os pontos que “devia”, como ainda deixou mais dois pelo caminho, num déficit de seis. Essa conta só foi arredondada porque a campanha no terceiro e quarto quartis foi espetacular: foram 47 pontos no segundo turno, o melhor da história. O Verdão descontou os seis e ainda teve 3 de sobra, diante de uma previsão inicial de 38 pontos.

Sabemos que não é toda vez que se consegue uma arrancada tão espetacular como no ano passado, por isso será importante manter a marcha de pontos bem próxima a esta projeção. E o início da maratona, como vimos, precisa ser forte, a começar do jogo contra o Fortaleza, no próximo domingo, no Allianz Parque.

Salve esta página nos seus favoritos e faça o balizamento ao longo do campeonato. Ao final de cada quartil, faremos uma nova análise para verificar o desempenho do Palmeiras nesta busca pelo décimo-primeiro campeonato. VAMOS PALMEIRAS!


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