O Palmeiras é favorito, sim, mas com responsabilidade

Zé Rafael
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

As vitórias contra Atlético e Santos, nas rodadas 4 e 5 do Brasileirão, alçaram o Palmeiras a favorito destacado para mais um título. Uma série de fatores, entre números e observações, inegavelmente reforçam este prognóstico.

O Palmeiras lidera a classificação de forma isolada, com 13 pontos em 15 possíveis. Nesta trajetória, o Verdão já enfrentou três dos quatro perseguidores mais próximos na tabela. Os pontos perdidos foram num jogo plenamente ganhável, contra o CSA, onde o time escolhido por Felipão foi bastante alternativo e, mesmo saindo na frente, deixou a vitória escapar numa jogada de bola parada.

Ainda nesta largada, o Palmeiras já marcou 12 gols e sofreu apenas um, o que sugere um time bastante equilibrado, que consegue ser muito efetivo no ataque sem abrir mão de um sistema defensivo consistente. Os números traduzem a impressão passada na observação das partidas: sólido na defesa, o Palmeiras sai rápido para o ataque de forma muito organizada e mata os adversários com a rapidez e a precisão de um espadachim.

O que vemos nos adversários, neste momento, são times que têm problemas para marcar gols quando encaixam uma boa defesa, ou que se escancaram na retaguarda para conseguir um bom volume de gols. Todos ainda buscam chegar ao equilíbrio que o Palmeiras já alcançou. Nossa enorme eficiência tanto na defesa, quanto no ataque, inevitavelmente, faz o torcedor sonhar alto. Mas é preciso ter calma.

Calendário traiçoeiro

Felipão e Paulo Turra
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

As 18 primeiras rodadas estão acontecendo num espaço de 19 semanas, entre 27 de abril e 8 de setembro, intercaladas com as partidas da Libertadores e da Copa do Brasil, e ainda com uma parada forçada de um mês.

Já as 20 rodadas finais terão ritmo intenso de disputa, com apenas 3 datas dedicadas às semifinais e à final da Libertadores, sendo disputadas em apenas 13 semanas, entre 15 de setembro e 8 de dezembro. Um panorama amplo da marcha de jogos pode ser visualizado no post com a projeção de pontos sugerida pelo Verdazzo em abril.

O primeiro recorte, que é quase metade do campeonato, é claramente mais espaçado e possibilita aos times fazerem correções de rota que podem ser decisivas para suas pretensões, caso não fiquem muito para trás. Equipes desequilibradas, mas com bom potencial, ainda podem encontrar a melhor química, sobretudo se aproveitarem bem a intertemporada causada pela irritante Copa América.

Já o segundo período, espremido pelo calendário, é muito mais perigoso para times que depararem com uma oscilação de desempenho grave. Uma lesão de jogador-chave, ou uma turbulência no ambiente – qualquer problema que dure algo em torno de 15 dias é suficiente para comprometer até cinco rodadas e jogar uma campanha inteira no lixo. Não é preciso puxar muito pela memória para termos um exemplo: uma rápida convergência de problemas em 2009 destruiu um campeonato que nos parecia ganho.

Temos força

O Palmeiras de 2019 mostra muita força para superar eventuais turbulências. O equilíbrio técnico atingido entre os setores defensivo e ofensivo não é fácil de ser destruído apenas pela perda de uma ou duas peças por lesão. Nosso elenco tem mostrado eficiência para fazer essas reposições – neste momento, estamos “apenas” sem Willian, Gustavo Scarpa e Ricardo Goulart, e o time segue rendendo.

Esses três desfalques, que devem estar recuperados após a parada, serão vitais para que o Palmeiras ative o rodízio mais uma vez, quando teremos até 10 rodadas seguidas com jogos de mata-mata nos meios de semanas e Brasileirão aos sábados e domingos.

Com o encaixe extremamente satisfatório conseguido com Raphael Veiga e Zé Rafael, Felipão tem armas para montar duas linhas de frente bastante competitivas. Se quiser manter o time titular que destroçou o Santos como o principal, o time alternativo pode ter, do meio para a frente: Thiago Santos e Moisés; Gustavo Scarpa, Ricardo Goulart e Willian; Arthur Cabral. Ainda existem as opções de usar Hyoran, Lucas Lima, Guerra e Borja, além dos próprios titulares, em eventualidades. Ou de fazer outras dezenas de combinações, a escolher.

Todas essas animadoras suposições, contudo, pressupõem que o time não sofrerá baixas na janela do meio do ano. O Palmeiras, como todos os times brasileiros, corre riscos de perder atletas na movimentação do mercado, embora tenha muito mais condições que qualquer adversário de fazer as reposições. São vantagens potenciais.

Favoritismo com responsabilidade

Bruno Henrique e Gómez
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Diante das perspectivas, soaria como falsa modéstia recusar o rótulo de favorito destacado ao título deste Brasileirão. É óbvio que, diante do panorama atual e de todas as variáveis, as probabilidades apontam para o Verdão. Mas sabemos que podemos virar o fio, ou que um adversário realmente forte pode emergir.

Temos que saber lidar com nossa própria força; trabalhar as possibilidades favoráveis sabendo que o cenário pode mudar; jogar cada jogo como se fosse o do título para não lamentar no futuro, em caso de reviravolta.

Não precisamos repelir o favoritismo, e sim a acomodação. É tentador, diante dos números atuais e do nível de jogo apresentado em campo, deixar a soberba tomar conta das atitudes, mesmo antes de fazer o necessário para colher os louros. É um erro clássico que, confiamos, Felipão não deixará que nosso elenco cometa.

Nossa torcida, se também souber lidar com essa condição, vai ajudar mais ainda nosso treinador nessa missão de carregar o favoritismo, com toda a responsabilidade. Pés no chão, apoio incondicional, xô salto alto e VAMOS PALMEIRAS!


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Por que a base do Palmeiras precisa fornecer mais jogadores para o time de cima

Palmeiras Campeão Brasileiro 2016

O Palmeiras é hoje o protagonista do futebol brasileiro e sul-americano graças a um meticuloso processo de recuperação financeira iniciado em 2013, que permitiu que o clube conseguisse se manter competitivo sem recorrer a adiantamentos de receitas, seja junto a bancos, a federações ou a emissoras de TV. Isto, você já sabe.

Praticamente livre de despesas bancárias, o clube desfruta dessa vantagem conquistada e monta elencos extremamente fortes. “Atraso no pagamento” é uma expressão que jogador do Palmeiras só ouve falar pelas notícias. O que há de melhor no mercado brasileiro hoje veste verde.

Claro, não somos a última bolacha do pacote. O talento inato do jogador brasileiro permite que outros clubes também montem elencos com jogadores de muita qualidade. As disputas pelo Brasileirão e principalmente pelos mata-matas estão completamente abertas.

Mas a competição contra os grandes europeus no Mundial em dezembro praticamente não existe. O que acontece é o cumprimento do protocolo. Os times sul-americanos por vezes nem chegam à final e dependem de um jogo encaixado, de um goleiro inspirado, do desdém do adversário e de muita sorte para poderem levantar o Mundial. Se um clube top sul-americano jogar dez vezes contra um campeão europeu, vai triunfar uma ou duas vezes, no máximo. E essa inferioridade se reflete na seleção brasileira: antes temida, hoje é mera coadjuvante na Copa do Mundo.

Os pilares da transformação

Academia de Futebol

São três os pilares em que os clubes brasileiros precisam se apoiar para que nosso futebol torne a ser temido: 1) saúde financeira; 2) profissionalização e modernização do departamento de futebol; e 3) departamento de base forte.

A saúde financeira é algo que precisa ser buscado pelos endividados clubes às custas de medidas recessivas. Enquanto os dirigentes insistirem em adiantar verbas em contratações ruidosas, mas de pouca efetividade, em nome de sustentação política, vão continuar como hamsters correndo na roda. O Palmeiras puxou a fila de 2013 para cá e já vemos alguns clubes vindo na esteira – o principal deles é o Flamengo. Os outros ainda seguem no ciclo vicioso de tomar empréstimo, arriscar tudo em nome de um título e de uma premiação, para depois viver anos de recessão, pagando juros. Com o tempo, tendem a aprender o modelo – alguns sobreviverão e se fortalecerão, outros “virarão Portuguesa”.

A ciência proporcionou o aumento da capacidade física dos atletas. Com jogadores que correm mais e ocupam melhor os espaços, o leque de possibilidades táticas se abriu como nunca. O jogo, que há algumas décadas era simples e decidido no talento por atletas que guardavam posição e se davam ao luxo de serem fumantes(!), agora requer muito mais estudo e dedicação de comissões técnicas e atletas, que precisam estar inseridos num ambiente cada vez mais moderno e profissional. E isso exige instalações planejadas, equipamentos de ponta e profissionais capacitados. Mais uma vez, o Verdão está na frente dos concorrentes, sobretudo depois da inauguração do Centro de Excelência. Aguardem as cópias.

Sanar a economia e desenvolver a estrutura são passos fundamentais, mas não trarão todos os resultados desejados se o terceiro pilar não estiver a pleno: as categorias de base. E o Palmeiras vem conquistando títulos como nunca nas categorias menores. Falta ainda acertar a transição do sub-20 para o profissional, para que os meninos que estejam perto de estourar a idade tenham condições de integrar o elenco principal, coisa que ainda não acontece com a frequência que gostaríamos.

Base: não tem esse nome à toa

As categorias de base são fundamentais à medida que fornecem matéria-prima para os dois outros pilares. Não é à toa que tem esse nome.

É em casa que se forma atletas de ponta, com fundamentos de jogo desenvolvidos e com estrutura mental para suportar uma carreira de enorme pressão como a de um jogador profissional.

Quando todos os principais clubes tiverem sanado suas finanças e concluído suas estruturas, algo que é apenas questão de tempo, a base será a diferença entre um clube protagonista e um coadjuvante.

Atletas extra-classe formados em casa podem subir para o time principal, gerando ganho técnico a custo baixo, para posteriormente gerar altos lucros com futuras transferências – como aconteceu com Gabriel Jesus.

Além disso, preenchem lacunas no elenco e evitam que o clube precise recorrer ao mercado para melhorar todas as posições, sobrando mais recursos para investir em necessidades específicas. Em vez de comprar 4 ou 5 jogadores nota 7 em nível mundial, será possível trazer um par de jogadores de primeiro nível. E assim o time sobe muito de patamar e passa a sonhar em bater de frente com as maiores potências mundiais.

Paramos no tempo

Os jogadores brasileiros, hoje, seguem tendo o talento natural que brota nas ruas e nos campos de várzea, ainda que cada vez mais raros diante do constante crescimento do setor imobiliário.

Enquanto o futebol ainda era decidido apenas pelo talento, o Brasil sobrava. Mas o jogo mudou e a profissionalização de todos os setores fez com que novas potências emergissem. Quem ficou parado no tempo, como Brasil, Argentina, Uruguai e Itália, foi ficando para trás. Quem diria que até a Inglaterra chegaria tão bem cotada ou até melhor que esses países para uma Copa do Mundo?

O talento natural precisa ser potencializado com novos conceitos desenvolvidos nos últimos anos. Se todos os clubes brasileiros profissionalizarem seus departamentos de base, colherão frutos. E isso surtirá efeito também na seleção, já que voltaremos a ter jogadores que superem os destaques dos outros países. Hoje, mesmo nossos melhores jogadores, não “engraxam a chuteira” dos grandes expoentes da Copa do Mundo, que já são frutos de uma geração desenvolvida com conceitos modernos de formação de atletas.

Nosso país ainda chora tragédias e tenta escrever leis para regulamentar os alojamentos dos departamentos de base. Estamos muito atrasados, no geral. O Palmeiras tenta, mais uma vez, puxar a fila.

Falta ainda ao Verdão melhorar o último passo: a lapidação dos meninos, que brilham nas categorias menores e levantam inúmeros troféus, para virarem jogadores de verdade. Se chegassem aos 20 anos realmente prontos, provavelmente seriam utilizados pelo time principal, mas isso ainda não acontece.

E depois?

Fernando e Papagaio

Ter atletas da base no elenco principal não é apenas uma questão de capricho, de gosto em ver um prata-da-casa brilhando. É uma questão de competitividade. Precisamos de um Gabriel Jesus a cada dois ou três anos. Precisamos de pelo menos dois Fernandos, todo ano.

A distância financeira entre o Palmeiras e os maiores clubes do mundo ainda é grande. Em 2018, estaríamos inseridos no top 30 mundial entre as maiores receitas, com quase € 160 milhões. Já conseguimos segurar um Dudu, que tem 27 anos, mas as ofertas por jovens de pouco mais de 20 anos ainda são impossíveis de cobrir.

Com a base funcionando a pleno, seremos capazes, no longo prazo, de ter recursos para competir com os maiores até na questão dos salários. O Palmeiras, em vez de ser a melhor vitrine, o trampolim mais alto para um jogador chegar à Europa, pode passar a ser o objetivo final de carreira. E aí bateremos de frente com qualquer um. É nessa direção que temos que remar.

É muito difícil, claro. Mas quem diria que estaríamos onde estamos hoje no final de 2012?


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Mata-mata da Libertadores: o caminho do Verdão até Santiago

A Conmebol realizou na noite de segunda-feira o sorteio dos confrontos de mata-mata da Copa Libertadores 2019. O Palmeiras, a exemplo do ano passado, entrou na chave como o melhor classificado na fase de grupos, e assim terá o mando do jogo da volta até as semifinais – a fase final será decidida em jogo único, em campo pré-determinado – este ano, a sede é Santiago do Chile.

O adversário do Palmeiras na fase de oitavas-de-final será o Godoy Cruz, vice-campeão argentino da temporada 17-18. Caso avance, o próximo adversário do Palmeiras será o vencedor do confronto entre Libertad e Grêmio – o time paraguaio decide em casa.

Seguindo a trilha, o eventual adversário seguinte sairá da chave que tem os confrontos entre Flamengo e Emelec (cariocas decidem em casa) e Internacional e Nacional (segundo jogo no Beira-Rio).

Em Santiago, o adversário do Palmeiras sairia do outro lado da chave, cujos times mais importantes são Cruzeiro e River Plate (que se enfrentam logo nas oitavas), além do Boca Juniors.

Godoy Cruz?

Godoy Cruz

O Godoy Cruz é uma espécie de São Caetano da Argentina, mal comparando. Foi fundado em 1921, mas só desenvolveu seu departamento de futebol profissional na década de 80. Seu maior feito até agora foi justamente o vice-campeonato da temporada passada, que lhe deu a classificação para a Libertadores deste ano.

A cidade de Godoy Cruz fica no pé da Cordilheira dos Andes, na região de Mendoza – são cidades vizinhas, parte da mesma zona urbana. Somadas, chegam a cerca de 300 mil habitantes e ficam a cerca de 700 metros do nível do mar, altitude semelhante à da capital paulista.

Malvinas Argentinas

O estádio Feliciano Gambarte, do Godoy Cruz, é acanhado e tem capacidade para apenas 18 mil pessoas. O confronto, no entanto, acontecerá no Malvinas Argentinas, em Mendoza, que foi sede da Copa do Mundo de 1978 (à época, antes da guerra, seu nome era Estádio Ciudad de Mendoza) e comporta 42 mil espectadores.

As partidas contra o Godoy Cruz estão marcadas para as semanas dos dias 24 e 31 de julho – a Conmebol ainda vai oficializar as datas e horários, mas é muito provável que os jogos do Palmeiras sejam posicionados nas quartas-feiras às 21h30, para atender à grade da RGT.

Histórico

  • Os confrontos pelas oitavas-de-final da Libertadores serão os primeiros entre Palmeiras e Godoy Cruz;
  • O Verdão já enfrentou times argentinos 93 vezes, com 43V 26E 24D;
  • Em jogos pela Libertadores, o retrospecto contra times argentinos é 11V 10E 8D, em 29 partidas;
  • Entre amistosos, Copa Mercosul e Libertadores, o Palmeiras já enfrentou argentinos 36 vezes naquele país – 9V 14E 13D;
  • Na Argentina, pela Libertadores, foram 15 jogos: 2V 5E 8D.

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