Brasileirão 2019: fim do segundo quartil

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O Palmeiras, de técnico novo, fechou o segundo quartil do Brasileirão de 2019 em fase de recuperação. Após um primeiro quartil esplendoroso, no qual marcou 25 dos 27 pontos possíveis, o time não lidou bem com a parada para a Copa América e ficou sete jogos sem vencer, o que acabou derrubando Felipão do cargo.

Já nas mãos de Mano Menezes, o time retomou a trajetória de vitórias e enfileirou nove pontos nos três jogos finais.

A vantagem sobre o Flamengo ao fim da rodada 9 era de cinco pontos. Os 14 pontos marcados neste segundo quartil não foram suficientes para manter a vantagem na tabela, diante dos 25 marcados pelo time carioca, que agora tem 3 pontos de frente.

O Verdão terminou o primeiro turno com 39 pontos ganhos – nem nas duas recentes campanhas vitoriosas, em 2016 e 2018, o time terminou com uma pontuação tão alta. Mesmo assim, diante da subida de sarrafo que podemos observar este ano, ficamos dois pontos abaixo de uma campanha considerada segura para chegar ao décimo-primeiro título brasileiro.

Passando a limpo o segundo quartil

O empate planejado no Morumbi na primeira partida após a parada foi alcançado (0). Mas depois da eliminação da Copa do Brasil, o time viajou de Porto Alegre a Fortaleza e fez uma partida infeliz, sendo derrotado pelo Ceará (-3) numa partida em que o plano previa vitória.

Um jogo muito ruim aconteceu na volta ao Allianz Parque, diante do Vasco: 1 a 1 (-2). Mas depois de golear o Godoy Cruz na Libertadores, o time foi a Itaquera e empatou por 1 a 1 (+1) e só não venceu porque o frangueiro resolveu fechar o gol.

Duas infelicidades se seguiram: um empate em casa contra o Bahia (-2), em jogo onde a arbitragem nos garfou vergonhosamente. E um empate por 1 a 1 (+1) dos times reservas na Arena do Grêmio, levando um gol do meio da rua no finalzinho. Mas a eliminação na Libertadores abalou demais o elenco, que tomou um passeio do Flamengo no Maracanã (-1). Felipão foi demitido.

A recuperação teve início com a chegada de Mano Menezes, aproveitando uma tabela favorável: vitória suada sobre o Goiás (0), passeio sobre o Fluminense (0) e vitória sobre o Crueiro (+2). No final do quartil, um saldo negativo de 4 pontos, que somado ao saldo positivo de 2 pontos do primeiro quartil, perfazem um saldo negativo geral de 2 pontos (39, ante uma ambiciosa previsão de 41).

Começa a caça, no terceiro quartil

A três pontos do Flamengo, com um confronto direto em casa na antepenúltima rodada, o Palmeiras ainda pode apenas se preocupar com sua própria campanha, confiando que atingir a pontuação de 82 pontos seja suficiente para conquistar o título. Para isso, temos dois quartis para recuperar esses dois pontos de déficit.

Neste terceiro quartil, estão previstas seis vitórias nas nove partidas: Fortaleza, fora (R20); CSA, em casa (R21); Galo, em casa (R23); Botafogo, em casa (R25); Chape, em casa (R26); e Avaí, fora (R28).

Isso significa que o Verdão tem apenas três chances de recuperação, isso sem vacilar em nenhuma das partidas onde projetamos vitória. E não serão partidas fáceis: Inter no Beira-Rio (R22), Santos no Pacaembu (R24) e Athletico na Baixada (R27).

E depois?

O quarto quartil tem uma previsão de 21 pontos em 10 jogos, mas, mais do que nunca, a previsão será mera referência. Com o Flamengo (e talvez o Santos) disputando a ponta da tabela taco a taco, as rodadas finais, sobretudo as cinco ou seis últimas, já devem ser disputadas sempre monitorando o resultado dos concorrentes e estourando os simuladores da Internet de tanto fazer conta.

A tabela prevê para a rodada 36 uma partida de arrebentar entre Palmeiras e Flamengo, provavelmente no Pacaembu. Pode até decidir o título. Mas dependendo do que acontecer, a rodada final, com o Palmeiras jogando no Mineirão contra o Cruzeiro (talvez remando contra a Série B?) e o confronto entre Santos e Flamengo, é a que pode selar o destino do campeonato.

Para chegar forte, o Verdão precisa, no mínimo, estar margeando esta previsão de pontos. O sarrafo claramente subiu e a tradição histórica de que nunca um vice-campeão marcou mais que 72 pontos certamente cairá este ano.

O Brasileirão de 2019 tende ser um dos mais emocionantes dos últimos tempos, com três times jogando em alto nível e prometendo briga rodada a rodada até o dia 2 de dezembro. VAMOS PALMEIRAS!


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Chega ao fim a história de Luiz Felipe Scolari no Palmeiras

A diretoria do Palmeiras anunciou no final da noite de ontem a demissão de Luiz Felipe Scolari do comando técnico do time. A decisão vem depois de um grave declínio no desempenho da equipe após a parada para a Copa América.

Contando o amistoso contra o Guarani, foram 14 jogos, com apenas 3 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. As vitórias vieram na Libertadores e na Copa do Brasil, competições em que o Palmeiras acabou eliminado. No Brasileirão, as sete partidas sem vitória custaram uma liderança folgada, com cinco pontos de margem.

Antes da intertemporada, o time atravessava uma fase brilhante. No primeiro semestre, foram 33 jogos, com 23 vitórias, 8 empates e apenas 2 derrotas.  O time bateu alguns recordes históricos e sustentou uma série invicta de 15 partidas, com 13 vitórias.

Felipão encerra sua terceira passagem com um saldo bastante positivo: foram 46 vitórias, 23 empates e apenas 10 derrotas (incluindo dois empates sob o comando de Paulo Turra). Um aproveitamento de 67,9%. Contando todas as passagens, foram 485 jogos no Palmeiras, o segundo técnico que mais dirigiu o clube. Aos 70 anos, dificilmente esta lenda voltará a comandar o Verdão.

Um Felipão evoluído

Paulo Turra, Felipão e Carlos Pracidelli
Divulgação

O estilo de Felipão nesta terceira passagem foi um tanto distinto do que acostumamos a ver em suas duas passagens anteriores pelo Palmeiras, e mesmo na seleção da CBF. Mais evoluído e atualizado do que nunca, o general trocou as observações de Murtosa, seu parceiro durante décadas, pela dupla Paulo Turra/Carlos Pracidelli, que inseriram metodologias modernas de treinamento e de definições de estratégia.

Com isso, o estilo “sargentão” mostrado principalmente em sua primeira passagem esteve bastante pálido. O aspecto tático nunca esteve tão presente em seu comando, em detrimento ao motivacional. Talvez isso tenha feito falta nos momentos derradeiros.

O que não mudou foi sua disposição em proteger o grupo para manter o comando no vestiário, outra de suas grandes marcas. Felipão sempre fez questão de isentar seus atletas diante dos insucessos, cometendo, com isso, alguns deslizes – o mais problemático foi a infeliz frase após a desclassificação na Copa do Brasil, nos pênaltis, diante do Inter. A expressão “ninguém morreu” tinha a intenção de manter o apoio da torcida aos atletas diante da perspectiva de outros dois campeonatos ainda em disputa, mas acabou ganhando a conotação de debochar da decepção dos torcedores, o que o desgastou bastante.

Outro aspecto que manteve uma marca da carreira de Scolari foi o estilo de jogo apoiado num sistema defensivo intransponível. Ao atrair os adversários para nosso campo de defesa, sempre muito bem protegido, Felipão abria espaços em nosso campo ofensivo, para que velocistas o aproveitassem em contra-ataques rápidos, com poucos e precisos passes, chegando rapidamente às finalizações.

A imprensa, como sempre, sua inimiga

Mesmo com um desempenho espetacular entre julho do ano passado e junho deste ano, quando comandou uma inesquecível arrancada rumo ao décimo Campeonato Brasileiro e esculpiu uma série invicta memorável, o Palmeiras de Felipão atraiu a antipatia da imprensa e, de forma incrível, de parte de nossa própria torcida.

Os resultados magníficos não eram suficientes para calar as críticas, que apontavam sobretudo para a falta de toques na bola. Um sistema defensivo ultra-sólido não era bom. Chegar rápido ao gol adversário não era bom. Exigiam tabelas, passes vistosos.

A cruzada pelo “jogo bonito” nunca foi tão intensa, tendo sempre como antagonista o Palmeiras de Felipão, uma figura que jamais gozou de prestígio com os repórteres. Suas preferências políticas e estilo enérgico jamais foram bem digeridos pela classe.

Assim, a imprensa, que sempre se pautou pelos resultados, do nada passou a defender filosofias de jogo. Tomemos como exemplo o Santos: de forma inédita, os resultados decepcionantes do time de Sampaoli passaram a ser relativizados. Até um massacre de 4 a 0 no Pacaembu.

A força dos meios de comunicação minou a confiança de parte de nossa torcida e, na esteira, de parte de conselheiros do clube. A fase de oscilação, que foi entremeada por jogos em que as arbitragens nos roubaram abertamente, custou duas eliminações e a perda da liderança. Neste momento o resultadismo voltou a falar alto e a pressão sobre a diretoria foi grande. A cabeça do técnico e do Diretor de Futebol foram exigidas. Para sua própria proteção, Mattos decidiu demitir Felipão e assim aliviar a pressão sobre si.

Primeira prateleira

Felipão está, facilmente, na primeira prateleira dos ídolos históricos destes 105 anos de existência da Sociedade Esportiva Palmeiras. Sua saída do clube, provavelmente definitiva, implica em luto.

Tivemos o privilégio de testemunhar, mais uma vez, uma lenda viva entre nós. A trajetória de Luiz Felipe Scolari o faz um dos grandes personagens da História do Futebol. E sua imagem está indelevelmente ligada ao Palmeiras.

Só podemos desejar a Felipão o melhor. Um grande líder, um profissional exemplar, um homem excepcional. OBRIGADO POR TUDO, MESTRE!

Vamos em frente

A vida segue. O Palmeiras está vivo na disputa do Brasileirão e uma virada no comando sempre tem o poder de acelerar o tempo de recuperação.

Mas o Palmeiras, depois de mais uma grande lição aprendida, precisa pensar o que quer para seu futuro. Já não basta construir resultados brilhantes; para nós, é necessário encantar. Felipão estava construindo uma identidade vencedora, sem a menor preocupação com beleza. Objetivo, estava montando uma máquina que fazia mais gols do que tomava na maioria absoluta das partidas. A interrupção deste trabalho é uma chance de caminhar em direção à competitividade aliada à beleza.

É óbvio que queremos de ser campeões com um time jogando futebol esteticamente bonito sem deixar de ser competitivo. É possível. Mas se fosse fácil, todo mundo faria.

O desafio está à nossa frente: encontrar alguém capaz de extrair o máximo das qualidades que nosso elenco, inegavelmente, possui, ganhando títulos e encantando. Alguém com capacidade para comandar um elenco pesadíssimo e de suportar a pressão de ser o técnico de um clube, agora oficialmente, antipático.

O Palmeiras está atrás de um profissional que consiga montar uma identidade de jogo dentro desses conceitos, para ser aplicada por muitos e muitos anos e replicada em nossa base, para que os meninos possam ser integrados ao time de cima preparados da melhor forma.

Quem será o homem capaz de executar esta tarefa?


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