Reformulação 2020 – parte IV

Com a segunda derrota seguida, desta vez para o Fluminense, nossa torcida está com sede de sangue – nada mais natural. Além de uma enorme barca de jogadores, os palmeirenses clamam por substituições no comando. Protestos recentes, com ou sem encomenda política, pedem a saída do presidente Maurício Galiotte e do diretor de Futebol, Alexandre Mattos.

Eleito, o presidente só sai se acontecer um inédito processo de impeachment. Já o cargo de Diretor de Futebol, remunerado, é bem menos enraizado e basta uma canetada do presidente para determinar a mudança.

O clamor popular aponta também para técnico Mano Menezes, que está há 18 jogos no cargo e não conseguiu sequer chegar perto de imprimir um padrão de jogo satisfatório – tanto na competitividade, quanto na chamada “beleza” do jogo.

Hoje fecharemos a série iniciada na terça-feira, quando propusemos uma discussão acerca dos ajustes necessários para que a temporada de 2020 nos renda os títulos que faltaram na temporada que está por terminar.

Alexandre Mattos

O atual diretor de futebol tem como maior virtude uma notável capacidade de encontrar soluções criativas para que o elenco se mantenha forte pelo maior tempo possível – as negociações de Mina e de Gabriel Jesus, que renderam quantias respeitáveis a nossos cofres, mostraram o quanto Mattos pode contribuir para manter jogadores extra-classe vestindo nossa camisa pelo maior tempo possível sem prejuízo à transação.

Sua agenda telefônica não encontra barreiras e seu talento para a persuasão parece não ter limites. É um profissional que, com um bom orçamento, tem potencial para fazer estragos no mercado nacional – e já vimos isso acontecer, na prática, por cinco anos consecutivos.

É evidente que, num universo de mais de 80 contratações, cometeu erros. Alguns deles, quase imperceptíveis e inofensivos. Outros, grosseiros e quase inexplicáveis. Mas partindo de dezembro de 2014, seu saldo na balança é indiscutivelmente positivo.

Esse resultado final, no entanto, não impede de apontar problemas em seu trabalho. Suas contratações, quase sempre impecáveis no sentido de gerar caixa ao clube após o fechamento do ciclo (por ocasião da venda), não parecem equilibrar o aspecto financeiro com um projeto técnico consistente. Estamos atravessando a terceira temporada com graves problemas no comando do ataque, algo que só foi parcialmente corrigido com a contratação de Luiz Adriano.

 A contratação de Carlos Eduardo junto ao Pyramids-EGY foi anunciada no início do ano por algo em torno de R$ 22 milhões, apenas alguns meses depois de Keno ter sido vendido para o mesmo clube por R$ 37 milhões, na cotação da época. Os dois números, vistos de maneira isolada, são assustadoramente altos, mas não é preciso ser muito criativo para concluir que o que vale é a diferença: na prática, trocamos Keno por Carlos Eduardo e ficamos com R$ 15 milhões de troco. Diante do desempenho fraco do camisa 37, hoje é fácil concluir que a negociação, mesmo vista de forma casada, foi ruim, mas foi uma aposta de Mattos.

A posição de diretor de futebol é cheia de apostas; não há como ter certeza absoluta que uma transação dará certo ou errado. O ímpeto de fechar negócios é uma característica importante para um profissional nessa posição. Mas ele precisa ter dois freios: um técnico e outro financeiro. Se tiver toda a liberdade que deseja, pode causar grandes decepções, como foi o ano de 2019.

O treinador precisa ter mais voz na definição das contratações. Como existe uma cadeia de comando, talvez o que falte no Palmeiras é a figura de um diretor técnico de futebol, na mesma altura hierárquica que Mattos, respondendo ao presidente. Esse diretor seria o responsável pela prospecção de reforços no mercado, obedecendo a um plano técnico desenvolvido em conjunto com o treinador, cabendo a Mattos a importante missão de viabilizar os negócios.

Obviamente ainda precisa existir a aprovação final do presidente antes da redação final de cada contrato, cujos valores precisam ser condizentes, na pior das hipóteses, com uma aposta com alguma chance de dar certo.

A sanha por derrubar o diretor de futebol é um vício recorrente de parte da torcida. É o elo mais fácil de alvejar depois do técnico, já que é remunerado, não-estatutário, e está sempre exposto após maus resultados. Mas Alexandre Mattos é um talento que não pode ser desperdiçado; ele precisa é ter as funções restritas a seus pontos fortes. Mattos é uma Ferrari que precisa de regulagem nos freios.

Imaginem o estrago que ele, com os freios em ordem, pode fazer com um orçamento como o do Flamengo nas mãos.

Mano Menezes

O atual treinador chegou ao Palmeiras após um momento de instabilidade do time nas mãos de Felipão. O estilo de jogo do general não agradava à maioria dos palmeirenses, mas sua figura era e para sempre será idolatrada.

A forma como Felipão foi demitido, um semestre depois de levar o time a uma grande conquista tendo Borja e Deyverson como opções para o comando do ataque, deixou um vácuo no peito da maioria dos palmeirenses. Mano veio para tentar preencher, ao menos, parte desse vazio, mas seu passado como técnico do SCCP impõe dificuldades no processo de aceitação.

A troca de Felipão por Mano se assemelha à trajetória de um padrasto chegando à família. Um estranho que vem para ocupar o lugar de alguém muito querido e insubstituível.

Sabemos que há vários casos de figuras que vêm de fora que conseguem conquistar suas novas famílias. Com sabedoria, fazem a leitura do novo ambiente, entendem seus limites e cumprem seus papéis, conquistando, aos poucos, a aprovação de todos. Jamais substituirão o original por inteiro, mas podem achar a posição mais adequada, dentro do contexto.

Mano Menezes tentou fazer o certo. Sua estratégia de comunicação foi adequada: discreto, sem frases de efeito, pasteurizado, procurou apenas não errar nas entrevistas – e nisso foi bem-sucedido. Seus exercícios de media training deram o resultado perfeito.

Mas faltou o principal para amolecer a comunidade palmeirense: fazer o time jogar bem e ter perspectiva de mostrar um futebol competitivo. E por mais sede de sangue que tenhamos, não seria correto julgar o trabalho de Mano Menezes pela evolução mostrada dentro de campo este ano – ou pela falta dela.

Não foi Mano quem desenvolveu o plano de jogo para 2019. Não foi Mano quem escolheu as peças deste elenco – nenhuma delas. Ele não tem obrigação de fazer o time dar liga ainda em 2019 e provavelmente foi com esse respaldo que ele aceitou o desafio de treinar o Palmeiras.

Cuca chegou no meio de 2016 e fez o time campeão. O mesmo aconteceu com Felipão no ano passado. No Flamengo, o português Jorge Jesus passou por cima de uma série de obstáculos e conseguiu fazer o time atingir um padrão de jogo admirável – é verdade que teve bons reforços que o ajudaram nessa missão. Mas essa não é a regra. O fato de termos alguns exemplos de times bem sucedidos mesmo após trocas no meio do caminho não significa que existe a obrigação.

Sendo assim, como a diretoria deve decidir, mesmo com um eventual respaldo, se demite ou não Mano Menezes?

Essa avaliação deve passar:

1) pelas informações coletadas nestes quase três meses no que diz respeito ao relacionamento construído no vestiário e

2) pelo plano para 2020 que ele deve ter entregue a seus superiores – ou pelo menos, já deveria ter-lhe sido exigido um.

A falta de pegada do time em campo nos últimos jogos não pode ser apenas atribuída ao “abatimento” pela falta de objetivos. Um bom treinador, que sabe que depende sempre de resultados, sabe que precisa manter seus atletas sempre motivados e Mano vem falhando grosseiramente neste aspecto. Existe alguma razão maior para que os atletas estejam trotando em campo, como ficou claro na partida de ontem no Maracanã? Mano será capaz de fazer o grupo correr por ele?

Além da confiança do grupo, Mano apresentou um bom projeto técnico para a próxima temporada? O que ele vislumbra diante do elenco que tem, mais um pacote de reforços que terá à disposição nesta janela? Como vai jogar o Palmeiras de Mano Menezes em 2020?

Essas perguntas, só quem pode responder é quem está dentro dos muros da Academia de Futebol. Nossa sede de sangue é grande, mas nós não temos a responsabilidade de tomar a decisão. Somos como filhos pequenos que têm toda sorte de desejos; queremos tudo, mas só o chefe da família é quem sabe até onde pode atendê-los e por qual razão. Principalmente se for um chefe com a mão firme e o compromisso primordial com o bem estar dessa família.

A nós, só resta torcer para que essas avaliações e decisões sejam feitas da forma mais sábia e honesta possível.

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Abaixo, um mapa geral das possíveis reformulações propostas pelo Verdazzo nesta série:


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Reformulação 2020 – parte III

Depois de tratarmos da defesa e do meio-campo, hoje a análise do elenco com o objetivo de modelar a reformulação para a temporada de 2020 tem sequência com o ataque.

Assim como fizemos ontem na meia cancha, também criaremos uma nova fatia de jogadores, visando tornar o elenco equilibrado e completo, bem servido em quantidade de atletas com características diferentes.

A divisão tradicional é entre centroavantes e pontas. Mas claramente notamos atletas com qualidades físicas e/ou técnicas que os tornam uma espécie de híbridos – tanto podem fazer o comando do ataque, centralizados, completando as jogadas, como podem jogar vindos da beirada, fechando no segundo pau ou entrando em diagonal – seja para participar efetivamente da jogada ou apenas para puxar a marcação. Willian e Luiz Adriano se encaixam bem nessa descrição.

Assim, além dos ponteiros e dos centroavantes, os chamados NOVE-NOVE, teremos em nossa análise esse atacante híbrido, não tão engessado na função.

Ponteiros

Carlos Eduardo e Dudu
César Greco/Ag.Palmeiras

Neste momento temos Dudu e Carlos Eduardo com essa função específica. Nosso camisa 7 dispensa comentários e segue sendo nossa referência e identidade em campo.

Carlos Eduardo chegou com um fardo: os valores de sua transferência junto ao Pyramids-EGY foram exorbitantes e o atleta ganhou uma obrigação além de sua capacidade técnica.

A presença de Carlos Eduardo no elenco deflagrou uma campanha contra o diretor de futebol que perdura até hoje. Por seu desempenho, fraco, e pelo efeito negativo que as circunstâncias impõem, precisa ser emprestado.

Com isso, abrem-se algumas vagas no elenco e Artur, destaque no Bahia; Angulo e Veron, astros da base, terão os primeiros meses da temporada para mostrar que podem ser efetivados. Dependendo dos resultados, um ou dois reforços podem ser necessários.

Híbridos

Luiz Adriano
César Greco/Ag.Palmeiras

Ter jogadores como Luiz Adriano e Willian no elenco é um privilégio. São atletas de muita qualidade que podem facilmente mudar de função no decorrer das partidas e possibilitam ao treinador alterar a abordagem ofensiva com apenas uma substituição.

Luiz Adriano vem fazendo a função de centroavante, mas é realmente tentador imaginar o que ele pode fazer jogando ao lado de um centroavante matador, com Dudu fechando a linha ofensiva, todos sob a batuta de um armador que finalmente se encaixe no esquema.

Centroavantes

Deyverson e Borja
César Greco/Ag.Palmeiras

Mano Menezes está apelando para Luiz Adriano porque Deyverson e Borja o têm levado à loucura durante os jogos, com decisões precipitadas, erros técnicos e chances perdidas.

Ambos vieram por altos valores, mas depois de três temporadas, seus custos precisam ser diluídos e realizados; as dispensas são inevitáveis. É para isso que contamos com o talento de Alexandre Mattos: é hora de passar os atletas para a frente com o menor prejuízo possível.

Henrique Dourado veio por empréstimo até o final do ano e seu desempenho nos treinamentos deve ter sido suficiente para decidir sobre uma possível renovação. Como temos atletas híbridos no elenco que podem fazer esta função, bastam dois centroavantes natos para preencher a grade – um ou dois reforços serão necessários.

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Amanhã finalizaremos a série falando sobre as situações do treinador e do diretor de futebol. Acompanhe!


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Reformulação 2020 – parte II

A análise do elenco de 2019 visando a reformulação – dispensas e contratações – iniciada ontem com o setor defensivo, tem sequência hoje com o meio do campo.

Atletas que ocupam a faixa central do campo de jogo, hoje, não podem mais ser classificados simplesmente como “volantes” ou “meias”, embora essa ainda seja a forma mais popular de identificar as funções. Essa maneira até funciona – e usamos aqui mesmo no Verdazzo, na página do elenco – quando se quer ter uma visão macro, que não necessita de aprofundamento. Mas quando a ideia é analisar o elenco para efeito de planejamento, cada uma dessas posições precisa ser ser desmembrada em pelo menos dois cortes. Nada muito complexo.

Os volantes, meio-campistas mais defensivos, podem ser divididos entre aqueles que são especialistas em defender (MD: fazer os desarmes e cobrir espaços) e os que “saem mais para o jogo” (MDO: avança ao ataque, mas a prioridade do posicionamento é baseado na possibilidade de perda da bola e na composição da linha defensiva).

Já os meias têm como função primordial a criação, mas também podem compor a linha defensiva na perda da bola – alguns têm mais facilidade para essa recomposição (MOD); outros, seja pelo porte físico, seja pela velocidade, renderão melhor se não tiverem a obrigação imediata de se reposicionar, limitando-se ao primeiro combate (MO).

Meiocampistas defensivos (MD)

Thiago Santos e Felipe Melo
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Neste momento temos apenas Felipe Melo e Thiago Santos com essa característica no elenco; Patrick de Paula, grande destaque do Sub-20, já está confirmado no período de testes.

Thiago Santos, no Palmeiras desde 2015, mantém um ótimo relacionamento com o grupo e corresponde muito bem sempre que solicitado. Encara bem o papel de segunda opção e é confiável. Não existe o menor motivo para liberá-lo.

A falta de velocidade de Felipe Melo, que tem contrato até 2021, bem como seu potencial em atrair problemas sempre incomodam a uma parte da torcida, a despeito de sua técnica inegável e carisma latente. Não sabemos o quanto esse desconforto passa também por quem está estudando a formação do elenco. Caso ele seja emprestado, será necessária a contratação de mais um atleta.

Meiocampistas defensivos-ofensivos (MDO)

Ramires e Bruno Henrique
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Jean, neste momento, está muito mais para a terceira opção de lateral direito do que como alternativa para o meio do campo. Nesta faixa, temos Bruno Henrique absoluto e inquestionável, e Ramires, com um contrato longo pela frente, já como reforço “antecipado”.

Mas ainda cabe mais um atleta neste ponto da grade, e Gabriel Menino surge como mais uma esperança da base, embora o elenco atual conte ainda com Matheus Fernandes. Tudo indica que estes dois atletas lutarão, no período de testes, por uma vaga para toda a temporada. Quem for preterido deve ser emprestado.

Meiocampistas ofensivos-defensivos (MOD)

Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Zé Rafael, Lucas Lima e Raphael Veiga estão, respectivamente, há um, dois e três anos vinculados ao Palmeiras e não conseguiram, a despeito de seus reconhecidos talentos, empolgar a torcida e as comissões técnicas com que trabalharam.

Os três são atletas que teriam espaço facilmente em 90% dos clubes da Série A e provavelmente ficariam muito incomodados se fossem relegados a segundo plano no elenco por mais um ano.

Essa é uma decisão que envolve o projeto tático que o treinador vai implementar. Ele deve decidir, baseado em mapas de análise de desempenho, com quais deles quer contar para 2020. Um ou dois desses três deve ser emprestado – e aí será necessário ir ao mercado, para reposição.

Não adianta segurar nenhum dos três para que eles entrem em apenas 20% dos jogos. Ou existe uma perspectiva real de protagonismo por parte dos que permanecerem, ou é melhor liberá-los e remontar o setor com perfis adequados.

Meiocampistas ofensivos (MO)

Gustavo Scarpa e Hyoran
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Gustavo Scarpa e Hyoran podem jogar por dentro ou pelos flancos e têm como ponto forte as ações ofensivas, com pouco poder de recomposição e combate, até pelo porte físico. Ambos são muito talentosos e têm personalidade forte.

No entanto Gustavo Scarpa, artilheiro do time na temporada, alcançou uma posição no elenco na qual não pode ser considerado dispensável, ao contrário de Hyoran – até pelo número de chances recebidas.

A permanência de Hyoran não seria mal vista pela torcida, mas depende da avaliação da comissão técnica. Em caso de dispensa, obviamente o mercado precisaria ser acionado.

É muito difícil entender quais teriam sido os critérios que barraram a promoção de Alan, do Sub-20, para ser a terceira opção nesta função. Destaque desde o Sub-17, articulador da seleção brasileira da categoria, Alan não foi citado por Alexandre Mattos por ocasião da revelação de que a base seria aproveitada em 2020.

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Amanhã seguiremos a análise da reformulação com o ataque. Acompanhe!


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Reformulação 2020 – parte I

Com o fim definitivo das chances de conquistas em 2019, as atenções dos torcedores já se voltam para o ano que se aproxima. Mudanças estruturais e no elenco são muito especuladas pela torcida nas redes sociais.

O Verdazzo desenvolverá uma série, entre hoje e sexta-feira, dos setores que compõem o grupo que disputa os troféus tão almejados pela torcida. A sequência se inicia hoje, com a defesa. Amanhã, o assunto será o meio-campo. Na quinta-feira, o tema será o ataque, para, enfim, discutirmos o técnico e o diretor de futebol na sexta-feira.

Goleiros

Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O Palmeiras tem por padrão usar quatro goleiros, sendo um da base. Vinicius Silvestre vinha sendo um dos maiores destaques do CRB, na Série B, e aos 25 anos terá sua verdadeira chance no elenco do Verdão – certamente não como quarto goleiro.

Como Weverton parece ainda ter um longo trajeto como titular, os olhares recaem sobre os dois veteranos: Fernando Prass e Jailson, grandes parceiros desde 2014, agora tendem a disputar uma vaga no elenco do Palmeiras de 2020. Não por falta de merecimento, mas por um movimento de renovação, um deles deve deixar o clube no final do ano, quando ambos terão o contrato encerrado.

Laterais

Victor Luis e Marcos Rocha
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Matheus Rocha teve um bom início de ano, mas perdeu rendimento no segundo semestre em seu empréstimo ao Vitória – talvez por isso não tenha sido mencionado por Mattos entre os que terão chance no Palmeiras em 2020. Com isso, Marcos Rocha e Mayke permanecem firmes no elenco. A terceira opção, na falta de um atleta da base confiável, permanece sendo Jean, que ainda tem mais um ano de contrato.

O lado esquerdo ganha um bom reforço com a promoção de Esteves, vindo da base. Diogo Barbosa, mesmo livre das lesões, teve uma temporada fraca e jamais repetiu o bom futebol que exibiu nas passagens por Botafogo e Cruzeiro. Victor Luis, aos 26 anos, não está satisfeito por sequer ser aproveitado em rodízio. Um dos dois pode sair, o que tende a abrir uma vaga no elenco para contratações.

Zagueiros

Luan e Edu Dracena
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

A trinca formada por Gustavo Gómez, Vitor Hugo e Luan dominaram a zaga do Palmeiras em 2019. Gómez e Luan formaram uma dupla extremamente sólida antes da Copa América, atingindo números notáveis e constituindo a verdadeira defesa que ninguém passa.

A facilidade do paraguaio em atuar dos dois lados fez com que Luan, atual terceira opção após a recontratação de Vitor Hugo, sempre fosse acionado, qualquer que fosse o titular impedido de atuar. Com isso, Edu Dracena e Antônio Carlos perderam muito espaço.

Antônio Carlos tem vínculo com o clube até 2023. Nas oportunidades que teve no primeiro semestre, não comprometeu de forma grosseira e mostrou que pode ser útil. Edu Dracena, por sua vez, é outro que terá seu contrato encerrado no fim do ano e ainda não teve chances com Mano Menezes. Os dois disputam espaço com Pedrão, que será avaliado após um empréstimo ao América-MG, no qual foi aproveitado em apenas oito partidas.

Infelizmente Luan e Vitor Hugo não transpareceram solidez no segundo semestre. Até Gustavo Gómez, unanimidade na torcida, tem feito jogos menos seguros comparando com o defensor firme que conhecemos a partir do meio de 2018. Mesmo assim, o paraguaio segue sendo a referência em nossa zaga. Vitor Hugo, ainda com status adquirido em 2016, deve seguir. Assim, Edu Dracena e Antônio Carlos, esquecidos por Mano Menezes, são os que estão sob maior risco. A tendência é que o veterano seja dispensado para a contratação de um reforço.

Amanhã a série continua, com o meio-de-campo. Acompanhe!


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Doentes da arquibancada e comunicadores do culto ao ódio conduzem o futebol a um destino sombrio

Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

Na última quarta-feira, feriado no estado de São Paulo, a base movimentou o Pacaembu com 3 finais estaduais sendo disputadas ao longo do dia. Logo cedo, o Sub-15 conquistou o terceiro título em quatro anos ao bater o Santos por 5 a 0, depois de empatar o jogo de ida na Vila Belmiro por 0 a 0.

A jornada teve sequência pouco depois e o time Sub-17 tinha uma dura missão: reverter o placar de 0 a 2 que o SPFC construiu na primeira partida, no Morumbi. Gabriel Veron, grande destaque da Copa do Mundo da categoria, estava em campo envergando a 10 e com a braçadeira de capitão; Henri, Garcia e Renan, companheiros de Veron na seleção, também jogaram.

Fabio Menotti /Ag.Palmeiras

A desvantagem foi anulada ainda no primeiro tempo, com dois gols de Gabriel Silva. Marcelinho fez o terceiro aos 22 do segundo tempo e a taça parecia estar chegando, mas Mineirinho diminuiu para o SPFC aos 31, levando a decisão novamente para os penais. Três minutos depois, Gabriel Silva fez o quarto gol, o terceiro dele, e tudo estava se encaminhando para um desfecho positivo, mas a arbitragem validou um gol ilegal do SPFC já nos acréscimos.

O título foi decidido na marca de tiros livres e o visitante levou a melhor. Atletas do SPFC então provocaram nossos jogadores e a torcida, composta unicamente por palmeirenses. Um legítimo quebra-pau teve início, sendo rapidamente controlado sem maiores consequências.

À tarde, o Sub-20

Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

Envolvido também na disputa do Brasileirão da categoria, do qual é finalista e enfrentará o Flamengo, nosso time Sub-20 encarou o Red Bull, sensação do torneio, dono da melhor campanha e do melhor ataque, disparado.

O Palmeiras não inscreveu Angulo na competição e ainda se ressente muito da perda de Vitão para o futebol do exterior. Com falhas na defesa, o time acabou derrotado por 2 a 0 e terá uma difícil missão no jogo de volta, marcado para domingo às 10h em Bragança Paulista.

De forma inacreditável, algumas centenas de torcedores que se prestaram a sair de casa num feriado para assistir aos jogos da base, de graça, passaram a hostilizar nossos meninos do Sub-20:

– Ô Sub-20, vai se foder, o Sub-15 é melhor do que você!

Doença

Parte da torcida está gravemente doente. Temos visto diversas demonstrações de estupidez extrema da torcida em relação aos profissionais nos últimos anos – desde a agressão a Vágner Love em 2009, o cerco a João Vítor em 2011, passando pela “xicarada” que feriu a orelha de Fernando Prass em Buenos Aires, até os recentes episódios de apedrejamento do ônibus da delegação em dia de jogo da Libertadores e de ameaça de morte a Felipão.

Bruno Henrique teve que ouvir bobagens de um torcedor ávido por “representar a torcida” – pelo menos na cabeça dele. O incauto levou uma invertida da esposa do atleta, que foi filmada e viralizou. Pois outros torcedores inacreditavelmente cercaram e intimidaram a moça, dias depois, na Arena da Baixada, indignados com sua reação.

O desejo intenso, nocivo e irracional pela vitória é motivado, aparentemente, por alguns fatores – um deles é o que está sendo chamado de “zueirofobia”. As pessoas se apegam a seus times como bandeira para “zuar”, futebol está perdendo a essência e virando o determinante para quem vai “zuar” e quem vai “ser zuado”. E ai do time se perder e fizer com que o doente “seja zuado”.

Existe também a política do clube, claro, que desde 1914 tumultua o ambiente e é nosso pior inimigo, sempre que praticada com “p” minúsculo.

Mas no caso específico deste episódio do Pacaembu, só muita frustração pessoal para fazer com que o torcedor se revolte a ponto de xingar ferozmente atletas da base. Os doentes veem a vitória do time como vitória deles próprios – talvez a única vitória possível em suas vidas miseráveis. Mesmo que sejam apenas meninos.

No limite, não parece tão absurdo imaginar que o comportamento desses lunáticos seja inconscientemente calculado, para estragar mesmo a carreira desses jovens que, caso se tornem atletas profissionais, certamente serão muito mais bem-sucedidos financeiramente que o frustrado e invejoso cidadão que está vociferando enlouquecido no alambrado.

É tudo culpa da emoção

Esse ciclo é renovado por comunicadores – profissionais e amadores – que estimulam o culto à “zoeira” ou ao ódio diante das derrotas. Hipocritamente, usam a emoção inerente ao futebol como justificativa para atitudes hediondas.

O futebol está mudando, em várias frentes. Mas o comportamento doentio da torcida, que sempre foi a razão da existência de todo o espetáculo, está direcionando o pacote para um destino cada vez mais sombrio. Está difícil se divertir no futebol, mesmo torcendo por um dos times dominantes.

Nossa equipe Sub-20 tem uma geração sensacional. Magrão, Esteves, Patrick de Paula, Gabriel Menino, Alan e Angulo têm condições de, no mínimo, serem testados no time de cima no ano que vem. A torcida clama por chances à base – mas não hesitam em detoná-los no primeiro tropeço, mesmo às vésperas de decidir o Brasileirão da categoria, e justo diante do Flamengo.

Precisamos de atitudes firmes das entidades que regulam o esporte e a sociedade. O incremento no nível da educação fundamental e da educação de torcedores parece ser o único caminho, de longo prazo, para que comunicadores e torcedores nos ajudem a desviar desse abismo para onde nos encaminhamos. O problema maior é que mudanças de longo prazo não reelegem ninguém.


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