O Palmeiras registrou na FPF na tarde desta terça-feira os inscritos para a disputa do campeonato paulista. Como já é de conhecimento amplo, o regulamento delimita duas listas: uma com atletas oriundos da base, que precisam atender a diversos pré-requisitos, sem limite na quantidade, mas da qual somente cinco podem entrar em campo simultaneamente; e outra com os atletas em geral, limitados a 26.
Vitor Hugo e Gustavo Scarpa, que eram dúvida, estão
inscritos. O primeiro recupera-se de uma cirurgia na região inguinal e sua
presença na lista é sinal de que a recuperação está caminhando bem. Já o meia
teve as negociações
com o Almería encerradas e volta a ficar à disposição da comissão técnica.
Um detalhe, no entanto, deixa a torcida desconfiada: o zagueiro Pedrão e o atacante Angulo poderiam ter sido inscritos na lista A, mas ficaram apenas de sobreaviso. As vagas foram “guardadas”, o que só pode ter um significado, diante da disponibilidade de atletas: todas as cinco vagas podem ainda ser preenchidas por jogadores que ainda não fazem parte do elenco atual. Do contrário, não haveria nenhuma necessidade de deixar Pedrão e Angulo de fora.
O Palmeiras tem claras necessidades no comando do ataque e também pode precisar de reforços na zaga, e na lateral esquerda. Além disso, foi revelada uma proposta do clube pelo atacante Ronny, do Athletico-PR. É para a torcida ficar desconfiada mesmo. As ambições do Palmeiras, afinal, podem não ser tão modestas como pareciam.
Timing
Antes tarde do que nunca, claro. Mas o momento que a força
de contratação do Palmeiras parece entrar em cena não é exatamente uma
demonstração de planejamento consistente.
Luxemburgo já começou a montar seu plano tático. A comissão
técnica já tem os atletas com o preparo físico razoavelmente homogeneizado.
Eventuais chegadas, importantes para finalmente equilibrar
setores do elenco que estavam claramente deficientes, não deixam de ser uma
evidência de falhas no planejamento.
De qualquer forma, Luxemburgo parece não estar se importando
muito com isso e vai trabalhando com o que tem. Receberá os eventuais reforços
de braços abertos. Nós, também.
Listas
Abaixo, as listas com os inscritos no estadual:
Lista A Goleiros: Weverton, Jailson e Vinicius Laterais: Marcos Rocha, Mayke, Diogo Barbosa e Victor Luis Zagueiros: Vitor Hugo, Felipe Melo, Gustavo Gómez, Luan e Emerson Santos Volantes: Bruno Henrique e Ramires Meias: Lucas Lima, Raphael Veiga, Zé Rafael e Gustavo Scarpa Atacantes: Dudu, Luiz Adriano e Willian
Lista B Lateral: Esteves Volantes: Gabriel Menino e Patrick de Paula Meia: Alan Atacantes: Gabriel Veron e Wesley
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
O futebol está de luto. Morreu neste sábado Valdir Joaquim
de Morais, aos 88 anos, em Porto Alegre, sua cidade natal. Um dos maiores personagens
da História do esporte.
Nascido em 23 de novembro de 1931, Valdir começou a carreira
em 1947, no Renner-RS, onde jogou ao lado de outra lenda palmeirense, Ênio
Andrade – juntos, conquistaram um título gaúcho, em 1954. Chegou ao Palmeiras
em 1958, com 27 anos, onde jogou até 1968. Ainda voltou a Porto Alegre para
encerrar a carreira de jogador no Cruzeiro-RS, onde jogou por um ano.
Como atleta palmeirense, conquistou três títulos
brasileiros: Taça Brasil de 1960 e 1967, e o Roberto Gomes Pedrosa de 1967.
Foram também três estaduais: o supercampeonato de 1959, mais as conquistas de
1963 e 1966, além do Rio-São Paulo de 1965.
Valdir tinha apenas 1,72m de altura, extremamente baixo para
a posição de goleiro. Mas compensava essa condição com posicionamento e preparo
atlético, que lhe davam impulsão, elasticidade e alcance espetaculares. O
talento e a inteligência faziam o resto.
Preparador de goleiros
Após encerrar a carreira de jogador, Valdir seguiu ligado ao futebol e foi auxiliar técnico no Palmeiras por vários anos, atuando como técnico interino sempre que acontecia uma troca no comando técnico do time. Nessa função, dirigiu o Palmeiras 31 vezes – 28 jogos sozinho e 3 vezes ao lado de Hélio Maffia, preparador físico.
Eespecializou-se em desenvolver trabalhos específicos para goleiros, praticamente inventando a função. Um verdadeiro legado ao futebol, que hoje seria um pouco diferente não fosse sua influência.
Mesmo com a imagem muito ligada ao Palmeiras, sua
competência suplantava rivalidades e passou pelas comissões técnicas do SPFC e
SCCP, onde também foi vitorioso. Foi membro da comissão técnica da seleção
brasileira nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, junto com Telê Santana, com quem
também trabalhara no Palmeiras entre 1979 e 1980.
Sua última passagem pelo Palmeiras, como consultor técnico, começou
quando o treinador era Vanderlei Luxemburgo, em 2008, e durou até 2011, quando,
aos 80 anos de idade, voltou a Porto Alegre.
De Morais, com I
Valdir Joaquim de Morais tem o nome grafado incorretamente com “E” (Moraes) desde que encerrou a carreira de jogador e incorporou o sobrenome à forma como é atualmente conhecido. Mas é com “I” que seu nome deve ser escrito – “I” de primeiro, o primeiro preparador de goleiros da História.
Um dos ícones do pioneirismo do Palmeiras, Valdir abre a
fila na lendária foto em que o Palmeiras representou a Seleção Brasileira no
jogo de inauguração do Mineirão, em 1965, quando venceu a seleção uruguaia por
3 a 0.
O futebol começa o ano de 2020 muito mais triste com o falecimento de Seo Valdir.
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
O empréstimo de Carlos Eduardo, confirmado nesta terça-feira, mantém a tendência desta janela de transferências: uso massivo da base, nenhuma contratação e muitas dispensas.
Jogadores como Borja e Carlos Eduardo estavam muito
desgastados com a torcida e não tinham mais ambiente para seguir no elenco. As
dispensas, bem costuradas, vieram em boa hora.
Mas o uso equivocado dos recursos no ano passado parece
estar cobrando seu preço. A primeira partida da pré-temporada acontece daqui a
oito dias e nenhuma contratação foi feita. A determinação, segundo repercutem
os setoristas do clube, é de contenção de despesas.
Para suprir as sete saídas confirmadas até agora no elenco, foram incorporados nove atletas oriundos de nossas categorias de base. E nem todas as saídas tiveram reposição, assim como nem todas as promoções ocuparam lacunas. O elenco ainda parece desequilibrado.
Idas e vindas:
desequilíbrio e indefinições
Para a saída de Fernando Prass, Vinicius Silvestre foi incorporado. Para preencher as vagas de Edu Dracena, Antônio Carlos, e Thiago Santos, foram chamados Pedrão, Patrick de Paula e Gabriel Menino – o movimento de Felipe Melo para a zaga corrige este pequeno desencaixe. Até aqui, caso o camisa 30 seja mesmo deslocado, tudo certo.
A saída de Carlos Eduardo está sendo reposta, no papel, por três meninos da base: Angulo, Wesley e Veron. O grupo se ressentia de atletas com essa característica em 2019: além de Dudu, tivemos apenas Carlos Eduardo e Felipe Pires, que logo foi repassado. Teoricamente, os três garotos devem lutar por duas vagas. Até aqui, continua tudo certo.
Mas ainda há ajustes a serem feitos. De nossa trinca de centroavantes do ano passado, Borja, Henrique Dourado e Deyverson, os dois primeiros já saíram e Deyverson, finalmente, recebeu novas propostas do exterior e tende a ser mais um a deixar o clube. Luiz Adriano e Willian, que não têm porte físico para serem usados como nove clássico, seguem sendo nossas opções para a função.
Papagaio voltou de empréstimo e está treinando separadamente
do grupo principal – seria uma opção caso o Palmeiras esteja realmente em
situação de penúria, sem nenhuma verba para compras. Mas o ideal, claro, seria
investir pesado num reforço para esta faixa do campo.
Victor Luis está cotado para ser negociado com o Atlético, assim
como Hyoran – o meia sequer está participando das atividades neste início de
trabalhos. Os representantes de Gustavo Scarpa seguem conversando com o
Almería-ESP.
Se o camisa 26 deixar o clube, Lucas Esteves será a única alternativa para o lado esquerdo da defesa – e o titular, Diogo Barbosa, terminou o ano muito contestado diante de seu fraco desempenho.
Na meia, ainda sem saber se Scarpa fica ou sai, Alan precisa dar certo para ser uma opção para Luxa. Raphael Veiga, Zé Rafael e Lucas Lima rendem bem quando bem usados, mas Luxa precisará ser certeiro para achar a química correta, construindo um desenho tático onde todos produzam o que sabem. Não há margem para erros no setor taticamente mais importante do time. E sequer sabemos quem fica e quem sai.
Vamo-que-vamo
Uma ala da torcida, de forma surpreendente, parece estar
comprando bem a ideia de repor as saídas apenas com a base. Provavelmente estão
fazendo uma ligeira confusão entre não gastar de forma desordenada com não
contratar ninguém.
Um clube com as pretensões do Palmeiras não pode se dar ao luxo de virar um ano sem reforçar o elenco nas funções mais carentes, confiando apenas no poder da base – por melhor que tenha sido o desempenho dos meninos no ano passado. Apostar nos poderes mágicos de Luxemburgo parece um risco muito alto.
A diretoria está tentando consertar seus equívocos na
administração financeira no ano passado e está aproveitando o hype em cima da
base para justificar uma janela inteira em branco iludindo parte da torcida.
Como contra-argumento, há quem defenda a medida usando como exemplo o sucesso do Flamengo, que contratou meio time na janela de julho em 2019. Tomam uma exceção como regra. Um tiro no escuro que foi na mosca virou tendência.
O planejamento do elenco deste ano é o menos profissional
desde 2015. O fluxo de caixa capenga está determinando uma postura
“vamo-que-vamo”: coloca pra jogar e vê o que acontece, em julho a gente vai
atrás pra corrigir que deu errado.
Ainda há tempo para corrigir, embora o planejamento tático esteja nitidamente atrasado diante de tantas indefinições. O Palmeiras não precisa comprar meio time, bastam duas ou três contratações grandes, que demonstrem realmente o tamanho da ambição do clube para esta temporada. Quanto mais demorar, menor parece. TIC TAC!
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
Todo ano-novo é assim: recarregamos as baterias, viramos a
página e miramos nos objetivos, sejam novos, sejam os antigos que ainda não
conseguimos alcançar. Fazemos reflexões, tentamos aprender com os erros para
não repeti-los e esboçamos o plano de ação para mais um ciclo.
Como torcedores, ficamos limitados a torcer – a caneta está
nas mãos de uma pessoa, o presidente do clube, que está rodeado de diretores,
executivos e assessores para auxiliá-lo na tarefa de fazer o Palmeiras levantar
títulos. Nosso papel é torcer e, eventualmente, cobrar, nos canais apropriados:
a internet e as arquibancadas.
O que fizemos de errado? O que a diretoria fez de errado? O
que não podemos fazer de novo? Como devemos agir este ano para que melhore em relação
ao ano passado? Essas perguntas devem ser feitas por todos nós, em frente ao
espelho e em nossos círculos de confiança.
E junto com esse exercício, deve vir um impulso de
boa-vontade inequívoco, uma vontade legítima de fazer parte de mais uma
campanha campeã, de ser uma mola propulsora rumo a novas conquistas.
Conseguiremos?
Eles erraram
A diretoria errou. Avaliaram mal alguns atletas e gastaram mal. Perderam chances excepcionais de se desfazerem de atletas que não tinham nada a agregar. Falharam mais uma vez na construção de uma identidade futebolística. Pior que tudo isso: perderam desastrosamente a mão no controle financeiro. A política segue atrapalhando, e não “como sempre”: antes, os joguetes de poder apenas tornavam o ambiente carregado e tiravam o foco da direção, o que influenciava no desempenho dos atletas. Agora, além de tudo isso, a política também está interferindo de forma significativa na saúde financeira.
O Avanti foi deixado de lado e despencou. Um dos pilares mais
importantes do tripé financeiro (torcida + patrocínio + televisão) que sustenta
a competitividade do clube está ruindo. Decisões incompreensíveis do ponto de
vista administrativo, como o adiantamento do pagamento de uma dívida escalonada
também foram tomadas por viés político. Mas a pior decisão, de longe, foi
assumir uma vultosa dívida que não nos pertencia.
Os bodes expiatórios de sempre foram acionados: o técnico e
o diretor de futebol. Sem pulso para suportar a pressão, a diretoria
defenestrou personagens importantes nas últimas conquistas do clube. Felipão, o
maior técnico de nossa História, foi descartado de forma torpe.
Com o fluxo de caixa seriamente comprometido, embora os
documentos oficiais estejam sendo sonegados ao conhecimento público no limite da
lei, a estratégia do Palmeiras parece ser, novamente, cortar na carne – apenas
quatro anos depois de ter colocado a casa em ordem e de ter voltado a beber água
limpa. Essa é nossa atual realidade.
Nós erramos
A torcida caiu na pilha. Viramos o ano campeões e não resistimos à tentação de subir no salto. Verde virou a cor da inveja. Não conseguimos controlar nossas emoções e transformá-las em combustível positivo. Não empurramos nosso time pra cima dos adversários, não os esmagamos. Ao contrário, construímos uma pressão interna difícil para qualquer jogador suportar. Atletas que reconhecidamente rendem muito mais em outros clubes, refugam aqui. Decidir em casa deixou de ser nosso grande trunfo.
Será que não é hora de repensarmos a forma como cobramos
desempenho de nossos atletas? Será que não é preciso ajustar a forma de manter
os jogadores fora da zona de conforto? Será que os métodos vistos este ano,
como apedrejamento de ônibus antes de um jogo de Libertadores e ameaças de
morte não estão além de qualquer limite?
E nas redes sociais? Será que os linchamentos virtuais não estão ultrapassando as raias da sanidade? Será que quando criticamos nossos atletas, estamos fazendo para que eles rendam melhor ou apenas para aliviar nossas tensões e nossas frustrações por não sermos tão bem remunerados quanto eles? Ou estamos apenas dando showzinhos para fazer graça para nossos amigos e alimentar nossos egos? Estamos remando a favor ou contra?
Será que não existe uma maneira de canalizar melhor todo
esse turbilhão de sentimentos a favor do Palmeiras, que no fundo é o que
realmente interessa?
Correções
A diretoria, a fim de corrigir os erros administrativos cometidos recentemente, acionou a base. Nove jovens, entre os promovidos e os que retornam de empréstimo, terão a responsabilidade de fazer parte do elenco principal do Palmeiras.
Essa foi uma das exigências da torcida em seu movimento para
derrubar o diretor de futebol. O desejo foi duplamente atendido e a molecada,
enfim, terá uma chance.
Diante do gesto, cuja motivação não foi exatamente a de dar
chance à base e sim uma conveniência financeira, a torcida precisa redirecionar
a energia. O Palmeiras precisa da massa empurrando.
Esses moleques precisam de apoio, pelo menos pelo tempo
necessário para crescerem e evoluírem ao ponto de poderem performar como
esperamos. É muito raro um menino da base chegar pronto ao time adulto; eles
precisam de paciência e de tempo, coisa que o futebol quase nunca dá. Conseguiremos
fazer diferente desta vez?
Avanti!
A torcida precisa também voltar a abraçar o Avanti. Mesmo que o programa não seja perfeito. Mesmo que não dê os retornos desejados. O Avanti, em sua essência, é a materialização do amor que sentimos pelo Palmeiras, não uma forma de obter vantagens ou contrapartidas.
Ao cancelar o Avanti como forma de “punição” ao clube por não realizar nossos desejos, fazemos exatamente o contrário do que deveríamos. A cada Avanti cancelado, um gambá dá pulinhos de alegria na Marginal e um urubu dá rasantes acrobáticos nos morros cariocas. Se você deixou o plano de lado, por qualquer motivo, volte agora!
Vamos renovar nosso compromisso com o Palmeiras. Vanderlei
Luxemburgo tem muito o que provar. Não somos mais o ricaço favoritão com um
olho no exterior. Voltamos a ter que provar, antes de mais nada, nosso valor
aqui dentro de casa. Vamos com um monte de moleques talentosos – ainda que
possamos ter algum anúncio de reforço nos próximos dias.
A chance de conquista este ano são bem menores do que as do
início do ano passado – o que não significa que são desprezíveis. Nosso time
segue sendo bom. Nossa torcida, quando abraça o time, é difícil de segurar. E
se a roda voltar a girar, os eventuais títulos terão um sabor muito especial,
diferente das conquistas que soavam como “obrigação” diante do “valor investido”.
Podemos estar diante dos troféus mais saborosos deste século. O futebol é pródigo em oferecer novas chances a todos. Vamos aproveitar melhor as nossas este ano. AVANTI! VAMOS PALMEIRAS!