Os ajustes que Luxa pode fazer para que o Palmeiras vença mais jogos

Há questão de duas semanas o Palmeiras não conseguia encaixar boas partidas. Mesmo assim, nosso time acabava fazendo gols nos detalhes e ganhava um ou outro jogo – mas empatava a maioria deles.

A falta de perspectiva incomodava demais e o trabalho de Luxemburgo chegou a seu ponto mais baixo, com boa parte da torcida – inclusive o Verdazzo – perdendo toda a paciência e pedindo sua cabeça.

A diretoria bancou a permanência do treinador e a postura do time mudou. Os gols marcados, que saíam em detalhes, passaram a ser a regra. Nosso time aprendeu a tomar a iniciativa dos jogos. Luxa encontrou uma boa formação, que deu um encaixe suficiente para ter a segurança de comandar o andamento das partidas.

O “Palmeiras reativo” deixou de ser a única regra. Com Lucas Lima em boa fase caindo da direita para o meio, tendo a aproximação de Zé Rafael e as ultrapassagens de Marcos Rocha (com a cobertura de Gabriel Menino), nosso lado direito encaixou.

Palmeiras 2x2 Sport
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Do lado esquerdo, Viña ainda alterna partidas boas e medianas; Willian joga fechando em diagonal e aproveita os espaços que Luiz Adriano proporciona, puxando os zagueiros. Zé Rafael, quando cai para a esquerda, ajuda bastante nessa dinâmica, bem como as chegadas de Patrick de Paula.

O time vinha fazendo gols com essa formação e, baseado na força da defesa, conquistou resultados interessantes – o melhor deles, um 2 a 0 em Itaquera. Foi a única vitória tranquila, em que não sofremos pressão no final. Nessa partida, o time seguiu atacando mesmo com a vantagem mínima no placar e marcou o segundo gol. Aí sim, dosou as energias e controlou o resultado.

Na entrevista coletiva após a partida contra o Grêmio, Luxemburgo foi infeliz ao dizer que o time “não precisava” marcar o segundo gol. Prefiro acreditar que ele quis dizer que o Grêmio não oferecia perigo, que nossa defesa estava controlando o jogo – Weverton não foi incomodado. E nisso, ele tem razão.

Mas o que Luxemburgo parece não levar em conta é que o imponderável também participa de um jogo de futebol e que um gol fortuito pode acontecer a qualquer momento, sobretudo nos momentos finais da partida – como aconteceu a favor do Bahia e do Inter; e como aconteceu a nosso favor contra o Athletico-PR, Bragantino e contra o próprio Inter.

Bolívar 1x2 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Por isso, é importante aproveitar a capacidade que o time atingiu de impor superioridade por mais tempo e tentar, sim, fazer o segundo gol. O Palmeiras parece jogar de forma muito justa, sem margem de erro. Entra bem fechado no primeiro tempo, estuda as forças e fragilidades do adversário, redesenha o time no segundo tempo, constrói a vantagem mínima e volta a se fechar assim que chega ao gol.

Se não tivesse feito o segundo gol na Bolívia com Gabriel Menino, o feito comemorado de ser o primeiro time brasileiro a vencer em La Paz pela Libertadores depois de 37 anos não existiria.

As entrevistas pós-jogo são quase sempre desastrosas quando o resultado não é bom, porque os técnicos ficam na defensiva e muitas vezes dizem qualquer coisa para não minarem seus próprios trabalhos ou para protegerem seus jogadores. Muitas vezes, acabam irritando ainda mais a torcida. Como alternativa, se assumir erros ou apontar dedos, o resultado pode ser ainda pior. Não existe cenário positivo.

Luxa sabe que fazer o segundo gol é importante. Falta esse ajuste na condução da estratégia do time durante os jogos. Estamos esperando pelo segundo tempo para tomar as rédeas dos jogos. Chegamos ao gol e recolhemos rápido. Veron havia acabado de entrar e não pôde praticar o que faz de melhor, pois precisou ficar compondo a linha de marcação.

Precisamos buscar o segundo gol por mais tempo antes de fechar a casinha.

Athletico-PR 0x1 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Ontem, especificamente, o time titular sentiu muito a falta de Patrick, Zé Rafael e Lucas Lima. A entrada de Rony como titular foi claramente um erro, que Luxa pode corrigir – tanto Wesley quanto Willian (jogando na dele, fechando, não enfiado entre os zagueiros) são opções mais produtivas.

Tomar dois gols em partidas seguidas por escanteios cobrados no primeiro pau não parece coincidência. Esperamos que não aconteça um terceiro.

Ao contrário do que víamos há algumas semanas, hoje há perspectivas. O que parecia ser um beco sem saída hoje é apenas uma estrada onde o carro, com alguns ajustes, tem tudo para embalar.

A palavra-chave continua sendo paciência. O futebol não é feito apenas de vitórias e os tropeços sempre vão acontecer. Quem criou casca com a fila dos anos 80 já está um pouco mais acostumado com isso. E essa tarefa fica bem mais fácil quando olhamos a tabela e, em vez de lamentar que poderíamos estar com pelo menos 3 pontos de frente sobre o segundo colocado, estamos a apenas três pontos atrás, com uma grande invencibilidade.

Ruim mesmo está para quem não ganha de ninguém, ou para quem está tomando de cinco. Estamos no páreo. VAMOS PALMEIRAS!


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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Brasileirão 2020: fim do primeiro quartil

Calculadora

No exercício anual de projeção de pontos do Brasileirão, consideramos o primeiro quartil o período entre a primeira e a nona rodadas. Como o jogo da primeira rodada, contra o Vasco, foi adiado e ainda não foi remarcado, fizemos um pequeno remanejamento no estudo: jogamos a partida atrasada para um ponto aleatório do segundo quartil e consideramos o primeiro quartil encerrado na rodada 10, com 9 jogos disputados.

Considerando os mesmos resultados projetados, já podemos comparar o desempenho em pontos realizado com a projeção feita antes do campeonato começar. E os pontos perdidos em casa contra times pequenos ficaram mais evidenciados ainda.

A projeção inicial apontava o resultado do primeiro quartil com 21 pontos, levando-se em conta que uma pontuação segura para conquistar o título seja 82 pontos. Pela marcha verificada até agora, essa projeção pode ser mantida, já que o Inter é o ponteiro da tabela com 20 pontos ganhos.

Se o Palmeiras tivesse atingido a meta estabelecida, teria a mesma pontuação. No entanto, ficou quatro pontos abaixo.

Passando a limpo o primeiro quartil

Uma das metas estabelecidas foi cumprida: o Palmeiras passou invicto pelos primeiros nove jogos, algo nada fácil. Mas em vez de 6 vitórias e 3 empates, ficamos com 4 vitórias e 5 empates.

É fato que o Verdão venceu dois jogos fora de casa nos quais empates eram esperados, mas eles anulam apenas dois empates que não poderiam ter acontecido – escolha dois entre Fluminense, Goiás, Inter e Sport. O mais frustrante é que três deles foram em casa.

Os tropeços inesperados nas duas primeiras rodadas fizeram o time ficar abaixo da projeção desde o início. Os jogos contra Fluminense e Goiás, nos quais estivemos na frente e cedemos o empate de forma tola, parecem mesmo ser os vilões do exercício.

Ao final do quartil, os 17 pontos marcados nos mantêm a quatro pontos da meta.

Segundo quartil ajustado – 24 a 26 pontos (total: 41 a 43)

Na projeção original, o segundo quartil previa 23 pontos, para fechar o turno com enormes 44 pontos ganhos. Como já estamos 4 pontos abaixo, manter a projeção original nos levará a 40 pontos. Mas se conseguirmos 25 pontos, chegaremos a 42 e diminuiremos o déficit de 4 para 2 – um resultado aceitável.

Assim, quaisquer resultados acima do projetado inicialmente nas três partidas em que tropeços seriam toleráveis já nos devolvem essa condição, ou pelo menos nos deixam perto disso.

Considerando que a partida contra o Vasco seja remarcada para algum ponto deste quartil, precisaríamos (segundo a projeção inicial) de 7 vitórias, aceitando 2 empates (FLA e CAM, em casa) e 1 derrota (GRE, fora).

Essa projeção precisa ser alterada para algo como 7 vitórias e 3 empates, ou 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Na imagem, fizemos o ajuste com vitória sobre o Flamengo, em vez de empate. O sarrafo segue altíssimo, com o complicador das partidas da Libertadores e da Copa do Brasil.

Terceiro e quarto quartis: apenas um resultado melhor

Caso consigamos reduzir o déficit no terceiro quartil para algo ente 1 e 3 pontos, bastará mais um resultado acima do esperado para voltarmos à projeção inicial.

No primeiro exercício, considerando que as competições de mata-mata estarão nas fase decisivas, mais tropeços foram admitidos. Por isso, haverá mais chances de recuperação.

Quando o segundo quartil (rodada 19) se encerrar, teremos mais elementos para pensar nos ajustes a serem feitos nos quartis 3 e 4.

Conclusão

É sempre importante lembrar que esta projeção é um mero exercício para referência, tendo por base as séries históricas, ponderado subjetivamente pelo panorama atual do futebol brasileiro.

E como mera referência, a tendência é que nas cinco ou seis rodadas finais tudo isto seja jogado para o ar e passemos a fazer o velho trabalho de secação nos clubes que estiverem concorrendo conosco, gastando o dedo nos tradicionais apps de simulação. Até lá, este exercício é bem útil.

No ano passado, o Flamengo encaixou uma sequência que atingiu 90 pontos, que dificilmente será repetida. O Inter, que até agora projeta uma campanha de 82 pontos, não parece ter fôlego para se manter nesse ritmo até o fim da temporada, mas mesmo assim isso não pode ser descartado. Ou outro time qualquer pode encaixar o jogo e atropelar, como no ano passado. Não sabemos.

Vamos seguir observando; a projeção inicial de 82 pontos pode ser ajustada para cima ou para baixo, dependendo do ritmo dos ponteiros. Neste momento, ainda podemos mantê-la.

Nossa campanha no primeiro quartil não foi como gostaríamos, mas ainda nos permite alimentar a esperança pelo décimo-primeiro campeonato.

Passamos pela primeira barreira da “Lei de Guardiola”, que determina que o campeonato é vencido nas últimas oito rodadas, mas que é perdido nas oito primeiras. Logo, seguimos dentro.

Os mata-matas vão bagunçar o campeonato. As lesões estão afetando a todos. Ainda tem muita coisa para acontecer. VAMOS PALMEIRAS!