Ramires virou cisne, bateu asas e voou

O Palmeiras anunciou no início da noite desta sexta-feira, a rescisão de contrato com o meiocampista Ramires. A decisão foi tomada em comum acordo, segundo comunicado emitido pelo clube.

A saída do meio-campista pega a todos de surpresa, já que ocorre dois dias depois do técnico Abel Ferreira, em coletiva pós-jogo, derreter-se em elogios à atuação do jogador diante do Delfín, mesmo marcando um gol contra.

A trajetória recente do meio-campista no Palmeiras foi tumultuada. Pressionado por boa parte da torcida por supostamente ter um dos maiores salários do elenco e não estar jogando um futebol condizente com seus ganhos, Ramires publicou em suas redes sociais imagens em que aparecia numa balada, com pessoas aglomeradas e sem proteção, quebrando o isolamento social recomendado e colocando em risco a si mesmo e aos outros atletas.

Pouco depois da repercussão negativa, Ramires foi curto e grosso, novamente em suas redes sociais: “Cansei, chega”, escreveu, como se estivesse cheio de razão. Pelo episódio, foi multado pelo clube e pediu desculpas publicamente.

Marido traído

As declarações de Abel Ferreira ainda no Equador soam como as de um marido traído; o treinador pode ter sido “o último a saber”. Ou pode ter sido uma cartada desesperada, na tentativa de reverter o processo.

O fato é que a situação financeira do clube inspira muitos cuidados. Uma ala da torcida, que tem conselheiros influentes, transformou Ramires no “fora!” da vez. E o próprio Ramires parecia já resignado com o fato do Palmeiras ser uma página ruim em sua carreira.

São forças importantes que, juntas, parecem ter vencido Abel Ferreira, que vai ter que se contentar com um elenco mais reduzido ainda.

Mesmo que o dinheiro a ser economizado com os salários de Ramires sejam revertidos em outros reforços, isso só parece factível para a temporada de 2021, já que só a Libertadores ainda aceita novas inscrições para a temporada atual.

Mistério

O repórter Rodrigo Fragoso, do Esporte Interativo, apurou que Ramires já havia procurado a diretoria para rescindir seu contrato antes mesmo do episódio da balada.

Segundo o jornalista, o meiocampista passa por problemas pessoais.

Mas talvez o próprio jogador tenha criado a situação nas redes sociais para tornar a situação mais tensa e forçar sua saída, já que tinha ainda mais um ano e oito meses de contrato pela frente.

Talvez, um dia, a história completa venha à tona.

Não deu certo

Ramires
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O fato é que Ramires, um atleta de primeira linha, com uma carreira invejável, não conseguiu desempenhar seu melhor futebol no Palmeiras. Em 45 jogos pelo Verdão, marcou apenas um gol (e dois contra). Pior: jamais desempenhou sequer próximo daquilo que dele se esperou.

Contratado no meio do ano passado, durante a malfadada “parada da Copa América”, o jogador já chegou lesionado e precisou de algum tempo até adquirir condições de jogo.

Defendido por Felipão, que avalizou sua contratação, Ramires teve a seu lado o fato de vir de um futebol com outra exigência física, o que em parte explicaria sua demora em conseguir chegar ao mesmo patamar físico dos companheiros. Mas essa explicação não convencia a todos.

Seu passado brilhante, no entanto, nutria a esperança de que faltava a Ramires um esquema que desse a química correta. E a fé que Abel Ferreira depositou nele em sua última coletiva, usando a fábula do Patinho Feio, aumentou tal expectativa.

Mas a notícia deste início de noite desmoronou tal projeção. O patinho feio virou cisne, mas bateu asas e voou.


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Práticas eleitorais entram em pauta no Palmeiras

A chapa Todos Palmeiras, de oposição, protocolou na secretaria do clube um documento endereçado aos presidentes da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo, Mauricio Galiotte e Seraphim Del Grande, no qual solicita a adoção de medidas visando manter a justiça na disputa para as cadeiras do Conselho. A eleição acontecerá no próximo mês de fevereiro.

No documento, os conselheiros traçam paralelos entre as regras da política nacional e o que é praticado no Palmeiras, apontando desequilíbrios nas campanhas atuais e solicitando que medidas sejam tomadas para que o processo no clube seja conduzido seguindo as melhores práticas.

Entre as solicitações, está a proibição da distribuição aos associados de brindes relacionados aos candidatos; a suspensão das campanhas eleitorais antes da convocação das eleições, que formaliza o processo; e a regulamentação do envio de campanha por correspondência aos associados, para evitar confusão entre material de campanha com comunicações institucionais do clube.

Os autores solicitam que a resposta seja dada em cinco dias úteis.

Picuinha

Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

É importante lembrar que o presidente do Conselho foi recentemente cobrado a respeito da publicação dos balancetes mensais, pelo mesmo mecanismo formal: carta protocolada na secretaria do clube.

Talvez sentindo-se desafiado, o dirigente declarou que não respondeu propositalmente por achar que não tem que obedecer prazos, sobretudo a algo que ele tomou conhecimento primeiro através da imprensa.

Del Grande ainda mencionou que se o prazo não tivesse sido estipulado, teria respondido no dia seguinte, caracterizando uma picuinha típica das alamedas palestrinas.

Esperamos que desta vez os dirigentes palmeirenses ajam com mais maturidade e respondam às pertinentes solicitações do grupo oposicionista, a fim de que as eleições, de fato, ocorram de forma justa e seguindo as melhores práticas, sem favorecimentos.


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Tragédia anunciada: Palmeiras chega sem centroavante na parte decisiva da temporada

Reprodução

A lesão sofrida por Luiz Adriano na partida contra o Goiás, no último sábado, parece uma tragédia anunciada, literalmente. Sofrendo com o músculo anterior da coxa esquerda desde o Derby em Itaquera, o atacante teve mais três tentativas antes deste novo colapso.

O camisa dez ficou dois jogos em recuperação após o Derby. Foi liberado pelo DM e fez mais três jogos, o último deles completo, contra o Flamengo. Sentiu a coxa nos treinos e acabou vetado da partida seguinte, contra o Bolívar no Allianz Parque, e permaneceu de fora nos jogos contra Ceará e Botafogo, ambos pelo Brasileirão.

Foi liberado novamente e entrou no segundo tempo na derrota para o SPFC e participou das oito partidas seguintes como titular, participando por 77 minutos por jogo, na média. Na partida contra o Vasco, sentiu novamente a coxa esquerda aos 31 do segundo tempo e deixou o time.

Perdeu mais dois jogos, contra Ceará e Fluminense e foi novamente liberado para participar do jogo da volta contra os cearenses pela Copa do Brasil, em Fortaleza – entrou no segundo tempo e jogou por 24 minutos. Foi o mesmo tempo que ele aguentou em campo contra o Goiás, como titular, quando sentiu a coxa pela quarta vez.

Perguntinhas

Luiz Adriano
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Não sabemos se a lesão é a mesma, mas o fato do jogador sentir a região anterior da coxa esquerda nas quatro oportunidades indicam que é bem provável que sim.

Luiz Adriano não tem um reserva com as mesmas características e isso já era fácil de ser notado por qualquer torcedor desde que o elenco para a temporada foi oficializado. Aqui, no Verdazzo, apontamos essa necessidade inúmeras vezes em textos e nas lives.

Diante desta situação, há duas perguntas que precisam ser respondidas pela diretoria de futebol. A primeira é sobre o tratamento da lesão do camisa dez: será que as decisões de como tratar e de quando liberar o jogador foram tomadas corretamente?

E a segunda: diante da instabilidade física que, somada ao calendário exigente, tornava evidente que Luiz Adriano precisaria ter seu aproveitamento dosado, não era necessário investir numa peça de reposição?

Erros grosseiros ou falta de sorte?

Entramos no mata-mata da Libertadores e enfrentaremos o Delfín, amanhã, no Equador. O surto de Covid-19 que castiga o elenco deixa Abel Ferreira com apenas uma opção de ataque – Rony, que fará seu primeiro jogo após contrair a doença.

Existe a chance de Gabriel Veron ser liberado se testar negativo hoje, véspera da partida – mesmo assim, tende a ser apenas opção de banco. Abel deve recorrer a Gabriel Silva, ainda vinculado ao time sub-20, também recém-recuperado.

O adversário não deve exigir muito do Verdão e o Palmeiras deve passar de fase, mesmo com tantos problemas. Mas o sarrafo vai subir e podemos entrar em partidas decisivas sem um centroavante de ofício.

A sorte vem sorrindo para o Palmeiras em várias frentes nesta temporada de 2020. Os sorteios para as chaves das competições eliminatórias nos proporcionaram estradas bem pavimentadas. Até mesmo o surto de Covid-19 que nos acometeu veio em “boa hora”, se é que é possível usar a expressão – teremos o elenco totalmente recuperado antes das fases realmente decisivas.

Mas mesmo com toda essa sorte podemos chegar no ponto alto da temporada sem nosso principal artilheiro e sem um substituto adequado.

O prazo para inscrições na Copa do Brasil e Brasileirão se encerrou na última sexta-feira; para a Libertadores, ainda é possível fazer novas inscrições, mas as transferências internacionais foram finalizadas e só é viável reforçar o elenco recorrendo à Série B.

Podemos jogar fora chances imensas de conquistar títulos por falta de um artilheiro. Terá sido por omissão da diretoria? Por inépcia dos profissionais do Núcleo de Saúde e Performance? As duas coisas? Ou apenas fatalidade e uma tremenda falta de sorte?


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Abel Ferreira já está no caderninho dos juízes brasileiros

Abel Ferreira
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Abel Ferreira desembarcou no Brasil há cerca de três semanas e já se pode sentir os efeitos de seu trabalho no time do Palmeiras. Os resultados, até agora, estão acima das expectativas e poderiam ser melhores ainda não fosse o surto de Covid-19 que acometeu o elenco.

O treinador luso traz uma bagagem importante que está sendo transmitida pouco a pouco ao grupo. O que faz de Abel uma novidade aos jogadores relaciona-se com seus conceitos sobre o futebol e também com os traços de sua personalidade.

Abel decidiu morar na Academia de Futebol, diante de toda a estrutura oferecida. A intensidade com que vive seu trabalho praticamente exige essa presença constante.

A mudança positiva no comportamento dos atletas em campo é nítida. Não só jogadores, mas também funcionários e até membros da diretoria estão, segundo relatos, contagiados pela forma com que o trabalho está sendo conduzido.

Gazeta Press

Mas quem parece não estar gostando muito de Abel Ferreira são os árbitros brasileiros. Em cinco partidas à beira do campo, Abel já recebeu dois cartões – um vermelho, mostrado por Bráulio da Silva Machado, e um amarelo, por Bruno Arleu de Araújo.

Na partida contra o Ceará, no Allianz Parque, Bráulio marcou um pênalti inexistente. Abel, nervoso, esbravejou ao vento que o lance seria revertido com a revisão no VAR. O quarto árbitro achou ofensivo e dedurou nosso técnico ao árbitro principal, que o expulsou. Na súmula, um relato bem pouco verossímil transparece uma certa má vontade.

Na coletiva após a partida, Abel reconheceu a explosão mas justificou, dizendo que está num campo de futebol, não numa igreja. Reclamou de não ter sido recebido por Bráulio após o jogo, quando o foi procurar para esclarecer a situação. E disse: “antes de treinador, sou homem” – o que pode ser interpretado como uma acusação de que o árbitro não tem hombridade suficiente.

Reclamar acintosamente na área técnica não é um comportamento exclusivo de nosso atual treinador – o próprio Vanderlei Luxemburgo tinha seus impropérios corriqueiramente captados pelos microfones de transmissão; Luxa, curiosamente, usava a mesma justificativa mencionando a igreja.

Recado dado

Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Talvez seja pela entrevista, talvez por seu jeito explosivo, intenso, que já era notado mesmo em Portugal. Talvez por ser estrangeiro, ou pela cor da camisa. Ou um pouco de tudo.

Abel parece já estar no caderninho dos árbitros brasileiros. O cartão amarelo mostrado por Bruno Arleu na partida contra o Goiás foi um recado claríssimo.

O intercâmbio cultural é sempre uma via de duas mãos. Assim como Abel Ferreira tem muito a ensinar a nós sobre futebol, também tem bastante a aprender, sobretudo sobre como as coisas funcionam por aqui, onde os juízes são corporativistas e vingativos.

Nosso treinador parece ser uma pessoa bastante razoável e inteligente. Alguém na Academia de Futebol precisa enfatizar a ele sobre como nosso clube é tratado e dos cuidados que ele precisa tomar para sair do radar dos homens de preto.

Com pequenos ajustes, Abel pode ficar ainda melhor, mantendo sua intensidade à beira do gramado, que está fazendo tão bem aos jogadores, sem ser punido pelos juízes brasileiros ou de qualquer parte do mundo. “AVANTI PALESTRA!”


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Brasileirão 2020: fim do segundo quartil

Calculadora

Após a vigésima rodada do Brasileirão – que para o Palmeiras, foi a 19ª – chegou o momento de atualizarmos nosso planejamento de pontos para o Brasileirão, exercício já tradicional aqui no Verdazzo.

As quatro derrotas consecutivas que o clube sofreu no segundo quartil arrebentaram a projeção original. Mas a reação que veio a seguir, somada com tropeços inesperados dos concorrentes diretos, fizeram com que a atual campanha do Palmeiras, com alguns ajustes nos resultados futuros, ainda seja suficiente para almejar ao título.

A projeção anterior tinha como meta fazer 82 pontos para garantir o título. Mas ninguém disparou. As campanhas irregulares de todos os clubes puxaram essa meta um pouco para baixo. Com um pouco de otimismo, pode-se imaginar que 76 pontos serão suficientes para a conquista.

O calendário é apertadíssimo e a margem para erros, mesmo com ajustes, praticamente foi esgotada. Será um desafio gigantesco para o elenco reduzido sob o comando de Abel Ferreira. Mas nós vivemos de esperança. Este exercício nada mais é que uma referência para mantermos as esperanças acesas.

Terceiro quartil

As próximas nove semanas serão decisivas para sabermos se ainda podemos almejar a conquistas na temporada 2020.

Durante o terceiro quartil – rodadas 21 a 29 – teremos jogos pelo Brasileiro todos os finais-de-semana e uma maratona de mata-matas que vão até a semifinal da Copa do Brasil e a primeira perna da semifinal da Libertadores – caso o Palmeiras siga avançando.

Nos próximos nove jogos, precisamos vencer sete e temos margem para dois empates – que reservamos para os jogos contra o Inter e Santos, fora de casa.

O perigo das lesões e das suspensões vão seguir nos assombrando em toda a trajetória. Precisaremos da mesma superação mostrada no jogo da última quarta, contra o Ceará, para resistir a esses dezoito jogos. E manter aquele mesmo espírito por tanto tempo é quase impossível.

Quarto quartil

Entraremos na rodada 30 sabendo se ainda estaremos vivos na Copa do Brasil e na Libertadores. Serão mais nove jogos, mais o jogo atrasado contra o Vasco, mais três (ou uma, ou nenhuma) partidas pelos mata-matas – justo as finais.

A partida contra o Vasco, caso o Palmeiras chegue às finais nas duas competições, deve ser marcada numa semana em que já há jogos, ou seja, viveremos uma semana “a la 1999”, quando tínhamos jogos quarta-sexta-domingo corriqueiramente.

Neste quartil final, teremos três confrontos diretos – contra Flamengo, SPFC e Atlético-MG. Se fizermos nossa parte direitinho nos outros jogos, teremos direito a tropeçar nessas partidas. Caso os tropeços aconteçam nos jogos considerados menos difíceis, teremos a chance de compensá-los nesses confrontos diretos (com o bônus de tirar pontos dos concorrentes).

Nessa projeção, precisaremos de sete vitórias e um empate nas dez partidas finais da tabela.

Conclusão

A chuva de empates do primeiro quartil e as quatro derrotas seguidas no fim da trajetória de Luxemburgo tornaram a missão muito mais difícil que o normal.

A irregularidade dos concorrentes amenizou, no entanto, as dificuldades. Mas estar vivo nas copas tem seu preço. As tabelas se sobrepõem de forma cruel e o número diminuto de atletas em nosso elenco completa o cenário. É como escalar o Himalaia.

É para isso que estamos aqui. A esperança permanece acesa e temos a chance de disputar os três títulos. O Brasileirão será o mais difícil de todos.

Acompanhando esta projeção, teremos uma melhor noção do quanto falta. VAMOS PALMEIRAS!