Por nosso Alviverde inteiro

Por Gabriel Yokota

Ontem, Palmeiras e Puma fizeram o lançamento da nova camisa Alviverde para a temporada 2021. A campanha, apresentada em formato de vídeo, foi intitulada “Onde quer que seja verde”.

Minutos após a publicação, foram registradas algumas manifestações racistas no Twitter aludindo aos modelos presentes no vídeo.

É inadmissível e repugnante. Mesmo em 2021, todos nós sabemos que ainda existem pessoas racistas, seja no meio do futebol ou em qualquer outra área. Mas isso não pode ser, de jeito nenhum, relativizado. E neste episódio não foi. Depois de diversas denúncias de outros usuários, o Palmeiras soltou uma thread repudiando tais atos. Confira:

A resposta mostra, ainda que óbvio, que o clube não tolera e nunca irá tolerar o racismo. E além disso, uma nota precisa e enfática, como deve ser com manifestações que já não devem (ou não deveriam) fazer parte de nossa sociedade, e principalmente da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Muito bem o Palmeiras, muito mal (péssimos) ‘torcedores’.

A culpa é do Palmeiras, como sempre

O vice-presidente da CBF, Francisco Noveletto, comentou as declarações do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, acerca do calendário do futebol brasileiro. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o dirigente, ligado ao Internacional, relativizou as reclamações de Abel.

Na visão do dirigente, o Palmeiras errou por querer disputar todas as competições com a intenção de vencê-las.

“Quem mandou ele ganhar tudo? Vê se o presidente do Palmeiras ou algum dirigente abre mão. Ele não é obrigado a jogar. Ele quer ganhar. Ele pode abrir mão. Ele não é obrigado. Mas não. Ele precisa fazer caixa, ganhar prêmio da CBF, ganhar prêmio de quem patrocina o campeonato. A CBF vai pagar 60 milhões, 90 milhões para a Copa do Brasil, Libertadores 20 milhões. É tudo assim. Então, eles não são obrigados. Quem mandou ele ganhar? Vamos ganhar só metade para não ter esse problema”

O comentário é bizarro, mas reflete bem o preparo dos dirigentes esportivos do Brasil. Sugerir que um clube deva incluir em sua estratégia entregar algum jogo para ser eliminado de uma competição para poder se manter competitivo em outras é exatamente o que parece: uma auto-declaração de incompetência.

Ironicamente, o planejamento do Palmeiras para 2021 parece caminhar exatamente nessa direção, sacrificando o campeonato paulista para que os atletas, extenuados, possam regenerar suas energias ao mesmo tempo em que o treinador possa ter algumas semanas livres para desenvolver um projeto tático mais sólido.

O Palmeiras teve o desplante

Um dos deveres da CBF é exatamente elaborar o calendário de forma racional e planejada. Incompetentes, não conseguem. De forma amadora, jogaram com probabilidades – e de fato, a tentativa de encaixar tudo até daria certo, não tivesse o Palmeiras o desplante de avançar em todas as competições até o final.

Assim, a culpa acabou sendo… do Palmeiras!

Abel Ferreira vem escancarando o que todos nós, no fundo, sempre soubemos. Mas ele é um profissional que vem de outro país, com outra cultura, e está dirigindo o clube de maior sucesso atualmente no futebol brasileiro. Sua personalidade combativa faz o resto, e suas declarações, se forem tratadas com honestidade, precisam deflagrar uma discussão séria acerca dos rumos do futebol brasileiro.

Há vários caminhos possíveis. Temos competições em excesso, fórmulas com jogos em excesso e clubes em excesso. Todas essas variáveis estão aí para serem discutidas. Mas para isso, precisamos de dirigentes qualificados. O futebol brasileiro precisa de líderes.

Enquanto isso não acontecer, a culpa continuará sendo do Palmeiras.


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