Abel Ferreira já está no caderninho dos juízes brasileiros

Abel Ferreira
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Abel Ferreira desembarcou no Brasil há cerca de três semanas e já se pode sentir os efeitos de seu trabalho no time do Palmeiras. Os resultados, até agora, estão acima das expectativas e poderiam ser melhores ainda não fosse o surto de Covid-19 que acometeu o elenco.

O treinador luso traz uma bagagem importante que está sendo transmitida pouco a pouco ao grupo. O que faz de Abel uma novidade aos jogadores relaciona-se com seus conceitos sobre o futebol e também com os traços de sua personalidade.

Abel decidiu morar na Academia de Futebol, diante de toda a estrutura oferecida. A intensidade com que vive seu trabalho praticamente exige essa presença constante.

A mudança positiva no comportamento dos atletas em campo é nítida. Não só jogadores, mas também funcionários e até membros da diretoria estão, segundo relatos, contagiados pela forma com que o trabalho está sendo conduzido.

Gazeta Press

Mas quem parece não estar gostando muito de Abel Ferreira são os árbitros brasileiros. Em cinco partidas à beira do campo, Abel já recebeu dois cartões – um vermelho, mostrado por Bráulio da Silva Machado, e um amarelo, por Bruno Arleu de Araújo.

Na partida contra o Ceará, no Allianz Parque, Bráulio marcou um pênalti inexistente. Abel, nervoso, esbravejou ao vento que o lance seria revertido com a revisão no VAR. O quarto árbitro achou ofensivo e dedurou nosso técnico ao árbitro principal, que o expulsou. Na súmula, um relato bem pouco verossímil transparece uma certa má vontade.

Na coletiva após a partida, Abel reconheceu a explosão mas justificou, dizendo que está num campo de futebol, não numa igreja. Reclamou de não ter sido recebido por Bráulio após o jogo, quando o foi procurar para esclarecer a situação. E disse: “antes de treinador, sou homem” – o que pode ser interpretado como uma acusação de que o árbitro não tem hombridade suficiente.

Reclamar acintosamente na área técnica não é um comportamento exclusivo de nosso atual treinador – o próprio Vanderlei Luxemburgo tinha seus impropérios corriqueiramente captados pelos microfones de transmissão; Luxa, curiosamente, usava a mesma justificativa mencionando a igreja.

Recado dado

Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Talvez seja pela entrevista, talvez por seu jeito explosivo, intenso, que já era notado mesmo em Portugal. Talvez por ser estrangeiro, ou pela cor da camisa. Ou um pouco de tudo.

Abel parece já estar no caderninho dos árbitros brasileiros. O cartão amarelo mostrado por Bruno Arleu na partida contra o Goiás foi um recado claríssimo.

O intercâmbio cultural é sempre uma via de duas mãos. Assim como Abel Ferreira tem muito a ensinar a nós sobre futebol, também tem bastante a aprender, sobretudo sobre como as coisas funcionam por aqui, onde os juízes são corporativistas e vingativos.

Nosso treinador parece ser uma pessoa bastante razoável e inteligente. Alguém na Academia de Futebol precisa enfatizar a ele sobre como nosso clube é tratado e dos cuidados que ele precisa tomar para sair do radar dos homens de preto.

Com pequenos ajustes, Abel pode ficar ainda melhor, mantendo sua intensidade à beira do gramado, que está fazendo tão bem aos jogadores, sem ser punido pelos juízes brasileiros ou de qualquer parte do mundo. “AVANTI PALESTRA!”


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Um comentário em “Abel Ferreira já está no caderninho dos juízes brasileiros

  1. Pesquisando algumas matérias e citações sobre o Abel nos órgãos de imprensa Portugues verifiquei que algumas vezes foi punido por lá, além de algumas discussões com a imprensa durante coletivas. Por aqui a “banda” toca diferente e portante é muito prudente que ele seja orientado, como está no texto do Verdazzo.

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