Acesso da imprensa à Academia volta a ser cobrado

Coletiva
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Um dos maiores assuntos da coletiva concedida no início da tarde de ontem por Alexandre Mattos, Cícero Souza e Felipão, foi o fato dos treinos do Palmeiras serem fechados para a imprensa.

A prática já existe desde a primeira passagem de Cuca pelo Palmeiras, quando era permitido aos jornalistas acompanhar apenas os trabalhos físicos, treinos técnicos e recreativos, sendo vedada a presença nos treinos táticos.

Desde a chegada de Felipão, os jornalistas podem permanecer na Academia de Futebol apenas por poucos minutos, para fazer registros de imagens.

A reclamação dos jornalistas é a de que praticamente não têm o que fazer ao se deslocarem para a Academia, não conseguindo preencher suas pautas. O que é meio caminho andado para a redução da equipe.

Aproximação com o torcedor

O trabalho da imprensa é fundamental para aproximar o time do torcedor. E isso deve acontecer não só nos momentos positivos, mas também quando ocorrem as turbulências, como a extremamente decepcionante eliminação para o Grêmio na Libertadores.

O problema é que parte da imprensa é mal-intencionada e os bons acabam pagando pelos maus, como acontece desde a sala de aula no ensino fundamental. Na coletiva, foi pontuado o caso em que Felipe Melo deu uma entrada num menino da base durante um treino e o fato foi superdimensionado de forma negativa por um veículo. Esse é apenas um exemplo; são frequentes os casos em que as notícias são passadas para o público com um viés negativo, de forma deliberada.

O fechamento quase completo dos treinos, liberando apenas um pequeno período para registro de imagens, é uma saída radical para evitar os efeitos desse trabalho enviesado, cujo preço, entre outras coisas, é ter que ouvir de um comentarista que tem claras raízes no Parque São Jorge, no maior microfone do país, que o Palmeiras é um clube “antipático”. É um remédio amargo, já que esse tipo de comentário ecoa em outras torcidas, na nossa, e até em crianças que estão na fase de escolherem os times por que vão torcer pelos restos de suas vidas.

A TV Palmeiras até pode suprir a lacuna de aproximar o clube e o elenco da torcida, mas por ser um braço do próprio clube, tem a chapa branca na testa. O torcedor não quer apenas confete; é preciso que visões críticas permeiem o trabalho do time e da comissão técnica.

A mídia independente palmeirense, com responsabilidade e ética, pode fazer esse meio-termo entre os veículos tradicionais, que por obrigação jornalística podem precisar colocar o dedo na ferida, e a eterna festa da TV Palmeiras. Mas também estão (estamos) limitados pelo veto ao acesso.

Uma revisão saudável

Flexibilizar mais o acesso aos treinos, talvez preservando apenas os treinos com bola, mesmo recreativos, é uma ideia que pode ser considerada. Obviamente os treinos estratégicos podem e devem continuar sendo protegidos, como acontece na maioria dos clubes. Mas voltar a liberar a circulação dos setoristas pela Academia de Futebol com mais frequência tende a causar muito mais efeitos positivos do que negativos.

Os profissionais despreparados e mal-intencionados podem ter um tratamento distinto. Quem cruzar a linha do trabalho respeitoso – e quem traça essa linha é o próprio clube, é claro – pode ser orientado mais de perto pela assessoria de imprensa do clube; na insistência, pode ter o acesso à Academia vetado. E há formas de fazer isso sem configurar um ato de censura; basta ter a verdade a seu lado, com o ato desrespeitoso ou inconveniente devidamente documentado e divulgado. É legítimo a qualquer entidade se defender da influência perniciosa de pessoas mal-intencionadas.

Resta à imprensa fazer melhor sua parte, com perguntas mais pertinentes, que realmente vão ao encontro do que deseja saber o torcedor, em vez de perguntinhas capciosas para servirem de mote para contar vantagem para os coleguinhas depois na salinha do café.

Ensinam nas salas de aula das faculdades de jornalismo que o entrevistado não pode se sentir confortável numa entrevista, caso contrário é assessoria de imprensa. Alguns usam esse conceito, distorcido, para justificar a maldade e o clubismo implícitos em seus maus trabalhos.

Afinal, por que o Palmeiras foi eliminado?

Boa parte da coletiva foi permeada pelo assunto do acesso da imprensa aos treinos, e pouco se falou sobre a eliminação na Libertadores.

Houve uma enxurrada de “soluções” publicadas nos meios de comunicação – seja pelos comentaristas profissionais, seja pelos amadores, nas redes sociais. Todos cheios de razões, com a causa devidamente identificada e com os remédios definitivos.

Isso porque ninguém tem acesso à Academia de Futebol. Imaginem se tivessem.

O Periscazzo desta noite (a partir das 20h, ao vivo!) vai tentar jogar um pouco de luz nessa discussão. De antemão:  nenhuma proposta mirabolante de solução para o futebol será apresentada, mas tentaremos enumerar os fatos, organizar as ideias, para que as peças, ainda bastante desconexas, comecem a se encaixar melhor e a discussão seja positiva. Sempre com o cérebro, e não com o fígado, como nossos princípios regem. Inscreva-se em nosso canal!


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