Alguém continua não fazendo o que deveria fazer

Copa do BrasilAmanhã teremos os dois jogos de volta das semifinais da Copa do Brasil. No Mineirão, o Palmeiras terá a difícil missão de reverter a vantagem de 1 a 0 que o Cruzeiro abriu há duas semanas, no Allianz Parque; no Itaquerão, a ORCRIM local tenta fazer valer o fator campo para vencer o Flamengo – empate levará a decisão para os penais.

Quatro dos cinco maiores vencedores históricos da competição chegaram ao funil. São camisas muito pesadas e o prêmio recorde para a competição (R$ 50 milhões para o campeão) faz com que o interesse dos clubes, torcidas e imprensa seja redobrado – e também levanta muitas suspeitas.

Mando de campo

A Copa do Brasil deste ano já está sendo marcada por uma decisão bastante questionável, mas que a imprensa bovinamente deixou passar: a definição do mando de campo, feita através de sorteio.

Com o fim da regra do gol qualificado, decidir em casa tem um peso muito grande num mata-mata. O tal do “gol fora” desagrada a muita gente, sabe-se lá por que, mas é um instrumento que tem a função de equilibrar as chances num confronto eliminatório. Descartar esse critério só faria sentido se o mando de campo fosse decidido por méritos técnicos – o Ranking Nacional de Clubes, por exemplo.

Sorteio Copa do BrasilA CBF, no entanto, decidiu entregar a vantagem do mando às bolinhas que rodam em seus globos. Isso faz com que o fator “sorte”, partindo do princípio que os sorteios não são manipulados, tenha um peso muito maior para se chegar a um campeão, o que por si só já desvaloriza o campeonato.

E como estamos falando de uma entidade que não goza da menor credibilidade junto a ninguém, tal decisão, exatamente num ano em que o volume de dinheiro a ser distribuído subiu de forma assustadora, deixa um pulguedo atrás de nossas orelhas.

Intimidade

A proximidade da diretoria do SCCP com a CBF é assustadora. Desde que Andrés Sanchez implodiu o Clube dos 13, há quase 8 anos, a ORCRIM de Itaquera passou a receber presentes de todos as maneiras: em forma de estádio, de verbas da TV desiguais, e de arbitragens que decidem campeonatos. Parece que agora recebe também mandos de campo, com o bônus do fim do gol qualificado. É muita intimidade.

Juízes e bandeirinhas que erram contra o SCCP são imediatamente punidos – às vésperas de uma decisão de vaga na final, que já renderá R$ 20 milhões aos classificados, o auxiliar Christian Passos Sorence não assinalou impedimento de Leandro Damião no último domingo, quando o Inter abriu o placar em Itaquera, e foi “rebaixado” para a Série B, onde os pagamentos por partida são menores. Melhor recado não poderia existir.

A lembrança do choro do árbitro Thiago Duarte Peixoto logo após o Derby do Paulistão 2017 em Itaquera, quando expulsou erradamente o volante Gabriel, é aterradora. Os juízes já sabem quem é o protegido, quem não pode jamais ser prejudicado.

O SCCP já ganhou um campeonato do Palmeiras este ano na mão grande – o 8 de abril jamais poderá ser esquecido, mesmo que nossa diretoria tenha considerado a “missão cumprida” ao ter o pedido de impugnação negado pelo STJD. Já havia roubado um Brasileirão em 2017 na operação casada de Heber Roberto Lopes e Anderson Daronco, e será algo delicado fazer o mesmo pela terceira vez seguida. Por isso, a ordem parece ser evitar um Derby na final da Copa do Brasil a qualquer custo.

VAR não é problema

Wagner Reway anula gol legítimo de Antônio CarlosDe início, o consórcio formado por RGT e a ORCRIM refutaram o uso do VAR. Enquanto a votação dos clubes da Série A, liderada pelo SCCP, barrava o uso da tecnologia para dificultar a manipulação de resultados pelas arbitragens, os profissionais da emissora, capitaneados por Galvão Bueno, colocaram mil e um defeitos no sistema. Até que perceberam que, com um pouco de treino, dá para burlar o sistema.

A anulação do gol de Antônio Carlos, no último lance do jogo de ida, que deixaria o placar igualado no Allianz parque, é a prova cabal que o VAR é uma ferramenta que só vai funcionar nas mãos de gente que não esteja disposta a manipular resultado nenhum. Havendo determinação, o VAR é como uma flor nas mãos da vítima diante do ladrão armado.

Não adianta protestar

Mauricio GaliotteDiante de mais um assalto, o Palmeiras fez o de sempre, pela milésima vez: juntou o material e fez um protesto formal na CBF. Tudo isso, depois de reunir um dossiê mais que completo com ajuda da Kroll para evidenciar que houve interferência externa na final do Paulista. Nada adianta.

Sem força nos bastidores, o Palmeiras vai continuar sendo assaltado, na mão grande. Nenhum de nós, mortais, sabe o que acontece por trás daquelas cortinas, mas um presidente de clube tem que saber.

Alguém continua não fazendo o que deveria fazer.


Semifinais da Copa do Brasil


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