O ano de 1972 na História do Palmeiras

Titulos
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O Palmeiras iniciou o ano com duas contratações no setor ofensivo: o jovem ponta esquerda Nei, da Ferroviária, e o argentino Norberto Madurga, do Boca Juniors.

Nei já estreou logo nos primeiros amistosos, quando o Palmeiras enfrentou o Santos (4 a 0), Zeljeznicar-YUG (3 a 0), Steaua Bucaresti (7 a 0), SCCP (1 a 1) e Seleção da Hungria (1 a 0), na capital Paulista.

Madurga estreou logo contra seu ex-clube, no Torneio de Mar Del Plata (ou Copa do Atlântico), um quadrangular com turno e returno realizado em Montevideo e Mar Del Plata em que se enfrentaram, além de Palmeiras e Boca, também o San Lorenzo e o Peñarol. Jogando sempre em terreno adversário, o Palmeiras se manteve invicto na temporada ao vencer o torneio com 3 vitórias e 3 empates.

Além de Madurga, outra novidade do torneio foi a consolidação de Alfredo, já com 25 anos, como titular da zaga, ganhando a disputa com Polaco. A vaga estava aberta desde as saídas de Baldochi, Nélson e Minuca no ano anterior. E assim estava formada a escalação lendária, que prevaleceu por cerca de três anos: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

De volta ao Brasil, a disputa do Torneio Laudo Natel. O Verdão entrou direto na segunda fase e passou pela Ferroviária, jogou a semifinal contra o SPFC e avançou nos pênaltis após empate sem gols, e despachou a Portuguesa por 3 a 1 na final, arrebatando o segundo troféu do ano.

Em março finalmente começou o Campeonato Paulista, disputado por 12 clubes em turno e returno, pontos corridos. No primeiro turno, o Verdão ponteou a tabela com 8 vitórias e 3 empates, e aproveitou uma parada no calendário para uma excursão pelo mundo.

Foram oito jogos na Espanha, Irã, Turquia e Argélia, e o Palmeiras acabou perdendo seu primeiro jogo na temporada ao ser derrotado pela Seleção de Magreb por 1 a 0. A viagem marcou a estreia de mais um reforço no ataque, o atacante Ronaldo, que veio do Atlético-MG.

Na retomada do Campeonato Paulista, no início de julho, um incidente: na partida contra o XV de Piracicaba, no Palestra, o árbitro Renato de Oliveira Braga irritou demais nossos jogadores e o próprio treinador Brandão. O juiz foi cercado ao final da partida, os ânimos se exaltaram e César, que assistiu ao jogo das numeradas, invadiu o campo e supostamente teria agredido o árbitro, o que teria consequências mais sérias posteriormente.

A disputa seguiu e o Palmeiras sustentava a liderança e a invencibilidade no campeonato. Na penúltima partida, o time se salvou da derrota já perto do fim do jogo, com um gol de pênalti de César. Um ponto na frente do SPFC, o Palmeiras precisava segurar o empate no confronto direto, que a tabela caprichosamente reservou para a rodada final, com mando do Palmeiras.

A semana que antecedeu o clássico foi tensa, com pressões para que o Palmeiras mandasse o jogo no Morumbi e ameaças de sequestro a César. Os dois clubes não tinham perdido nenhuma partida e pela primeira vez desde 1946 teríamos um campeão invicto. O SPFC buscava o tricampeonato; o Palmeiras, um título que não via por seis anos.

O presidente do Palmeiras, Paschoal Giuliano, justificou à torcida palmeirense em anúncio de página inteira nos maiores jornais que mandaria a partida no Pacaembu, e não no Morumbi, onde “até o gandula é sampaulino”, porque estava mais interessado nos títulos do que no ganho financeiro que um estádio com 100 mil pessoas proporcionaria, cunhando a célebre frase: “as rendas passam; os títulos ficam”.

A partida foi incrivelmente disputada e o Palmeiras, mesmo com a vantagem do empate, pressionou o inimigo desde o início. Forlán chegou a salvar uma bola em cima da risca e o gol do Verdão não saiu por detalhes. A rispidez dos lances custou ao Verdão a saída de Dudu, com uma lesão nas costelas.

No segundo tempo o SPFC abandonou o esquema cauteloso para sair nos contra-ataques e veio pra cima do Palmeiras. Mas ao contrário do oponente, o Verdão não sofreu na defesa diante de atuações magníficas de Eurico, Luís Pereira e Alfredo, e ainda era devastador nos contragolpes – Leivinha e César perderam as chances de fazer o gol do título. Mas não foi necessário: o jogo terminou mesmo sem gols e o empate deu mais um título ao Palmeiras, invicto, e impediu o tricampeonato do inimigo.

O Brasileirão teve início em setembro, com 26 clubes. Todos se enfrentaram em turno único, divididos em 4 chaves em que os quatro melhores avançaram à Segunda Fase. O Verdão teve que se virar sem César, que foi suspenso por 7 meses pelo STJD por conta do incidente no jogo contra o XV.

Após 25 rodadas, com Madurga, Ronaldo e Fedato participando de forma intensa na linha ofensiva ao lado de Ademir, Edu, Leivinha e Nei, o Palmeiras foi mais uma vez o primeiro colocado de seu grupo e da classificação geral, com 36 pontos em 50 possíveis, chegando à Segunda Fase.

O quadrangular com SPFC, Coritiba e América foi disputado em turno único. Logo no primeiro jogo, o Palmeiras perdeu o clássico por 2 a 0 e ficou com a situação muito complicada. Na segunda rodada, mesmo vencendo o América por 3 a 1, passou a depender de um milagre quando o SPFC venceu o Coritiba por 2 a 0.

Na rodada derradeira, no entanto, o tal milagre aconteceu: o América venceu o SPFC de forma surpreendente e o Palmeiras venceu o Coritiba por 3 a 0, a conta exata para a classificação. O gol derradeiro foi de Luís Pereira aos 40 do segundo tempo. O Verdão estava nas semifinais.

Em jogo único, o Palmeiras aproveitou a vantagem do empate e segurou a igualdade no Pacaembu, contra o Inter, mas penou: depois de sair perdendo no primeiro tempo, só chegou ao placar necessário aos 25 do segundo tempo, com Nei.

A final foi contra o Botafogo, que eliminou o SCCP com um 2 a 1 no Maracanã. Com melhor campanha, mais uma vez o Verdão jogava pelo empate e desta vez levou o jogo para o Morumbi.

O Palmeiras começou sufocando os cariocas, que precisaram recuar seus jogadores diante da pressão palmeirense. Mas o espaço proporcionado só fez aumentar o volume de jogo palmeirense. Osmar se tornou o grande nome da defesa do Botafogo no primeiro tempo.

No segundo tempo o Botafogo melhorou taticamente e voltou mais agressivo. O jogo pegou fogo e  o pau comeu. Jairzinho acertou uma cotovelada em Alfredo, que caiu sem sentidos no gramado.

Mesmo perdendo Dudu, que sentiu o joelho, o Palmeiras controlava o jogo e era mais perigoso que o Botafogo. Nos minutos finais, de forma natural, recuou. Com muita experiência, o Verdão segurou o resultado e comemorou o quinto título brasileiro.

Ao conquistar o quarto troféu do ano, o Palmeiras encerrou uma temporada perfeita, com 50 vitórias, 26 empates e apenas 5 derrotas. A Academia de Futebol tinha sua segunda versão, uma máquina de jogar bola que entrou para a História do futebol mundial.

 

 


Jogadores no ano de 1972


Jogos no ano de 1972