O ano de 1979 na História do Palmeiras

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O ano de 1979 começou ainda sob a disputa do Paulistão de 1978, cujo segundo turno mal havia iniciado quando precisou ser interrompido para as férias dos jogadores. A desorganização do futebol brasileiro atingiu níveis inacreditáveis, como ainda seria visto no decorrer do ano.

O objetivo no Paulistão, tanto no primeiro quanto no segundo turnos, era conseguir, de alguma forma (até renda valia), uma vaga para o terceiro turno, que era o que de fato decidiria os semifinalistas do campeonato. E mesmo sem chegar sequer à fase final do segundo turno, o Verdão conseguiu os pontos necessários para se qualificar para o terceiro turno por índice técnico.

Telê SantanaA campanha ruim, no entanto, fez com que Filpo Nuñez fosse trocado por Telê Santana ainda em fevereiro. Nas mãos do novo treinador, a equipe demorou um pouco para pegar o jeito, ainda mais depois de algumas trocas no elenco: saíram Toninho Vanusa, Alfredo e Escurinho; chegaram Polozi e o experiente uruguaio Pedro Rocha – este último, visando a disputa da Libertadores.

Num grupo que tinha, além do Guarani, os peruanos do Alianza e do Universitário, o Palmeiras disputou a Libertadores entre março e abril, em meio ao returno do Paulista. E começou a disputa forte, vencendo as duas partidas em Lima, mas acabou tropeçando em casa, com derrotas para o Guarani e para o Universitário.

Nem uma ótima vitória por 4 a 0 sobre o Alianza facilitou a tarefa do Verdão, que para ficar com a única vaga do grupo precisava vencer o Guarani por três gols na partida derradeira em Campinas, o que não conseguiu. Telê teria algum trabalho para acertar o time.

Jorginho

Em maio e junho o Verdão disputou o terceiro turno do Paulistão, que tinha 12 times divididos em dois grupos de seis – os dois primeiros avançaram às semifinais. Com dois reforços vindos do Marília, Jorginho e Luís Silvio, o Palmeiras começou a encorpar e terminou seu grupo em primeiro lugar, emparelhando então na semifinal com o SPFC, que ficou em segundo lugar no outro grupo. O grande jogo desta fase foi o Derby vencido pelo Verdão por 2 a 0, com dois golaços de falta de Jorge Mendonça.

Para chegar à final, Palmeiras precisava apenas empatar com o SPFC e segurar a igualdade na prorrogação. O 0 a 0 se estendeu por 117 minutos, até que Serginho conseguiu uma cabeçada da marca do pênalti, sem muita força, mas colocada, no ângulo. Talvez Gilmar pudesse ter defendido, mas o fato é que a bola entrou e o Palmeiras, quando começava a embalar, sofreu uma derrota muito dolorida, sendo eliminado do Paulistão de 1978, cujo campeão acabou sendo o Santos.

Apenas duas semanas depois, no início de julho, teve início o Paulistão de 1979, que novamente tinha como objetivo a classificação para o terceiro turno, que decidiria os semifinalistas. A CBD marcou o início da Taça de Ouro para meados de setembro, e fez um acerto com as federações do Rio de Janeiro e São Paulo, que tinham os campeonatos mais longos e rentáveis: os times classificados entrariam apenas na Segunda Fase. Palmeiras e Guarani, campeão e vice do ano anterior, entrariam só na Terceira.

Com o calendário apertado, as 38 rodadas do primeiro e segundo turnos do Paulistão foram disputadas num ritmo alucinante, em apenas 4 meses. Ao final de outubro, o Palmeiras tinha vencido os dois turnos e garantido a vaga para o terceiro com facilidade.

Campeonato Brasileiro 1979

O time estava já bem entrosado. Depois das saídas de Jair Gonçalves, Altimar, Toninho, Ivo, Pedro Rocha e Amílton Rocha, Telê Santana tinha encontrado uma excelente química mesclando a experiência de Jorge Mendonça com o talento de César e Jorginho e com a juventude da molecada da base: Gilmar, Pedrinho, Mococa e Carlos Alberto Seixas.

Em novembro teve início o terceiro turno, em meio ao boicote dos times paulistas à Segunda Fase da Taça de Ouro. Insatisfeitos por não poderem entrar direto na Terceira Fase como Palmeiras e Guarani, quatro clubes – Santos, SPFC, SCCP e Portuguesa – decidiram não disputar o Nacional, cuja Primeira Fase já tinha terminado, focando apenas no Paulistão.

No terceiro turno do Paulistão, o Palmeiras desembestou. Conquistou 9 dos 10 pontos possíveis, com goleadas de 5 a 1 sobre Santos e Portuguesa – contra os santistas, Jorginho jogou tanto que fez chover. A partida ficou conhecida como “o jogo da chuva”.

Enquanto isso, mais uma tramoia foi desenhada nos bastidores. A FPF tinha a primazia, definida pelo regulamento, de definir os mandos das partidas do terceiro turno em diante. O presidente da FPF, Nabi Abi Chedid, decidiu marcar na segunda rodada do terceiro turno uma rodada dupla com os jogos entre Palmeiras x Guarani e SCCP x Ponte Preta.

O presidente do SCCP, Vicente Matheus, alegou insatisfação com a medida e disse que não entraria em campo porque não queria dividir a renda com outros clubes. Matheus então entrou com uma ação na Justiça Comum para preservar seus direitos e, amparado por uma liminar, não mandou seu time a campo. Mas era notório que tudo aquilo era para não enfrentar o Palmeiras, que vivia uma fase esplendorosa naquele momento, no mata-mata que se aproximava.

Jogadores da Ponte e arbitragem esperam pelo SCCP, que não apareceu

A estratégia de Matheus era parar o Campeonato, já que o Palmeiras entraria na fase decisiva da Taça de Ouro e o calendário não teria datas suficientes. E foi o que aconteceu. Enquanto a Justiça decidia o que aconteceria no Paulistão, Palmeiras e Guarani entraram na disputa da Terceira Fase do Brasileiro. As semifinais do Paulistão ficaram para janeiro de 1980.

O Palmeiras entrou na Terceira Fase da Taça de Ouro, quando grupos de 4 clubes foram formados para decidirem os semifinalistas em turno único, após apenas três partidas. O grupo do Palmeiras tinha Comercial, São Bento e Flamengo. A tabela, marotamente, marcou o jogo decisivo entre Flamengo e Palmeiras para o Maracanã, de forma arbitrária.

Tanto Flamengo quanto Palmeiras passaram de forma tranquila pelos times do interior paulista, mas o Palmeiras fez mais saldo de gols (venceu o Comercial por 5 a 1 e o São Bento por 4 a 0). Assim, apesar da enorme vantagem de decidir a vaga em casa, o Flamengo precisava vencer o jogo. Ao Palmeiras, bastava o empate.

Num jogo histórico, o Verdão goleou o Flamengo por 4 a 1 e só não calou por completo o Maracanã porque mais de 10 mil palmeirenses lá presentes cantaram alto nossa vitória. O adversário seguinte, já nas semifinais, foi o Inter de Falcão e Ênio Andrade.

Era consenso que quem avançasse venceria com facilidade o outro finalista, que seria Vasco ou Coritiba. E os dois times fizeram um confronto sensacional. Sob o comando de Falcão, o Inter virou a partida no Morumbi para 3 a 2 depois de estar duas vezes atrás no placar. E no Beira-Rio, segurou o empate em 1 a 1 num grande jogo, indefinido até o apito final.

O Verdão, desta forma, caía pela segunda vez no ano nas semifinais, mas deixava uma excelente impressão e ainda tinha a perspectiva de vencer o Paulistão em janeiro, mesmo com a artimanha do SCCP para melar a competição.


Jogadores no ano de 1979


Jogos no ano de 1979