O ano de 1980 na História do Palmeiras

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O ano de 1980 começou sob a expectativa das semifinais do Paulista de 79, adiadas pela manobra do presidente do SCCP, Vicente Matheus. Depois de uma rápida pré-temporada na cidade de Jacutinga, o Palmeiras voltou à capital para enfrentar o rival em dois jogos.

Mas a tensão não estava no ar apenas devido ao confronto. Os jogadores viviam a incerteza acerca da premiação, já que não houve acerto entre o elenco e o diretor Arnaldo Tirone. Para piorar, a relação entre Telê Santana e Jorge Mendonça, o indiscutível líder técnico dos atletas, havia se deteriorado.

Jorge Mendonça estava seduzido por propostas vindas do Rio de Janeiro – especialmente a do Vasco – e estava forçando a barra para deixar o Palmeiras. A diretoria já estava farta da situação; Telê, sabendo da importância do atleta para uma conquista, ainda tentava contemporizar, mesmo a nítido contragosto.

Em meio a tudo isso, vieram os confrontos e o Palmeiras, depois de permitir o empate a cinco minutos do fim no primeiro jogo, foi para a partida decisiva jogando por mais uma igualdade, mas acabou derrotado por 1 a 0, com um gol de canela de Biro-Biro. Foi a última partida de Jorge Mendonça com a camisa do Palmeiras e também o último jogo de Telê Santana naquela passagem pelo Verdão – o técnico foi convocado pela CBF para orientar a Seleção Brasileira.

Sob o comando de Sergio Clerice, o Palmeiras começou a caminhada na Taça de Ouro – como foi chamado o Brasileirão naquele ano. Na Primeira Fase, num grupo de dez clubes onde se classificavam sete, o Verdão ficou em terceiro lugar após nove jogos com uma campanha medíocre, cujos pontos altos foram vitórias por 4 a 1 sobre o América-RN e Flamengo-PI.

Na Segunda Fase, num grupo com Bangu, Flamengo e Santa Cruz, o Palmeiras fez seis partidas e ficou em segundo lugar, passando para a fase seguinte em cima do laço, segurando um empate sofrido em Recife. Mas o primeiro sinal de desgraça veio na partida no Maracanã: 6 a 2 para o Flamengo, na estreia de Oswaldo Brandão – Sergio Clerice não havia resistido ao futebol medíocre mostrado nos onze jogos sob seu comando.

A Terceira Fase foi cruel com o Palmeiras, que claramente já fazia hora extra no campeonato apesar de ter mantido 90% do time titular que havia encantado o país no ano anterior. Num grupo que tinha Cruzeiro, Inter e Guarani, jogando em turno único, o Verdão acabou eliminado no confronto em casa contra os gaúchos, após uma derrota pelo placar minimo. Era hora de tentar acertar o time em campo e focar no estadual.

No Paulistão, que começou em maio, o Palmeiras tinha a missão de ficar entre os quatro melhores colocados no primeiro ou no segundo turno, para jogar as semifinais e finais e conseguir uma vaga na grande final.

No primeiro, ficou apenas em sétimo lugar e passou longe da classificação; a torcida viveu das alegrias de uma goleada sobre o Taubaté e de uma vitória num Derby com um golaço de Pedrinho. Como o SPFC também não se classificou, os dois times fizeram um amistoso enquanto as finais do turno eram jogadas e o SPFC deitou: 4 a 0, abalando a situação de Oswaldo Brandão.

O Velho Mestre não resistiu à estreia no segundo turno: a derrota por 1 a 0 em casa para a Francana marcou a despedida definitiva do técnico que mais vezes dirigiu o Palmeiras na História. O auxiliar Valdir de Morais assumiu o comando enquanto a diretoria buscava um novo treinador.

Foram cinco jogos e o Palmeiras perdeu quatro vezes até estrear o novo treinador: Diede Lameiro, que rescindiu com a Ferroviária para comandar o Palmeiras. E sua passagem foi um desastre: nos 13 jogos derradeiros do campeonato, vencemos apenas uma e ficamos seriamente ameaçados pelo rebaixamento.

A situação vexatória ficou evidente quando, na penúltima rodada, os jogadores precisaram arrancar um empate a dois minutos do fim em Taubaté e, ao apito final, comemoraram efusivamente a permanência na primeira divisão. Uma vergonha que traria consequências: com o 16° lugar no campeonato, o Palmeiras não se classificou para jogar a Taça de Ouro do ano seguinte; em 1981, teria que se contentar em disputar a Taça de Prata.

Pior: o respeito que havia por parte de adversários e da imprensa, construído após anos e anos de vitórias e exibições magníficas, estava seriamente arranhado e a confiança dos jogadores ao envergar a camisa verde esmeralda não seria a mesma nos anos seguintes.


Jogadores no ano de 1980


Jogos no ano de 1980