O ano de 1992 na História do Palmeiras

Titulos
J
V
E
D
GP
GC
%
0
68
35
13
20
95
59
57.8

VestiárioO técnico Nelsinho Baptista começou o ano de 1992 com a notícia da contratação do experiente goleiro Carlos, com três Copas do Mundo no currículo. Além dele, vieram o meio-campista Daniel Frasson e foi incorporado o prata-da-casa Tonhão, que estava emprestado ao Nacional.

Velloso, insatisfeito com o banco, acabou emprestado ao União São João. Assim, os goleiros reservas do Palmeiras eram Ivan e os meninos Marcos e Sérgio. E o clube seguia em tratativas com o Bahia para contratar Luís Henrique, meia de grande destaque no cenário nacional.

O Brasileirão abriu a temporada e o Palmeiras largou muito mal, mesmo com a contratação de Luís Henrique sendo confirmada. Com 20 clubes disputando um turno único, avançando os oito primeiros para o mata-mata, o time de Nelsinho patinou: foram duas vitórias, dois empates e seis derrotas nos primeiros dez jogos – é verdade que uma das vitórias foi um sonoro 4 a 0 no SPFC no Morumbi, com show de Edu Marangon.

Nelsinho tentou chacoalhar o elenco com uma decisão polêmica: afastou o goleiro Ivan, o zagueiro Andrei, o atacante Jorginho e ninguém menos que Evair, alegando “deficiência técnica”, algo que jamais colou. O time ensaiou uma reação, mas foi insuficiente para chegar à zona de classificação, terminando o campeonato no fim de maio num melancólico 11° lugar.

Primeira foto do time do Palmeiras após o acordo com a Parmalat, ainda sem reforços

Tudo isso aconteceu em meio a um acordo histórico: a multinacional italiana Parmalat passou a ser cogestora do futebol do Palmeiras, injetando profissionalismo e uma considerável quantia de dinheiro em contratações. O projeto inicial tinha a duração prevista de dois anos, com renovações sucessivas enquanto as partes estivessem de acordo.

Sem competições para disputar até o início de julho, o Palmeiras disputou uma série de amistosos inexpressivos contra times minúsculos do interior – mas entre eles, recebeu a visita da Lazio, e venceu por 2 a 1. A torcida não se conformava com o afastamento de Evair e ainda tinha que digerir as perdas de Betinho e Edu Marangon, negociados com Cruzeiro e Santos, respectivamente. Os outros três afastados por Nelsinho também tinham deixado o clube. Luís Henrique, depois de 21 jogos e nenhum sinal de bom futebol, foi vendido para a França.

Para repor todos esses buracos, a Parmalat deu seu primeiro cartão de visitas: Sorato foi o nome com maior destaque num pacote que ainda tinha Edinho Baiano, Carlinhos, Gilson, Jean Carlo, Jefferson e João Luís. Nada muito explosivo, até porque, Nelsinho vivia momentos muito turbulentos e não havia muita perspectiva de seu trabalho durar muito mais tempo.

O Estadual teve início, entremeado pelas rodadas iniciais da Copa do Brasil. Foi fácil passar pelo Sampaio Corrêa de Juca Baleia, mas no Paulistão a coisa engrossou. Na oitava rodada, vindo de uma sequência de três derrotas, o time apenas empatou com o Noroeste, em pleno Palestra Italia. Nelsinho não suportou a clamor da torcida, que cantava “Fora Nelsinho, pelo amor de Deus!” e acabou demitido.

Cuca e MaurílioPara seu lugar veio o carismático Otacílio Gonçalves, conhecido no meio por “Chapinha”. O objetivo era ficar pelo menos em sexto lugar na fase de classificação e entrar nos quadrangulares semifinais. O time demorou um pouco mas encaixou, sobretudo com as contratações de Cuca e Maurílio e mais tarde, dos grandes Mazinho e Zinho – além da tão sonhada reintegração de Evair. Com uma campanha de 10 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota, o time arrancou e ficou em segundo lugar na classificação geral.

Uma euforia tomou conta da torcida. Os uniformes listrados já haviam caído nas graças de todos os palmeirenses e os resultados empolgavam. Cuca, palmeirense na infância, a cada gol do Palmeiras corria para as arquibancadas e mostrava uma faixa imaginária, alimentando o sonho do fim da fila. A imprensa, estranhamente sensibilizada, parecia remar na mesma direção. Uma das frases mais ouvidas a cada vitória, muitas vezes arrancadas na raça, era que o resultado era “sintomático”.

No quadrangular semifinal, contra SCCP, Mogi Mirim e Guarani, o Palmeiras fez ótima campanha e chegou ao último jogo precisando apenas de um empate no Derby, para não dar chances ao time campineiro. Mas nosso time sentiu, mais uma vez, o peso da fila e tremeu.

Na sexta-feira, o time disputou a primeira partida da semifinal contra o Inter e perdeu em casa, sem contar com Evair, que sentiu uma lesão jogando pela Seleção da CBF, e roubado pela arbitragem. No domingo, acabou derrotado por 2 a 1 pelo SCCP – o que salvou o Palmeiras foi um gol de Rivaldo, ainda no Mogi, sobre o Guarani. Estávamos na final, mas a derrota no Derby causou sérios danos no embalo e na confiança do time.

1992Mesmo assim, ainda havia uma final para disputar, contra o SPFC, que vivia uma fase iluminada, campeão da Libertadores e com viagem marcada para o Japão. O Verdão lutou muito e manteve o clássico equilibrado. O placar apontava 2 a 2 até que o inimigo, com um time superior e bem mais encaixado, marcou mais dois gols nos dez minutos finais e obrigava o Palmeiras a vencer a partida da volta por três gols.

A derrota na reta final do jogo abateu de vez o Palmeiras, que precisava também de três gols no Beira-Rio. Acabou derrotado por 2 a 1, e foi eliminado da Copa do Brasil. Sem nenhuma perspectiva de conquista, viu o inimigo voltar de Tóquio com mais um troféu e não teve forças, sendo derrotado na finalíssima por 2 a 1.

A faixa imaginária de Cuca não se tornou realidade, o “sintomático” teria que esperar um pouco mais. Mas o projeto da cogestão Palmeiras-Parmalat ainda estava só no começo, o elenco estava claramente mais forte e precisava apenas de mais uma rodada de ajustes para interromper a inacreditável fila e devolver o clube à rota das conquistas.


Jogadores no ano de 1992


Jogos no ano de 1992