O ano de 1997 na História do Palmeiras

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Telê Santana e ViolaCom o fim de mais um ciclo de Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras, a diretoria buscou a reposição em Telê Santana, cuja passagem anterior pelo clube em 1979 o catapultara à Seleção Brasileira. Mas o veterano treinador enfrentava problemas sérios de saúde e os médicos haviam recomendado que ele suspendesse temporariamente as atividades profissionais até se recuperar.

Enquanto esperava pela autorização médica, a diretoria encarregou o auxiliar Marcio Araújo para comandar o time no ressuscitado torneio Rio-São Paulo, no Campeonato Paulista e nas fases iniciais da Copa do Brasil. Com o ressurgimento do regional, os estaduais foram estrangulados no calendário e começaram a passar por um processo gradual de perda de prestígio junto à imprensa e ao público.

Não houve grandes contratações na virada do ano e as únicas chegadas relevantes foram as do zagueiro Agnaldo e do atacante Edmílson.

Nesta primeira edição do Rio-São Paulo após o ressurgimento que pretendia fixar a competição no calendário, o torneio foi disputado num mata-mata simples a partir das quartas-de-finais. O Palmeiras passou pelo Botafogo, mas caiu nas semifinais para o Santos no saldo de gols: derrota por 3 a 1 no Palestra e vitória por 1 a 0 em Prudente.

1997A disputa do Paulista teve início logo na sequência e o Palmeiras embalou uma bela campanha, terminando a fase de classificação como líder geral e encaixando goleadas que remetiam ao timaço do ano anterior. Ao mesmo tempo, avançava na Copa do Brasil passando sem problemas por River, Coritiba e Ceará.

A saúde de Telê Santana estava realmente frágil e o Palmeiras foi comunicado pela família que, mesmo a contragosto, o velho treinador estava se retirando definitivamente do esporte. Márcio Araújo foi efetivado; mesmo com algumas boas goleadas, sobretudo pela fase brilhante de Viola, o futebol do time estava longe de ser o mesmo do ano anterior.

Nas semifinais da Copa do Brasil, o Palmeiras foi facilmente batido pelo Flamengo, na ida e na volta. No quadrangular final do Paulista, uma derrota por 4 a 1 para o SPFC determinou o fim do comando de Marcio Araújo. Sebastião Lapola, diretor de futebol que também tinha formação de treinador e havia até tido uma discreta passagem como zagueiro do clube no final da década de 50, tentou comandar o time, que acabou surrado nas duas partidas seguintes pelo Santos e pelo SCCP, terminando o campeonato num melancólico quarto lugar.

O plano teve que ser modificado radicalmente e a diretoria fez uma grande reformulação. Chegaram ao fim as passagens de Cafu, Sandro, Leandro Ávila, Rincón, Djalminha e Luizão. Foram contratados Pimentel, Neném, Alex, Euller e Oséas, além do retorno de Zinho, que estava no Japão. Para comandar este novo time, o Palmeiras trouxe do Rio Grande ninguém menos que Luiz Felipe Scolari, técnico que se destacou pelo Grêmio nos anos anteriores, sobretudo pelos grandes duelos contra o Verdão.

Felipão e ViolaLogo de cara o Palmeiras conquistou em Salvador o Torneio Maria Quitéria, em cima do Flamengo. A torcida, no entanto, tinha muitas restrições com o estilo de Felipão e a adaptação foi sofrida. A fase de classificação do Brasileiro teve sobressaltos, além de ter sido entremeada por duas excursões – uma aos Estados Unidos e outra à Espanha. Algumas goleadas – sobre o Cruzeiro, Santos e Grêmio sugeriam que o time estava crescendo – e estava mesmo. O sétimo lugar foi suficiente para classificar o time para o quadrangular semifinal.

Eram dois grupos de quatro e o Palmeiras enfrentou o Atlético-MG, o Internacional e o Santos, em ida e volta. Com uma campanha sensacional – cinco vitórias e um empate, o time se qualificou para as finais, que seriam jogadas contra o Vasco, que tinha como dupla de ataque ninguém menos que Evair e Edmundo – este último, numa fase absolutamente iluminada, no auge de sua performance como atleta.

Edmundo entrou no primeiro jogo das finais, no Morumbi, pendurado com dois cartões amarelos. O jogo foi pegado, nervoso, e o placar de 0 a 0 mantinha as arquibancadas silenciosamente tensas. Até que Edmundo recebeu um cartão amarelo no segundo tempo, o que o suspendia da partida final, a ser disputada no Maracanã na semana seguinte. O estádio explodiu em alegria, como se tivesse sido um gol do Palmeiras. Aquele Vasco, sem Edmundo, era um time apenas um pouco acima de “comum”.

Foi quando o time cruzmaltino colocou em prática uma artimanha articulada por seu presidente, Eurico Miranda. Ele já havia prevenido Edmundo para que, em caso de receber o terceiro amarelo, forçar uma expulsão direta para pedir um efeito suspensivo sobre a automática no STJD, mesmo sem base jurídica para tal. A manobra, claro, já havia sido preparada previamente nos bastidores.

Edmundo expulsoEdmundo então deu um coice em Cléber, provocando sua expulsão direta, sem o segundo amarelo. E o plano de Eurico Miranda foi seguido à risca. Depois de confirmarem o 0 a 0 do jogo da ida, as duas equipes voltaram a campo na semana seguinte e Edmundo estava em campo, amparado por uma peça jurídica.

O Maracanã estava absolutamente tomado e a torcida do Verdão tomou cerca de 15% do estádio, fazendo muito barulho. O Palmeiras jogou melhor, mas o Vasco, com Edmundo e Evair à frente, era sempre perigoso e o Verdão não podia se expor demais. A partida seguia sem gols, o que dava o título aos cariocas. O Palmeiras se lançou à frente na parte final do jogo, mas o Vasco conseguiu se segurar e garantiu o troféu após 180 minutos sem gols.

Mesmo sem títulos, o Palmeiras terminou o ano como vice-campeão brasileiro e um trabalho que permitia à torcida alimentar muitas esperanças para 1998.

Maracanã 1997


Jogadores no ano de 1997


Jogos no ano de 1997