O ano de 2014 na História do Palmeiras
Após purgar por um ano na segunda divisão, o Palmeiras tinha a expectativa de fazer um grande ano, já em pleno processo de recuperação financeira e técnica. A espinha dorsal do time era interessante: Fernando Prass, Henrique, Wesley, Valdivia e Alan Kardec. O zagueiro Lúcio, pentacampeão mundial, foi contratado para dar mais solidez à zaga e o meia Bruno César foi repatriado, após algumas temporadas em Portugal. O time parecia pronto para o estadual e o início da Copa do Brasil. Mas a repentina saída de Henrique, ainda em janeiro, foi o primeiro golpe na formação do elenco daquele ano
Mesmo assim, a campanha na primeira fase do estadual foi muito boa e o time chegou ao mata-mata como segundo colocado na classificação geral, a apenas um ponto de distância do Santos. O time passou sem sustos pelo Bragantino mas acabou tropeçando na semifinal, perdendo para o Ituano em pleno Pacaembu com um gol de Marcelinho aos 38 do segundo tempo.
A eliminação repentina fez com que o time focasse nas competições nacionais – a Copa do Brasil ainda estava nas fases preliminares e o Verdão passou pelo Vilhena, mas ainda nas rodadas iniciais do Brasileiro o time sofreu outro duro golpe: Alan Kardec deixou o clube e foi para o SPFC logo após a primeira rodada do Brasileirão, diante de uma negociação infeliz de renovação de contrato. O episódio gerou a célebre entrevista do presidente do clube inimigo, Carlos Miguel Aidar, que afirmou que o Palmeiras era um clube que se apequenava – enquanto comia prosaicas bananas. O futuro diria quem é que se apequenava na realidade.
Mais turbulências: na terceira rodada, diante do Flamengo no Maracanã, Fernando Prass se contundiu com gravidade no ombro. O clube passou a usar o prata-da-casa Fábio, que treinava muito bem. Na partida seguinte, uma derrota para o Sampaio Corrêa pela Copa do Brasil causou a demissão de Gilson Kleina – Alberto Valentim o substituiu de forma provisória. Valdivia, que vivia alternando jogos por causa da fibrose na coxa, teve uma lesão mais séria que o tiraria de combate por quatro meses.
Quatro vitórias seguidas, enganosas, contra Goiás, Sampaio, Vitória e Figueirense, deram a ilusão de que o time engrenaria nas mãos do interino, mas derrotas diante de Chapecoense e Botafogo fizeram a diretoria agir: trouxeram o argentino Ricardo Gareca, que havia feito campanhas de destaque no Vélez Sarsfield. Por indicação do novo treinador, chegaram ao clube o zagueiro Tobio, o meia Allione e o atacante Cristaldo. Além deles, a diretoria complementou o elenco com o atacante Henrique Dourado.
Sem poder contar com Valdivia e com Fábio entregando jogos de forma inacreditável, a campanha de Gareca foi muito ruim e se tornou insustentável após as derrotas no Pacaembu para o Atlético, nas oitavas da Copa do Brasil, e para o Inter, pela 18ª rodada do Brasileiro, que deixou o time na 16ª posição. Após apenas 13 jogos, o argentino foi dispensado e a diretoria trouxe Dorival Júnior para o segundo turno, com uma única missão: livrar o time do rebaixamento, já que a eliminação da Copa do Brasil, em mais um jogo sob o comando de Valentim, de forma interina, foi inevitável.
A campanha do time sob o comando de nosso ex-volante dos anos 90 era irregular. Após uma goleada por 3 a 0 para o Fluminense, Fábio perdeu a posição e Deola foi acionado no gol. O time seguia sem rumo e, dois jogos depois, sofremos uma humilhação ao perder por 6 a 0 do Goiás. Mas com algumas boas atuações, na 32ª rodada o time chegou ao 13° lugar, com 39 pontos, a cinco da zona da confusão e com Fernando Prass finalmente de volta. Tudo parecia sob controle.
Uma incrível sequência de derrotas, no entanto, deixou o time em situação dramática: perdemos sem oferecer resistência para o Atlético-MG e para o SPFC. O Allianz Parque ficou pronto para uso e, numa medida mal calculada, a diretoria decidiu antecipar a inauguração, prevista para janeiro de 2015, mas o Sport nos venceu por 2 a 0, aumentando a tensão, que chegou a níveis insuportáveis com mais duas derrotas fora de casa, contra Coritiba e Inter.
Estas cinco derrotas nos deixaram com apenas um ponto de vantagem para o Vitória, primeiro time na zona do rebaixamento, com apenas um jogo por fazer: o Atlético-PR, novamente no Allianz Parque. E o time paranaense abriu o placar aos 9 minutos, enquanto o Vitória, em partida que havia começado ao mesmo tempo, seguia empatando contra o Santos no Barradão. O Palmeiras estava se salvando da série B pelo número de vitórias.
O gol de Henrique Dourado, de pênalti, amenizou um pouco o drama, mas a situação ainda era tênue, já que qualquer gol do Vitória poderia nos mandar para a segunda divisão. Para não depender de nada, o Palmeiras precisava apenas vencer o jogo, mas não conseguiu. A torcida passou a torcer dramaticamente para o Vitória não vencer o Santos – a partida foi retardada, permanecia 0 a 0 e ainda estava em seus minutos finais. O alívio veio com o gol do Santos, de Thiago Ribeiro, nos acréscimos. O Palmeiras encerrou 2014 na beira do abismo, mas sobreviveu.