O ano de 2021 na História do Palmeiras

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Com o calendário da temporada 2020 severamente afetado pela pandemia da Covid-19, 2021 precisou acomodar as partidas finais de várias competições ainda relativas à temporada anterior.

O Palmeiras rompeu o ano classificado para as semifinais da Libertadores, onde enfrentaria na primeira semana do ano o River Plate; para as finais da Copa do Brasil contra o Grêmio, em partidas marcadas para fevereiro e março; e em quinto lugar no Brasileirão, a 12 pontos do líder, com 12 rodadas ainda pela frente.

Diante desse cenário, a escolha natural de Abel Ferreira, então há apenas 3 meses no cargo, foi centrar fogo nas competições de mata-mata. E um plano muito específico para enfrentar o River foi colocado em prática.

Numa partida quase perfeita, o Palmeiras goleou o time de Marcelo Gallardo por 3 a 0 na Argentina, dando bastante tranquilidade para o jogo da volta e aproximando demais o time de uma final de Libertadores, depois de mais de 20 anos. Mas os argentinos não se deram por vencidos e endureceram demais a partida da volta, quando abriram dois gols de vantagem ainda no primeiro tempo.

Sem poder contar com a força da torcida, já que os estádios permaneciam vazios por determinação das autoridades de saúde, nosso time resistiu à pressão argentina de forma épica.

O VAR chegou a anular (corretamente) o gol que seria o empate no placar agregado; Emerson Santos salvou uma bola em cima da risca com Weverton batido, e o apito final que decretou a classificação para a grande final foi um dos maiores alívios que uma torcida poderia sentir em toda a História do futebol.

O mês de janeiro transcorreu sob a expectativa da grande final, que foi disputada no Maracanã, contra o Santos, que havia eliminado o Boca Juniors. Em partida única, a decisão tolerou a presença de alguns milhares de privilegiados torcedores.

E num prélio bastante tático, com as duas equipes sendo muito cuidadosas na defesa, o gol solitário saiu nos acréscimos do segundo tempo: bola de Danilo para Rony, que dominou enquanto Luiz Adriano puxava a marcação da zaga; Rony cruzou no segundo pau, para a chegada de Breno Lopes, que facilmente ganhou de Pará pelo alto, o John ficou parado e a bola morreu no canto esquerdo do gol do Santos. O Verdão finalmente voltava a vencer uma Libertadores e Abel Ferreira conquistava assim seu primeiro título em terras brasileiras.

A euforia da conquista precisou dar lugar à concentração, já que o Mundial de Clubes seria disputado apenas dez dias depois, no Qatar. A toque de caixa, o time arrumou as malas e rumou para o outro lado do mundo e uma semana depois já enfrentou o Tigres, do México, por uma vaga na final do torneio contra o Bayern. Cansado, sem fazer uma preparação física e tática adequada, o Palmeiras acabou sendo derrotado pelo time do ótimo atacante francês Gignac com um gol de pênalti.

Wesley em jogada de gol pelo Palmeiras contra o Grêmio, na coquista da Copa do Brasil 2020.
Cesar Greco

Depois de perder a disputa pelo terceiro lugar do Mundial nos pênaltis para o Al Ahly, do Egito, o time voltou ao Brasil sem tempo para lamentos, já que as finais da Copa do Brasil se aproximavam. O Palmeiras seguia disputando as partidas finais do Brasileiro de forma protocolar, administrando o físico do elenco. E assim, o Grêmio não teve chances, sendo derrotado nas duas partidas. O Verdão conquistou assim sua quarta Copa do Brasil e o segundo título em 2021 – os dois referentes à temporada 2020.

As conquistas levaram a mais disputas. Não bastasse o início do campeonato estadual de 2021, cuja partida de estreia foi marcada entre as duas finais da Copa do Brasil – e justo um Derby – o Palmeiras ainda disputou mais dois troféus no mês de abril: a Supercopa do Brasil, contra o Flamengo, e a Recopa Sul-Americana, contra o Defensa Y Justicia.

Em Brasília, com uma arbitragem nociva de Leandro Vuaden, o Palmeiras ficou no empate com o Flamengo e a taça foi decidida nos pênaltis – os cariocas levaram a melhor. E contra os argentinos, após vencer o jogo de ida na Argentina, o Palmeiras caminhava para nova conquista com alguma tranquilidade, com o jogo controlado, mas acabou sofrendo um gol no fim do jogo e a decisão foi novamente para os penais – e novamente o Palmeiras acabou derrotado. O saldo do ano, em meados de abril, era de quatro finais, com duas conquistas.

Palmeiras 6x0 Universitário no Allianz Parque
Cesar Greco

Com apenas um reforço no elenco, o meia Danilo Barbosa, o time de Abel Ferreira seguia evoluindo taticamente. Um plano de férias em rodízio foi implementado nos primeiros meses do ano a fim de que todos os jogadores pudessem iniciar a temporada 2021 jogando com a intensidade necessária. E já no fim de abril teve início a disputa da Libertadores, em paralelo ao estadual.

Enfrentando o Universitário, o Defensa Y Justicia e o Independiente Del Valle, o Palmeiras finalizou a primeira fase com cinco vitórias e uma derrota, suficientes para ficar com a segunda melhor campanha de toda a primeira fase. No Paulista, o time chegou facilmente à final, mas acabou surpreendido pelo SPFC que voltou a vencer um campeonato após 9 anos de fila.

No início de junho, o time deu início à campanha na Copa do Brasil, e depois de vencer o jogo de ida contra o CRB em Maceió, acabou sofrendo um gol logo no começo do jogo da volta, no Allianz Parque. Mesmo finalizando mais de 30 vezes contra o gol adversário, o Verdão não conseguiu o empate que evitaria a decisão por pênaltis. E mais uma vez nesse tipo de disputa o Palmeiras acabou eliminado.

A frustração pelo mau resultado não nos permitiu ter a noção de como as folgas no calendário proporcionadas pela eliminação na Copa do Brasil nos seriam importantes. Com o Brasileirão já iniciado, o time entrou em junho com uma competição a menos por disputar, enquanto adversários importantes não tinham semanas livres para administrar a parte física.

Palmeiras 1x0 Universidad Católica
Cesar Greco

Após perder o lateral Viña para o futebol italiano, o Palmeiras entrou em agosto liderando o nacional, com alguns jogos adiantados na tabela para se adequar ao calendário. Jogando até quatro vezes na mesma semana, o time chegou ao limite físico e o rendimento no Brasileirão, após o time passar pela Universidad Católica nas oitavas da Libertadores, começou a cair.

Ultrapassado na classificação do Brasileirão, nosso time só tinha olhos para o confronto contra o SPFC, pelas quartas-de-finais da Libertadores. Depois de um jogo muito difícil no Morumbi, onde arrancou um empate, o time finalmente vingou eliminações anteriores para o rival na competição com categóricos 3 a 0 no Allianz Parque. A lateral esquerda tinha um novo dono, também uruguaio: Piquerez chegou do Nacional e rapidamente assumiu a titularidade.

Enquanto seguia com campanha irregular no Brasileirão, o Palmeiras se preparava para mais dois duelos dificílimos, contra o Atlético-MG, dono da melhor campanha da primeira fase e líder do Brasileirão e com o futebol mais elogiado do país pela imprensa. E o time mineiro não tinha a fama à toa: foi melhor que o Palmeiras no jogo da ida, que ainda foi disputado sem torcida e que terminou sem gols graças a um pênalti desperdiçado por Hulk, que chutou na trave.

Uma artimanha política permitiu que o Atlético ferisse o princípio da isonomia e aproveitasse a liberação gradual da volta dos torcedores aos estádios para colocar mais de 18 mil torcedores no Mineirão no jogo da volta. Empurrado pela torcida, o Atlético abriu o placar no segundo tempo com o chileno Vargas. Mas Abel tinha um plano.

Gabriel Veron do Palmeiras em disputa com Nathan Silva do Atlético-MG, durante segunda partida válida pelas semifinais da Libertadores 2021, no Mineirão.
Cesar Greco

Gabriel Veron entrou no jogo para explorar o lado direito da defesa do Atlético, e logo em seu primeiro lance, deixou Nathan Silva para trás e cruzou rasteiro, para a chegada de Dudu, que entrou com bola e tudo no gol do Galo. Superior fisicamente, o Palmeiras segurou até com alguma facilidade a pressão desordenada do Atlético e se classificou novamente para a grande final da Libertadores, a ser disputada em novembro, em Montevideo.

Foram 14 partidas de Brasileirão num espaço de dois meses. Seis vitórias, três empates e cinco derrotas que ninguém nem se importou, porque só se pensava na final, que seria disputada justo contra o Flamengo.

O Verdão chegou ao Uruguai numa sequência de quatro jogos sem vencer. A mídia, que nunca aprende, repetiu o clichê de tratar o adversário do Flamengo como se fosse um time de outro país, de outro planeta. Só que era o Palmeiras.

Raphael Veiga comemora seu gol pelo Palmeiras contra o Flamengo, durante partida final da Libertadores 2021, no Estádio Centenário.
Cesar Greco

O Flamengo, favorito, experimentou com menos de dez minutos a força alviverde: após o lançamento de Gustavo Gómez, Mayke aproveitou as costas de Filipe Luis e cruzou por baixo para a chegada de Raphael Veiga, que abriu o placar.

A desvantagem abalou o emocional do time carioca e o Palmeiras controlava o jogo. O segundo tempo transcorria muito disputado, mas o Verdão mostrava firmeza na retaguarda. A quinze minutos do fim, no entanto, Gabriel achou um gol improvável numa brecha entre Weverton e a trave. A partida foi para a prorrogação, e Abel tinha mais um plano.

Deyverson entrou em campo antes do início da prorrogação, para pressionar a saída de bola do Flamengo. Deu muito certo e, aos 4 minutos, Andreas Pereira vacilou na frente do camisa 16, que partiu com a bola dominada e tocou por baixo de Diego Alves, fazendo o segundo gol do Verdão.

Deyverson comemora seu gol pelo Palmeiras contra o Flamengo, durante partida pela final da Libertadores 2021, no Estádio Centenário, em Montevideo.
Cesar Greco

Os minutos que se seguiram foram de puro deleite diante da agonia carioca. O Flamengo era forte, mas não o suficiente para lutar contra seus próprios nervos e contra o Palmeiras ao mesmo tempo. E o apito final do árbitro Néstor Pitana definiu o terceiro título do Palmeiras na temporada – e segundo de Libertadores.

Montevideo foi pintada de verde e branco numa catarse inesquecível. O povo uruguaio aplaudia a gente palmeirense pelas avenidas da cidade. A torcida do Flamengo, que havia invadido a capital uruguaia em maior número antes de nossa chegada, ouvia nossa torcida cantando paródias de suas músicas sem reação.

O Palmeiras voltou do Uruguai tricampeão da Libertadores e disputou as rodadas finais do Brasileirão apenas para cumprir tabela, jogando algumas rodadas com o sub-20. O ano foi massacrante, teve seus altos e baixos, mas o balanço final determina a temporada como uma das mais vitoriosas dos 107 anos de existência do Palestra/Palmeiras, com 3 títulos conquistados – algo só alcançado antes em 1951 e em 1993.

A trajetória foi transformada em livro escrito por Abel Ferreira e sua equipe, um documento indispensável para a biblioteca de qualquer palmeirense.


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