Com rodízio, Palmeiras é o único time brasileiro com maioria de titulares no elenco

Thiago Santos e Felipão
Cesar Greco/Ag Palmeiras

A força e a homogeneidade do elenco do Palmeiras permitiram a Felipão e à comissão técnica instituir algo inédito no Brasil: o rodízio de times. O efeito óbvio, a médio prazo, é uma diminuição na incidência de lesões musculares no time.

De fato, o Palmeiras foi um dos times que menos teve problemas dessa natureza no ano passado – isso porque o rodízio foi implementado em julho, após a queda de Roger Machado. Se o sistema tivesse sido posto em prática desde o início do ano, é de se supor que teríamos tido menos problemas ainda.

E é isso o que esperamos para 2019. Com o rodízio em pleno funcionamento desde o início da temporada, que tem previsão de 70 a 80 jogos, vai ser difícil vermos algum jogador rompendo a marca das 50 partidas. Um índice “europeu”.

Os jogadores se sentem mais confortáveis sabendo que a chance de terem que passar intermináveis semanas fazendo o insuportável trabalho de recuperação física é reduzida. A tensão é menor. O foco no desenvolvimento tático e técnico é mais intenso.

Maioria de titulares: vestiário saudável

Dudu e Moisés
Cesar Greco/Ag Palmeiras

Mas não é só a redução do índice de lesões que faz com que o sistema seja um sucesso. O rodízio intenso de jogadores faz com que o time tenha, na prática, pelo menos 20 titulares. Num elenco de 30 jogadores, os titulares são maioria, ao contrário do modelo tradicional, em que temos 11 “eleitos” e cerca de 22 ou 23 jogadores jogando de forma esporádica – e certamente insatisfeitos.

Aqui, os jogadores já não encaram os colegas exclusivamente como concorrentes. Sob a liderança de Felipão, todos entendem que o rodízio só tem pontos positivos: além do já mencionado risco reduzido de lesões, a forma física dos atletas é superior, o que dá ao time um rendimento acima da média nas partidas – o que reflete em resultados. Todos ganham, sempre.

Os reservas absolutos são minoria e não conseguem estabelecer um núcleo de insatisfeitos – as chamadas igrejinhas. Não se ouve falar em vestiário rachado no Palmeiras há muito tempo.

Resta a essa minoria trabalhar muito para tentar entrar no círculo de titulares, o que aumenta a somatória de atitudes positivas. E é isso o que faz com que o ambiente no vestiário seja tão bom, algo que é frequente notar nas entrevistas de todos os jogadores.

O Palmeiras puxa a fila para depender cada vez menos da sorte

Treino Academia Janeiro/2019
Cesar Greco/Ag Palmeiras

A boleiragem conversa entre si. Um ritmo mais ameno de partidas e a consequente redução do índice de lesões, somado a um clima de trabalho diferenciado, onde o grupo pode focar apenas em conquistar títulos, é o sonho de qualquer atleta.

Junte-se a isso uma capacidade robusta de pagar salários e uma estrutura com o que há de mais avançado em todas as áreas – além de uma equipe de apoio plenamente preparada. E vale lembrar que a fome por conquistas é estimulada pelo modelo de contratos por produtividade, em que os títulos acabam revertendo em bônus gordos para os atletas. Isso se espalha pelo mercado.

Com esse modelo inédito no país, o Palmeiras puxa a fila ao proporcionar esse pacote a seus atletas. É isso que faz do Verdão o maior favorito às conquistas em 2019. E tudo isso só é possível por ter montado um elenco bastante qualificado e homogêneo.

Enquanto outros clubes insistem na velha fórmula de montar um onze titular recheado de medalhões, desprezando a exigência física do calendário e mantendo uma equipe reserva alguns degraus abaixo dos titulares, seguirão lutando contra lesões e tendo dificuldades na administração de vestiário.

Na hora de comparar time com time, posição por posição, nos exercícios botequeiros dos patéticos programas de TV, talvez os adversários fiquem em posição de equilíbrio com os titulares do Palmeiras. Mas seguirão vivendo ao bel-prazer da sorte: torcem para que as lesões não ocorram ou para que o reserva menos qualificado acerte uma sequência improvável de bons jogos; rezam para que aconteça uma química rara num vestiário onde a maioria é reserva e que o clima não se deteriore. De fato, com alguma sorte, pode dar certo. Quem sabe?


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