Entres tantas certezas, apenas uma se sustenta: não foi a gritaria na internet

A sensacional vitória no clássico de ontem à noite voltou a encher os palmeirenses de certezas – como acontece em todos os jogos, seja na boa, seja na ruim. As de ontem foram, basicamente, que os xingamentos da torcida depois da derrota para o São Caetano funcionaram e os jogadores entraram com vergonha na cara; correram bastante e por isso venceram – simples assim.

Talvez isso seja uma meia-verdade, se é que isso existe.

Xingando muito no TwitterA atitude dos nossos jogadores foi a que sempre sonhamos e foi determinante para o resultado. O equilíbrio com que o Palmeiras tratou a disciplina tática e a chamada pilha, dosadas na combinação correta, temperadas com a incrível participação dos mais de 34 mil palmeirenses presentes, foi o que matou o SPFC.

A origem dessa mudança de atitude, entretanto, parece muito mais ligada ao significado de cada jogo do que às cobranças nas redes sociais que beiraram a histeria.

E-qui-lí-brio

São poucos os jogadores que conseguem entrar em todas as bolas com vitalidade sem perder a concentração, sem desligar do raciocínio que comanda a fundamental ocupação de espaços.

Nossos jogadores conseguiram imprimir volume nos momentos-chave e souberam diminuir o ritmo quando necessário. O time respondeu, mais uma vez, à necessidade de vencer num jogo grande após um resultado frustrante. O que vimos foi um banho de bola.

Victor Luis vs. SPFC
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

O SPFC foi esmagado na parte mental logo que a bola rolou. O som ensurdecedor da torcida, somado com três ou quatro roubadas de bola surpreendentes logo nos minutos iniciais, minou a confiança dos adversários. A jogada de Dudu entrando na área conduzindo a bola rente à linha de fundo ilustra muito bem a postura de cada time em campo.

Mas não é possível jogar o tempo todo em intensidade máxima. O Verdão, então, soube jogar também nos momentos em que o SPFC tentou colocar a bola no chão e fazer valer sua condição de time grande. O máximo que permitiu foi uma bola na trave, num lance de rara felicidade de Shaylon e Trellez. Neutralizando e cansando o adversário, o Palmeiras voltou à carga e esteve bem mais próximo do terceiro do que o SPFC do primeiro – aliás, chegamos ao terceiro, que a péssima arbitragem nos subtraiu.

Torcida à beira de um ataque de nervos

Em jogos menores, em início de temporada, o time pode se dar ao luxo de fazer experiências. É até necessário. Nesses jogos, como o de segunda-feira, é natural que o foco esteja totalmente na parte tática e zero na intensidade. Ontem, ao contrário, pode ter sido apenas um jogo em que tudo deu certo, mas também pode ser sinal de que esse grupo pode estar atingindo a maturidade (até antes do esperado) ao exibir disciplina tática e pilha em quantidades corretas, nos momentos exatos.

Fabiano vs. São Caetano
Cesar Greco / Ag.Palmeiras

Não podemos ter certeza de nada; o tempo dirá o quanto nosso elenco está evoluindo. A conta da derrota de segunda, é claro, é do treinador – o que não necessariamente é algo ruim. Roger pode ter arriscado os pontos em nome do desenvolvimento de peças que lhe parecem úteis. Ele provavelmente tirou lições importantes daquela partida. E pagou com o preço mais alto possível por essas informações: três pontos.

Transformar a frustração por uma derrota para o São Caetano num movimento de manada para derrubar a comissão técnica, condicionando a sequência do trabalho à vitória no clássico é um erro tão grosseiro quanto recorrente em nossa torcida, sempre à beira de um ataque de nervos. Felizmente a vitória veio, caso contrário estaríamos sujeitos à firmeza da diretoria – e sabe-se lá o quanto estava respaldado o trabalho da comissão técnica até ontem à noite. E não é possível que, em sã consciência, depois de tudo o que aconteceu no ano passado, um palmeirense ainda sustente que trocar de técnico seja sempre a solução.

Por isso, a única certeza que parece mesmo existir é a de que é melhor exercitar a paciência, evitar jogar gasolina em cima de uma pilha em que pode haver um braseiro escondido. O preço a ser pago pode ser bem maior que três pontos na fase de classificação do Paulista.


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