A Igreja Cuquista dos Últimos Dias

CucaO Palmeiras iniciou a temporada de 2017 com três jogos. Os amistosos contra a Chapecoense e Ponte Preta e a partida de abertura do Paulistão contra o Botafogo foram partidas bastante aquém do que se pode esperar do time durante toda a temporada – o que, obviamente, deve estar dentro do esperado.

Apesar de apenas dois jogadores dos que vinham jogando com frequência no grupo que conquistou o eneacampeonato terem deixado o clube – Gabriel Jesus e Cleiton Xavier – o entrosamento no grupo atual ainda tende a demorar para surgir. Isto se deve à mudança de proposta tática que Eduardo Baptista está implantando.

Embora tenha declarado que não pretende fazer muitas mudanças no desenho tático nesta fase inicial, o que já pudemos ver é bem diferente do time de Cuca. E parte disso também se deve ao estágio físico dos jogadores, naturalmente bastante tímido após os excessos das férias.

O esquema básico, já sabemos, é o 4-1-4-1, mas pudemos ver uma variação no último domingo quando Thiago Santos foi a campo. Foi o primeiro tijolinho do segundo castelo a ser construído, ainda que o primeiro esteja longe da fase de acabamento. Os jogadores precisam se acostumar com as novas movimentações.

Temos que levar ainda em conta que três jogadores fundamentais ainda não estrearam este ano: Mina, Moisés e Guerra. E ainda há a expectativa da chegada de Borja – as conversas voltaram a esquentar nas últimas horas e o colombiano pode ser anunciado ainda esta semana.

Mas nem todas essas necessárias ressalvas parecem suficientes para acalmar as cornetinhas de arquibancada e de redes sociais. Tanto no Allianz Parque quanto online, a sinfonia pra cima do novo treinador já começou. A entrada de Thiago Santos deflagrou uma histeria inacreditável, como se fosse um sacrilégio ensaiar na partida de estreia do Paulistão um segundo esquema de jogo, mais encorpado na marcação.

Parte dessas manifestações são resultado da frustração de ter perdido Cuca, que havia conseguido uma química muito boa com o elenco, extraindo o máximo daquele grupo e conquistando o Brasileirão com autoridade. Imaginam os reclamantes que essa autoridade jamais será repetida com outro treinador e que só Cuca salva. Temos em nossa torcida a Nova Igreja Cuquista dos Últimos Dias.

A passagem de Cuca pelo Verdão foi espetacular. Ele saiu por cima como não víamos um técnico sair do Palmeiras desde Felipão, no século passado. Mas o Palmeiras é maior que qualquer técnico ou jogador e deve seguir em frente sempre. Não nos esqueçamos que a saída de Cuca partiu do desejo do próprio treinador, e que Eduardo Baptista é quem foi escolhido pelo clube, não o contrário.

Calma!

A pressa e o pessimismo não se justificam, pelo menos por enquanto. Eduardo vem fazendo o que dele se espera. Em três partidas, conhecendo o elenco, com peças importantes ainda de fora e com o desenvolvimento físico em estágio inicial, nem que ele fosse o Gabriel Jesus dos técnicos o time estaria jogando como gostaríamos.

E só para refrescar a memória da Igreja Cuquista: nos primeiros quatro jogos, Cuca colecionou quatro derrotas, sendo uma delas um sonoro 4 a 1 para o Água Santa.

Não sabemos onde Eduardo Baptista, que é filho do senhor Nelson, pode fazer este time chegar. Mas por enquanto está tudo absolutamente dentro do previsto.

Deixe uma resposta