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05/02/2017 - 17:00

O Palmeiras iniciou oficialmente a caminhada rumo aos títulos de 2017 com uma vitória magra contra o Botafogo, pela rodada de abertura do Paulistão. O time de Eduardo Baptista foi bem superior durante a maior parte do jogo – o que não quer necessariamente dizer que foi uma boa exibição.

Obviamente há uma série de explicações para o desempenho modesto do time em campo. O que importa realmente é observar a evolução dos atletas em campo e conferir quem está correspondendo às expectativas e se encaixando melhor nas propostas táticas do novo treinador.

PRIMEIRO TEMPO

O Verdão começou o jogo com a mesma escalação do domingo anterior, quando enfrentou a Ponte Preta em amistoso. Um início de entrosamento começou a ser visto logo a um minuto, num contra-ataque rápido após rebatida de Zé Roberto: Raphael Veiga enxergou Roger Guedes se projetando por trás da zaga e enfiou com categoria; o atacante chegou na frente de Neneca, que fechou bem o ângulo e evitou o primeiro gol.

No minuto seguinte, Rafael Bastos pegou uma bola rebatida por Jean, ganhou na velocidade de Felipe Melo e bateu firme, para boa defesa de Fernando Prass. Foi um lance fortuito; o volume do Palmeiras era muito alto e o time do interior estava sufocado em seu campo.

Aos 7, Edu Dracena conseguiu um bom cabeceio após centro de Dudu da esquerda – a bola saiu perto do poste esquerdo de Neneca. Aos 11, Willian Bigode saiu da área para fazer a parede e conseguiu um ótimo passe para Jean, em projeção pela direita; ele foi ao fundo e cruzou por baixo; Dudu se preparava para marcar mas Samuel Santos chegou antes e afastou, salvando gol certo.

A pressão do Verdão acordou o Botinha, que tentou sair de trás e manter um pouco mais a bola nos pés. Com isso, o time de Ribeirão passou a rondar nossa área, mas era muito difícil de entrar – Felipe Melo e principalmente a dupla de zaga estavam muito ligados. Assim, o jeito foi arriscar de fora. Os atacantes do Botafogo queimaram alguns chutes de longe, mas estavam descalibrados e mandaram todos na arquibancada do gol sul.

Aos 21, Edu Dracena quase fez o seu: depois de escanteio da direita, a bola se ofereceu limpa a seus pés e ele escorou, mas com muita força, e a bola ganhou muita altura. A partida então perdeu intensidade, e se arrastou até os 30 minutos, quando houve a parada para a hidratação.

Na volta, mais uma vez Rafael Bastos ganhou de Felipe Melo após uma bola espirrada, e mais uma vez ele conseguiu um bom arremate. Fernando Prass parece ainda um pouco lento, fora de ritmo, mas conseguiu cair para o lado esquerdo e fazer a defesa porque é muito bom goleiro. A tática do Botafogo parecia ser enervar nossos jogadores tornando o jogo mais físico. Samuel Santos buscou pilhar especificamente o Felipe Melo, que aparentemente não caiu.

No final do primeiro tempo, o time do interior ensaiou uma pressão. Aos 45, a bola espirrou na esquerda para Fernandinho, quicando; o lateral emendou um bom chute, mas em cima de Prass, que rebateu a escanteio. Após a cobrança, Samuel Santos entrou driblando na área e finalizou, mas foi bloqueado por Roger Guedes. E assim acabou o primeiro tempo.

SEGUNDO TEMPO

Eduardo Baptista mexeu duas vezes no intervalo: saíram Willian e Raphael Veiga, voltaram Alecsandro e Michel Bastos. Dudu jogou mais por dentro. Mas nem deu pra ver como o time reagiria às mudanças: logo a um minuto, Tchê Tchê aparou uma bola do lado direito, cortou para o meio e emendou um chute de canhota; parecia que Neneca defenderia, mas ele chegou tarde demais, colaborando com nosso camisa 32, e vendo a bola morrer em seu canto esquerdo. Fernando Prass passou por um lance parecido no primeiro tempo, mas defendeu. É a diferença entre um goleiro medíocre fora de forma e um goleiro excepcional fora de forma.

Com o gol, o adversário se abriu um pouco mais, e o jogo ficou mais agradável. E o Botafogo tentou o empate logo na saída: Serginho fez boa inversão para Samuel Santos, que entrou em diagonal e emendou mais um bom chute; a bola passou cruzada na frente do gol de Fernando Prass e saiu pela linha de fundo.

Aos oito, Marcão recebeu dentro da área, girou o corpo e bateu cruzado, buscando o ângulo de Prass, mas errou por muito. Aos 11, mais uma vez Rafael Bastos bateu de fora, Prass rebateu e Marcão colocou pra dentro, mas estava impedido no momento do primeiro arremate.

O Palmeiras não conseguia se impor como no primeiro tempo. As linhas ainda estão distantes, os jogadores ainda não têm a intensidade física necessária para jogar no nível desejado. Assim, coube a Felipe Melo fazer uma “jogada” para baixar a bola do time do interior: ao evitar um chapéu de Samuel Santos com um tranco, jogando-o ao chão, nosso camisa 30 vibrou de forma intensa, berrando em direção ao adversário caído. A torcida adorou, o estádio se acendeu e de fato o Botafogo diminuiu a marcha.

Com a entrada de Thiago Santos no lugar de Tchê Tchê, o time mudou para o 4-2-3-1, mostrando que não vai ficar engessado num esquema só. E o camisa 21 entrou muito bem, usando o vigor físico para também contribuir com o reequilíbrio do jogo. Assim, os dois times baixaram a rotação, e a única chance de gol dali até o final do jogo foi de Michel Bastos, que já nos descontos arrancou em velocidade e chutou cruzado, exigindo uma defesa esquisita de Neneca, que mandou a escanteio. E o jogo acabou.

FIM DE JOGO

Eduardo Baptista deve ter feito mais algumas anotações. Edu Dracena está numa fase magnífica e se seguir assim será injusto tirá-lo do time. Roger Guedes está muito afoito para mostrar serviço, enfeitando demais as jogadas em vez de usar a objetividade.

As linhas seguem distantes, e não fosse o fôlego infinito de Tchê Tchê, este começo de ano estaria sendo muito mais complicado. Com toda esta dificuldade, não há como crucificar nenhum dos três atacantes: nem Barrios, nem Alecsandro, nem Willian tiveram bolas suficientes chegando para poderem mostrar jogo. Algo que tende a vir com o tempo.

É por isso que o resultado foi importante. Em caso de tropeço, as cornetinhas soariam com muito mais força, enchendo o saco do treinador e do elenco. Os três pontos esticam um pouco o prazo da paciência com este período de recondicionamento. Seguimos invictos desde o fim de outubro. Que venha o próximo. VAMOS PALMEIRAS!

Ficha Técnica

Escalação

Botafogo-SP

Neneca
Samuel Santos
Gualberto
Mateus Mancini
Fernandinho
Marcão Silva
Bileu
Diego Pituca
Bernardo
Rafael Bastos
Vitinho
Marcão
Serginho
Wesley
Moacir Júnior
TÉCNICO





Notas


Jogador
Descrição
Nota
Fernando Prass
Ainda parece um tanto enferrujado, mas sem cometer falhas.
6.5
Jean
Ainda pegando ritmo, conseguiu apenas uma boa projeção no ataque.
6
Edu Dracena
O melhor em campo, foi absoluto por cima e por baixo, inclusive nos momentos de pressão do time do interior.
8.5
Vitor Hugo
Outro que fez uma partida muito firme, não ficando muito atrás de seu companheiro de zaga.
8
Zé Roberto
Muito mais intenso que Jean, se convertendo numa boa válvula de escape pela esquerda. E vai fazer 43 anos. Ele é fenomenal.
7.5
Felipe Melo
Futebol se joga de várias formas. Foi bem com a bola nos pés, deixou um pouco a desejar no posicionamento, mas foi monstruoso na postura. O esporro no Samuel Santos foi a jogada da partida.
7
Róger Guedes
Parecia que tinha um emissário do Barcelona na tribuna, de tanto que tentou enfeitar as jogadas.
5.5
Tchê Tchê
Insaível. O time é Tchê Tchê e mais dez.
8
Thiago Santos
Entrou muito bem, mostrando que o time pode mudar rapidamente o esquema sem maiores problemas.
6.5
Raphael Veiga
Parecia bastante lúcido, embora um pouco afoito para meter bolas milagrosas.
6.5
Michel Bastos
Jogando aberto na esquerda, não conseguiu ainda um bom encaixe com Zé Roberto e Dudu.
6
Dudu
Já fez partidas bem melhores.
6.5
Willian
Sofreu com o isolamento, mas mesmo assim tentou resolver voltando para buscar jogo.
6
Alecsandro
Teve o mesmo problema que Willian, mas sem a mesma mobilidade, sofreu mais.
5.5
Eduardo Baptista
Eduardo Baptista
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