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16/02/2017 - 19:30

O Palmeiras venceu o São Bernardo esta noite no Allianz Parque e assumiu a liderança do Grupo C do Paulistão com 6 pontos, um à frente do Santo André. Mais importante que a vitória, no entanto, foi notar uma evolução, mesmo que mínima, no time treinado por Eduardo Baptista, principalmente depois das substituições. Mesmo assim, a partida deixou muito claro que ainda há muito, mas muito trabalho pela frente.

PRIMEIRO TEMPO

Eduardo contrariou a expectativa da torcida e deixou Barrios no banco, insistindo com Willian Bigode no comando do ataque. Ainda não foi desta vez que Mina estreou na temporada, o que também dificultou um tanto nossa saída de bola. Mas a entrada de Moisés deu uma dinâmica diferente ao time, que ao menos conseguia articular jogadas ofensivas – bem diferente do time inoperante que vimos no final de semana.

O jogo começou bem movimentado, com o São Bernardo marcando pressão no nosso campo de defesa. Mas logo com um minuto, após escanteio batido da direita, Edu Dracena conseguiu um bom arremate de cabeça – Daniel defendeu. O São Bernardo respondeu aos cinco: em jogada ensaiada, o escanteio da direita foi batido rasteiro, na entrada da área, e Rodolfo conseguiu arrematar com força, mas sem direção. Mais um vacilo gigante da nossa defesa em jogada de bola parada.

Aos poucos o Palmeiras foi impondo seu jogo e dominando as ações, mas sem sufocar o adversário, que parecia confortável se defendendo. Nossos dois pontas, mesmo bem posicionados e acionados com frequência, viviam uma noite terrível e erravam quase tudo o que tentavam. Por outro lado, quando o São Bernardo arriscava um ataque, tinha bastante liberdade; Felipe Melo continua perdido no meio das duas linhas de quatro, que seguem bastante afastadas.

Aos 19, Willian sofreu falta no lado direito do campo. Jean bateu no segundo pau e Vitor Hugo fechou muito bem, cabeceando cruzado – ninguém conseguiu chegar para escorar para o gol e a bola saiu à esquerda de Daniel. Aos 23, Jean cruzou duas vezes na área; Guerra tentou aproveitar de primeira mas errou o alvo. Aos 32, Roger Guedes foi acionado pela direita por Jean, cruzou rasteiro, para trás; Dudu chegou em velocidade e emendou com força, mas a bola desviou na zaga e subiu. Foi o primeiro ataque do Palmeiras que não teve origem numa bola parada.

Aos 33, o juiz marcou uma falta duvidosa de Edu Dracena sobre Edno, na meia-lua. O próprio Edno bateu, com muita força, mas na direção de Fernando Prass, que usou todo seu reflexo para defender a pancada. Três minutos depois, Rafael Costa puxava o contra-ataque e resolveu testar Fernando Prass num chute de muito longe, mas perigoso – nosso goleiro se esticou e espalmou a bola. Na sequência, Felipe Melo disputou uma bola com Vinicius Kiss, que deixou o braço para acertar o rosto de nosso volante, mas não acertou. Pela intenção, o juizão meteu-lhe um amarelo. Vinicius Kiss disse que não quis, mas quis.

Aos 42, Dudu fez uma jogada interessante em velocidade, pela esquerda: ele partiu para cima de Eduardo, pedalou, cortou para o meio e bateu cruzado, esperando que alguém escorasse para o gol, mas ninguém chegou. Faltava nitidamente um centroavante de ofício no time. Parte dos presentes ao Allianz Parque hostilizou Eduardo Baptista nos minutos finais do primeiro tempo, mas a maior parte da torcida seguiu apoiando, surpreendentemente.

SEGUNDO TEMPO

O treinador não parece querer se ajudar. Não só voltou com o mesmo time, mas também sem nenhuma grande novidade na postura tática. Moisés seguia bastante lúcido, mas os companheiros não acompanhavam o raciocínio e as jogadas morriam quase sempre de forma tola. Os passes errados começaram a irritar uma porção maior do estádio, e a situação começou a ficar preocupante.

Aos sete, quase uma tragédia: na pressão do São Bernardo em nossa saída de bola, Edu Dracena recuou para Fernando Prass, que demorou demais para devolver o passe e tocou nas pernas de Rodolfo; a bola beijou a trave. Se a bola tivesse entrado, provavelmente mudaria bastante a sequência do Palmeiras em todo o ano.

O lance desestabilizou momentaneamente o time, e o São Bernardo veio pra cima: Rafael Costa arriscou um bom chute de fora e Prass se redimiu parcialmente com uma boa defesa. Foi quando Felipe Melo fez sua melhor jogada na partida: após breve desentendimento no meio-campo, ele correu em direção ao bolo e fez seu show, tirando o foco do futebol fraco e incendiando a torcida em favor de nosso time. E logo na sequência, Eduardo Baptista trocou Guerra e Roger Guedes por Raphael Veiga e Michel Bastos.

Não estava dando na tática, teve que ser na técnica. Michel Bastos entrou muito bem e mudou a partida fazendo o simples; em três minutos já tinha feito mais que Roger Guedes em todo o jogo. Na primeira bola, ele partiu pela direita, cortou pelo meio e soltou a patada de esquerda – Daniel pegou bem. Um minuto depois, outra boa jogada e veio o cruzamento, com efeito – Veiga não conseguiu fazer o movimento do cabeceio e desperdiçou a chance.

Aos 19, finalmente, o gol: Moisés fez boa jogada pela direita e acionou Jean; o cruzamento veio por baixo, passou por toda a pequena área e Dudu se esticou para escorar para dentro. O camisa 7, que não estava jogando nada, saiu andando aparentando uma certa revolta, sem comemorar; de repente viu sua cabeça no meio das mãos de Felipe Melo, que lhe disse alguma coisa, felipemelamente. Alucinado, Dudu transformou-se em outra pessoa. Saiu correndo em direção ao banco e fez questão de abraçar Eduardo Baptista. E a partir dali jogou muita bola.

O São Bernardo tentou responder rápido, e Edno recebeu por trás da zaga, na cara de Prass, e chutou para as redes – mas estava impedido. A última substituição de Eduardo foi tirar Moisés, extenuado, para a entrada de Keno – Michel fechou um pouco mais pelo meio. Não foi desta vez que o time ensaiou um jogo com um centroavante de ofício.

Keno entrou muito bem, e nosso lado direito ficou muito forte. O transformado Dudu passou a correr por todo o setor ofensivo e arredondava todas as jogadas. E numa dessas arrumou um pênalti: pegou uma sobra na linha da área e foi agarrado por Marcinho. A falta começou fora da área e Dudu forçou a entrada, o juiz interpretou que a falta terminou dentro da área e colocou na cal. Jean bateu sem muita força mas conseguiu colocar a bola no canto esquerdo de Daniel.

Michel Bastos e Keno seguiam infernizando a defesa do time do ABC, contagiando o resto do time. A parte final do jogo, contra um adversário já cansado, deixou uma impressão muito boa. Aos 41, linda jogada de todo o ataque, Veiga deu o último passe com açúcar para Keno fazer o terceiro, mas o atacante estava impedido – para sua sorte, porque o arremate foi horrível, por cima do travessão. Foi o último lance importante do jogo.

FIM DE JOGO

Sabem quando o carro está atolado, a roda gira em falso e parece que você nunca vai sair da lama? O jogo estava com essa cara, o time parecia não evoluir um milímetro sequer e crescia o temor pela fritura do treinador, o que atrasaria todo o planejamento do ano. Felizmente, o carro deu aquela andadinha e deu sinais de que pode engrenar. Keno e Michel Bastos atropelaram Roger Guedes, que deve demorar para receber uma nova chance. Moisés, enquanto teve pernas, foi um dos grandes diferenciais do time e Dudu, que fez uma partida esquizofrênica, precisa dar um jeito de continuar como na parte final do jogo, após levar o apertão do Felipe Melo.

O raciocínio de Eduardo Baptista continua difícil de compreender. A defesa continua passando sufoco nas bolas paradas, as linhas seguem distantes, Felipe Melo continua perdido e isolado no meio delas. No ataque, um time que investiu mais de R$ 30 milhões num NOVE-NOVE segue jogando com um centroavante leve que não consegue jogar enfiado no meio dos zagueiros, enquanto Barrios, que treinou muito bem, fica só no aquecimento. Caramba, professor, ajuda a gente a te ajudar, vai… Mas vamos em frente que daqui a uma semana tem Derby. VAMOS PALMEIRAS!

Ficha Técnica

Escalação

São Bernardo

Daniel
Eduardo
Alyson
Edimar
Anderson Conceição
Breno
Geandro
Rafael Costa
Marcinho
Vinicius Kiss
Walterson
Patrick Vieira
Edno
Rodolfo
Sergio Vieira
TÉCNICO





Notas


Jogador
Descrição
Nota
Fernando Prass
Contou muito com a sorte naquela saída de bola errada. Fez duas boas defesas, mas elas não apagam a enorme burrada.
5
Jean
Começou a se soltar, aparecendo bem no ataque mais vezes.
6.5
Edu Dracena
Parecia nervoso tendo a sombra de Mina no banco. Mas quem não ficaria?
6
Vitor Hugo
Um pouco estabanado, lembrou o Vitor Hugo de dois anos atrás, quando havia acabado de chegar do América.
6
Zé Roberto
Quinto jogo seguido, a bateria parece precisar de uma recarga urgente.
6.5
Felipe Melo
Continua perdido taticamente. Suas melhores jogadas tem sido sem a bola. E isso não é bom.
6.5
Róger Guedes
Vontade, não faltou. O resto, faltou tudo.
3.5
Michel Bastos
Incendiou o jogo e foi um dos maiores responsáveis por mudar o rumo da partida e talvez da temporada.
7.5
Moisés
Nem parece que fez uma cirurgia nas férias. Sua entrada mudou sensivelmente o jeito do time jogar.
7.5
Keno
Entrou pela direita, mas mesmo assim fez uma belapartida - é verdade que o lateral deles já tinha colocado a gravata vermelha.
7
Guerra
Começou solto, mas foi perdendo força conforme o relógio andava e acabou saindo, visivelmente sem pernas.
5.5
Raphael Veiga
Tem personalidade, mas não chegou a mostrar o mesmo nível dos outros dois que entraram no segundo tempo.
6
Dudu
Até a comemoração do gol era uma pessoa; depois mudou completamente, parece que recebeu um passe do pai-de-santo Felipe Melo. Que siga o resto da temporada como terminou o jogo.
7
Willian
No sacrifício, não fica à vontade enfiado no meio de dois zagueiros e não rende.
6
Eduardo Baptista
Eduardo Baptista
Viu o time evoluir, mas parece ter sido muito mais no desempenho técnico dos jogadores do que por suas determinações. Bola parada é uma festa em nossa área. Não existe compactação. Não treina o time com um centroavante. Tá difícil de entender.
4.5




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