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22/02/2017 - 21:45

O Palmeiras foi derrotado no Derby na noite desta quarta-feira em Itaquera por 1 a 0, e assim viu a sequência de seis partidas sem perder para o maior rival ser quebrada. O Verdão não aproveitou o fato de jogar com um jogador a mais durante todo o segundo tempo, com o adversário inteiro se defendendo atrás da linha da bola, e acabou castigado com um gol aos 42 do segundo tempo, numa falha individual de Guerra.

A partida não muda nada em relação ao trabalho de desenvolvimento do time. Na verdade, um Derby é um jogo à parte, e tinha que ser jogado como Derby. Nossos atletas, mal brifados, se preocuparam em jogar como se fosse um jogo qualquer e se impor apenas na superioridade técnica. Um erro grosseiro.

PRIMEIRO TEMPO

Eduardo Baptista manteve Keno no time, puxou Michel Bastos para jogar por dentro e deixou Guerra no banco para o início do jogo. E os primeiros quinze minutos foram apenas coração. O time do SCCP, ciente da inferioridade, tentou usar a correria e a empolgação como armas, puxando as arquibancadas para dentro do campo. Enquanto tiveram pernas, funcionou, e o SCCP mandou nos primeiros movimentos. Logo com dois minutos, depois de uma sobra de um cruzamento, Gabriel emendou um bom chute, que triscou o travessão de Fernando Prass.

O Palmeiras tentava neutralizar a tática do SCCP cadenciando o jogo. Pegava a bola, rodava, da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, e assim foi diminuindo a temperatura do jogo. Até funcionaria, mas o problema é que o próprio Palmeiras deixou-se levar pelo torpor. Quando era necessária uma explosão, um toque rápido, um giro, uma faísca, nada acontecia. Os jogadores pareciam confiantes demais na superioridade. Parece que não conhecem a História desse clássico.

Um bom exemplo disso aconteceu aos seis minutos: Felipe Melo lançou Keno em velocidade; ele ganhou de Guilherme Arana mas não conseguiu finalizar por baixo de Cássio, que chegou alguns centésimos antes. Podem colocar esses centésimos que fizeram falta na conta da falta de espírito de Derby.

O juiz Thiago Peixoto claramente não tem condição de apitar um jogo desses. Folgado, histriônico, é daqueles que adora uma câmera. E é fraco. Errou na mão dos cartões no início do jogo; carregou nosso meio-campo (Felipe Melo e Raphael Veiga) e aliviou para eles – Gabriel era o primeiro que deveria ter recebido. E o pau estava comendo. Apenas aos 22 minutos Gabriel foi receber a advertência – já era para estar sendo expulso.

Aos 23, jogada de Cucabol: Jean bateu o lateral na área; Mina desviou e Keno pegou a sobra, emendando com muita força – a bola bateu no travessão e saiu por cima do gol. Pouco depois, um choque pelo alto entre Mina e Felipe Melo fez o jogo parar por vários minutos. A interrupção esfriou completamente a partida, e quase nada aconteceu até o fim do primeiro tempo – o time da casa criou uma boa oportunidade com Léo Jabá, que recebeu na frente da área, engatilhou e soltou a perna – a bola saiu pelo alto, com muito perigo.

Quase na marca dos 45, Maycon segurou Keno, que armava um contra-ataque, por trás. Gabriel estava perto da jogada e Keno apontou para o volante, ludibriando o árbitro, que acabou expulsando o ex-palmeirense erradamente. Não houve interferência externa e o erro do juiz prevaleceu. A malandragem do jogo resiste ao futebol contemporâneo.

SEGUNDO TEMPO

O Palmeiras voltou para o segundo tempo com Guerra no lugar de Raphael Veiga – em parte para mudar a dinâmica do meio-campo; em parte para evitar que o juiz quisesse compensar o erro e desse a nosso camisa 20 o segundo amarelo. E o time encaixou bem com o venezuelano em campo. O camisa 18 se movimentou muito mais que Veiga e os passes em nosso meio-campo começaram a funcionar.

O Palmeiras chegava com facilidade às laterais da área e envolvia o time do SCCP. Mas a partir daí, não conseguia dar o passo seguinte. Willian foi engolido pela dupla de zaga do adversário, Michel Bastos não acompanhava o ritmo de Dudu, Guerra e Keno, e nosso time não conseguia aproveitar a postura de time pequeno adotada pelo time da casa, visivelmente satisfeito com o empate.

O segundo tempo todo foi ataque contra defesa. O estádio estava mudo. O Palmeiras cruzou bolas por cima e por baixo por 25 minutos, e só então Eduardo Baptista resolveu trocar Willian por Alecsandro, um atacante com mais características de área. Antes disso, o Palmeiras chegou a colocar a bola nas redes, com Mina, mas estava impedido no momento do cruzamento de Guerra. E o próprio Bigode arriscou um ótimo tiro de média distância, que mais uma vez triscou no travessão e saiu. Keno também teve sua chance, como um centroavante, ao cabecear à queima-roupa mais uma bola alçada por Guerra – a bola foi em cima de Cássio.

A entrada de Alecsandro não mudou em nada nosso maior problema: a lentidão nas jogadas. Nossos jogadores acabavam travados ou desarmados mesmo estando bem posicionados no lance. Faltou aquela fagulha durante o jogo todo. Inclusive no lance capital da partida: Guerra estava inteiro numa jogada de recuperação de bola em nosso campo de defesa, após estouro da zaga adversária; mas o venezuelano foi mole para a bola e acabou sendo desarmado por Maycon, que tentou ligar com Jô na primeira, mas Zé Roberto cortou parcialmente. O próprio Maycon aproveitou a segunda bola e conseguiu o passe; Jô, livre, de frente para Fernando Prass, tocou por baixo e fez o único gol do jogo.

O tento inesperado até pela própria torcida deixou nossos jogadores muito nervosos, e até o Vitor Hugo perdeu a cabeça, acertando uma cotovelada desnecessária em Pablo num lance de bola parada – para nossa sorte, o juiz não viu. Sem objetividade nenhuma, nosso time tentou o empate, sem sucesso.

FIM DE JOGO

Uma derrota educadora. Que esta derrota sirva para que nunca mais o time jogue um clássico desta forma arrogante, blasé. O SCCP, com um time muito inferior, com um a menos, contra um inacreditável erro do juiz, soube jogar Derby e mereceu a vitória.

O Palmeiras tem que evoluir o sistema de jogo, mas não é num Derby que se faz isso. Nosso treinador declarou durante a semana que o jogo era como outro qualquer, e o time refletiu exatamente esse discurso em campo. Aprendeu da forma mais amarga. Derby é Derby, porra!

Não temos muito tempo para lamber as feridas. O próximo jogo, contra a Ferroviária, está marcado para o próximo sábado e é uma ótima chance para conseguir uma boa vitória e jogar água fria na fervura. Mas também é um jogo perigosíssimo em caso de novo tropeço. Que os jogadores e a comissão técnica saibam tirar as lições da partida. REAGE, PALMEIRAS!

Ficha Técnica

Escalação

SCCP

Cássio
Fagner
Balbuena
Pablo
Guilherme Arana
Gabriel
Romero
Paulo Roberto
Maycon
Rodriguinho
Léo Jabá
Moisés
Kazim
Fábio Carille
TÉCNICO





Notas


Jogador
Descrição
Nota
Fernando Prass
Sem muito trabalho no jogo - no lance do gol, Jô estava cara a cara; as outras bolas não foram no gol.
6
Jean
Mais uma partida extremamente regular - faltou caprichar um pouco mais nos cruzamentos.
6
Mina
Ganhou suas disputas e deu muita qualidade na saída de bola, como sempre.
7
Vitor Hugo
Fazia uma partida bem tranquila até perder a cabeça nos minutos finais.
5.5
Zé Roberto
Sempre bem colocado, usando os atalhos do campo - mas faltam aqueles centésimos que decide quem vai ganhar a jogada.
5.5
Felipe Melo
Deu tapa com responsabilidade, conforme prometido. E muitos passes longos e errados.
5.5
Thiago Santos
Noção de cobertura perfeita,não perdeu nenhuma jogada.
7
Raphael Veiga
Também oscilou, levou um cartão muito cedo e jogou muito apagado.
5
Guerra
Era o melhor em campo até cometer o erro capital do jogo. Não podemos crucificá-lo. Lembrem-se do Vitor Hugo há dois anos atrás.
4
Michel Bastos
O pior em campo, parecia o Michel do SPFC pós-invasão do CT.
3
Keno
Foi nosso atacante mais perigoso, não teve sorte nas finalizações. Acertou em cheio ao expulsar o Gabriel.
7
Dudu
Não lembrou a partida exuberante do fim-de-semana, mas foi um dos que mais tentou furar a defesa adversária.
6.5
Willian
Perdidinho no meio dos zagueiros do SCCP.
5
Alecsandro
Jogou por mais de 20 minutos e mal foi visto em campo.
5
Eduardo Baptista
Eduardo Baptista
ATENÇÃO PROFESSOR: DERBY É DERBY; NUNCA PODE SER TRATADO COMO UM JOGO QUALQUER. ENTENDEU?
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