Na era Allianz Parque, Palmeiras sobra no Brasileirão

Depois de quase amargar mais um rebaixamento em 2014, ano em que, em novembro, o Allianz Parque foi inaugurado, o Palmeiras vem desenhando uma trajetória ascendente bastante sólida.

Após um 2015 de reformulação e crescimento, premiado no final com a conquista da Copa do Brasil, o Palmeiras atingiu em 2016 um patamar de excelência, que se repetiu nos anos seguintes – com direito a oscilações, como todo time de ponta.

É comum na história recente do futebol brasileiro um time impor um curto período de dominação – algo que dura de dois a três anos – para depois voltar para o “bolo” e dar vez a outro. Normalmente isso acontece às custas de algum sacrifício financeiro, e é exatamente isso que faz com que após algumas conquistas o cetro de time dominante mude de mãos. SCCP, Cruzeiro, Fluminense e SPFC são os últimos exemplos.

Com o Allianz Parque a pleno funcionamento, além do ótimo patrocínio da Crefisa, o Palmeiras conseguiu subverter essa regra e inaugurou uma era de desempenho sustentado, sem recorrer a adiantamentos que condenam os clubes a se retrair após um período de títulos. Podemos constatar isso nos desempenhos nas últimas edições do Brasileirão.

Números incontestáveis

Nos últimos quatro anos, com o Allianz Parque a pleno funcionamento, o Palmeiras se consolidou como o clube a ser batido no país. Mesmo com oscilações, o Verdão conquistou dois campeonatos e ficou com um vice. Nenhum outro clube tem campanhas tão consistentes – os que mais se aproximam são SCCP, Grêmio e Flamengo.

O Palmeiras iniciou o ressurgimento em 2015, após uma reformulação radical no elenco. Os resultados no Brasileirão foram discretos, sobretudo porque, na reta final, todas as atenções foram voltadas para a Copa do Brasil. Os 53 pontos ficaram até abaixo do que aquele time poderia ter produzido.

Em 2016, sob o comando de Cuca, o Verdão foi dominante e conquistou o Brasileirão com 80 pontos. Mas uma interrupção forçada no trabalho do treinador atrapalhou bastante o planejamento para 2017, ano em que o Palmeiras, apesar da força do elenco, não encontrou um padrão de jogo suficiente para manter o domínio, ficando com o vice-campeonato – sempre é bom lembrar, com interferências decisivas das arbitragens.

No ano passado, após mais um começo irregular, o Verdão se firmou com Felipão e sobrou no segundo semestre, ganhando o Brasileirão com folga. Ao manter a comissão técnica em 2019, o time se coloca mais uma vez como forte candidato à conquista.

As ameaças à hegemonia

Outros clubes começaram a seguir nosso exemplo para buscar a sustentação financeira sem depender de adiantamentos e podem, em alguns anos, equiparar suas forças no mercado à que o Palmeiras exibe hoje. Flamengo, Grêmio e Inter tentam trilhar esse caminho, também apoiados em ótimos estádios. Mesmo assim, com exceção do time carioca, que tem uma ajuda desigual vinda dos contratos da televisão, nenhum clube parece ter o mesmo fôlego nas receitas.

Nos balanços de 2018 divulgados pelos clubes, o montante final do Palmeiras foi de R$ 653,9 milhões – uma cifra um tanto turbinada por vendas vultosas. É possível que esse montante não se repita em 2019, mas mesmo assim deve orbitar em torno dos R$ 600 milhões. O segundo colocado em 2018, o Flamengo, registrou a entrada de R$ 542,8 milhões em seus cofres, mais de R$ 100 milhões atrás do Verdão. Os outros clubes sequer atingiram a marca de R$ 470 milhões.

O Palmeiras tem tudo para seguir auferindo receitas superiores e tendo o principal combustível para manter times competitivos nos próximos anos, fazendo a hegemonia perdurar bem mais que os tradicionais dois ou três anos.

Mas cofres cheios, sabemos, não obrigatoriamente fazem um time campeão – a história é pródiga em supertimes recheados de medalhões que naufragam clamorosamente.

Só grana não basta

Os recursos financeiros precisam satisfazer a um modelo de administração esportiva complexo, a ser seguido de forma rígida. O Palmeiras construiu seu conjunto de diretrizes a partir de 2013 e o vem aperfeiçoando ao longo dos anos.

A fórmula para se manter no topo passa pelos detalhes. Além de seguir o atual modelo e mantê-lo em constante evolução, conciliar as vicissitudes da política do clube com a blindagem ao elenco e ao local de trabalho é fundamental. Tornar e manter o clube forte politicamente para não ser prejudicado pelas arbitragens podem ser os diferenciais sobretudo nas Copas, que não conquistamos há já incômodos três anos e meio.

Com tudo isso fluindo, o resto se resolve dentro das quatro linhas. Há quem diga até que houve algum retrocesso de gestão nos últimos dois anos, mas por enquanto isso não se refletiu no campo.

O que nos mantém em constante apreensão é não saber o que está sendo feito para que nossos próximos dirigentes estejam aptos a receber a caneta sem deixar que tudo o que foi construído com tanto esforço se esvaia pelo ralo. Futebol não é um negócio como outro qualquer e para ser um bom dirigente são necessários anos de vivência e um preparo específico. Saberemos nos manter no topo?


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