Abel elogia entrega dos jogadores e propõe uma reflexão ao futebol brasileiro “é possível fazer mais e melhor”

Treinador disse também que Verdão merecia sair com o resultado positivo

Abel Ferreira
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Jogando no Morumbi, na noite desta sexta-feira, o Palmeiras enfrentou o São Paulo e conseguiu um empate por 1 a 1. Saindo atrás do placar, o Verdão lutou até o final e buscou a igualdade aos 48 minutos do segundo tempo com Rony. Na entrevista coletiva após o final do jogo, o treinador palmeirense Abel Ferreira comentou sobre a entrega dos jogadores e analisou a partida.

“Essa [a entrega até o final] tem que ser a marca do Palmeiras. Não importa contra quem for e onde for. Hoje, nós tivemos este comportamento porque tivemos tempo para descansar. Vocês podem até questionar: “mas o Palmeiras não teve [72 horas de descanso]”. Tivemos sim, pois os jogadores que começaram hoje foram os que atuaram no Mundial. Portanto teve o descanso necessário para vir aqui e fazer um bom jogo”, disse.

Sobre o jogo, Abel prosseguiu: “Na minha opinião, hoje fizemos um bom jogo. Duas equipes descansadas que tiveram tempo para recuperar por no mínimo 72 horas. (…) E muito honestamente, se tivesse que ter um vencedor, teria que ser nós. Por tudo aquilo que fizemos, lutamos e criamos. Pelas oportunidades que tivemos, pois na minha opinião nós criamos mais que o adversário”, analisou Abel.

O português, novamente, alfinetou a tabela de jogos do Brasil. Entre a partida de hoje e o último duelo diante do Coritiba, o Verdão teve um intervalo de menos de 50 horas para descansar e preparar a equipe.

“Vou voltar a criticar o calendário, pois o que queremos é só valorizar o futebol brasileiro. Se queremos bons jogos, é preciso criar condições para que as equipes consigam recuperar os jogadores. (…) é obrigatório ter 72 horas de descanso, obrigatório! E quem não entende isso, não entende de futebol. [O descanso necessário] valoriza tudo, principalmente o futebol brasileiro, porque olham para um jogo como este e enxergam a intensidade com qualidade. Mas para isso acontecer é preciso que todos tenham vontade de querer mudar aquilo que não foi alterado há bastante tempo”, observou.

Além de criticar, Abel também propôs que ocorra uma discussão para melhorar o futebol no Brasil, entre os treinadores, dirigentes e até as televisões que detêm os direitos de transmissões.

“Eu faço uns questionamentos: será que o estadual precisa de todos estes times? Será que no Brasileirão, ao invés de ter 20 equipes, não se pode tirar uma ou duas? Será que a Copa do Brasil não pode ser apenas um jogo em campo neutro? Pois sabe o que isto significa? Significa que irá valorizar o espetáculo, os jogadores e a seleção nacional. Tem que sentar na mesa: os treinadores, os dirigentes, os diretores e os presidentes, para decidir o que é melhor para o futebol brasileiro”, questionou.

“A minha opinião é que é possível fazer mais e melhor pelo jogador, pelo futebol brasileiro. Temos estádios fenomenais, centros de treinamentos fenomenais. Mas temos de dar condições. Hoje vocês veem os treinadores da Europa reclamando por causa desta densidade competitiva. Isto gera lesões, não proporciona um bom espetáculo. Só peço para refletirmos. Talento não há mais do que aqui. Infraesturura temos do melhor; CT, também. Vamos fazer um esforço para melhorar a organização do Estadual, da Copa e do Brasileirão, para estarmos melhores e valorizar o futebol e o atleta brasileiro”, completou.