Há quatro meses no Brasil, foi a primeira entrevista exclusiva do treinador
De férias em Portugal, o técnico palmeirense Abel Ferreira concedeu, na tarde desta terça-feira, entrevista ao canal SporTV e falou sobre diversos assuntos. Dentre eles, o treinador relembrou a negociação com o Verdão.
“Quando recebi a ligação do Palmeiras e vi que havia a possibilidade de treinar o clube, falei com as pessoas da minha equipe técnica, e um deles disse: ‘é um dos maiores do Brasil’. Depois disso, passei a fazer meu trabalho de casa, liguei para algumas pessoas e estudei. Tivemos três reuniões e cheguei à conclusão de que era o clube certo para eu ganhar títulos. Se não fosse ali, não seria em lugar nenhum”, disse.
“E quando o diretor me entregou um relatório me surpreendi com o fato deles conhecerem tanto o meu trabalho. A gente casou muito bem as filosofias. Fui entrevistado e fiz as mesmas perguntas que me fizeram. Acabou sendo uma aposta ganha das duas partes”, completou Abel.
Estudioso da bola, o português disse também sobre seu gosto por livros de outros técnicos. Abel revelou que, na partida diante do SCCP, utilizou uma jogada que leu no livro de Marcelo Gallardo, técnico do River Plate.
“O Mourinho é uma referência para todos [os treinadores portugueses]. Foi o primeiro a abrir portas. Quando me casei, levei três livros dele debaixo do braço. À época eu era jogador e queria entender porque todos falavam dele, eu achava curioso. Comecei a ler tudo o que ele escrevia, falava com jogadores que eram treinados por ele: ‘o que de diferente o Mourinho tem?’. Mas além dele, eu gosto de ler de outros vários treinadores”, falou.
“Um exemplo é quando fomos jogar contra o River Plate, eu e minha equipe técnica compramos o livro do Gallardo para não faltar nada, e enquanto eu estudava, ao mesmo tempo aprendia. Posso dizer que no jogo contra o Corinthians em casa, usei um movimento, não vou dizer de que setor foi, que vi no livro do Gallardo. Falei: ‘isso faz sentido na minha cabeça, grande ideia’. E eu só fiz isso porque essas equipes fazem muita marcação individual e para libertar da marcação individual esses movimentos abrem espaço por dentro”, contou.
Por fim, Abel falou sobre a lista de reforços que passou para o Palmeiras na sua chegada ao clube.
“Vou falar mais uma vez, nós não contratamos jogadores para o Abel. O Palmeiras tem um centro de recrutamento, um centro de análise que me propõe jogadores. Todos os jogadores contratados, são sempre para o Palmeiras. Destes, parto do princípio de que o clube tem condições de contratar. Quando cheguei aqui, pedi um lateral-esquerdo, pois só tínhamos o Viña que vinha de 16 jogos seguidos, um zagueiro canhoto, um meia e um centroavante. Devido às dificuldades impostas pela pandemia, contratamos o Breno, que é um jogador dois em um. Depois, descobrimos um jogador que poderia jogar de volante, que foi o Emerson, e Luan também jogou de 5. Mas o que eu quero é que todos entendam que as expectativas que criamos, que os torcedores têm, nós temos que as acompanhar, ou sermos verdadeiros com eles [em relação à falta de recursos]”, completou.