Em coletiva, Abel questiona imprensa usando exemplos de Liverpool e Manchester City

Treinador palmeirense também indicou que o time terá alterações na escalação inicial

Abel Ferreira
Reprodução

Na manhã desta quarta-feira, o técnico Abel Ferreira concedeu entrevista coletiva no Education City, palco do jogo entre Palmeiras e Al Ahly. Perguntado se o Palmeiras apresentará um estilo de jogo diferente para esta partida contra os egípcios, o técnico respondeu:

“Uma coisa é o que queremos fazer e outra é o que o adversário nos deixa fazer. Vocês nunca colocam na equação o adversário. Falam que temos que fazer isso, pressionar alto, assumir o controle… Nunca o adversário está na ação. Vou dar o exemplo do Liverpool: o treinador é o mesmo, os jogadores também e estão há sete jogos sem ganhar. Se fosse no Brasil, o que ia acontecer? O City começou mal essa temporada, com o mesmo técnico, mesmo elenco, investimentos brutais, começou mal e agora está bem. Temos que perceber que não há treinador ou técnico que não jogue para ganhar. Gostamos de ter a bola, mas há jogos em que o rival proporciona mais transições, o adversário pode ter mais posse e nos obriga a tentar roubar para ser vertical. Isso tem a ver com a forma como o adversário ataca. Se tenho um adversário que pressiona muito, logo nosso jogo será um pouco mais nervoso. Mas há outros que esperam mais, não fazem tanta pressão, então temos tempo para trocar a bola. A estratégia deles é esperar e contra-atacar. Vocês têm que colocar na equação o adversário, onde está o mérito deles e o demérito do Palmeiras”, relatou.

“Não gosto de arrumar desculpas, elas não nos ajudam a evoluir. Eu gosto de assumir as responsabilidades. Se alguém tem culpa pelo jogador não ter jogado bem, sou eu. Esses jogadores são os que temos. Gosto de fazer avaliações no fim da temporada. Ganharam dois títulos, eles têm todo meu respeito. Um deles esperavam há 22 anos. (…) Por mérito próprio ganhou a Libertadores e também está na Recopa. Nunca prometi títulos. Ninguém quer ganhar mais do que eu e os jogadores. Seja contra quem for, nosso objetivo é jogar do início ao fim, como foi contra o Tigres. Fomos superiores por 25 minutos e não fizemos o gol. Poderíamos ter feito. Temos ainda muita coisa até o fim. Por muito que nos custe, o Tigres foi melhor, parabéns a eles. Vamos afinar nosso processo, seguir em frente, de cabeça erguida, só há esse caminho”, completou.

Abel comentou também sobre a disputa de amanhã, que vale a terceira colocação no Mundial, e mostrou conhecimento do time adversário.

“A mim, sempre ensinaram que é melhor ficar à frente do que atrás. Vamos lutar pelo terceiro lugar. Não era o que queríamos, mas é pelo que lutamos. Como português, quero sempre ganhar, mas é preciso saber aceitar quando o rival é melhor. Somos um país pequeno, com ambição do tamanho do mundo. Sabemos aprender e seguir em frente. Essa é minha cultura como português, um país simples, mas com força no futebol. Nós queremos sempre ganhar, mas tem sempre o adversário do outro lado. Podem ter muitas desculpas que queremos arranjar, mas no futebol temos de aceitar que os adversários podem ser melhores”, falou.

Sobre o Al Ahly, Abel prosseguiu: “Posso dizer que é um time que defende em bloco médio, que com bola gosta de assumir o jogo e controlar. O Al Ahly é o segundo time com mais presenças no Mundial, desde agosto eles não perdiam o jogo. Um time que tem jogadores com muita qualidade técnica. Os dois times têm futebol propositivo, querem assumir o controle do jogo. Temos condições de fazer um bom espetáculo”, observou.

Vindo de uma desgastante maratona de jogos desde Dezembro, o comandante alviverde voltou a criticar o calendário brasileiro e deu pistas que a escalação de manhã terá mudanças em relação ao jogo diante dos mexicanos.

“Tivemos nove jogos em dezembro, dez em janeiro, dez em fevereiro, portanto nestes jogos eu acho que raras as vezes eu repeti o mesmo time. Para mim, a constância é a mudança. Portanto, seguramente podemos esperar (mudanças), não muitas trocas, pode ser uma ou duas em cada setor, é o que temos feito até aqui. Desde que cheguei, estamos jogando o que fiz em dois anos de competição em Portugal”, finalizou.