Valor de Vitor Roque é 30% maior que o de Thiago Almada. Confira os bastidores dessa negociação e as projeções financeiras do Palmeiras para 2025
O Palmeiras fechou a janela de transferências de 2025 com estilo ao anunciar a contratação de Vitor Roque. Com o investimento de €25,5 milhões (cerca de R$ 155 milhões), o clube alviverde superou seu próprio recorde e estabeleceu um novo patamar para negociações de jogadores no país.
A transação, a mais cara já realizada por um time nacional, ultrapassou até mesmo a milionária aquisição de Thiago Almada pelo Botafogo em 2024 (€19,5 milhões) e sinaliza uma mudança de era: o futebol brasileiro já não olha apenas para a Europa como referência, ele se torna protagonista.
O contexto da contratação: Um quebra-cabeça jurídico e financeiro
A chegada do reforço Vitor Roque, ex-Barcelona e Betis, não foi simples. A transferência envolveu um imbróglio jurídico com a LaLiga, que inicialmente barrou o acordo por considerar irregular a triangulação entre os clubes.
A solução? Uma intervenção direta da FIFA, que validou a operação após consultas técnicas. “Foi uma negociação complexa, mas o desejo do jogador e a força institucional do Palmeiras falaram mais alto”, revelou um diretor do clube.
O imbróglio com LaLiga e o aval da FIFA
A contratação de Vitor Roque pelo Palmeiras foi um caso de estudo em diplomacia esportiva. LaLiga, liga espanhola, tentou barrar a transferência alegando irregularidades na janela de transferências da Espanha, já encerrada.
O Barcelona, no entanto, recorreu à FIFA, que validou a operação após análise técnica. “A FIFA entendeu que o jogador estava registrado no Betis por empréstimo, e não como ativo permanente do Barça. Isso permitiu a triangulação”, explicou o jurista esportivo Carlos Eduardo Carvalho.
Destaques do processo:
- Papel do Barcelona: O clube catalão intermediou a saída de Roque do Betis para viabilizar a venda.
- Custo da operação: Além dos €25,5 milhões, o Palmeiras arcou com taxas de intermediação estimadas em €2 milhões (R$ 12,2 milhões).
- Impacto no mercado: A FIFA sinalizou flexibilidade para casos similares, abrindo precedentes para clubes brasileiros.
O investimento sem precedentes do Verdão
O Palmeiras não apenas quebrou o recorde de transferência no Brasil como redefiniu sua estratégia financeira. Em 2024, o clube registrou receitas de R$1,207 bilhão. Esses números, divulgados no relatório anual do clube, foram cruciais para bancar a janela de transferências mais cara da história:
Item | Valor (2024) |
Receita Total | R$ 1,207 bilhão |
Superávit | R$ 198,1 milhões |
Investimento | R$ 800 milhões |
Fontes de receita:
- Direitos de transmissão (45%).
- Patrocínios (30%, incluindo acordos com Crefisa e Puma).
- Venda de jogadores (25%, como Danilo ao Nottingham Forest por €20 milhões).
Os seis reforços: Quem são e por que foram escolhidos
A janela de transferências de 2025 do Palmeiras foi marcada por movimentos estratégicos, com reforços que atendem a demandas específicas dos jogos de futebol e do elenco. Além de Vitor Roque, o Palmeiras contratou cinco jogadores de alto nível para recompor o elenco após uma temporada sem títulos. Conheça o perfil de cada um:
- Vitor Roque (Atacante, 20 anos): Revelado pelo Athletico-PR, o atacante teve passagem turbulenta pelo Barcelona, onde atuou apenas 12 vezes em 2024, mas destacou-se no Betis por empréstimo, com 8 gols em 15 jogos na LaLiga.
- Paulinho (Atacante, 26 anos): Artilheiro do Brasileirão 2024, com 21 gols, Paulinho teve média de 0,68 gols por jogo, a mais alta entre os atacantes da Série A.
- Facundo Torres (Meia-Atacante, 24 anos): Com um drible curto, passes precisos (85% de acertos em 2024) e visão de jogo, Facundo Torres na MLS, foi líder em assistências (15) e criou 42 chances claras de gol.
- Bruno Fuchs (Zagueiro, 25 anos): No Galo, o zagueiro teve 89% de duelos aéreos vencidos e 4,5 desarmes por jogo em 2024, o melhor índice entre zagueiros do Brasileirão. Sua contratação visa fortalecer a defesa em bolas paradas, setor onde o Palmeiras sofreu 40% dos gols na última temporada.
- Emiliano Martínez (Meio-Campista, 23 anos): No Campeonato Dinamarquês, Emiliano Martínez teve 92% de passes certos e 2,3 interceptações por partida. O jogador chega ao Palmeiras para ocupar a vaga de Raphael Veiga, negociado com o Al-Hilal, com a vantagem de ser 9 anos mais novo e ter potencial de valorização.
Por que esses nomes?
A escolha dos seis reforços do Palmeiras para 2025 não foi ao acaso, a diretoria palmeirense adotou critérios claros para aqueles que vão vestir a camiseta de futebol do time, alinhando três pilares fundamentais: juventude com bagagem internacional, adaptabilidade tática e potencial de valorização financeira.
A diretoria, liderada por Anderson Barros, priorizou jogadores que combinam experiência nas principais competições, com idade para evoluir, um equilíbrio raro no mercado brasileiro.
A função de Vitor Roque no esquema de Abel Ferreira
Vitor Roque não chega ao Palmeiras apenas como um nome de peso, ele é a peça central de um quebra-cabeça tático. Abel Ferreira planeja utilizá-lo como falso nove em um 4-3-3 dinâmico, permitindo que o atacante recue para construir jogadas e explore espaços nas costas da defesa adversária.
Além de finalização, essa função exige, visão de jogo e pressing alto, habilidades que Roque aprimorou no Betis, onde recuperou 4,2 bolas por partida na LaLiga, número superior à média dos atacantes brasileiros (2,8).
Parcerias em campo:
- Paulinho: Enquanto Paulinho atua como referência fixa na área, Roque terá liberdade para flutuar e criar desequilíbrios. A dupla lembra o bem-sucedido modelo Dudu-Rony, que rendeu 37 gols combinados em 2022.
- Facundo Torres: O uruguaio será o principal provedor de passes. Na MLS, 40% de suas assistências foram para jogadores em posição semelhante à de Roque.
Expectativas para a temporada de futebol 2025
O Palmeiras entra em 2025 com uma cobrança sem precedentes. Após uma temporada sem troféus em 2024, o clube alviverde busca seu lugar nos torneios de futebol para reconquistar a hegemonia nacional e se consolidar como potência nas principais competições do futebol.
Na Libertadores, o objetivo é chegar à quarta final consecutiva, feito inédito na história da competição. No Brasileirão, a meta é retomar o título após dois anos de domínio do Botafogo e Atlético-MG. Já o Mundial de Clubes, que em 2025 terá formato expandido com 32 times nos EUA, é visto como a chance de o Verdão entrar no seleto grupo de campeões mundiais, algo que escapou em 2021 e 2022.
Porém, os desafios são tão grandes quanto as ambições. A integração de seis reforços em menos de três meses exigirá uma pré-temporada impecável. Por isso, o clube programou uma série de amistosos nos EUA contra Bayer Leverkusen (campeão alemão) e Inter Miami (de Messi e Suárez), além de um torneio em Dubai.
Estratégia de mercado: Um modelo sustentável?
O Palmeiras adotou uma fórmula ousada em 2025, misturar vendas milionárias de joias (Endrick e Danilo renderam €70 milhões em 2024) com contratações de jovens em ascensão.
A estratégia, inspirada em clubes como o RB Leipzig e o Brighton, visa lucrar com a valorização futura dos ativos. Dos seis reforços, cinco têm cláusulas de rescisão entre €50 milhões e €80 milhões. A diretoria também diversificou o perfil das contratações:
- Subvalorizados: Micael (comprado por €6 milhões do Houston Dynamo) tem valor de mercado estimado em €15 milhões.
- Segundas chances: Vitor Roque busca reconstruir a carreira após passagem irregular na Europa.
- Projetos de longo prazo: Emiliano Martínez (23 anos) foi contratado por 1/3 do valor pedido por Veiga.
“Não somos um clube-vitrine. Queremos ser autossustentáveis, e esses jogadores são investimentos”, explicou Anderson Barros. O modelo, porém, exige resultados imediatos. Se o time falhar em 2025, o prejuízo poderá ultrapassar R$ 200 milhões em desvalorização de elenco.
Um risco necessário?
O Palmeiras caminha sobre uma corda bamba financeira e esportiva. Ao investir R$ 800 milhões em seis reforços, o clube assumiu um risco calculado, mas sem garantias.
Por um lado, a estratégia de contratar jovens com valor de revenda segue modelos europeus bem-sucedidos, como o do Borussia Dortmund (que lucrou €180 milhões com vendas em 2023). Por outro, a pressão por títulos imediatos em um país acostumado ao “curto-prazismo” do futebol pode minar a paciência de torcedores e patrocinadores.
O Palmeiras em 2025 é um experimento audacioso. Se o clube conseguir alinhar desempenho em campo, valorização de ativos e saúde financeira, criará um novo paradigma no futebol brasileiro, um modelo híbrido entre o profissionalismo europeu e a paixão latina. Se falhar, servirá de alerta sobre os perigos de apostar alto em um mercado volátil.