Sem tempo para treinar, Abel destaca a força mental como principal virtude na reta final de temporada

Treinador reforça este fator em toda entrevista

Abel Ferreira
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Desde que chegou ao Palmeiras, em novembro de 2020, o Abel Ferreira teve apenas uma única semana de dias cheios de trabalho, entre a partida de volta contra o América-MG e o primeiro jogo contra o River Plate. Por isso, uma de suas armas para fazer o elenco alviverde chegar ao topo das competições é trabalhar a parte mental da equipe.

“Para mim, tudo que vem daqui (parte mental) é o que comanda. Hoje em dia, os fatores psicológicos são determinantes”, enfatizou o comandante alviverde depois do Derby de segunda-feira.

Um exemplo da evolução do fator psicológico palmeirense foi justamente a vitória por 4 a 0 sobre o maior rival. Os duelos anteriores entre as equipes foram marcados sempre por uma grande dificuldade de o Palmeiras conseguir desenvolver seu jogo nos 90 minutos, mesmo tendo, na maioria das vezes, uma equipe mais qualificada que o adversário.

Todo trabalho que está no seu início apresenta inconstâncias, e na passagem de Abel pelo Palmeiras não foi diferente. O momento mais baixo do time neste período foi a partida da volta contra o River Plate, pela semifinal da Libertadores. Mesmo com grande vantagem construída no jogo de ida, o Verdão sofreu uma pressão sufocante dos argentinos no Allianz Parque. No final, Abel atribuiu toda imposição do River, em partes, à queda do equilíbrio psicológico da equipe.

“A intensidade do sentimento da perda é o dobro da intensidade do sentimento do lucro. O jogo hoje era muito mental. Se sai o gol na primeira bola do Rony, matávamos o adversário animicamente. Depois, era natural que o adversário reagisse. Agora, ir para o intervalo perdendo de 2 a 0, o adversário está animicamente muito forte e nós com o sentimento de perda da vantagem. Hoje, o fator psicológico fez a diferença”, afirmou.

E esse discurso desenvolvido pela comissão técnica alviverde vem refletindo nos jogadores. Em entrevistas, os atletas palmeirenses estão constantemente falando sobre a importância de se manter forte mentalmente durante as partidas.

“Abel trouxe o fator mental (de diferença), como o professor disse em entrevista, não temos muito tempo para treinar em campo. Então é preciso estar mentalmente forte”, disse Gustavo Gómez após a vitória do Palmeiras na Argentina por 3 a 0.

Já Raphael Veiga destacou outro aspecto da intensidade mental da equipe. O atleta explicou como Abel e seus auxiliares pedem para eles serem inteligentes em campo e não gastarem energia à toa.

“Ele (Abel) cobra muita intensidade não só do corpo em si, mas também da gente pensar e fazer os movimentos em campo sem nos desgastarmos tanto. Então, há a intensidade no campo, com bola, e também na leitura de jogo, entender a partida”, comentou.

Esta característica de Abel de igualar o nível de importância entre a parte física, tática, técnica e mental vem desde o início de sua carreira de treinador, no Braga.

“(É preciso) estar focado naquilo que tem que fazer e, sobretudo, ser forte no jogo coletivo e na força mental para lidar com as adversidades que o jogo pode trazer”, disse o treinador antes de uma partida importante contra o Benfica, em 2018.

Vivo nas três competições que ainda joga, disputando uma maratona de partidas decisivas e com chances reais de levantar títulos, o Palmeiras precisará mais do que nunca da máxima força física, tática e mental.