Planejamento para 2020 pede que o Palmeiras despreze o estadual e a copinha

Paulista 2020

A FPF definiu na terça-feira os grupos e o regulamento do campeonato paulista de 2020. A conquista do torneio estadual apenas cruza, de passagem, com as ambições do Palmeiras para a temporada e a forma como o clube encarará o torneio deve ser objeto de reflexão por parte de quem planejará o projeto do futebol do Verdão para 2020.

O regulamento mudou um pouco. Em vez de 18, o campeonato ocupará 16 datas; foram suprimidos os jogos de ida nas fases de quartas-de-finais e semifinais. O limite de 26 atletas na lista principal foi mantido; a tal “lista B”, com jogadores da base, é ilimitada – mas apenas 5 atletas desta lista poderão estar em campo simultaneamente.

Nada indica que a FPF tenha mudado sua disposição infinita de entregar um troféu ao SCCP, para garantir o circo anual da torcida mais numerosa da capital paulista. O mesmo acontece na Copa São Paulo, tradicionalmente.

Assim, o Palmeiras deve encarar as duas competições apenas como parte obrigatória do calendário, fazendo o planejamento com inteligência para poder usar os destaques da base da melhor forma possível.

Transformações

Wesley
Fabio Menotti / Ag.Palmeiras

O campeonato paulista, que já foi Paulistão, hoje obriga o Palmeiras a disputar nove partidas contra times pequenos, tradicionais, mas que nem de longe honram a História do que um dia foi o maior campeonato regional do mundo.

Já a Copa São Paulo, que reinou absoluta como principal competição das categorias de base por décadas, ganhou concorrentes de peso. A CBF instituiu o Campeonato Brasileiro Sub-20 e a Copa do Brasil Sub-20; a Federação Gaúcha desenvolve há alguns anos a Copa Ipiranga, que em seus primórdios era considerada o Campeonato Brasileiro da categoria.

Essas três competições já batem, de longe, a Copa São Paulo em importância. Inchadíssima, a copinha se arrasta durante as férias dos profissionais apenas para encher a grade do SporTV com times de qualidade técnica risível, em gramados paupérrimos e castigados pelas fortes chuvas do verão paulista, que também costumam derrubar as iluminações, precárias. Ainda assim, segue sendo uma festa para empresários, que precisaram incrementar suas redes para poder peneirar algum talento que realmente tenha algum futuro.

Por todas essas transformações, o Palmeiras precisa planejar bem o uso dos jogadores do sub-17 e do sub-20 nessa virada do ano, visando cumprir as férias dos jogadores depois de uma temporada tão puxada, e aproveitar nossos maiores talentos da melhor forma possível, desprezando as decadentes competições organizadas pela FPF.

Prioridades

Fabrício

A prioridade da base deve ser a “lista B” do estadual. Pelo menos dez jogadores, dentre os que tenham condições de aspirar a uma vaga no elenco principal, devem ser preservados da Copinha, para terem condições legais e físicas de fazer uma boa temporada em 2020.

Para isso, basta usar e abusar do uso dessa lista, principalmente nos nove jogos contra times pequenos – nos clássicos e na fase final, claro, a disputa tem um componente a mais que não pode ser desprezado e os testes podem ficar em segundo plano.

Mano Menezes – ou seja lá quem for o técnico em 2020 – pode observar essa molecada ao mesmo tempo que desenvolve o plano técnico-tático para a temporada. E os principais jogadores terão mais tempo para fazer o trabalho físico adequado, sem incorrer em desgastes exagerados logo no começo do ano.

Gabriel Verón
Fabio Menotti/Ag.Palmeiras

Atletas como Matheus Teixeira (G), Esteves (LE), Patrick de Paula (V), Gabriel Menino (V), Alan (M), Angulo (M), Gabriel Veron (A), Fabrício (A) e Guilherme Vieira (A), além de Papagaio (A, emprestado ao Goiás), vêm mostrando que merecem uma chance de serem observados no estadual.

Além deles, Matheus Rocha (LD – Vitória), Pedrão (Z – América), Léo Passos (Londrina – A) , Yan (Sport – A) e Artur (Bahia – A) também podem ser observados no estadual – afinal de contas, a justificativa para serem emprestados é exatamente pegarem cancha para serem avaliados e aproveitados depois. Todos já estouraram a idade e alguns deles podem fazer parte da lista “A”, ao menos na fase de classificação. Caso contrário, quando serão testados com nossa pesada camisa?

Equilíbrio

Carlos Eduardo
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O uso de atletas da base, desde que efetivamente mostrem requisitos técnicos para jogar em em alto nível, de forma compatível com a competitividade que queremos – inclusive nas competições mais cascudas como a Libertadores – não precisa ser completamente descartado em prol do uso de jogadores adquiridos no mercado, que por vezes são de qualidade duvidosa.

Ao contrário: ao dispor da base para preencher com qualidade algumas vagas do elenco, o clube pode redirecionar seus recursos de forma mais objetiva. Em vez de insistir na fórmula de investir em cinco ou seis apostas com “valor potencial de revenda alto”, o Palmeiras pode mirar em uma trinca de jogadores que cheguem para resolver, aproveitando a ótima espinha dorsal já existente. O restante do elenco pode ser preenchido com a peneira que o estadual pode proporcionar em nossa molecada da base.

Em nível nacional e continental, o sarrafo subiu mais ainda. Precisamos de mais resultado em campo. A balança das contratações está pendendo demais para o lado econômico e quase nada para o lado técnico. O equilíbrio precisa ser buscado. O uso da base, de forma planejada, pode contribuir bastante com isso. Desprezar a Copinha e o estadual é mandatório para que o planejamento passe por esse ajuste.

Confira aqui a agenda de transmissões da base no final de semana


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