Palmeiras de Abel Ferreira não foi vazado nas últimas 6 partidas em que disputou em casa
Muito próximo de conquistar o título Brasileiro de 2023, o Palmeiras disputou no domingo, contra o Fluminense, seu último jogo como mandante no ano. Na vitória por 1 a 0, com gol de Breno Lopes, 29.986 pessoas compareceram ao Allianz Parque, que teve a capacidade reduzida por conta da estrutura de shows no local.
Na despedida da torcida do Allianz Parque na temporada, o Verdão passou mais uma partida sem ser vazado e igualou o recorde de jogos em sequência com a baliza a zero na História do clube em campeonatos brasileiros. São seis duelos, com 100% de aproveitamento, que começou na goleada por 5 a 0 sobre o SPFC. A mesma quantidade de jogos foi repetida nos anos de 1973, 1989 e 2011.
6 – O Palmeiras igualou seu recorde de jogos seguidos sem sofrer gol em casa em uma mesma edição do Brasileirão Série A (6). O Verdão alcançou esta mesma sequência em outros três campeonatos: 2011, 1989 e 1973. Intransponível. pic.twitter.com/hedupNDx8X
Na sequência atual, o Palmeiras disputou quatro partidas no Allianz Parque e duas partidas na Arena Barueri. A campanha do clube ao todo como mandante no Brasileirão, foi de 14 vitórias, dois empates e três derrotas em 19 jogos, com 35 gols a favor e 12 contra. Já no ano inteiro, foram 26 triunfos, sete empates e quatro reveses, com 47 gols de saldo (69×22) e 18 partidas sem ser vazado.
O ano esportivo do Palmeiras termina nesta quarta-feira, contra o Cruzeiro, no Mineirão.
Confira as maiores sequências do Palmeiras sem ser vazado como mandante no Brasileirão:
Abel conversou com os atletas quando Palmeiras estava 14 pontos atrás do Botafogo
Antes de vencer o Coritiba, em 22 de outubro, Abel Ferreira e os jogadores tiveram uma conversa que foi fundamental para a arrancada da equipe em busca do título Brasileiro. À época, o Verdão estava 14 pontos atrás do Botafogo.
“Disse aos jogadores duas coisas. Estávamos 14 pontos atrás. Disse a eles que, se largassem, eu seria o primeiro a largar. Se eu sentisse que eles largariam [o campeonato], eu largaria. Essa foi a primeira. E a segunda foi que vos disse: temos uma oportunidade de sair daqui, eu como melhor treinador e vocês como melhores jogadores. São estes momentos que podem nos fazer crescer e retornar ainda melhores, e acho que eles entenderam o que quis dizer”, revelou o treinador, em pergunta feita pelo Verdazzo na entrevista coletiva.
“Eu não tinha sentido que eles tinham largado, mas com 14 pontos atrás o natural seria pensar que não havia mais o que fazer. Também sempre disse que temos uma identidade, um caráter, esta equipe tem uma história neste clube. Foram essas duas frases, que eles conseguiram entender, e isso me enche de orgulho”, complementou.
O Palmeiras mudou as dinâmicas desde a partida contra o Coritiba. Endrick e Breno Lopes começaram a ser a dupla de ataque, com mais um zagueiro na linha defensiva. São sete vitórias nos últimos nove jogos.
“A gente não é uma equipe que [os outros] conseguem criar rótulos ou só dar um destaque, isso me enche de orgulho. Se este time tirar a camiseta, mesmo assim todos sabem que é o Palmeiras a jogar. Conseguimos uma identidade”, disse.
“Houveram muitas dores de cabeça [com as lesões de Menino e Dudu], claro que quem está sentado no sofá tem sempre a solução, mas eu mexi várias vezes e perdemos mesmo assim. O problema não estava nem no lado direito e nem no lado esquerdo, sei onde estava o problema, mas não vou revelar. Não fui capaz de fazer aquilo que deveria ter feito de forma antecipada. O problema no lado esquerdo foi difícil de resolver, tentamos o Artur, outras soluções. Mas encontramos também a melhor posição para o Endrick”, acrescentou Abel.
O Palmeiras está três pontos à frente dos concorrentes, faltando uma rodada para o final do Brasileirão. O último jogo será diante do Cruzeiro, no Mineirão, quarta-feira às 21h30.
Abel faz duras críticas ao gramado do Allianz Parque
Cesar Greco/Palmeiras/by Canon
Na coletiva, Abel Ferreira também fez duras críticas ao gramado do Allianz Parque e pediu para que seja trocado para o ano que vem.
“Já que dizem que sou chato, digo que este gramado tem que ser trocado urgentemente. Não quero saber quem vai pagar, se a WTorre ou o Palmeiras, não quero saber. Este gramado não está em condições de continuar a jogar futebol, neste momento é um risco para lesões de jogadores. Se eu tivesse no lugar do Diniz, teria feito exatamente o que ele fez [jogou com time alternativo]”, disse.
“Espero que no próximo ano troquem esse gramado, que seja como estava quando eu cheguei. Atrás de uma crítica tem que vir um elogio, porque é assim, então agradeço a nossa direção e à WTorre, que acharam uma solução para jogarmos na nossa casa, nosso chiqueiro, onde temos que jogar. Só me sinto em casa aqui, em outros lugares é como jogar fora. É o que tenho a dizer. Vai uns elogios no meio e umas exigências, mas este gramado precisa ser trocado urgentemente”, complementou.
O treinador reiterou que não quer que seja trocado para um gramado natural, apesar de preferi-lo. Porém, pediu melhorias.
“Cícero [Souza, gerente de futebol] sabe como sou exigente. Se querem melhorar as condições do futebol brasileiro, há duas coisas que urge fazer: descanso mínimo de três dias para jogar no quarto, e a qualidade do gramado, sintético ou não. Este gramado (quando está) top, é bom. O Palmeiras não consegue ter aqui um gramado natural, porque entendo que os shows são, sim, uma receita. Se perguntarem, é claro que prefiro o gramado natural, mas não dá para ter aqui”, disse.
“O que não podemos é ter um gramado cheio de coisinhas do espetáculo que fizeram da Taylor Swift, a quantidade de bebidas e tudo mais que deve cair ali dentro. O futebol brasileiro é muito intenso e exigente, e os espetáculos também. Se eram dez anos de garantia, isso então era na Holanda, onde jogam a cada 15 dias sem a poluição de São Paulo, os espetáculos daqui, os jogos todos aqui. Infelizmente a garantia não é de dez anos. Não tem mais como jogar aqui. Se jogar, vêm as lesões. Se vierem as lesões, eu avisei”, concluiu.
Fica ou não fica?
Cesar Greco/Palmeiras/by Canon
“Não vou comentar especulações, vocês sabem como é o futebol brasileiro. Já falei ao longo do ano, tem várias especulações, é normal. O mais importante é o jogo mais importante do ano, queremos carimbar este título, porque neste momento não somos campeões e queremos muito ser”, disse.
“Na primeira ou na segunda Libertadores disse que ia parar e refletir, como faço todos os anos. Já disse outras vezes que estava de saco cheio, e isso não é mentira nenhuma. É difícil fazer jogos e viagens a cada três dias, ter entidades do futebol brasileiro que insinuam que você é isso ou aquilo, acham que isso é fácil? São três anos, não três dias. Todos os anos, chego ao final, tenho um relatório pronto do que pedi no ano anterior, o que aconteceu e o que penso que será o futuro do clube. Este relatório está pronto para ser entregue. É muito desgastante ser treinador no futebol brasileiro, mas eu não sou ingrato e tenho contrato”, concluiu.
“Ficou bem evidente a atitude de campeão”, disse Abel depois de empate heroico
Tranquilo e sorridente, o técnico Abel Ferreira distribuiu elogios após o empate do Palmeiras em 2 a 2 com o Fortaleza. Na entrevista coletiva, o comandante voltou a falar em sentimento de orgulho pelos atletas, parabenizou sua comissão técnica e enalteceu o adversário.
“Viemos jogar na casa de uma equipe que é modelo, que tem boa gestão. Dou-lhes os parabéns pela trajetória na Sul-Americana. Do mesmo modo, parabenizo os meus jogadores. Ficou bem evidente a atitude de campeão que essa equipe tem. Num campo difícil, adversário difícil, gramado pesado. O goleiro deles esteve forte nas transições. Mas, acima de tudo, o meu maior orgulho é a atitude deste time”, disse o treinador.
“Não sei se o Palmeiras tem o melhor treinador do mundo, mas tem os melhores assistentes do mundo. Quero dar os parabéns à minha equipe técnica, nós debatemos muito, vemos bastante futebol. Conversamos hoje sobre o jogo e é importante que toda equipe esteja em sintonia em jogos deste tipo, principalmente quando é preciso tomar decisões, como foi quando teve a expulsão do Gómez. Tomamos decisões difíceis, mas arrojadas. Novamente, parabenizo a eles porque conseguiram ajudar os jogadores”, complementou.
Os elogios de Abel se dão pelo fato de o Palmeiras, mesmo com um jogador a menos, buscar duas vezes o placar. Raphael Veiga marcou o primeiro gol e Zé Rafael anotou o tento que garantiu o empate.
“A forma que jogamos e não desistimos mesmo com um a menos. A forma que fazemos das tripas coração. Temos três finais, precisamos da ajuda dos nossos torcedores. Futebol é mágico por isso, está tudo em aberto. Independentemente do que acontecer no fim, esta equipe tem atitude de campeã”, declarou o treinador.
“Faltam três jornadas e não consigo prever o futuro. Sei o que quero, o que queremos e onde estamos. Tudo que se passou aqui representa tudo aquilo que eu vejo numa equipe, o que eu queria ver numa sociedade: cada um fazer o melhor que consegue e pode para que os torcedores sintam orgulho de nós”, acrescentou.
O Palmeiras volta a campo na quarta-feira para enfrentar o América-MG, às 21h30, no Allianz Parque.
Confira outras respostas de Abel:
– Conversa no intervalo
“Não fizemos grandes alterações em termos táticos no intervalo. Pedimos que os três zagueiros carregassem mais a bola, não só passassem porque a gente precisava criar espaços. Depois, por conta da expulsão, tivemos que mudar e era quase que tudo ou nada. Tínhamos que sair daqui com pontos”.
– Estratégia após a expulsão de Gustavo Gómez
“Naquele momento, de muita pressão, não precisa apenas da experiência, mas também da comissão técnica. Ouvir o que eles têm a dizer e ficar calmo. Fizemos duas alterações para meter mais agressividade ofensiva, mas logo veio a expulsão e tínhamos que pensar no que fazer a partir dali. Poderíamos ter perdido o jogo, mas as decisões foram no sentido de buscar o resultado. A gente poderia ter colocado o Naves de primeiro, mas preferimos pelo Vanderlan para dar largura e deixamos o Rony e o Endrick como centroavantes. Depois [do 2 a 2], fiz o contrário porque sabia que o Fortaleza iria arriscar. Tiramos o Veiga e o Endrick [colocou Fabinho e Naves]. Acredito que esse ponto pode ser importante no fim”.
Atuando como ponta, Vanderlan fez a jogada do terceiro gol do Palmeiras contra o Internacional
Na vitória palmeirense por 3 a 0 sobre o Internacional no último sábado, antes da data Fifa, Abel Ferreira colocou Vanderlan em campo como ponta-esquerda, no segundo tempo. A alteração do treinador funcionou, com o camisa 6 fazendo a jogada inteira do terceiro tento, marcado por Rony.
Atuar mais à frente não é uma novidade para Vanderlan, que nas categorias de base do Palmeiras desempenhou três funções. Natural de Brumado, na Bahia, o jogador chegou ao Verdão em 2017, para o time Sub-15, como ponta-esquerda.
Ao longo da sua trajetória pelo clube, Vanderlan também passou a atuar como um zagueiro pela esquerda (chegou a jogar assim no profissional) e se firmou, no Sub-20, como lateral-esquerdo. A polivalência é um trunfo do jogador, que também mostra características técnicas que agradam a Abel.
Forte fisicamente, Vanderlan é um lateral com facilidade para correr para frente e ser vertical. E era isso que Abel Ferreira queria contra o Internacional.
“O que eu queria colocando o Vanderlan? Era verticalidade. Queria a bola para frente, não quero um jogador que joga a bola para trás, que é o que faz a maioria dos times brasileiros, jogam para trás e para o lado. Eu quero verticalidade, fazer gols”, disse o treinador na coletiva após a partida.
Nas redes sociais, o Palmeiras brincou com a velocidade atingida por Vanderlan no lance do gol de Rony.
Vanderlan treina com Abel Ferreira na equipe principal do Palmeiras desde 2021. Entretanto, foi apenas no começo deste ano que o jogador foi promovido oficialmente ao time profissional. Ele ganhou a disputa com Jorge, como o reserva imediato de Piquerez, e vive seu ano mais produtivo.
Ao todo, o camisa 6 disputou 23 partidas e distribuiu quatro assistências. Ele também contabiliza no ano 12 passes para finalização, 479 passes certos e 32 ações defensivas.
Sobre a partida, o treinador explicou a entrada de Vanderlan, que fez o time jogar com quatro laterais ao mesmo tempo, e a saída de Endrick.
“A pergunta certa é o que eu queria colocando o Vanderlan. Era verticalidade. Queria a bola para frente, não quero um jogador que joga a bola para trás, que é o que faz a maioria dos times brasileiros, jogam para trás e para o lado. Eu quero verticalidade, fazer gols. E quando nós perdemos isso, como foi o último jogo, vemos o que fizemos, corrigimos e seguimos em frente”, disse o treinador. Vanderlan fez uma linda jogada individual para o gol de Rony, o terceiro do Verdão.
“Enquanto ele [Endrick] tem energia, nós o deixamos lá dentro [de campo]. Nós jogamos oito partidas seguidas com dois ou três dias de descanso entre eles. O aparelho que fica nas costas dos jogadores é para medir o quanto eles correm e a velocidade. Quando um carro está perdendo rendimento, é a hora de trocar. Ele foi espetacular, fez o que tinha de fazer, estamos muito contentes com ele. Tem nos ajudado muito, é especial”, complementou.
Ainda sobre as estratégias do time em campo, Abel comentou as formas que o Palmeiras tem de agredir os adversários.
“Quando falo em verticalidade, é no momento em que roubamos a bola. Aí, em três ou quatro passes precisamos estar à frente para fazer os gols. É o comportamento da equipe quando ganha a bola. A primeira coisa que precisamos fazer na transição ofensiva é olhar para frente. Se neste momento, não tivermos a condição de atacar, passamos para outro processo, que é o ataque organizado, circulação de bola para mexer o adversário e ganhar espaços na linha defensiva adversária e fazer gols. Essas são duas formas. A outra são os esquemas táticos e, por último, é a qualidade dos jogadores”, explicou.
“A palavra que define esta equipe é equilíbrio. Equilíbrio quando ganhamos ou perdemos; equilíbrio quando estamos atacando ou defendo. É a palavra que eu definiria essa equipe”, acrescentou.
“Uma vergonha”, diz Abel sobre organização do calendário
Abel Ferreira criticou duramente (novamente) o calendário do futebol brasileiro. O treinador comentou sobre a sequência de jogos do Palmeiras desde a última data Fifa e disparou contra a CBF. Contra o Internacional, o Palmeiras perdeu Luan por lesão muscular.
“Não sei que lesão ele [Luan] teve. O que eu quero dizer é que é uma vergonha a CBF deixar de fazer oito jogos seguidos com dois dias de descanso entre as partidas. Isto é uma vergonha, é insano. Hoje lesionou o Luan, o Inter também teve atletas lesionados. Será que isso não faz as pessoas refletirem. É uma vergonha que fazem com os jogadores brasileiros. Felizmente temos um núcleo de saúde e performance absolutamente extraordinário. Isso tem que nos fazer refletir. Enquanto eu estiver no Brasil, no Palmeiras, vão me ouvir a sempre dizer isso. Tudo que eu falo é com apenas uma única intenção: fazer o futebol no Brasil melhor”, disse.
“Vocês da imprensa têm um papel fundamental nisso [em cobrar]. Quem comanda ainda não ouviu. E, se for preciso trocar quem manda, troquem. Para que as decisões sejam melhores”, concluiu.
Arena Barueri em debate
Assim como fez no pós-jogo da partida contra o Athletico-PR, Abel Ferreira voltou a mostrar descontentamento com o fato de o Palmeiras jogar na Arena Barueri. O treinador foi direto ao falar sobre a importância de atuar no Allianz Parque.
“Uma equipe como a nossa, que luta para ser campeão Brasileiro, merecia o estádio cheio. E nós nem no nosso estádio estamos a jogar. Depois de tudo que sofremos e fomos criticados, estamos aqui. Não sei se vamos ganhar o título, não prometo título, prometo é dar o melhor do que sei para ajudar os jogadores. Agradeço aos torcedores que estiveram aqui hoje, se deslocaram para vir. Esses são os que acreditam. Não estou dando recado a ninguém. Tenho muito orgulho dessa equipe, eles fazem o que pode”, disse.
“O que eu quero é jogar no Allianz Parque. É lá a nossa casa. Agora, o que se tem de fazer [para que o Palmeiras jogue em sua arena] não é problema meu. A mim pede para ganhar jogos e títulos. Que a direção ou a WTorre, não me interessa quem, faça de tudo. Quero jogar no Allianz Parque. Tem que montar o palco [de shows] mais cedo ou mais tarde, não sei… Mas a nossa casa não é aqui, é no Allianz Parque”, finalizou.