“Não nos curvaremos”: Conselheiros da oposição divulgam carta após coletiva de Leila

“Não nos curvaremos”: Conselheiros da oposição divulgam carta após coletiva de Leila.
Fabio Menotti

Grupo de 26 conselheiros, que foram retaliados pela presidente, publicaram o comunicado à torcida do Palmeiras

Após a entrevista de Leila Pereira, na última quarta-feira, um grupo composto por 26 conselheiros da oposição, criticados pela presidente que os chamou de “destruição”, divulgou uma carta contra as falas da mandatária.

As críticas de Leila ao grupo ocorreram porque, no final de julho, os conselheiros questionaram a empresária, por meio de um documento protocolado, sobre o contrato de patrocínio da Crefisa e FAM com o Palmeiras e também sobre a relação do clube com a Placar Linhas Aéreas, empresa comandada pela atual mandatária, que vem sendo utilizada para transportar a delegação palmeirense.

Na carta aberta desta sexta-feira, o grupo afirma que não se curvará “aos caprichos, vontades e ofensas daquela que tem o dever de prestar contas”. Vale lembrar que os ex-presidentes do Palmeiras, Paulo Nobre e Luiz Gonzaga Belluzzo, também criticaram a entrevista concedida por Leila.

Confira na íntegra o documento assinado pelos 26 conselheiros:

Aos Associados, Sócios Torcedores e Torcedores da Sociedade Esportiva Palmeiras

Nós, os 26 CONSELHEIROS DA SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS, “retaliados”, tolhidos de exercer com autonomia o mandato para representar o associado, defendendo os interesses da instituição, vimos, por meio desta, nos manifestar:

O simples ato de questionar é um direito inalienável do cidadão. Quando este exerce mandato outorgado por uma coletividade, esse direito se transforma em dever.

No cumprimento desse direito/dever, nós, CONSELHEIROS DA SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS, fizemos indagações à PRESIDÊNCIA EXECUTIVA sobre os contratos de patrocínio da Crefisa/FAM e o transporte aéreo da Placar Linhas Aéreas, haja vista, fato excepcional e relevante, onde a presidente da INSTITUIÇÃO figura como representante da contratante e sócia-proprietária das contratadas.

Ainda que os questionamentos tenham sido colocados de maneira respeitosa, a presidente nos respondeu de maneira INTIMIDATÓRIA, nos SEGREGANDO dos demais membros do CONSELHO DELIBERATIVO, tangenciando as questões.

Essa mesma intimidação se escalonou com a entrevista coletiva convocada pela própria mandatária, na qual deveria esclarecer o funcionamento da relação contratual entre as empresas nas quais possui participação societária e a Sociedade Esportiva que preside.

Quando perguntada sobre o tema, se apressou em responder que não havia qualquer conflito de interesses e, de maneira grosseira, chamou os Conselheiros que ousaram questioná-la de “DESTRUIDORES”.

Esse episódio, assim como os anteriores, demonstram uma dificuldade no entendimento das atribuições estatutárias por parte de quem exerce a presidência, que administra, por tempo determinado, uma SOCIEDADE que não lhe pertence. Devendo, portanto, acrescentar em seu vocabulário termos como: CONTRADITÓRIO, RESPEITO e TRANSPARÊNCIA.

Reafirmamos o compromisso com aqueles que confiaram a nós o mandato de CONSELHEIROS e, representaremos também a todos que amam a Sociedade Esportiva Palmeiras.

Por fim, não nos curvaremos aos caprichos, vontades, ameaças e ofensas daquela que tem o dever de prestar contas.

Contem conosco!

  • Adriano Tadeu Lívani Reale,
  • Emerson da Rosa,
  • Felipe Giocondo Cristovão,
  • Francisco Vituzzo Neto,
  • Genaro Marino Neto,
  • Gerson Clemente Guarino,
  • Guilherme Gomes Pereira,
  • Guilherme Romero,
  • João Carlos Minello,
  • José Antonio Aparecido Junior,
  • José Carlos Tomaselli,
  • José Corsini Filho,
  • Juan Manuel Berrospi Carreno,
  • Luis Henrique Monteiro Fronterotta,
  • Luciana Santilli,
  • Luiz Fernando Marrey Moncau,
  • Luiz Roberto Cassab Mousinho,
  • Marcos Antonio Gama,
  • Mauricio Pegoraro,
  • Mauricio Vituzzo,
  • Pedro José Vilar Godoy Horta,
  • Ricardo Alberto Galassi,
  • Ricardo Spinelli Poppi,
  • Valdomiro Otero Sordili Filho,
  • Victor Fruges,
  • Vinicius Feres Zucca.

Patrocínio, Barros e torcida organizada: Leila Pereira concede entrevista na Academia de Futebol

Patrocínio, Barros e torcida organizada: Leila Pereira concede entrevista na Academia de Futebol.
Alexandre Guariglia/Lance!

Veja os principais pontos comentados por Leila Pereira separados pelo Verdazzo

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, concedeu entrevista coletiva na Academia de Futebol. A conversa aconteceu apenas com alguns jornalistas selecionados, na tarde de quarta-feira.

Em mais de uma hora de coletiva, Leila comentou sobre diversos assuntos: negou conflitos de interesses sobre ser patrocinadora e mandatária do clube, falou sobre abrir concorrência para outras marcas, defendeu Anderson Barros, criticou a Mancha Verde e os conselheiros que fazem oposição a ela no clube, além de também comentar sobre contratações.

Confira os principais trechos da entrevista de Leila Pereira separados pelo Verdazzo:

– Patrocínio

“Eu não uso nada do Palmeiras. O Palmeiras nunca pagou camarote para mim, nunca pagou nada para mim. É tudo às minhas custas. Não há questão de conflito de interesse. Elas (pessoas da oposição) querem destruir a nossa gestão e eu não vou deixar”.

“Quando a Crefisa e a FAM chegaram no Palmeiras, em 2015, no ano anterior o Palmeiras estava quase rebaixado. Ninguém nos procurou, nós espontaneamente viemos oferecer. A Crefisa e a FAM já colocaram no Palmeiras ao longo desse tempo cerca de R$ 1 bilhão e R$ 200 milhões”.

“Tem que ser responsável, tem que ter a certeza de que vale. Prove que (por) essa camisa do SCCP estão pagando R$ 123 milhões. Mostrem o papel, que eu pago R$ 123 milhões. Quero que comprove que essas empresas pagam R$ 123 milhões por ano”.

“Temos contrato e vamos honrar até o final. Vou ser candidata à reeleição no Palmeiras e se o associado tiver confiança no meu trabalho e eu for reeleita, terei o maior prazer de continuar patrocinando. Mas nós faremos uma BID, uma concorrência, porque se vier alguém com pagamento acima do valor que vou me propor a pagar, desde que seja uma empresa idônea…

…Até hoje não chegou nada. Estou sempre aberta a propostas, mas o que desejo é que finalize o nosso contrato de patrocínio em dezembro de 2024 e só então que vamos abrir para novas empresas que queiram patrocinar o Palmeiras”.

– Anderson Barros

“Ele no Palmeiras conquistou nove títulos, sendo duas Libertadores. É responsável direto pela contratação do maior técnico do Palmeiras. Não tenho dúvidas que é um profissional que qualquer clube gostaria de ter. É uma pessoa equilibrada, correta, respeitosa, que eu tenho profundo orgulho de ter ao meu lado. Enquanto eu estiver aqui, o Anderson Barros será meu grande parceiro”.

– Mancha Verde

“Não é tocando tambor e jogando bomba que vou contratar jogadores. […] Essas torcidas organizadas não construíram nada. Eles são caso de polícia. Essas pessoas são o grande câncer do futebol brasileiro”.

“Eu respeito profundamente nossos 20 milhões de torcedores que não são só da vitória. O Palmeiras hoje é um clube modelo de administração. Olha o que nós temos aqui, essa Academia de Futebol, vários clubes vêm conhecer, olha essas revelações na base, olha os últimos anos o que nós somos hoje. Acho que isso enche de orgulho a grande maioria dos torcedores. Pode ter certeza de que pressão externa de torcida organizada não vai mudar uma vírgula do que pensamos sobre o nosso Palmeiras”.

– Oposição

Não é oposição. Eles são da destruição. Não sou uma pessoa vingativa de forma nenhuma. Não sou palhaça. Esses ingressos para conselheiros são uma liberalidade para presidente, oferece para quem quer, e para essas pessoas que querem destruir nossa gestão, não é que não tem ingresso, é que eles não têm nada.

Nota da redação: No mês passado, Leila Pereira vetou ingressos para membros do Conselho Deliberativo que haviam pedido esclarecimentos sobre a gestão no Conselho de Orientação e Fiscalização. Um dos pontos questionados foi a relação da Placar Linhas Aéreas, de propriedade da presidente, com o Palmeiras.

– Contratações

“Eu tenho muita restrição para jogadores que estão se aposentando e querem se aposentar no Palmeiras. Não é nossa mentalidade, não quero. Não quero uma performance de um ano, eu quero continuidade. Tenho essa dificuldade de trazer atletas que joguem como quero. O Palmeiras não é lugar de aposentado. Não vou fazer isso. Contratação é caro, então quero contratar jogadores que podem resolver”.

“No meio do ano tentamos, sim, mas os atletas que foram escolhidos pela nossa comissão técnica não quiseram vir jogar no Brasil. É muito difícil morar aqui, a insegurança do nosso país, dos nossos clubes, causam verdadeira repulsa. O próprio Abel na última coletiva dele falou isso, que tivemos que liberar alguns atletas no meio do ano por causa disso”.

– Planejamento e austeridade financeira:

“Eu não vou sobrecarregar o Palmeiras financeiramente para dar satisfação a jornalistas e torcedores. Sei que o torcedor quer contratação, mas quem paga essa contratação é o clube e eu não posso sobrecarregar o clube acima do que é possível pagar. Não vou fazer isso. Eu penso o Palmeiras a longo prazo, não pro próximo campeonato. Quero que o Palmeiras ganhe sempre, não apenas um campeonato”.

“O Palmeiras tem planejamento sim, mas nosso planejamento é feito dentro da Academia de Futebol. Em hipótese nenhuma vamos planejar contratações ou saídas por pressão de torcida organizada”.

Conselho de Orientação e Fiscalização é solicitado a debater a relação entre Palmeiras e Placar Linhas Aéreas

Conselho de Orientação e Fiscalização debate a relação entre Palmeiras e Placar Linhas Aéreas. Diretoria, comissão técnica, atletas e staff do Palmeiras, durante viagem para o Rio de Janeiro (RJ).
Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

Após o elenco do clube sofrer com problemas na aeronave no retorno da Colômbia, membros do Conselho Deliberativo solicitaram debate sobre a parceria

Na noite desta segunda-feira (28), o Conselho de Orientação e Fiscalização do Palmeiras faz mais uma reunião ordinária. Um grupo de membros do Conselho Deliberativo, através de carta ao presidente do órgão, solicitou que fosse debatida a natureza da relação entre o Palmeiras e a Placar Linhas Aéreas. Os conselheiros pontuaram a necessidade de formalização dessa relação por meio de contrato, deixando claros os termos da relação e também mencionaram a necessidade da definição de uma política com processos e regras adequadas e transparentes para lidar com situações de conflitos de interesse na gestão.

O principal evento que motivou a discussão foi o problema com a aeronave oferecida ao clube, que adiou o retorno do elenco a São Paulo após a partida contra o Deportivo Pereira, pela Libertadores. A viagem, que deveria ocorrer na quinta-feira, foi adiada para sábado, fazendo com que o Verdão treinasse apenas uma vez antes da partida contra o Vasco pelo Brasileirão.

Membros do Conselho já solicitaram transparência à presidente

Um pedido enviado em 27 de julho a Leila, solicitando a divulgação de informações financeiras e de governança do clube, não teve resposta até hoje. A mensagem pedia, além do acesso a documentos relativos a esses temas, como demonstrativos financeiros e atas de reuniões, uma formalização de um plano de abertura de concorrência para patrocínio do Palmeiras.

O pedido é que o processo de concorrência seja conduzido por uma empresa independente e experiente, que seja objetivo e todos os membros do Conselho tenham acesso a ele. Como nenhum dos pedidos foi acatado e o tema segue sem discussão, os conselheiros lembraram que os temas permanecem em aberto e demandando um posicionamento da Diretoria Executiva.