Weverton agradece a Abel Ferreira após estreia em Copa do Mundo

Weverton agradece a Abel Ferreira após estreia em Copa do Mundo.
Michael Steele

17º palmeirense a jogar uma partida do Mundial pelo Brasil, Weverton entrou em campo a 10 minutos do fim do confronto

Quando o placar apontava 4 a 1 para o Brasil diante da Coreia do Sul, nas oitavas-de-final da Copa do Mundo, o goleiro Weverton foi chamado por Tite e realizou sua estreia na maior competição de futebol do mundo – o palmeirense substituiu Alisson aos 35 minutos da etapa final.

Visivelmente feliz por ter tido a oportunidade de jogar, Weverton concedeu entrevista na zona mista do estádio 974 ao jornal Record, de Portugal, e falou da importância do trabalho de Abel Ferreira nessa conquista pessoal.

“Todas as performances [coletivas e individuais], todos os títulos que conquistamos juntos proporcionaram-me estar aqui no Mundial. Estou feliz por essa oportunidade que tive, por poder aprender com ele [Abel Ferreira]. É um cara muito acima da média, um professor. É aquele que ensina, que mostra, que tem palavras de conforto e carinho para todos”, iniciou o arqueiro.

“Estamos muito satisfeitos com o trabalho dele. Sou grato também a ele por estar aqui hoje. Quero aproveitar para mandar-lhe um abraço, é um momento histórico para mim e para todos os meus companheiros”, finalizou.

Nas redes sociais, o Palmeiras comemorou a participação do goleiro no Mundial. Antes de Weverton, o último jogador do Verdão a entrar em campo pela Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo foi Marcos, em 2002.

Weverton é o 17º palmeirense a jogar pelo Brasil na Copa do Mundo; confira a lista:

“Equipe europeia”: Abel cita o diferencial e os fatores que levaram o Palmeiras ao título Brasileiro

Abel Ferreira em jogo do Palmeiras contra o América-MG, durante partida válida pela trigésima sétima rodada do Brasileirão 2022, no Allianz Parque.
Cesar Greco

Abel também revelou conversa que teve com Gustavo Scarpa e não quer saber da Copa do Mundo

O técnico Abel Ferreira estava orgulhoso de sua equipe na entrevista coletiva após a vitória por 2 a 1 sobre o América-MG, no Allianz Parque, no jogo que marcou a entrega da taça de campeão Brasileiro ao clube. O treinador pontuou o diferencial do Palmeiras na conquista do título e descreveu a equipe como “europeia”.

“A categoria como fizemos esse Brasileirão. Uma equipe com uma mentalidade muito forte, que sabe jogar bem. Uma equipe europeia em todos os níveis: foco e concentração. Vencemos nosso sétimo jogo de virada no ano, em 2020 e 2021 tinham sido quatro. Isso me deixa com orgulho”, iniciou o treinador.

“Fomos regulares mesmo já tendo conquistado o título. Todos os jogadores contribuíram. Gostaria de dividir esse troféu com toda a estrutura de futebol do clube e também com a formação. De forma especial e carinhosa ao nosso médico Gustavo Magliocca”, acrescentou.

Com uma campanha irretocável, o Palmeiras alcançou 81 pontos em 37 jogos disputados até o momento, além de estar 22 jogos invicto (15 vitórias e 7 empates) e liderar as principais estatísticas da competição.

“Tivemos mais qualidade, equilíbrio, fomos mais time. Marcamos mais gols e tomamos menos. Foi imaculado. As outras duas competições, Copa (do Brasil) e Libertadores, não sei como nos sairíamos, mas ficou a sensação que algo não ocorreu como deveria. Feliz pelos nossos jogadores que continuaram acreditando. Não sei se somos os melhores, mas juntos somos fortes”, complementou Abel.

Confira outros trechos da coletiva de Abel Ferreira:

  • Dicas a Scarpa

“Acho que devemos seguir os nossos sonhos, independentemente do que dizem. Cheguei ao Palmeiras e era um jogador que estava mal, encostado e foi melhorando aos poucos. Lembro-me de perguntar a mim sobre um clube [o Olympiacos] e falei pra ele não ir. Disse que se aparecesse uma proposta de algum clube com qualidade, de outra dimensão, poderia ir. Continuou ouvindo a opinião de todos e tomou a melhor decisão, que é jogar na Inglaterra. Mas que se prepare porque vai ter que marcar mais, tocar menos na bola (risos). Mas quando se quer algo tem que ir atrás”.

  • E a Copa, Abel? “Que se lasquem”

Eles agora que se danem. Tite, Fernando Santos [treinador da seleção portuguesa], eles que se virem (risos). Eu vivo muito intensamente o futebol e preciso desligar. Que ganhe o melhor, mas que se lasquem e que se danem. Vou desfrutar com a minha família e voltar com as energias carregadas. Aqui é muito intenso, me convidaram para ser comentarista, mas quero estar quieto, de calção, bermuda e comer com a mão. Mostrar que sou normal”.

Weverton é convocado e será o 20º jogador do Palmeiras a disputar uma Copa do Mundo pelo Brasil

Weverton em jogo do Palmeiras contra o Cuiabá, durante partida válida pela trigésima sexta rodada do Brasileirão 2022, na Arena Pantanal.
Cesar Greco

Titular absoluto do Verdão, Weverton é nome constante nas listas do Brasil em todo o ciclo da Copa

No começo da tarde desta segunda-feira, o técnico Tite, da Seleção Brasileira, anunciou os 26 jogadores convocados para a Copa do Mundo, que será disputada no Catar entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro.

Nome constante em todo o ciclo, o goleiro palmeirense Weverton foi chamado e representará o Verdão no torneio. Aos 34 anos, ele será o 20º jogador do Palmeiras a disputar uma Copa do Mundo pelo Brasil em toda a História.

Os outros 19 atletas chamados foram: Luizinho Mesquita, Jair Rosa Pinto, Humberto Tozzi, Rodrigues Tatu, Mazzola, Djalma Santos, Vavá, Zequinha, Leão, Baldochi, Luís Pereira, Alfredo Mostarda, Leivinha, Ademir da Guia, César, Jorge Mendonça, Zinho, Mazinho e Marcos.

Ao todo, já contabilizando Weverton, os palmeirenses estiveram presentes em 13 Copas do Mundo: 1938 (França), 1950 (Brasil), 1954 (Suíça), 1958 (Suécia), 1962 (Chile), 1966 (Inglaterra), 1970 (México), 1974 (Alemanha), 1978 (Argentina), 1986 (México), 1994 (Estados Unidos), 2002 (Japão e Coreia do Sul) e Catar (2022).

O último jogador do clube a ser chamado para a competição pela Seleção Brasileira foi justamente um goleiro, Marcos. O Santo atuou em todas as partidas da campanha do pentacampeonato e foi um dos principais jogadores da conquista. O Palmeiras é o sexto clube brasileiro que mais cedeu atletas ao Brasil para a Copa do Mundo.

Entre amistosos e jogos oficiais, Weverton soma oito partidas pela Seleção Brasileira principal, com sete vitórias e uma derrota. Vale lembrar que o camisa 21 também jogou a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e foi campeão – à época, atuava no Athletico-PR.

O Palmeiras pode ter ainda mais um representante no Catar. Trata-se de Piquerez, que está presente na pré-lista do Uruguai e briga por uma vaga entre os 26.

Com Weverton, confira todos os palmeirenses que já foram à Copa do Mundo, por todas as seleções:

  • 1938 – Luizinho (Brasil);
  • 1950 – Jair Rosa Pinto (Brasil);
  • 1954 – Humberto Tozzi (Brasil) e Rodrigues (Brasil);
  • 1958 – Mazzola (Brasil);
  • 1962 – Djalma Santos (Brasil), Vavá (Brasil) e Zequinha (Brasil);
  • 1966 – Djalma Santos (Brasil);
  • 1970 – Leão (Brasil) e Baldochi (Brasil);
  • 1974 – Leão (Brasil), Luís Pereira (Brasil), Alfredo Mostarda (Brasil), Leivinha (Brasil), Ademir da Guia (Brasil) e César Maluco (Brasil);
  • 1978 – Leão (Brasil) e Jorge Mendonça (Brasil);
  • 1986 – Leão (Brasil) e Diogo (Uruguai);
  • 1994 – Zinho (Brasil), Mazinho (Brasil) e Rincón (Colômbia);
  • 1998 – Arce (Paraguai);
  • 2002 – Marcos (Brasil) e Arce (Paraguai);
  • 2006 – Gamarra (Paraguai);
  • 2014 – Valdivia (Chile) e Eguren (Uruguai);
  • 2018 – Borja (Colômbia);
  • 2022 – Weverton (Brasil).

O que o Palmeiras pode aprender com a Copa

FrançaA Copa do Mundo acabou e os olhares se voltam novamente ao futebol doméstico. Depois de cinco semanas de recesso, como acontece a cada quatro anos, os principais clubes voltam às disputas do Brasileirão, da Copa do Brasil e da Libertadores, dando um choque de realidade às torcidas. A diferença que se notará ao assistir aos primeiros jogos de clubes em relação ao que nossos olhos se acostumaram a ver nos últimos 30 dias chegará a doer.

Um Mundial sempre deixa lições. Uma das mais antigas de todas é que o futebol é uma grande alegoria da sociedade e do mundo. Talvez a maior lição desta Copa é que, tal e qual no mundo, não se pode dividir as coisas de forma tão tacanhamente binária. Futebol não é só jeito x força, não é só experiência x juventude, não é só obediência tática x criatividade.

A última binariedade do futebol que vem sendo discutida ao longo dos últimos dez anos é a importância da posse de bola. A Espanha, a partir de 2008, apoiada pelo desempenho fenomenal do Barcelona, consagrou o tiki-taka – a troca de passes envolvente, não raro precedida por uma introdução longa e paciente em busca do melhor cenário para o bote. A conquista de dois campeonatos europeus e da Copa de 2010 entre eles parecia não deixar dúvida sobre esse caminho.

Até que José Mourinho empurrou a tradicional retranca a níveis mais elevados. Seu desafio era parar a máquina de passes dos espanhóis, fazer com que a busca pelo espaço para a finalização passasse de incessante para infinita – e para isso resolveu estacionar um ônibus na pequena área: duas linhas, normalmente de quatro jogadores, absolutamente compactas e quase intransponíveis, composta não só por marcadores implacáveis, mas também por craques de bola que, ao recuperar a posse, armariam na velocidade da luz um bote vertical, mortal. Teve sucesso na Internazionale, conquistando tudo no mesmo ano em que o tiki-taka levantava sua Copa do Mundo.

Diego Simeone reproduziu a estratégia à sua maneira num Atlético bem menos estrelado, mas tão eficiente quanto, e reforçou o aparente sucesso da fórmula. Estava armado o embate, que, está claro agora, era vazio. A Copa de 2014 tentou mostrar, mas não deixou claro, o que a Copa de 2018 finalmente escancarou: assim como na vida, não existe uma fórmula clara para o sucesso no futebol atual, tão cheio de nuances e fatores aleatórios. Não existe um conceito perfeito calcado numa binariedade, mas sim uma combinação de técnicas, e basta que uma delas não seja perfeita para que o projeto caia por terra durante algo tão aleatório quanto um jogo de futebol eliminatório.

Conhecimento e técnicas

Griezmann e De BruyneEste Mundial pareceu enterrar a discussão em torno da posse de bola. A França, campeã, teve menos posse de bola em quatro de seus sete jogos. Já a Bélgica, tida por muitos observadores como o futebol mais bem jogado da competição, só teve menos posse de bola em dois jogos, mesmo contando com ataques rápidos e verticais comandados por De Bruyne e Hazard. Fica difícil estabelecer a dependência entre posse e resultado, ainda mais levando-se em conta que o comportamento das seleções entre ter a bola ou não ter mudou conforme as marchas dos placares.

A conclusão é que não basta ter a bola ou saber não tê-la, algo transformado em frase de efeito por Tite com seu “saber sofrer” que encantou a  tantos jornalistas. O mais importante de tudo é ser eficiente dentro da proposta que cada jogo oferece. Seja esperando o adversário, seja propondo o jogo, a eficiência nos passes e nas conclusões é quem manda. A tática nunca foi a protagonista absoluta; a qualidade técnica dos jogadores voltou a ser um grande diferencial, com um ingrediente que precisa ser cada vez mais valorizado: o controle emocional. Tudo isso se atinge com a aquisição de conhecimento e desenvolvimento de técnicas.

Aplicando os conceitos aos clubes

Centro de ExcelênciaSe eu fosse o presidente do Palmeiras, direcionaria o desempenho do elenco principal e sobretudo da base visando o desenvolvimento máximo de fundamentos. Errar menos passes para não ser surpreendido em contra-ataques e ser preciso e letal nas conclusões, já que as chances de gol se tornam cada vez mais raras, requer treinamento incansável, com técnicas cada vez mais modernas que os profissionais da área seguem aprimorando. A França está longe de ser a equipe que mais finalizou a gol. Mas quando o fez, teve um aproveitamento incrível.

O equilíbrio emocional, é cada vez mais evidente, é parte fundamental dessa base. O Brasil poderia ter passado pela Bélgica, pela Inglaterra e pela França, mas os atletas pareciam frágeis demais emocionalmente. Nervos descontrolados atrapalham o raciocínio e a execução dos movimentos. A pressão acontece por vários motivos, desde a formação inadequada, passando pela exposição desnecessária – causada muitas vezes pelos staffs dos próprios atletas, em busca de contratos suplementares de publicidade.

E para completar o tripé, a tática continua valendo, e muito. Saber ler o adversário, prever seus movimentos, ter um elenco completo à disposição, com jogadores de todas as características, possibilita a um treinador preparar a melhor estratégia para cada jogo – e para isso, precisa ter um elenco na mão: conhecer exatamente o que cada jogador pode oferecer e como pode utilizá-lo. E é necessário tempo suficiente para atingir essa compreensão e fazer os jogadores entenderem cada modelo de plano de jogo – tudo isso em paralelo a ensaios exaustivos para desenvolver um arsenal de jogadas de bola parada, na defesa e no ataque. Daí o mantra de não mandar um técnico embora na primeira sequência ruim de resultados.

Alemanha 2014Com esse leque de valores, baseado em conhecimento e desenvolvimento de técnicas, a Alemanha conquistou a Copa no Brasil quase sem sustos, no auge de um projeto absurdamente bem estruturado usando todos esses conceitos, enquanto o mundo discutia a posse de bola. A Alemanha falhou em 2018 na reposição das peças; os jogadores que colocaram o mundo no bolso em 2014 perderam o brilho – mas a essência do projeto permanece, com Joachin Löw mantido no comando, em busca de uma nova geração.

É essa essência que os clubes, que têm muito mais condições de montar trabalho consistentes que as seleções, precisam buscar. Com jogadores muito bons tecnicamente, equilibrados emocionalmente, sobre uma concepção tática que não se prende a apenas um modelo, mas que consegue se adaptar ao adversário, a chance de sucesso se multiplica.

No futebol brasileiro, que ainda vive no século 20, quem sair da binariedade e fizer isso primeiro terá vários anos de supremacia, até ser copiado. Não basta estrutura física, algo que já temos. É preciso um projeto de futebol completo, como o da Alemanha, que começou em 2006 e teve seu pico em 2014, que foi emulado pela França em 2018, contou com uma geração talentosíssima e é a grande campeã do mundo.


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