Enquanto a torcida reativa as calculadoras – afinal, as chances de título voltaram a ser uma realidade – a diretoria do Palmeiras já vai pensando no elenco do ano que vem. Mesmo sem definir quem será o treinador em 2018, o departamento de futebol certamente começa a montar o quebra-cabeças básico, para depois, já com o comandante definido, ir ao mercado e trazer os reforços.
Uma das vantagens que o Palmeiras conquistou nas últimas temporadas é a primazia de comandar as negociações. Se o Palmeiras manifestar interesse, sempre será a primeira opção da maioria dos jogadores. Não precisamos forçar a barra para fechar com nenhum atleta antes que outro time brasileiro o faça, e sim o contrário.
Em 2006, ninguém dava muita bola para ele
Uma das táticas de formação de elenco, à qual o futebol brasileiro está bem pouco afeito, consiste na maturação de jogadores. O atleta que demonstra potencial em clubes de menor expressão passa por um período na penumbra, adaptando-se ao ambiente de enorme pressão, além de completar o desenvolvimento físico e técnico. Conforme sua evolução, em um ano ou um ano e meio, começa a despontar.
O jovem Jorge Valdivia chegou do Colo-Colo em agosto de 2006 e brigava com Rosembrick para ser a primeira opção do banco para o meio-campo. No fim do ano, passou a ter chances como titular. Em 2007, sob o comando de Caio Junior, aprimorou seu futebol e dividiu com Caio Firula a função de fazer Edmundo brilhar. Finalmente, em 2008, tornou-se um dos maiores meias que o Palmeiras teve neste século, comandando o time que conquistou de forma espetacular o Paulistão daquele ano.
Para cada Valdivia, temos uma boa quantidade de projetos abortados. No elenco atual, Erik foi um atleta que chegou no início de 2016 cercado de expectativas, mas está em vias de completar seu segundo dos cinco anos de contrato sem empolgar – ao contrário, vê jogadores como Keno e Roger Guedes, que chegaram depois, ganhar espaço. Se permanecer no elenco em 2018, certamente será sua última chance de mostrar evolução.
Hyoran e Raphael Veiga
O elenco de 2017 tem dois coadjuvantes muito talentosos, com enorme potencial para despontar no próximo ano: Hyoran e Raphael Veiga. O primeiro escapou da tragédia que se abateu sobre a Chapecoense – à época já estava negociado com o Palmeiras. Com muito a evoluir na parte física, teve um ano de aprendizado e aproveitou a oportunidade de brilhar num clássico, na vitória por 4 a 2 sobre o SPFC. É relativamente veloz e tem a facilidade de jogar por dentro ou pelas beiradas.
Já Raphael Veiga parecia um pouco mais pronto, depois de comandar uma excelente reação do Coritiba no segundo turno do Brasileirão de 2016 – o time paranaense era sério candidato ao rebaixamento, mas reagiu nas rodadas finais depois que Veiga encaixou no meio-campo do time. Mais forte fisicamente que Hyoran, com um bom chute de média distância, teve mais chances com a lesão de Moisés, mas também mostrou que ainda precisava de maturação.
Disputa aberta
Aos 31 anos, Guerra chegou para dar um toque de experiência internacional num elenco obcecado pela Libertadores. O venezuelano, no entanto, não conseguiu se firmar de forma indiscutível nem quando Moisés estava lesionado; agora, com o camisa 10 a pleno, disputa uma vaga pelas beiradas com Dudu e Keno – missão inglória.
A tarefa de Guerra deve ficar ainda mais difícil se Hyoran e Raphael Veiga de fato subirem um degrau na carreira e conquistarem mais espaço no elenco. Há quem diga pelas alamedas que o camisa 18, diante dessas perspectivas, sequer deve continuar no clube.
Claro que outras definições ainda precisam acontecer; a janela europeia que voltará a se abrir em janeiro pode nos tirar jogadores importantes; Dudu vem sendo constantemente sondado e, após três anos de clube, pode encerrar seu ciclo por aqui.
Todas essas variáveis são fundamentais para que Alexandre Mattos defina seus alvos no mercado para fechar o elenco que iniciará a temporada de 2018. O que se sabe, no entanto, é que o clube tem dois meninos com enorme potencial, que passaram por um grande aprendizado este ano e que, como o Valdivia de 2006, ninguém está dando muita bola, mas podem ser grandes valores para as conquistas que estão por vir.
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