A missão de Luxa neste calendário atípico é ser rápido e certeiro

Campeonato Paulista 2020

O Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista em cima do SCCP no último sábado e fez a alegria de toda a torcida.

Não importa se jogou bem ou mal, não importa se mereceu ou não, o que importava era ganhar. E ganhamos. Deles.

Por isso, era necessário fechar uma espécie de pacto na torcida para apoiar incondicionalmente o grupo, mesmo com as claras demonstrações de baixo desempenho desde o primeiro jogo contra o rival no Itaquerão.

Com a conquista, no entanto, esse cenário agora muda um pouco. Agora é hora de cobrança por evolução. Para que isso seja feito de forma justa, é preciso tentar enxergar com clareza todo o cenário.

O cenário corriqueiro

Dudu

Luxa recebeu um elenco em dezembro, ganhou seus reforços, fez suas dispensas e promoveu alguns ótimos meninos para o time de cima. Perdeu a maior referência técnica do time, Dudu, e ganhou em troca Rony, que parecia jogar muito mais do que vem mostrando com nossa camisa.

Gabriel Veron, em quem (justamente) se deposita muita esperança, se recupera de lesão. Bruno Henrique, Willian, Lucas Lima, Raphael Veiga e Gustavo Scarpa estão jogando, juntos, menos que 10% do que o Hyoran sozinho no Atlético.

E nada indica que se o Hyoran ainda estivesse aqui estaria muito melhor que os que ficaram. Ao contrário: imaginamos que qualquer um dos mencionados acima, em outros times, estariam voando.

Tudo isso faz parte das variáveis comuns do futebol: transferências, perda de ritmo, oscilações; dificuldades que qualquer treinador precisa superar.

Novo contexto

Palmeiras 3x1 Guaraní-PAR
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

Existe, no entanto, um contexto com muitas nuances que não pode ser deixado de lado: a paralisação do futebol pela pandemia.

Um conceito de trabalho começou a ser desenvolvido em janeiro. Após 14 jogos, o time começava a mostrar sinais de que estava engrenando, sobretudo pelas duas vitórias na Libertadores, com atuações realmente convincentes. A memória curta da torcida, comumente com viés negativo, tende a sublimar as lembranças.

É verdade que entre essas partidas houve jogos muito fracos, como os empates com a Ferroviária e Inter de Limeira. Mas pareciam oscilações normais de início de trabalho.

De repente tudo parou e os jogadores ficam inacreditáveis quatro meses correndo por suas amplas salas e varandas para tentar manter o preparo físico. Reclamamos da forma que os jogadores voltam nas usuais férias de dezembro, que somam 30 dias. Imaginem quatro meses. Tudo o que foi feito taticamente entre janeiro e março foi perdido.

E isso está sendo visto em todo o futebol brasileiro. Não tem nenhum time jogando o fino. O favoritão está na lanterna. Tudo ainda é uma grande bagunça e a parte final dos estaduais foi apenas uma espécie de nova pré-temporada para todos.

O calendário é o mais cruel da história do esporte e não há tempo para que os treinadores façam treinos mais elaborados. São dois jogos por semana direto, sem aquela folguinha que deixa uma janela aberta para focar em soluções táticas. Todas as experiências são feitas durante os jogos.

Isto posto, é preciso deixar claro que, após sete partidas, o Palmeiras está muito longe de apresentar um bom futebol, e que há razões para isso.

Então, está tudo bem?

Podemos até tentar entender os motivos para que o desempenho esteja tão ruim. Mas isso não nos livra da apreensão de ver o time jogar um futebol tão desnorteado, vivendo de lampejos de talento individual.

O ritmo de desenvolver um conjunto de planos táticos para esta temporada é diferente da que os técnicos estavam habituados no calendário estável, o que faz deste Brasileirão uma grande loteria. As diferenças de elencos são niveladas por baixo.

A maioria dos times está com a defesa acertada, porque armar a defesa é sempre a primeira coisa a ser feita e é mais fácil. Precisamos então de jogadas coordenadas para quebrar linhas defensivas. E rápido. Tudo isso, lidando com as inevitáveis perdas por lesões.

Quem sair antes do caos, vai colher os frutos lá na frente. Quem der a sorte – ou tiver a perspicácia – de encaixar rápido um plano de jogo vencedor, vai somar pontos nas rodadas iniciais e esse acúmulo pode ser decisivo.

Então, não está tudo bem. Precisamos dessa resposta rápida de nossa comissão técnica.

Luxemburgo já se mostrou ao longo de sua trajetória ser um treinador extremamente inteligente. Mas terá ele a capacidade de vencer também neste atípico cenário de urgência?

Porque é neste contexto que ele deverá, justamente, ser cobrado.


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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Após duas partidas, Palmeiras já é bastante cobrado. É justo?

Palmeiras 2x1 Água Santa
César Greco/Ag.Palmeiras

O futebol voltou no estado de São Paulo depois de mais de quatro meses de paralisação devido à pandemia da Covid-19. Após duas rodadas disputadas – as duas que restavam para ser concluída a fase de classificação – foram definidas as oito equipes que disputarão o título do campeonato paulista.

Mesmo perdendo o Derby na reabertura dos trabalhos, o Palmeiras conseguiu ultrapassar o Santo André e se classificou em primeiro lugar no grupo, o que garantiu ao Verdão o mando da partida nas quartas-de-finais. Mas o futebol apresentado deixou a desejar nas duas partidas, causando apreensão em boa parte da torcida.

Diante do SCCP o Palmeiras teve 61% de posse de bola no segundo tempo, após as instruções de Luxemburgo no intervalo, mas não conseguiu reverter a vantagem no placar do adversário. O grande nome do jogo foi o goleiro rival. Já ontem, contra o Água Santa, a posse de bola chegou a absurdos 83% no primeiro tempo, mas o time tampouco conseguiu chegar às redes de Giovanni. A virada só veio quando o time entrou em modo desespero, após sofrer um gol inacreditável.

A dificuldade que o time mostra para converter a posse de bola em gols assusta. Nas redes sociais já é possível notar termos como “mais um ano perdido” e quetais. Será que é para tanto?

Aprender a ganhar e também a perder

SCCP 1x0 Palmeiras
Cesar Greco/Ag.Palmeiras

O pânico que se instala tem muito a ver com o resultado no Derby. O estrago causado por uma derrota no confronto contra nosso principal adversário é conhecido há décadas e nossa torcida não consegue se livrar desse efeito colateral.

Ninguém gosta de perder Derby e não se trata de pregar a indiferença ao resultado. Mas não podemos deixar que isso tenha um efeito tão prolongado.

Precisamos aprender a ganhar Derbies no campo tanto quanto precisamos aprender a perdê-los fora deles. A História mostra que as duas coisas acontecem em proporções idênticas.

A perspectiva fatalista que é traçada hoje devido aos resultados das duas primeiras partidas após quatro meses é absolutamente desproporcional. Foram apenas dois jogos e exige-se que o time esteja voando. É irreal.

Basta olhar ao redor

É claro que notamos ajustes a serem feitos nestes dois jogos. A saída de bola ainda precisa ser aprimorada. As jogadas pelos flancos podem ser mais frequentes, sobretudo usando os laterais, para furar retrancas.

As trocas de passes precisam ser mais ágeis. Nosso time ainda não consegue equilibrar disciplina tática e jogo pensado com rapidez e agressividade. A demora em se decidir o que fazer com a bola permite ao adversário se posicionar melhor e a barreira fica mais difícil de ser rompida.

César Greco/Ag.Palmeiras

Isso tende a vir com o tempo. Uma boa ocupação de espaços de forma coordenada é resultado de tempo. E ainda não houve tempo para que esse estágio fosse atingido, nem para nós, nem para ninguém.

Basta dar uma olhada a nosso redor. Nenhum dos grandes paulistas está jogando melhor que o Palmeiras; todos ainda estão brigando com a falta de ritmo e com a busca pelo melhor preparo físico, ainda com o entrosamento ainda em estágio inicial.

O único time que parece um pouco mais avançado é o Red Bull Bragantino – não por coincidência, o time da empresa de energéticos deu um jeitinho de furar a quarentena e recomeçou os treinos antes dos outros times.

E se ampliarmos um pouco o alcance do radar, constatamos que nos outros grandes centros tampouco há alguém jogando realmente bem nessa volta pós pandemia.

Todos estão com problemas e é natural que a diferença entre os times que se destacarão no Brasileirão e os que serão figurantes, neste momento, ainda não esteja pronunciada.

O Palmeiras precisa que a torcida, mesmo ausente dos estádios, seja um ponto de apoio do time. Cobramos que nossos jogadores sejam melhores que os dos adversários, mas não nos esforçamos para sermos melhores que as outras torcidas.

Entender o contexto da temporada, fazer as cobranças de forma equilibrada e ter maturidade para absorver rápido o impacto de uma derrota num Derby são alguns dos pilares desse esforço.

VAMOS PALMEIRAS!


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