Palmeiras caminha para interromper o ciclo virtuoso e voltar ao vicioso; correções na rota são urgentes

O Palmeiras vive um momento difícil na temporada. Os resultados recentes, bem como o desempenho do time em campo, são preocupantes; o plantel vai sofrendo baixas sem reposição e a base é cada vez mais vista como única solução.

A torcida vê os concorrentes reforçando seus elencos nesta janela de transferências que se encerra no dia 2 de agosto e a apreensão geral só cresce.

Por isso, fizemos um apanhado dos temas mais abordados por nossa torcida nas redes sociais para tentar provocar uma reflexão mais organizada de tantas ideias que se amontoam em nossos pensamentos palmeirenses.

Iniciamos com um formato de FAQs, para depois esboçar um plano de ações, que pode e deve ser complementado pelos leitores. Afinal, nosso papel é o de provocar reflexões e discussões que eventualmente cheguem à nossa diretoria, para avaliar as ideias como melhor entender.

Anderson Barros fala após eliminação, prega equilíbrio e comenta sobre reforços: “precisamos de novas peças”.

Por que a diretoria alardeia que “não vai fazer loucuras” nesta janela de transferências?
Porque o mercado sabe que o Palmeiras é um dos times com as finanças mais organizadas e, por isso, sempre pede mais. Nossa diretoria, sempre zelosa do ponto de vista financista, tenta, assim, evitar que abusos sejam cometidos contra nossos cofres.

E por que a diretoria mesmo assim faz algumas loucuras, como gastar mais de R$ 50 milhões no Flaco López?
Porque considerou, depois de uma análise criteriosa, que o retorno esportivo seria muito provável, e que consequentemente teria também o retorno financeiro.

E por que o Flamengo faz loucuras o tempo todo e não quebra?
Porque tem margem para isso; de cara, recebe de mão beijada mais de R$ 200 milhões a mais por ano da Globo. Mas também tem sido muito mais competente que o Palmeiras em buscar outras receitas – por exemplo, no patrocínio da camisa.

Mas por que o Flamengo tem todas essas outras receitas e o Palmeiras não?
Não é só o Flamengo. Até o Botafogo, que recentemente profissionalizou sua gestão, está lançando produtos e mais produtos aproveitando a boa fase do time e enchendo os cofres. Mas o diretor de marketing do Palmeiras não é do ramo – é um ex-funcionário de banco aposentado, leal à presidente, e que não ousa sequer mexer no contrato de patrocínio da camisa.

A diretoria do Palmeiras erra em não arrebentar com os cofres do clube?
Esta premissa é equivocada. Não ser irresponsável é obrigação. Da mesma forma que é obrigação de uma diretoria de um clube tão grande estabelecer uma política de gestão de elenco com mais margem para manobras e impor uma postura dominante, de maneira responsável.

Conclusão: afinal, onde está o erro da diretoria do Palmeiras?

Resumidamente, na visão estritamente financista, que não dá o devido peso ao componente esportivo do negócio e ao efeito que a paixão desperta no público.

O Palmeiras flerta neste momento com uma espiral negativa que pode o levar de volta aos tempos de mediocridade. Com exceção dos competentíssimos profissionais locados na Academia de Futebol, que sustentam o dia-a-dia da equipe, o Palmeiras é dirigido hoje por pessoas que apenas atendem a interesses políticos, com notória incapacidade em desempenhar suas funções em alto nível. Lembra demais o ambiente do clube nos anos 2000.

A competência do elenco e da comissão técnica, uma máquina de conquistar títulos, criou uma zona de conforto sobre a qual a diretoria se deitou. Mas a roda girou; peças importantes saíram e não foram repostas. A base, barata, virou a solução para tudo. O equilíbrio estabelecido no elenco se esvaiu e tudo dependeu de que os meninos fossem realmente fenômenos extraordinários.

Podem vir a ser, alguns deles provavelmente serão. Mas não se pode colocar tantas expectativas em cima do desempenho entre profissionais de jovens que sequer atingiram idade para dirigir os espetaculares carros que já têm em suas garagens. Nosso elenco hoje é curto e desequilibrado em vários aspectos. A maioria das peças de reposição baratas que o clube busca no mercado, como regra, fracassam. Artur, citado frequentemente como um bom acerto, é uma exceção. A premissa de uma boa gestão foi invertida.

Em seus discursos, a presidente do Palmeiras disse algumas vezes que não acreditava no “bom e barato”, em alusão ao período como ficou conhecida a gestão desastrosa de Mustafá Contursi após a saída da Parmalat. A frase de efeito, entretanto, foi apenas instrumento de retórica, já que sua autora vem repetindo exatamente o que o histórico cartola fez por tanto tempo nos bastidores do clube.

À sua maneira, Leila Pereira reproduz a trajetória mustafista ao manter o Conselho inerte, satisfazendo-os e calando-os com mimos triviais, sonhando e fracassando na tarefa de manter forte o elenco herdado simplesmente gastando pouco e com uma “postura assertiva” que, em sua visão, traduz-se em “acertar” nas parcas contratações.

A manutenção da força de um elenco depende de um profissional agressivo, com extensa rede de contatos e grande capacidade de negociação, e que tenha à disposição um orçamento compatível, sustentado por receitas que não fiquem restritas ao manjado tripé patrocínio da camisa + renda da TV + venda de jogadores.

Abel alogia a torcida do Palmeiras durante partida contra o Chelsea, válida pela final do Mundial de Clubes da FIFA 2021, no Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi-EAU.

Nossa torcida é vista hoje pela diretoria apenas como os 70-80 mil que se revezam no Allianz Parque, é fonte de receitas apenas quando paga pelos ingressos e consome em dias de jogos. Os mais de 99% de palmeirenses espalhados pelo mundo têm seu potencial de consumo absolutamente desprezados. O Avanti é um mero plano de venda de ingressos.

Só com um melhor processo de prospecção de jogadores, com uma postura realmente assertiva no mercado, mostrando posicionamento, objetividade, clareza, transparência, decisão e firmeza, sustentada por um poder financeiro que se baseia na constante renovação das fontes de receitas – o que inclui defender os interesses do clube nas relações vigentes e em buscar novas fontes – o Palmeiras poderá se manter forte.

Se a rota perdida não for rapidamente corrigida, os excepcionais profissionais que hoje defendem nossas cores na Academia de Futebol naturalmente se transferirão para clubes compatíveis com seus potenciais.

E sem os sustentáculos de nosso sucesso recente, voltaremos para o status dos anos 2000; quem hoje apenas surfa em nosso sucesso sem ligação emocional com o uniforme verde e branco saltará do barco e só restará a torcida, novamente, para carregar a paixão nas costas, em mais um processo de reconstrução.

É um filme repetido, que por aqui sempre teve final feliz, mas que não convém passar muitas vezes, porque quando der errado de verdade, pode ser um caminho sem volta. Não podemos sair do ciclo virtuoso, atingido após uma construção tão difícil, para voltarmos ao vicioso.


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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Palmeiras oficializa parceria com a Cimed até o final de 2024

Palmeiras oficializa parceria com a Cimed até o final de 2024.
Fabio Menotti

Anúncio ocorreu nesta terça-feira, na Sala de Troféus do Palmeiras; empresa estampará sua marca no time feminino, no futsal e em outras propriedades do marketing

Palmeiras e Cimed, indústria do ramo farmacêutico, firmaram parceria até o final de 2024. O anúncio foi realizado na manhã desta terça-feira, na Sala de Troféus do Verdão, localizada no Allianz Parque.

Leila Pereira, presidente do Verdão, e João Adibe, CEO da Cimed, apresentaram a parceria e concederam entrevista coletiva. A Cimed irá estampar sua marca nas mangas da camisa do futebol feminino do Palmeiras, no peito dos times de base do futsal e em outras propriedades de marketing do clube.

A faixa de capitão dos atletas, tanto do time masculino quanto do feminino, será personalizada com o C da nova parceira e passarão a ser amarelas, em referência à identidade visual da empresa. A camisa da equipe masculina segue com exclusividade da Crefisa e da FAM (Faculdade das Américas).

“Inicia-se hoje uma nova parceria que irá fortalecer ainda mais a nossa marca. Sem investimento não fazemos nossa instituição mais forte”, destacou inicialmente, Leila Pereira, que prosseguiu falando da profissionalização do futebol feminino do Verdão.

“Não tínhamos parceiros. Para ter um time competitivo, precisa-se de investimento, dinheiro, e sem dúvida os valores serão destinados ao feminino. Não se faz futebol sem dinheiro. Não acredito no bom e barato. Temos um diretor de futebol que é de minha confiança, tem feito um trabalho sério”.

A Cimed estará presente também em todo o departamento médico do clube e nos dias de jogos, com a marca no carrinho de maca, na maca, na mala dos médicos e em squeezes. “Quando a gente fala de saúde, será um ambiente de Palmeiras e Cimed. Estamos entrando em um projeto que é um desafio muito grande”, iniciou Adibe.

“É importante deixar claro que não só do patrocínio da camisa o clube vive. Há várias propriedades a serem exploradas. Faremos um trabalho de branding, com itens exclusivos para os jogadores como mala, bolsa e necessaire customizadas. Futuros novos produtos serão desenvolvidos com o corpo médico do Palmeiras, como um eletrolítico de alto rendimento”, acrescentou.

Ainda de acordo com Adibe, outro ponto importante para o fechamento da parceria foi o processo de internacionalização da marca do Palmeiras, no qual a empresa farmacêutica pretende “explorar juntamente com o clube”. O valor do contrato não foi divulgado.

Confira na íntegra a coletiva de apresentação da parceria entre Palmeiras e Cimed:

Everaldo Coelho, diretor de marketing do Palmeiras, faz promessas e deseja 100 mil sócios Avanti até o final do ano

“Atacando em várias frentes”, Everaldo Coelho, diretor de marketing do Palmeiras, faz promessas e deseja 100 mil sócios Avanti até o final do ano.
Reprodução

No comando do marketing do Palmeiras desde o início do ano, Everaldo Coelho concedeu entrevista ao canal de YouTube do jornalista Paulo Massini, na noite de segunda-feira

Na noite de segunda-feira, Everaldo Coelho, novo diretor de marketing do Palmeiras, concedeu entrevista aos jornalistas Paulo Massini, Diego Iwata e Willian Correia e garantiu a todo instante que o Palmeiras “está atacando em diversas frentes [no marketing]” para gerar mais receitas ao clube, mas não se aprofundou em nenhum tema e preferiu também não estipular prazos.

O diretor comentou sobre a entrada do Palmeiras no marketing digital (e-sports, metaverso, NFTs), o patrocínio no futebol feminino e nos esportes amadores, o alcance do Avanti, defendeu o valor pago pela Crefisa para patrocinar o clube, entre outros assuntos.

“Eu, com 45 anos [de experiência] trabalhando no setor financeiro, aprendi que a gente só coloca prazo quando está fechado. E a presidente é a primeira a cobrar os prazos que a gente se prontificou a colocar. Algumas coisas estão caminhando, mas tenho a visão que temos que fechar com parceiros de relevância. Estamos em um momento de transformação. Assumi no começo desse ano e nesses dois primeiros meses tivemos o atropelo natural do Mundial, tivemos a reestruturação do departamento, que foi necessário. Se falar que o carro está trocando o pneu andando, pode até ser”, disse.

“Temos um patrocínio forte, temos grandes parceiros. A gente tem que evoluir aquilo que a gente imagina que pode melhorar. Minha prioridade hoje é que o torcedor Avanti seja melhor atendido. Estamos discutindo patrocínios para os outros esportes, há valores e preços, é preciso negociar cada um deles. As propriedades são infinitas e temos que achar outras formas de comercializar. Naquilo que a gente tem, está tudo caminhando dentro do que nós esperamos. Tudo requer calma”.

Confira os principais temas respondidos por Everaldo Coelho

  • Restruturação no departamento de marketing

“Sob minha gestão, além do marketing, temos a comunicação e a TV Palmeiras. Somadas essas três áreas temos 44 profissionais […] Houve uma restruturação em cargos gerenciais porque havia um em cada produto oferecido pelo clube (licenciamento, lojas físicas e online, escola de futebol, entre outros), e isso não me parece ser muito adequado. Por isso fizemos a restruturação. A gente entende que, em uma visão mais piramidal, com gestão e equipe para gerir cada processo que queremos trabalhar, é muito mais rápido e conseguimos resultados maiores”.

  • Maketing digital

“Estamos trabalhando fortemente em uma plataforma única de relacionamento com o torcedor. Para que tudo que o torcedor quiser, ele acesse lá. E aí vai para FanTokens, NFTs, Metaverso, realidade aumentada, carteira digital. Na inteligência artificial, você precisa estar dois passos na frente. Estamos focados nessas frentes. O Palmeiras irá ‘surfar nessas ondas’”.

  • E-sports

“Estamos trabalhando em uma frente diferente em relação aos outros clubes que entraram no E-sports. Eles entraram com parcerias e a maioria não deu certo. Estamos vendo de transformar em uma atividade esportiva dentro do Palmeiras, queremos criar uma equipe, temos dois parceiros fortes, que ainda não podemos revelar. Essa modalidade [o E-sports] vem crescendo muito no mundo inteiro, os influencers deste segmento têm grande envolvimento com os jovens. A gente está investindo forte”.

  • Sócio Avanti e Match Day (ações no Allianz Parque em dias de jogo)

“Queremos chegar aos 100 mil sócios Avanti até o final do ano. Estamos trabalhando fortemente nisso. Até julho quero entregar o Match Day completo, no nível que vemos fora do Brasil. Há algumas coisas que ainda não podemos revelar, mas terá atrações em que a pessoa entra e participa, principalmente o Avanti. Ele será cada vez mais valorizado, vamos entregar novas experiências. Não será apenas um simples espectador”.

“Para o torcedor Avanti que está fora de São Paulo, a primeira coisa que fizemos foi a carreta interativa, que tem os troféus da Libertadores, os mascotes e ativação do Avanti. Nós vamos cada vez mais construir eventos. Temos muitos consulados. Estamos construindo muitas coisas para que essa relação seja cada vez melhor, como por exemplo levar a equipe para fazer uma pré-temporada em outro estado”.

  • Patrocínio para o futebol feminino e outros esportes

“[Sobre o futebol feminino] estamos terminando uma discussão com 3, 4 parceiros. Por questão de confidencialidade não podemos abrir ainda. Assim como no basquete, futsal. Estamos fechando um pacote com eles. Há muitos interessados em várias formas de patrocinar o Palmeiras”.

  • Patrocínio de empresas no ramo de apostas esportivas

“O Palmeiras tinha uma parceria com uma casa de apostas até o final do ano passado. Encerramos aquele contrato e hoje estamos discutindo valor com 4, 5 empresas. Temos que nos preocupar com quem está se relacionando com a marca Palmeiras. Sou guardião da marca. Temos várias propriedades que podemos usar [para colocar a casa de aposta]”.

  • Sobre o patrocínio da Crefisa

“Não dá para falar que esse patrocínio está defasado. São mais R$100 milhões (R$80 pelas propriedades da camisa mais premiações). Se vier uma nova empresa, disposta a investir e que dará mais dinheiro ao Palmeiras, estendemos o tapete verde. A Leila já havia falado sobre isso em sua coletiva de apresentação”.

  • Sobre a proposta de campanha de Leila Pereira para diminuir o preço da camisa oficial

“Tivemos reuniões com a Puma e estamos buscando uma saída para isso. O preço da camisa é realmente alto para os brasileiros. Estamos discutindo alternativas criativas com a Puma, para vermos como a gente consegue minimizar esses efeitos. Não é simples [é preciso pagar royalties à Puma]. Os dois lados precisam abrir a mão de algo. Se eu tirar os royalties, eu perco receita, mas consigo de certa forma compensar de outra forma? Estamos vendo. Nunca vamos chegar ao preço que custa hoje uma camisa pirata, mas estamos trabalhando para chegar a uma solução mais viável”.

Artigo: Aprimorando as Discussões sobre Patrocínio de Futebol

por Douglas Monaco*

Palmeiras e Crefisa anunciam contrato de patrocínioNas últimas semanas, a relação entre Palmeiras e CrefisaFAM tem gerado dois pólos de discussão na imprensa em geral: a questão do Fair Play Financeiro – que foi tema deste post do Verdazzo – e a recente “reformatação” da parceria, algo que, segundo o que se tem lido e ouvido, foi impulsionado por uma intervenção da Receita Federal do Brasil.

O fato é que, desde seu início em janeiro de 2015, a parceria é assunto frequente em programas esportivos e análises pela internet. Trata-se de comentários que, pretensamente, estão discutindo o tema “patrocínio do futebol”.

O problema é que tais discussões têm gerado muito blablablá e quase nada de conclusivo. No dizer de um saudoso e ilustríssimo PALESTRINO: “muito calor e pouca luz”, expressão comum nas, sempre aclaradoras, análises de Joelmir Beting ao longo de sua carreira.

Aproveitando o gancho das últimas semanas, o artigo anexo relata resultados de um estudo sobre patrocínio de futebol publicado em 2016 numa revista científica especializada em gestão esportiva. Os resultados são contraintuitivos e baseiam-se numa amostra de sete das maiores ligas europeias por um período de seis anos.

Muito mais do que enfatizar os resultados do estudo, o artigo visa propor mais rigor, mais formalismo e mais objetividade nas discussões sobre patrocínio de futebol. A esperança é que, aprimorando-se as análises, as conclusões sejam mais confiáveis e mais úteis.

Clique aqui para fazer o download do artigo completo.

*Douglas Monaco é leitor e padrinho do Verdazzo.

Este artigo foi publicado simultaneamente em inglês no único site possível com esse fim: Anything Palmeiras.