Weverton: a contratação que ninguém entende pode ter uma explicação

Weverton
Lucas Figueiredo/Mowa Press

O goleiro Weverton ainda não foi anunciado oficialmente, mas sua contratação é dada como certa – entre o atleta e o Palmeiras, está tudo acordado. Com contrato até maio de 2018 com o Atlético-PR, o goleiro só não se apresentará ao Verdão antes desse prazo se os dois clubes não chegarem a um acordo de compensação para esse período.

O Palmeiras conta para a posição com quatro goleiros neste momento: Fernando Prass, que renovou seu contrato por mais um ano; Jailson, que mesmo aos 36 anos segue exibindo regularidade sempre que é solicitado; Vinícius Silvestre, que fará 24 anos em março e mantém a rotina de terceiro goleiro há três temporadas; e Daniel Fuzato, que vem brilhando no sub-20 há alguns anos e acabou de estourar a idade.

Diante da contratação de Weverton, parece claro que um deles vai ser emprestado ou vendido – e todas os olhares consternados recaem sobre Vinicius. A torcida segue reticente sobre a necessidade de contratar um goleiro de 30 anos, tendo Jailson e Fernando Prass no elenco, e dois jovens promissores ralando dia após dia.

Jailson segue merecendo a confiança de nove entre dez palmeirenses – além de ser carismático e querido. Prass, perto dos 40 anos, já enfrenta alguma desconfiança, mas é ídolo e a renovação do contrato o fortaleceu. A pergunta que atormenta boa parte da torcida é: pra que Weverton?

A dúvida se cria diante do status do jogador, que apesar de ter conquistado a medalha de ouro olímpica, jamais se estabeleceu entre os goleiros de ponta do futebol brasileiro. Não é um atleta que chega indiscutivelmente para jogar. No imaginário da maioria absoluta dos torcedores, as peças não se encaixam e dão margem a especulações nada edificantes envolvendo empresários e diretores – como é corriqueiro na parcela paranoica de nossa torcida.

Tentando achar um sentido na contratação

O goleiro Fernando Prass, da SE Palmeiras, em jogo contra a equipe do C Jorge Wilstermann, durante partida válida pela primeira fase, da Copa Libertadores, na Arena Allianz Parque.
César Greco / Ag.Palmeiras

Parece claro que Fernando Prass disputará sua última temporada como jogador do Palmeiras – e possivelmente de sua carreira. Apesar dos reflexos e da condição atlética ainda estarem aparentemente em dia, a condição clínica do cotovelo operado visivelmente o incomoda – e talvez, TALVEZ, explique as estranhas quedas para trás que o fizeram, nesta temporada, tomar gols que não tomava antes.

Se Fernando Prass dá sinais de sentir a intensidade da temporada, mas ao mesmo tempo segue sendo um goleiro extra-classe e que tem muito ainda a acrescentar ao grupo em termos de liderança, uma saída seria adotar a estratégia de revezamento que alguns grandes da Europa adotaram nas últimas temporadas – notadamente o Barcelona, que alternou seus goleiros usando como critério a competição a ser disputada.

Weverton chegaria para dividir com Fernando Prass a titularidade – e o critério não necessariamente precisa ser o de competições, mas o de intervalo entre os jogos. Jailson poderia ser o reserva imediato dos dois, ficando sempre no banco. Ou talvez Jailson dispute a posição com Weverton. Ou mesmo com os dois.

JailsonAs observações de Oscar Rodriguez, nosso preparador de goleiros, serão fundamentais para definir a estratégia. O que importa é que, diante de tantas opções, é possível encontrar uma boa fórmula para aproveitar todos eles sem causar descontentamentos profundos em nenhum.

Alguém pode argumentar que a estratégia do revezamento poderia muito bem ser executada com Jailson e Prass, e que mesmo assim a contratação de Weverton não se justificaria. Como contraponto, pode-se imaginar que o clube já está pensando nas próximas temporadas, usando 2018 como transição – uma espécie de adaptação de Weverton ao clube, às rotinas e à pressão de jogar no Palmeiras, jogando – não ficando no banco, com aconteceu com Vagner em 2016 e que causou-lhe uma pressão monstruosa quando foi exigido.

Este exercício busca apenas tentar entender as razões, aparentemente inexistentes, para se buscar um goleiro com o perfil de Weverton diante do nosso atual cenário na posição. Existe uma máxima que diz que goleiro é a posição em que mais é necessário manter o ritmo de jogo, e que quanto mais se joga, melhor – e ela faz muito sentido. De qualquer forma, a única coisa que nos resta neste momento é aguardar o desfecho da contratação para então conhecer as decisões da comissão técnica – e, como sempre, apoiar e torcer muito para dar certo.


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O que está acontecendo com Fernando Prass?

A derrota de ontem para o Cruzeiro, a despeito de estar prevista no planejamento de pontos – mesmo na versão ajustada após o primeiro quartil – deixou parte de nossa torcida à beira de um ataque de nervos. E o eleito para carregar a cruz acabou sendo Fernando Prass.

O fato ganhou espaço na grande mídia, como esta matéria, no portal da RGT. E embora os tweets selecionados nas ilustrações sejam respeitosos com nosso camisa 1, o que se viu nas redes sociais extrapolou os limites da irracionalidade típica dos momentos que sucedem uma derrota.

Reticências

Gol Barcelona
Reprodução

Um dos pré-requisitos para um goleiro é passar confiança, não apenas para a defesa, mas também para a torcida. Nos últimos dois jogos Prass sofreu gols em que a bola desviou no meio do caminho, mas mesmo assim ficou aquela desconfiança de que ele poderia, usando os reflexos, ter evitado os gols. São lances rápidos em que a impressão de quem vê nem sempre condiz com a possibilidade real de quem está lá, guardando a meta. Mas quando lances parecidos ocorrem em jogos seguidos, é inevitável que surjam reticências.

Some-se a esses lances uma falha de fundamento que incomoda, a tendência crônica de socar as bolas altas para o chão em vez de tirá-la da área e aliviar de vez o perigo, e principalmente o desconhecimento da maioria absoluta da torcida de como é estar numa pequena área defendendo um gigantesco espaço de 7,32m por 2,44m: o gol do Thiago Neves foi mérito absoluto do meia; Prass fez exatamente o que deveria ter feito e o toque por cima foi de uma precisão que às vezes parece que só acontece contra o Palmeiras. Diante das falhas possíveis e da que efetivamente não aconteceu, caiu o pano vermelho na frente dos olhos dos experts de Twitter e houve até quem visse falha no terceiro gol, onde ele também foi corretíssimo.

Mas se fossem apenas nestes dois jogos, talvez a ira não tivesse sido despertada. Ocorre que Prass vem oscilando desde o Paulistão, quando levou alguns gols defensáveis, permitindo que pulguinhas se instalassem atrás de muitas orelhas verdes.

O camisa 1 garantiu a vitória contra o CAG numa defesa dificílima perto do fim do jogo, foi espetacular na Fonte Nova e na Vila Belmiro, e mesmo na tranquila vitória contra o Fluminense fez intervenções magníficas. Isso depois de ter falhado contra o Coritiba e no clássico contra o SPFC.  São essas oscilações que fazem com que parte da torcida passe a se preocupar com o desempenho de um de nossos maiores ídolos recentes.

Sinais?

Fernando Prass e Cuca
Fabio Menotti / Ag.Palmeiras

Aos 39 anos, completados ontem, Prass dá sinais de que pode estar perdendo o reflexo e a explosão – o que não significa que isso está de fato acontecendo. Temos uma excelente comissão técnica que trabalha incessantemente. Oscar Rodriguez treina Fernando Prass desde 2014 e é um dos responsáveis por tudo o que ele nos proporcionou desde então; certamente está bastante atento a esses lances e sabe avaliar com muito mais precisão que qualquer um de nós o que está acontecendo e se algo mais drástico precisa ser feito.

A gratidão a Fernando Prass pelos pênaltis defendidos nos clássicos, pela defesa no chute do Fred aos 46 do segundo tempo, entre tantas outras defesas miraculosas não o torna imune a críticas. Mas deveria torná-lo imune a desrespeito. É revoltante ler algumas manifestações de torcedores, que são tão mimados e compromissados apenas com as vitórias e não com nossa camisa, que chegam a parecer torcedores do SPFC.

Hora de ser inteligente e leal

Prass: Acabou, Petros!Tudo o que nosso goleiro não precisa às vésperas de um Derby importantíssimo é de desconfiança, por mais que seja experiente, capaz de superar as críticas e fazer bem seu trabalho. Manifestações pedindo Jailson em redes sociais não influenciam em nada as tomadas de decisão da comissão técnica, mas dão combustível para a imprensa e tumultuam o ambiente.

Fernando Prass, assim como todo o nosso elenco, precisa de apoio principalmente nas derrotas. Manifestações de carinho e confiança, além de serem mais inteligentes e adequadas ao momento, coadunam com nosso Hino, mantendo a lealdade como padrão.