Palmeiras divulga balancete de 2021 com superávit e receita recorde

Palmeiras divulga balancete financeiro de 2021 com receita recorde e superávit.
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Em 2021, receita do Palmeiras ficou próxima de 1 bilhão de reais

Na noite de quinta-feira, o Palmeiras divulgou o balancete demonstrativo do ano de 2021. O clube teve no período uma receita recorde de R$ 947,5 milhões e uma despesa de R$ 824,1 milhões, o que aponta um superávit de R$ 123,4 milhões – a fim de comparação, em 2020 as contas do clube tiveram um déficit de R$ 151 milhões.

O valor de quase um bilhão em receitas foi possível diante das várias premiações que o clube alcançou pelo desempenho do time de futebol, que conquistou três títulos e três vice-campeonatos. Ainda que, no âmbito esportivo, as conquistas da Libertadores sobre o Santos e da Copa do Brasil sobre o Grêmio valessem para 2020, na questão financeira os valores recebidos entram nas contas de 2021. Além disso, a conquista da Libertadores de 2021 também entrou nessa soma.

De acordo com o demonstrativo, o total de receitas geradas somente pelo futebol foi de R$ 900,2 milhões. Outro número que também chama atenção é o prejuízo causado pelo Allianz Parque, que configurou em decorrência da pandemia um déficit de R$ 14,8 milhões (R$ 4,3 milhões de receita e R$ 19,2 de despesa).

O Palmeiras tem até o dia 30 de abril para divulgar o balanço completo de 2021.

Confira abaixo o balancete divulgado pelo Palmeiras:

Palmeiras divulga balancete financeiro de 2021 com receita recorde e superávit.
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Zerado no balanço e na sala de troféus, Palmeiras marcou passo em 2019

Palmeiras

O Palmeiras enviou esta semana aos conselheiros o balanço financeiro de 2019. Segundo o documento, o clube fechou o ano com um superávit de R$ 1,7 milhão. Diante de um total de R$ 640,4 milhões em despesas, podemos dizer que o resultado (+0,27%) foi praticamente zero, o que não é necessariamente uma má notícia. Clube de futebol não visa primordialmente o lucro. A contabilidade que conta mesmo é a de troféus, e nessa o Palmeiras ficou igualmente zerado. Então temos, sim, um problema.

A gestão de um clube de futebol deve visar sempre a valorização de seu elenco. Um clube que fecha o ano com troféus conquistados, além de alcançar os objetivos primordiais, faz com que eventuais negociações de seus atletas alcancem valores muito maiores do que no ano anterior. O elenco então é renovado em algumas posições, e dependendo da habilidade do diretor de futebol, fica mais forte ainda para o próximo ciclo.

Quando um clube fecha o ano sem conquistas, mas aufere um bom superávit financeiro, isso será convertido em jogadores mais valiosos, o que aumenta a probabilidade de conquista de títulos. Ficar um ano sem troféus, então, não é o fim do mundo, mas aumenta a pressão por conquistas no ano seguinte, o que faz com que o caixa precise fechar o período reforçado para que a necessidade de melhorar o elenco seja satisfeita.

Em 2019, o Palmeiras não fez nem uma coisa, nem outra. Ao fechar a contabilidade de títulos e o balanço financeiro zerados, o clube marcou passo. Isso se traduziu de certa forma nas poucas contratações feitas no início de 2020. Ronny e Viña são jogadores muito bons e o elenco de 2020 parece ligeiramente mais forte que o de 2019 – mas só saberemos se estes movimentos foram suficientes caso o time chegue a conquistas relevantes.

Acerto pontual

Outro anúncio relativo às finanças do clube foi feito na manhã desta quinta-feira: o alto escalão do futebol (Anderson Barros, Cícero Souza e Vanderlei Luxemburgo), mais os atletas, terão descontados 25% da folha salarial até junho, após acordo entre as partes.

A medida visa equilibrar o fluxo de caixa do clube e manter os profissionais com salários mais modestos com os vencimentos integrais e em dia. Ponto para a diretoria e para os líderes do elenco, que souberam tratar a situação com maturidade.

Maturidade, aliás, que falta à nossa torcida, que desata a discutir cheia das razões nas redes sociais qualquer coisa que a imprensa noticie, como se tivesse todas as informações e planilhas nas mãos, conturbando ainda mais o ambiente.

Mesmo com eleições diretas pelo voto dos sócios, notícias de um presidente do Palmeiras cedendo a pressões da torcida são tão raras quanto as do cometa Halley. Chiadeira nas redes sociais só dão mais munição para a imprensa predatória.

As informações pontuais exploradas nos meios de comunicação podem ser questionadas e cobradas dos conselheiros, para que eles repassem a cobrança à diretoria. Esse é o caminho. Contate sempre seu conselheiro favorito. Se não conhece nenhum, procure nas redes sociais e escolha aqueles com quem você se identifica mais. Tem aos montes.

O que a diretoria sabe muito bem é que este ano as conquistas dentro de campo são fundamentais. Com troféus conquistados, o Palmeiras compensará o ano anterior e valorizará seu elenco, retomando o crescimento. Se fechar de novo sem títulos, mas com um bom superávit, haverá muitas críticas, com razão, mas pelo menos haverá perspectiva de crescimento – algo que não aconteceu no fechamento de 2019.

E se repetir a temporada anterior e fechar 2020 com tudo zerado pelo segundo ano seguido, aí é sinal de que muita coisa está muito errada.

Além das conquistas locais, nosso objetivo deve ser, sempre, melhorar o elenco para brigar com os maiores do mundo. Não podemos nos limitar a nos comparar apenas com SCCP, SPFC e Santos, ou com o Flamengo, River Plate e Boca Juniors. Temos que crescer, sempre, e não marcar passo, como foi confirmado pelos fechamentos oficiais do ano.


O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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O Palmeiras, a análise seletiva da imprensa e a luta contra o amadorismo

Há pouco mais de quatro anos, o Palmeiras estava numa situação desesperadora. Rebaixados para a segunda divisão com algumas rodadas de antecedência, víamos nosso então presidente desfilar de sunga pelas areias do Leblon pouco antes de embarcar para a Argentina, onde, em seu último ato no cargo, contrataria Riquelme para reforçar o time que disputaria a Série B – deixou tudo apalavrado.

Paulo Nobre assumiu a presidência em janeiro e rapidamente desfez o negócio. Depois de analisar a situação financeira, só não conseguiu desfazer a contratação de Fernando Prass porque já estava tudo assinado – R$300 mil por mês para um goleiro era um valor fora da realidade para o Palmeiras daquela época.

A contratação de Prass foi apenas mais um exemplo que no futebol, às vezes, fazer tudo errado pode dar certo. Com receitas futuras adiantadas e já comprometidas; o precipício financeiro tinha data para chegar: em abril de 2013 o Palmeiras não teria dinheiro para pagar sequer a conta da luz. A imprensa criticava, com razão, o amadorismo e a desorganização de nossa diretoria.

Reconstrução

Allianz ParqueA nova equipe então bolou um plano de reconstrução financeira emergencial, apoiado no poder econômico pessoal de Paulo Nobre. Era isso ou fechar as portas e refundar o clube com um novo nome e nova razão social – frase literal proferida numa das reuniões de diretoria naquele período. O novo clube teria que disputar a Série B1 do Paulista e tentar a classificação para a Série D do Brasileiro, para subir ano a ano até voltar à Série A.

O plano para oxigenar as finanças foi colocado em prática funcionou, mas não impediu que o clube, ainda semiamador na gestão do futebol, levasse mais um enorme susto no final de 2014. Desta vez, o acaso nos ajudou e a tragédia não se consumou. Com o fôlego renovado, o clube partiu então para uma nova fase: o Allianz Parque surgiu, o Avanti decolou; e logo depois surgiu o forte patrocínio da Crefisa. Foram sucessivos incrementos no orçamento que possibilitaram ao Palmeiras profissionalizar de vez o departamento de futebol e estamos desfrutando do resultado desde então. Desde 2015, o Palmeiras vem montando times mais fortes ano a ano.

Histórico

O futebol brasileiro já viu o predomínio de vários clubes nas últimas décadas. E desde que o futebol se profissionalizou, em 1933, inevitavelmente, o sucesso esportivo caminha lado a lado com o sucesso financeiro – um é consequência do outro, num círculo virtuoso, até que algum dirigente amador chega e mata a galinha dos ovos de ouro.

A partir da década de 90 o futebol mundial deu um salto de qualidade e deixou de ser apenas esporte. Bilhões de dólares foram despejados nos cofres dos times ao redor do planeta, resultado de uma convergência de fatores econômicos cuja locomotiva foi a televisão. Mais do que nunca, o dinheiro passou a ser o diferencial entre um time protagonista e um figurante.

O Palmeiras já esteve na situação de ser o clube dominante entre 1993 e 2000, durante a cogestão da Parmalat. Outros times tiveram seus momentos de predominância, e todos colheram os resultados financeiros do sucesso em campo, reinvestindo e estendendo seus domínios. O dinheiro e as taças andam lado a lado. Um bom orçamento não garante todas as conquistas, mas se um sistema vencedor for mantido e aprimorado, as conquistas continuarão vindo, inevitavelmente.

Os clubes e suas galinhas

Kia JoorabchianTodas as grandes camisas do futebol brasileiro tiveram suas galinhas dos ovos de ouro. O Botafogo, e até o Bangu, foram sustentados por cartolas envolvidos com jogo do bicho. O Flamengo, por anos, teve o aporte da Petrobrás, além de desfrutar de uma fatia imensamente superior à do resto dos clubes vinda dos direitos de televisão. Depois de tentar sem sucesso roubar o estádio dos outros, o SPFC construiu o Morumbi com recursos de origem duvidosa e por décadas teve a receita do aluguel do estádio, para shows e para todos os clássicos, e até para jogos dos rivais contra clubes menores.

O Santos, por anos, foi sustentado com o dinheiro do dono de uma rede de faculdades local, que se tornou presidente do clube. O Galo surfa no dinheiro de um torcedor-banqueiro, que financiou a montagem de um time que chegou à conquista da Libertadores. O Fluminense, por muitos anos, foi uma espécie de Unimed FC.

O Cruzeiro só se consolidou como time de expressão nacional depois que a família Perrella o controlou, durante anos; seu patriarca tem braços em várias atividades – de origem na pecuária, foi presidente da FIEMG, faz transportes por helicóptero e é senador. O Grêmio (que junto com o Inter recebe aquela mesadinha esperta de um banco estatal gaúcho) e, mais uma vez, o Flamengo, foram pontas de operação de uma empresa suspeita, a ISL, parceira comercial da FIFA.

O SCCP é um caso à parte, já fez de tudo: teve presidente que misturava o dinheiro do bolso com o do clube (Vicente Matheus); já teve patrocínio de torcedor (Kalunga); já ganhou (e ganha) muito mais dinheiro do que os outros times da TV, já teve grana de empresas suspeitas, por mais de uma vez (Banco Excel, HMTF, MSI).

E quase todo mundo tira uma casquinha da Caixa Econômica Federal.

Análise seletiva

Mauro Cezar
Reprodução

A mesma imprensa que criticava o Palmeiras a desorganização quatro anos atrás, agora critica pelo sucesso. Não há registros da imprensa falando em doping financeiro, em mecenato, ou em qualquer outro termo depreciativo aplicado a nenhum dos times mencionados no histórico acima. Mas todos se lembram do “esquema Parmalat”, expressão carregada de veneno cunhada pela imprensa, inconformada com o predomínio do Palmeiras quando teve a multinacional italiana como parceira.

O Palmeiras tem novamente o elenco mais encorpado do futebol brasileiro e é o principal favorito para vencer os campeonatos que disputa. E nunca se relacionou tanto quanto agora os domínios que cada time já exerceu no futebol com o dinheiro que o clube angariou para se chegar a esse domínio. Nunca se ouviu tanto a ponderação “…diante do volume de recursos investido” para se comentar o desempenho de um clube em campo, quanto nos dias de hoje. Antes, time campeão era time campeão. Falava-se sobre os jogadores, sobre o técnico, sobre o jogo. Dinheiro era só um detalhe.

A imprensa esportiva no Brasil, em regra geral, é incapaz de analisar um jogo de futebol. Agora metem-se a ponderar o jogo com análise financeira, com altas pitadas de clubismo. O resultado são essas baboseiras despejadas nos sofás e mesas dos intermináveis programas de debate. Não importa o quanto os outros clubes que dominaram o futebol brasileiro nas últimas décadas tiveram de auxílio financeiro, legítimo ou não: a análise é seletiva; só o domínio do Palmeiras é ponderado e muitas vezes depreciado pelo poderio econômico, como se fosse imoral ser bem-sucedido financeiramente.

O Palmeiras contra o amadorismo

Mustafá Contursi
Keiny Andrade/Folhapress

Futebol se tornou profissional em 1933. Desde então, o dinheiro anda junto do sucesso esportivo. Quando o Palmeiras não esteve atolado na incompetência de seus dirigentes, algo que só passou a acontecer desde que Mustafá Contursi construiu sua ascensão política em meados da década de 70, teve sucesso nas duas frentes.

O Palmeiras tem que se preocupar em não deixar que o anacronismo prevaleça e destrua tudo o que foi construído nos últimos anos. Todos os clubes brasileiros tiveram chances de estabelecer um domínio longo, mas fracassaram exatamente pelo amadorismo das instituições, incapazes de se proteger da vaidade de sócios influentes e de interesses pessoais. Se o Palmeiras aproveitar a chance e solidificar o sistema, estabelecerá um domínio por longos anos e, por cansaço, calará a imprensa, que se renderá quanto às críticas ao modelo financeiro e passará a cobrar seus clubes favoritos para que façam o mesmo.

Enquanto isso não acontece, teremos mais alguns anos de mecenato pra cá, Crefisa pra lá, e silêncio quanto a sócio torcedor e bilheteria. Um dia o palmeirense vai se acostumar com esse tratamento da imprensa – ou então vai apoiar mais a mídia alternativa palmeirense. O Verdazzo segue fazendo seu trabalho diariamente.

Está nas mãos da atual diretoria manter o atual poderio, apoiado no profissionalismo, sem deixar que pressões políticas ponham tudo a perder. As receitas estão equilibradas, o fluxo está sob controle, e há profissionais cuidando para que tudo se mantenha. Não haverá desculpas se este sistema ruir.


O Verdazzo é patrocinado pela torcida do Palmeiras.

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