Roger Guedes trava o negócio com Gustavo Scarpa

Roger GuedesAs tratativas para terem Gustavo Scarpa estavam avançadas. Entre Palmeiras, Fluminense e o atleta, tudo certo. Mas Roger Guedes, um dos contrapesos oferecidos pelo Verdão na negociação, se recusou a ir para o Rio de Janeiro e os clubes agora precisam encontrar outra fórmula para equacionar a transação – a não ser que o atacante volte atrás na decisão.

Roger Guedes é um jogador com números positivos: marcou 12 gols em 83 jogos com a camisa do clube e também é bastante afeito a assistências. Muito considerado por Cuca, notabilizou-se por comemorar os gols antes da bola entrar, antevendo as conclusões. Mas terminou o ano em baixa, sendo até afastado do grupo por um período sob a justificativa de “entrar em forma”. Em novembro.

Seu empresário declarou durante esse período que o atleta só sairá do clube se for para o exterior. No entanto, temperamental e não exatamente o jogador mais benquisto do grupo, foi separado como moeda de barganha para esta janela de fim de ano. Diante desta nova situação, ainda é possível que seu staff mude de ideia.

O recuo parece ser a saída mais inteligente. É muito melhor para um jogador que tem a ideia tão fixa em ser negociado com o exterior ser titular no Fluminense do que ficar fora até do banco no Palmeiras, mesmo com a enorme diferença entre os dois clubes. Além do mais, permanecer no Palmeiras com a pecha de ser o responsável de ter travado uma negociação tão interessante para o clube tende a fazer de seu dia-a-dia algo bastante desagradável. Até o roupeiro vai olhar torto.

No ataque do Palmeiras, todo mundo mete gol

Willian Bigode
César Greco / Ag.Palmeiras

Com os três gols marcados contra o Peñarol na quarta-feira, o Palmeiras chegou à marca de 37 gols na temporada, um dos melhores ataques do país entre os times que disputarão a Série A este ano – ainda mais levando-se em conta o nível dos campeonatos disputados pelo Verdão até agora.

Mas tão importante que a quantidade de gols marcados é a variedade de artilheiros no elenco do Verdão.

Ao marcar o gol da vitória aos 54 minutos do segundo tempo na última quarta-feira, Fabiano se tornou o 16º jogador do Palmeiras a ir às redes nesta temporada. Esta expressiva marca, que poucos clubes conseguem atingir no espaço de um ano inteiro, foi alcançada por nosso elenco no início do mês de abril.

Os destaques da lista, claro, são os jogadores de ataque. Entre parênteses, o número de jogos disputados. Confira:

  • 6 GOLS
    Willian Bigode (18)
  • 5 GOLS
    Dudu (17)
  • 4 GOLS
    Borja (9) e Roger Guedes (14)
  • 2 GOLS
    Jean (13), Michel Bastos (15), Raphael Veiga (9), Tchê Tchê (10), Keno (15) e Barrios (2)
  • 1 GOL
    Fabiano (10), Mina (8), Felipe Melo (16), Rafael Marques (2), Vitinho (4) e Guerra (9)
  • SEM GOLS
    Edu Dracena (14), Zé Roberto (14), Vitor Hugo (12), Thiago Santos (12), Egídio (10), Alecsandro (7), Erik (6), Antônio Carlos (4), Thiago Martins (2), Moisés (2), Hyoran (2), Mailton (1) e Arouca (1).

Já está chato falar da vastidão de nosso elenco. Mas os números atingidos pelo time até agora não mentem. Eduardo Baptista tem conseguido revezar bem os jogadores e, além de Felipe Melo, apenas Dudu e Willian romperam a marca dos 15 jogos entre os jogadores de linha – não por coincidência, são os dois maiores goleadores do time. Willian, mesmo sem ser titular indiscutível, é o jogador que mais vezes entrou em campo na temporada.

Esses números sugerem que o elenco, além de variado, é equilibrado e não depende de individualidades. Todos os setores do elenco chegam às redes, em jogadas ensaiadas ou em bola rolando; em cruzamentos, tabelas envolventes ou chutes de fora. O repertório é vasto.

Comparação

Alguns times também têm conseguido números expressivos nestes primeiros meses do ano, mas têm ressalvas. O SPFC tem a melhor média de gols marcados, mas também sofre muitos gols, denotando um grande desequilíbrio entre ataque e defesa. Outros ataques que conseguem destaque precisam ser ponderados pelos níveis dos campeonatos disputados: o campeonato paulista é, de longe, o que mais exige dos grandes. O Vitória tem 27 gols marcados em dez jogos – no campeonato baiano. O Galo tem marca semelhante no mineiro.

E esses times, em comparação ao Palmeiras, certamente perdem na hora de contabilizar o número de jogadores em condições de marcarem gols. Os elencos são curtos, e quando a maratona de jogos cobrar a conta, não terão peças de reposição à altura. Aliás, já tem rival perdendo jogador importante e a dependência vai começar a ficar escancarada. Desse mal, não sofremos.

Tudo isso faz com que nossa confiança para a sequência do ano permaneça alta. O protagonismo do Verdão vai continuar incomodando. VAMOS PALMEIRAS!

Escalando os alambrados: de Oséas a Roger Guedes

Roger Guedes escala o alambrado em Novo Horizonte* por Renato Sansão

O assunto já tem 72 horas, e é bem sabido que uma rotação nas redes sociais equivale a uma translação de mundo real. Mas ainda assim eu gostaria de falar um pouco mais sobre a comemoração seguida de expulsão do Roger Guedes, quando o Palmeiras marcava seu terceiro gol no jogo e dava um passo gigantesco rumo às semifinais do Paulistão 2017.

Poucas profissões nesse mundo dão a oportunidade de EXTRAVASAR, com caixa alta mesmo. Contadores, comerciantes, feirantes, enfermeiros, bibliotecários, economistas, jornalistas, psicólogos, administradores e mesmo engenheiros, publicitários, médicos e advogados vivem suas vidas profissionais em escritórios, consultórios, salas comerciais e meios de transporte variados e presos no trânsito caótico de _________ (complete aqui com o nome de sua cidade).

Atores, atrizes, rock stars e atletas são um ponto fora da curva. Seja nos palcos, quadras, octógonos, sets de gravação ou ginásios lotados, essas pessoas têm a oportunidade de colocar pra fora cada milímetro de angústia que estava preso em suas entranhas. As contas e impostos atrasados, os quilos a mais, um ente querido distante ou acometido por doença grave, colegas de trabalho que insistem em puxar seu tapete, corações partidos: por um momento que vale uma eternidade, tudo é resolvido com uma serenidade Evairesca ao cobrar um pênalti.

Por tudo isso, é inadmissível que a FIFA, o Darth Vader do mais popular dos esportes, proíba que um jogador de futebol extravase ao comemorar um gol. Seja colocando a mão atrás das orelhas, o dedo à frente da boca pedindo silêncio, fazendo careta, atirando com a metralhadora imaginária, fingindo chororô, colocando uma máscara, dançando alucinadamente ou subindo no alambrado: intrometer-se entre o momento máximo do futebol e seu protagonista do momento é uma afronta. Um coito interrompido.

Oséas no alambradoHá 22 anos, comecei a acompanhar o centroavante parrudo de trancinhas que jogava pelo Atlético Paranaense. Não apenas pelo faro de gol, impulsão assombrosa ou pela dupla que fazia com seu fiel escudeiro Paulo Rink, mas pela forma como comemorava seus gols. Ao ver a bola no fundo das redes, Oséas saía correndo como uma besta indomável e subia com impressionante destreza por alguns bons metros de alambrado para extravasar com sua torcida. Um ano depois, o Palmeiras o contrataria e o resto deixo para a História e o Almanaque do Verdazzo contarem.

Comemorações de gols censuradas, cervejas e bandeiras banidas, arredores de estádio sitiados, hino nacional banalizado, torcida única, incontáveis domingos sem ver seu time entrar em campo. Não há nada mais sã que a lucidez contida em alguns tipos de loucura, por isso não surpreende que venha de Felipe Melo o discurso resumido na incontestável verdade: estão acabando com a graça do futebol.

E como sem torcida não existe bola rolando, é dela – e não de federações, redes de televisão, patrocinadores e atletas – que deveria partir seu resgate. O respeito e a tolerância com opiniões contrárias são um bom começo: as pessoas não têm culpa se você, ao contrário do expulso Roger Guedes, não tem a oportunidade de extravasar suas dores e decepções.

* Renato Sansão é leitor do Verdazzo, padrinho do site e escalador de alambrados


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