Zé Roberto anuncia aposentadoria e se despede do Allianz Parque na segunda-feira

Zé Roberto levanta o troféu da Copa do Brasil 2015O lateral e meiocampista Zé Roberto, de 43 anos, anunciou na manhã deste sábado que vai se aposentar. Na próxima segunda-feira, em partida contra o Botafogo, ele se despedirá do Allianz Parque, onde defendeu as cores do Palmeiras nos últimos três de seus 24 anos de carreira no futebol.

Zé Roberto começou na Portuguesa, onde estreou no profissional em 1994. Foi vendido em 1997 para o Real Madrid, onde passou seis meses, e foi emprestado ao Flamengo. Voltou rapidamente à Europa, e jogou quatro temporadas pelo Bayer Leverkusen, onde teve grande destaque e acabou sendo comprado pelo Bayern.

Passou por empréstimo pelo Santos, depois jogou no Hamburgo, no Al-Gharafa do Qatar, no Grêmio até ser contratado pelo Palmeiras em 2015.

Logo que chegou ao Verdão, foi o autor de uma preleção histórica, que marcou a virada esportiva por que passou o time. “O Palmeiras é Grande”, bradou. Conquistou a braçadeira de capitão do time e ao final daquele ano, consagrou-se mais uma vez ao levantar a taça de campeão da Copa do Brasil.

Em 2016 protagonizou um lance histórico em Araraquara, ao salvar um gol certo de Robinho, do Cruzeiro, ao dar um carrinho salvador e escorar a bola com a barriga em cima da risca. O lance foi um dos símbolos da conquista do eneacampeonato brasileiro.

Zé Roberto disputou duas Copas do Mundo, 1998 e 2006, quando foi eleito para a seleção do torneio. Conquistou em sua impressionante carreira, além de duas Copas Américas pela Seleção Brasileira, um Campeonato Brasileiro e uma Copa do Brasil pelo Palmeiras, um Campeonato Paulista pelo Santos, quatro campeonatos alemães, um campeonato espanhol e outras copas menores na Europa e Qatar. Agora, vai descansar e curtir a família.

VALEU ZÉ!!!

E agora, José?

Cuca errou na escalação para o jogo de ontem contra o Cruzeiro, no Allianz Parque. Ao escalar Edu Dracena e Zé Roberto juntos, deixou o lado esquerdo muito lento. E isso já era pedra cantada, conforme se pode ler no pré-jogo. Mas há algumas razões que podem tê-lo induzido a cometer esse erro.

Jean não tinha condições físicas. Sem poder contar com Arouca, Felipe Melo e Bruno Henrique, única alternativa para a volância, ao lado de Tchê Tchê, era Gabriel Furtado. O menino, de 17 anos, foi muito bem no jogo-treino contra o São Caetano e no primeiro tempo em Campinas, mas talvez Cuca não tenha sentido confiança para lançá-lo num jogo de tamanha envergadura. Thiago Santos foi para o jogo com sabe-se lá quanto % de sua condição física e o primeiro e terceiro gols do Cruzeiro saíram em jogadas de velocidade aproveitando um enorme vazio no meio-campo.

Cuca pode ter imaginado que Robinho e Thiago Neves não representavam ameaças velozes para o lado esquerdo que ele montou, ainda mais com a proteção por seu homem de confiança. De fato, em tese, não eram. Mas na hora de fazer a cobertura no lance do primeiro gol, Zé Roberto não conseguiu acompanhar a linha de Diogo Barbosa pelo meio e o cruzamento por baixo encontrou Thiago Neves livre. E não foi a primeira vez nesta temporada que levamos um gol em cima de sua falta de explosão.

José Roberto da Silva Júnior tem um lugar cativo na galeria de ídolos do Palmeiras. Sua presença foi fundamental na retomada da grandeza do clube a partir de 2015, desde sua histórica preleção antes do primeiro jogo da temporada. Com liderança e excelência técnica, foi o símbolo do primeiro título de uma nova era do Palmeiras. No Brasileirão de 2016, protagonizou um lance histórico, contra o próprio Cruzeiro, em Araraquara, que também foi um dos símbolos da conquista. Por tudo isso, merece todo o respeito na reta final de sua carreira. Cuca precisa usá-lo em ocasiões específicas, em partidas que sua experiência no meio-campo seja bem-vinda. Se insistir em usá-lo como lateral, pode acabar esmaecendo o brilho de sua passagem pelo Palmeiras.

Na direita, mais problemas

Fabiano foi substituído aos 31 minutos logo após o terceiro gol do Cruzeiro, após levar um facão de Alisson. A jogada foi em velocidade e é muito difícil de marcar quando sai bem encaixada. Já no primeiro gol, nenhuma responsabilidade; ele estava na área ofensiva buscando o cabeceio num escanteio e havia cobertura. A vaia de grau 8 na escala Wesley que recaiu sobre ele provavelmente foi efeito da frustração coletiva de ver o time tomar de 3 com meia hora de jogo – mas ele não estava bem de qualquer forma.

Circunstâncias

Se parece definitivo que não podemos mais usar Zé Roberto na esquerda, a alternativa imediata a ele é Egídio. Com mais de dois anos de clube, o camisa 6 jamais passou segurança enquanto defensor; ontem, diante da postura avassaladora do Palmeiras no ataque no segundo tempo, saiu-se bem. Mas sabemos que ele não é uma alternativa confiável.

Para o Brasileiro e a Libertadores, Juninho surge como opção para fazer a lateral esquerda, mas é uma solução do tipo “cobertor curto” – seu desempenho no apoio é deficiente. Para a Copa do Brasil, Michel Bastos poderia ser a solução, embora não tenha apreço em atuar na posição em que surgiu para o futebol. Ontem, Michel estava fora de combate.

Já na direita, sem poder contar com Mayke e Jean, só foi possível usar Tchê Tchê ontem porque o time abriu mão de um volante diante da necessidade de atacar – e mesmo assim, arriscando ficar sem volantes porque Thiago Santos estava amarelado.

Em resumo: no início do ano, julgou-se que os laterais que encerraram o ano passado seriam suficientes para os desafios de 2017: Jean, Fabiano, Zé Roberto e Egídio – com Tchê Tchê e Michel Bastos fazendo as terceiras opções. Hoje, concluímos que a avaliação foi equivocada.

Mattos já se mexeu, trazendo Mayke e Juninho, que também não são soluções completas, mas é com eles que vamos até o fim do ano, sem poder usá-los na Copa do Brasil. De qualquer forma, diante de tantas circunstâncias negativas, não deixa de ser notável o remédio que Cuca conseguiu administrar ontem ao time para chegar ao empate, mexendo em quase todas as posições com apenas três substituições.

Vazamento

Não deixa de ser notável também o fato de que Cuca foi surpreendido pela postura tática do Cruzeiro. Outro jogo em que ele teve dificuldades no primeiro tempo foi contra o SPFC, no Morumbi. Em ambos, um ponto em comum: a escalação vazou bem antes do jogo começar. Ontem, por volta de 17h, a imprensa já tinha a informação – e provavelmente Mano Menezes também, assim como Rogério Ceni algumas semanas atrás.

Maurício Galiotte
César Greco / Ag.Palmeiras

Cuca até brincou coma situação depois do clássico, sugerindo que o SPFC poderia ter algum espião nos prédios que ficam a mais de 300m da Academia de Futebol. Na verdade, era um recado claro à direção, alertando que esses vazamentos estão atrapalhando o time. Deu certo; o ambiente voltou a ficar relativamente blindado e, com a escalação protegida, o time conseguiu envolver os adversários nos últimos jogos. Ontem, no entanto, essa proteção falhou. Alguém deu com a língua nos dentes e tomamos um baile no primeiro tempo que poderia ter sido fatal.

Enquanto pessoas alheias ao futebol tiverem acesso a informações cujo segredo é fundamental para um bom desempenho em campo, todo o esforço dos jogadores e comissão técnica acabam ficando em segundo plano. A confidencialidade da escalação e o fim dos vazamentos, que já foi tema de uma cobrança formal do grupo Fanfulla (não respondida pelo presidente), seguem sendo uma realidade distante da Academia de Futebol.

A esquerda está com sérios problemas

Egídio disputa bola com Roberto, do Novorizontino
César Greco / Ag.Palmeiras

Contando os dois amistosos de pré-temporada contra Chapecoense e Ponte Preta, o Palmeiras já disputou 17 jogos este ano e o desempenho do time de Eduardo Baptista tem sido bastante satisfatório. Considerando os problemas de lesão, suspensão e convocação, a equipe mostrou um encaixe interessante e a maioria das posições mostrou-se bem suprida.

As exceções são as laterais, sobretudo a esquerda. Do lado direito, Jean sofreu uma fissura há duas semanas no jogo na Vila Belmiro e ainda não tem previsão de volta – Fabiano vem jogando num nível um pouco inferior, mas ainda dentro do aceitável para um reserva. O problema mesmo é do outro lado.

Nosso flanco esquerdo tem sido um ponto fraco notório. Zé Roberto, depois de ter sido a maior vulnerabilidade do time nos jogos contra a Ponte Preta e Audax, ganhou um descanso forçado devido ao cartão vermelho e Egídio naturalmente o substituiu.

Pelo fato do substituto claramente ter características muito mais ofensivas do que de marcação, Eduardo escalou Tchê Tchê para fazer a cobertura dessas descidas. Egídio não é bom marcador e o espaço que ele deixa precisa ser bem protegido.

A cobertura, no entanto, não funcionou. Ontem, o ponta Roberto, mesmo com 31 anos, deitou e rolou nessa área do campo, sobretudo nos 15 minutos iniciais de cada tempo. Tchê Tchê e Felipe Melo ficaram vendidos na corrida. Edu Dracena chegou um décimo atrasado e também ficou para trás. O cara tem 31 anos e o melhor time que já defendeu foi o Coritiba. Não pode.

Estamos numa situação em que o lateral titular, Zé Roberto, está numa fase ruim que sempre pode ser aquela em que a idade finalmente pesou. E mesmo que ele volte a jogar o fino da bola, como já cansou de fazer com nossa camisa nesses quase dois anos e meio de Palmeiras, sempre haverá uma dúvida sobre o quanto ele aguentará o ritmo da titularidade.

Seu reserva é um cara que não defende, exige que um esquema todo especial de cobertura seja desenvolvido – e até agora esse esquema não funcionou. Para piorar, os cruzamentos, seu suposto ponto forte, não estão funcionando.

Egídio tem o crônico problema de escolher quase sempre a opção errada em todas as situações de jogo. Se ele tem duas opções de passe, decide invariavelmente para o mais marcado ou para o lado que vai atrasar o ataque. Pode até ser má sorte, mas isso se repete demais.

Justin Bieber
Chegou e já vestiu a 6. (Crédito: Reprodução)

A ambição do Palmeiras na temporada não permite que estejamos com um dos flancos em posição tão frágil. A lateral esquerda chegou num ponto que exige uma reposição de nível incontestável. Não adianta trazer o Victor Luís de volta do Botafogo ou apostar no João Lucas do Novorizontino. Precisamos de um lateralzão, que coloque o Zé Roberto no banco nesta fase de sua carreira, que tem que ser preservada com toda a dignidade, como acontece com Totti na Roma.

No mercado brasileiro, não há nenhum lateral esquerdo que sequer chegue perto do nível que precisamos. É mais um trabalho para o radar do Mattos. A não ser que estejam pensando em aproveitar o camisa 6 que reconheceu nosso estádio no último fim-de-semana.

E a meia?

Ontem Dudu foi escalado mais uma vez como meia armador, jogando por dentro. Sua expressão na comemoração de seu gol, após 38 minutos de uma atuação muito fraca, foi semelhante à que fez no jogo contra o São Bernardo, quando estava nitidamente infeliz em campo. Naquele dia, jogou aberto pela esquerda, mas o time ainda não estava encaixado e sua motivação estava beirando o zero, até o gol e o chacoalhão que levou do Felipe Melo.

Ontem, voltou a mostrar um certo incômodo – não se sabe exatamente com o que, mas parece que ele realmente fica muito mais à vontade correndo pelos flancos – preferencialmente o esquerdo, mas se vira bem pela direita também. Definitivamente, jogar como articulador principal parece não ser sua função favorita.

Parece que Eduardo Baptista o está usando nessa função muito mais pelas boas performances dos outros pontas do que por seu próprio rendimento. Roger Guedes, Keno, Michel Bastos e até Erik estão em fases produtivas, enquanto que Raphael Veiga parece ainda estar amadurecendo e Hyoran acabou de estrear – tudo isso enquanto Guerra se recupera de lesão sofrida jogando pela Venezuela. Temos três meias centrais bem interessantes, mas nenhum se mostra apto neste momento para barrar os pontas em fases mais exuberantes – sobra para Dudu cair para o miolo.

Eduardo deve estar enxergando essa situação e precisa achar a melhor combinação a cada jogo, conforme a fase técnica de cada um. É o ônus de ter tantas boas opções no setor. À distância, preferia Dudu aberto e confiaria num dos garotos para jogar por dentro enquanto Guerra se recupera; e Roger Guedes que se vire para continuar como titular enquanto Michel Bastos, Keno e Erik estão babando pela outra vaga.

Novidade

A partir de ontem, o post de pós-jogo conta com uma nova seção: “A Voz do Padrinho”, um espaço onde os leitores que apoiam o Verdazzo gravam um rápido áudio com as impressões sobre a partida.

O Verdazzo, desta forma, aumenta a participação dos leitores e faz do site cada vez mais um espaço DA TORCIDA DO PALMEIRAS, caminhando para diminuir a dependência do trabalho da mídia tradicional. Prestigie!