Jogamos como sempre, perdemos como nunca

base sub17
Fabio Menotti/Palmeiras/by Canon

A base do Palmeiras passou por um fim de semana incomum nos últimos anos. O time sub-17 foi derrotado pelo Fluminense na final da Copa do Brasil, no Allianz Parque; o sub-20 foi eliminado nas quartas-de-final do Campeonato Paulista ao perder para o Novorizontino. Duas eliminações em campeonatos importantes em menos de 48 horas.

Com mais de 8 mil pessoas apoiando, o time sub-17 foi surpreendido na sexta-feira pelo Fluminense, que apostou nos contra-ataques e encaixou dois, contando com falhas individuais de nosso sistema defensivo. O Palmeiras dominou todo o jogo e o goleiro do time carioca foi uma das grandes figuras do jogo, ao lado de seu camisa 10, que viveu uma noite muito inspirada.

o time sub-20, depois de empatar em casa por 1 a 1, acabou vencido ontem pelo Novorizontino por 1 a 0. O time do interior contou com muita sorte, já que o Palmeiras alvejou a trave adversária algumas vezes, desperdiçou um pênalti e ainda teve outro pênalti sonegado pela arbitragem. No último lance, Benedetti tocou a bola para o gol mas do nada apareceu uma botina adversária para salvar o lance em cima da risca.

É importante mencionar que o time sub-20 conquistou recentemente o Brasileirão, segue no mata-mata da Copa do Brasil, onde venceu o jogo de ida pelas quartas-de-final contra o Cruzeiro dando um baile, macetando o adversário, e tem quase o time todo em ótimas condições de serem promovidos ao elenco principal. O time-base, com Deivid; Gilberto, Benedetti, Robson e Arthur; Coutinho, Patrick, Riquelme Fillipi e Allan; Thalys e Luighi, é muito forte – o que não impede que tropeços aconteçam. O Novorizontino também teve seus méritos e é bom lembrar que é um time que só foi derrotado este ano uma vez.

O sub-17, que poderia contar com Estêvão, também tem vários talentos em fase de lapidação. O ano de 2024 foi um raro ponto da curva em que não houve conquistas, mas é impossível não enxergar muito potencial no goleiro Kauan Lima, no lateral Luis Saboia, nos meio-campistas Djhordney, Felipe Goto e Erick Belé e nos atacantes Murilo Dourado e Antônio Marcos.

Tanto o Fluminense quanto o Novorizontino mereceram passar por nossos times. É preciso apelar para os chavões que “futebol tem dessas coisas”, “não vamos ganhar todas”, ou brincar com a inversão em “jogamos como sempre, perdemos como nunca”. É sempre bom para a formação acostumar os atletas jovens às vitórias; por outro lado, as derrotas moldam o caráter. Sempre há lições para serem aprendidas nesta etapa de suas carreiras.

Base precisa de ajustes no calendário

Não dá para ignorar que os calendários da base, se ainda não estão tão inchados como o do profissional, já demonstram precisar de melhorias, já que os funis dos estaduais estão encavalando com os das competições promovidas pela CBF. Nossos times sub-17 e sub-20 estão em ritmo alucinante há algumas semanas; se a idade, por um lado, facilita no aspecto físico, por outro exige demais da estrutura mental dos meninos, que acabam se desgastando precocemente. Todo aprendizado tem seu ritmo e seu limite.

O primeiro semestre passa meses com finais de semana ociosos. Cabe à Federação Paulista de Futebol atentar para este problema e ajustar seu calendário, a não ser que a intenção seja exatamente a de dificultar o avanço no Estadual para os times que chegam às fases decisivas da Copa e do Brasileirão, numa espécie de processo de “redistribuição” de taças ou uma versão base do infame “Quem manda querer ganhar tudo?”. Seria ridículo.

As redes sociais, sempre elas

Por fim, cabe uma observação aos torcedores que não pouparam nossos meninos de críticas pesadas após os reveses do fim-de-semana através das redes sociais. Mais uma vez, pessoas que precisam das vitórias do Palmeiras para serem vencedores em alguma coisa, já que em suas próprias vidas não conseguem nada, descarregam suas frustrações em quem defende nossa camisa. Mas, desta vez, apontam seus estilingues para garotos em desenvolvimento.

Um dos argumentos que esses predadores virtuais usam para justificar seus atos é que os jogadores ganham muito dinheiro e que isso justificaria o peso nas cobranças. O que cai por terra quando estamos falando de futebol de base.

É verdade que esses meninos, mesmo em seus primeiros contratos, já podem até estarem ganhando mais do que os revoltossauros da Enzolândia, mas vomitar cobranças de forma covarde em meninos, que representam uma estrutura que é um dos pilares do sucesso atual de nosso clube, passa um pouco de qualquer limite. Tomem vergonha!

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