Libertadores da América 2000

A Copa Libertadores da América de 2000 foi disputada por 34 equipes, incluindo duas mexicanas, entre fevereiro e junho. Após uma rápida fase eliminatória em que duas equipes venezuelanas acabaram eliminadas, as 32 equipes restantes foram divididas em oito grupos de quatro. Após seis rodadas, as duas melhores de cada grupo avançaram para as oitavas-de-final.

O grupo do Palmeiras tinha o Juventude, o Strongest-BOL e El Nacional-ECU. Mesmo diante de dificuldades (o Palmeiras perdeu as duas no exterior), nosso time chegou à rodada decisiva praticamente classificado - somente uma derrota por cinco gols em Caxias nos eliminaria.

A fase de grupos foi marcada pelo pitoresco episódio do cafezinho: diante do Strongest, no Palestra, a partida estava extremamente fácil. Numa das pausas, Marcos pediu um copinho de café para um membro da comissão técnica, e o gesto foi muito mal recebido na Bolívia. Na partida em La Paz, o clima foi pesado e os bolivianos comemoraram os gols da vitória sobre o Palmeiras imitando uma pessoa tomando café.

O primeiro adversário no mata-mata foi o Peñarol. Feliponicamente, o Palmeiras segurava uma derrota pelo placar mínimo até os 35 do segundo tempo, quando o Peñarol fez o segundo, de pênalti. O resultado mais elástico obrigou o Palmeiras a se atirar para cima dos uruguaios no Palestra, e os gols saíram: aos 10 minutos do segundo tempo o placar já apontava 3 a 0 para o Palmeiras, mas o Peñarol diminuiu.

Euller sofreu pênalti e teve a chance de fazer o quarto, mas mandou na trave. Ainda sem a regra do gol qualificado, a vaga foi decidida nos pênaltis. Euller desperdiçou novamente na disputa, mas Marcos defendeu duas cobranças e o Verdão avançou.

Nas quartas-de-final o confronto foi bem mais tranquilo: diante do Atlas-MEX, o Palmeiras avançou com duas vitórias: 2 a 0 em Guadalajara e 3 a 2 no Palestra, numa partida muito controlada.

As semifinais marcaram um dos grandes momentos da História do Palmeiras. Pela segunda vez seguida, tivemos Derby no mata-mata da Libertadores. O SCCP tinha um time ainda melhor que o do ano anterior, era apontado por todos como favorito disparado e estava com sede de vingança.

No primeiro jogo, o adversário sempre esteve à frente. Aos 10 do segundo tempo, abriu 3 a 1, mas o Palmeiras surpreendeu com Alex e Euller, aos 37 do segundo tempo o jogo estava novamente empatado. Vampeta ainda fez o quarto gol do SCCP e deu vantagem do empate ao adversário no jogo final, mas a reação palmeirense claramente tirou-lhes a confiança.

Uma semana depois veio o jogo que parou o país. A Grande São Paulo registrou, somadas as duas emissoras, 76 pontos de audiência na partida. Euller abriu o placar para o Verdão aos 34, mas Luizão testou forte após escanteio aos 39 para empatar o jogo. No segundo tempo, Luizão os 7 colocou o adversário na frente e a missão do Palmeiras era marcar dois gols até o fim do jogo. Parecia quase impossível.

Numa incrível combinação de talento, raça e competitividade, o Palmeiras virou o jogo. Aos 15, Alex mostrou sua extrema categoria ao dar um tapa sutil no ângulo de Dida, empatando o jogo. E aos 25, Alex cobrou falta no segundo pau e Galeano surgiu do nada para escorar com alguma parte do corpo, rente à trave, para o fundo do gol. Ainda havia cerca de 20 minutos e a decisão estava indo para os pênaltis, e os times passaram a arriscar menos. De fato, fomos para os tiros livres.

A rivalidade construída durante quase um século foi aflorada em toda a década de 90, com confrontos de arrebentar. Apesar da enorme vantagem palmeirense, avançar à final seria uma forra completa para o rival, que teria muitas chances de conquistar a inédita Libertadores. Os jogadores sentiam a tensão.

Marcos
Gazeta Press

Os pênaltis foram sendo convertidos, e durante as comemorações os jogadores quase brigaram. A tensão foi demais para o principal jogador de nosso adversário. Com todas as cobranças convertidas, ele teve a responsabilidade de empatar em 5 a 5 e de manter seu time na disputa. Foi quando veio o lance que ficou eternizado, porque é do Marcelinho que a torcida do Palmeiras quer arrancar o sangue. Ele bate muito bem. Correu Marcelinho, foi pra bola, bateeeeeu... deeeeeeeefendeu Maaaaarcossss!!!

A comemoração foi de título, a cidade enlouqueceu. Até sãopaulinos, que não tinham nada a ver com a história, estavam comemorando. Por alguns momentos, nem importou que ainda havia duas finais pela frente, contra o Boca Juniors.

Na partida de ida, o Palmeiras foi bem. Resistiu à pressão da Bombonera e conseguiu empatar duas vezes, após o Boca marcar com Arruabarrena uma vez em cada tempo. O placar de 2 a 2 foi considerado excelente.

Na volta, atrás de uma boa renda, o Palmeiras abriu mão do Palestra e decidiu manter o jogo no Morumbi. O Boca soube trabalhar a pressão da enorme, mas distante torcida, e segurou o 0 a 0 que levou a decisão para os pênaltis. Com a ajuda da arbitragem, que permitiu que o goleiro Córdoba se adiantasse nas duas cobranças que defendeu (de Asprilla e Roque Júnior), o Boca venceu por 4 a 2 e levantou o troféu.

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