Vitória contra o Cerro Porteño fez o Palmeiras e o treinador alcançarem mais feitos expressivos
A vitória por 3 a 0 sobre o Cerro Porteño na última quarta-feira, pela Libertadores, além de deixar a vaga do Palmeiras encaminhada para as oitavas-de-final, também fez com que mais recordes fossem alcançados pelo clube e pelo técnico Abel Ferreira.
Dono das principais marcas entre os clubes brasileiros na Libertadores e com três títulos conquistados, o Verdão chegou a 50 triunfos como visitante na História da competição, em 113 jogos disputados.
Nenhum outro time do país contabiliza tantas vitórias fora de casa na Libertadores como o Verdão, que na lista geral, é o quinto colocado: atrás do Peñarol (52 em 183 jogos), Boca Juniors (59 em 160), River Plate (59 em 191) e Nacional (61 em 200) – portanto, na média, o Palmeiras já aparece à frente dos rivais.
Destas 50 vitórias, 12 foram conquistadas por Abel Ferreira e sua comissão técnica. O atual treinador palmeirense, ainda, igualou os números de Luiz Felipe Scolari e se tornou o técnico que mais venceu pelo clube na competição: são 23 triunfos (independentemente do mando). A diferença é que o comandante português chegou à marca em 33 jogos, enquanto Felipão precisou de 43 partidas.
Confira os técnicos com mais vitórias pelo Palmeiras na Libertadores:
Desde que desembarcou no Brasil para treinar o Palmeiras, Abel Ferreira nunca escondeu a admiração que tem por Felipão, principalmente pelo trabalho do ex-treinador à frente da seleção portuguesa.
“Falando do Felipão, vou partilhar algo que aconteceu. Na última vez que almoçamos, ele fugiu e não pagou (risos). Mas não foi um problema. Foi um gosto almoçar e compartilhar as ideias com ele. Eu não sabia desse recorde. Fico feliz só por ser mais novo que ele, só isso. Espero chegar na idade dele, só isso que peço”, disse Abel após o jogo contra o Cerro Porteño.
“É uma pessoa que gosto muito, não é de hoje, é de algo que fez por Portugal, unindo o país em torno da seleção. Ele deixou uma semente muito forte para o que viria a acontecer no futuro. É um orgulho e uma admiração muito grande falar dele”, completou.
O cinema vem provocando o público há algumas décadas, desde a trilogia De Volta Para o Futuro, passando por filmes como Efeito Borboleta, o universo Marvel, o excepcional A Origem, e o recente laureado pela Academia Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, entre tantas outras produções, com os conceitos de multiverso e realidades paralelas.
O recente sucesso do Palmeiras criou uma espécie de meme recorrente em outras torcidas a respeito de como seria o mundo do futebol se o Verdão tivesse sido rebaixado em 2014 – algo que não aconteceu por muito pouco – e descrevem seus universos imaginários caso a tragédia tivesse se concretizado pela terceira vez.
A cada troféu conquistado pelo Palmeiras, torcedores rivais, páginas de sátira, jornalistas mal-informados e/ou mal-intencionados e até palmeirenses com senso de humor duvidoso ironizam nas redes sociais que tudo isso só está acontecendo “graças ao gol do Thiago Ribeiro”.
Contexto do multiverso dos rivais
O ano de 2014 foi o último em que o Palmeiras mandou seus jogos como nômade, devido à construção do Allianz Parque. O Verdão vinha de uma década tétrica no futebol, registrando o primeiro rebaixamento de um time grande paulista e vivia de um único título, o estadual conquistado em 2008.
A construção do Allianz Parque coincidiu com a pior gestão de todos os tempos no clube. Sob a gestão de Arnaldo Tirone e seus fiéis escudeiros Roberto Frizzo e Piraci de Oliveira, o Palmeiras não conseguia montar um time competitivo e foi rebaixado pela segunda vez em 2012, no mesmo ano em que, por um milagre felipônico, havia conquistado a Copa do Brasil (quando a competição não contava com os times que jogavam a Libertadores, diga-se).
A primeira gestão de Paulo Nobre começou em 2013 com o Palmeiras voltando com facilidade à elite do futebol, mesmo mandando seus jogos no Pacaembu. O ano de 2014 parecia promissor e a presença do presidente no futebol passou a ser cada vez maior, culminando numa sequência de erros que conduzia o time a uma trajetória que desgraçadamente parecia cada vez mais familiar à torcida do Verdão: a de mais um rebaixamento no Brasileirão.
O Allianz Parque foi finalizado na reta final da temporada e o Palmeiras dependia apenas de seus resultados para, ao menos, se manter na Série A. A inauguração do estádio foi apressada para que, na 35ª rodada, o Palmeiras vencesse o Sport numa grande apoteose e se aproximasse dos pontos necessários.
Como sabemos, o Verdão acabou derrotado, o que se repetiu nas duas rodadas seguintes em confrontos fora de casa contra Coritiba e Inter. O Palmeiras chegou à rodada final precisando ganhar do Atlético-PR, ou que o Vitória, que vinha um ponto atrás com uma vitória a menos, não vencesse o Santos.
Em seu segundo jogo no Allianz Parque, o Palmeiras saiu atrás, empatou com um gol de pênalti de Henrique Ceifador, mas não conseguiu a virada. O jogo foi encerrado perto das 19h, enquanto o Vitória ainda tentava o gol salvador num jogo com o placar em branco. O Brasil parou para assistir mais uma agonia palmeirense, torcendo por um gol do time baiano, que se lançou desesperadamente à frente. Num contra-ataque, aproveitando essa desorganização, o Santos marcou com Thiago Ribeiro o gol solitário da partida, concretizando o que o placar sem gols já determinaria: Vitória rebaixado e Palmeiras na Série A.
Assim, mesmo com todo o drama, não dá para dizer que o Palmeiras foi salvo “pelo gol do Thiago Ribeiro”. O empate já seria suficiente para o Verdão; o universo paralelo dos sonhos de nossos rivais só aconteceria em caso de derrota santista. Seria necessária uma entregada histórica para perder aquele jogo diante de um Vitória que mereceu ser rebaixado, mais que o Palmeiras.
Desde então, o Palmeiras retomou a trajetória vitoriosa que caracteriza a maior parte da História do clube, conquistando mais dois estaduais, duas Copas do Brasil, três Brasileiros, duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e uma Supercopa do Brasil.
Mas e se essa entregada tivesse acontecido? O Palmeiras teria mesmo se transformado numa espécie de Botafogo?
Na parte 2 deste texto, vocês verão como poderia ter sido a trajetória do Verdão nos últimos oito anos sob uma perspectiva que considera todo o cenário com mais propriedade, de forma bem mais realista que os devaneios de nossos rivais, que recorrem à imaginação para aplacar um pouco a dor de cotovelo que os consome a cada título conquistado pelo Primeiro Campeão Mundial. Fiquem atentos!
O Verdazzo é um projeto de independência da mídia tradicional patrocinado pela torcida do Palmeiras.
São 11 finais para Abel Ferreira, que ultrapassou Luiz Felipe Scolari
A vitória sobre o Ituano no domingo, por 1 a 0, fez com que Abel Ferreira registrasse um número histórico à frente do Palmeiras. O treinador chegou à 11ª final e se tornou o técnico com mais decisões disputadas em toda a História do clube.
Há dois anos e meio comandando o time, Abel superou Luiz Felipe Scolari, que em três passagens pelo clube disputou dez finais. “Não sabia desse número”, disse o treinador na coletiva. “Às vezes eu não tenho noção. O Felipão já ganhou muito, é um dos maiores vencedores de títulos no mundo, não sei se algum dia chegarei a esse nível. Fico chateado porque tem gente que não gosta dele. É top como homem, treinador e pessoa”, completou.
Até o momento, Abel conquistou seis títulos e quatro vices. No Paulistão, o treinador não sabe o que é ser eliminado antes da final. Em três edições do estadual disputada, ele e sua comissão técnica levaram o Palmeiras a três decisões, vencendo em 2022.
“No lado profissional, nunca estou satisfeito, há sempre espaço para melhoria. Tenho sempre dúvidas se vou ganhar o jogo ou não e quero aprender com outros treinadores. Sei de onde vim e o quanto me custou chegar até aqui. Não estou satisfeito e digo isso aos jogadores: ‘se querem dar um passo à frente, não podem baixar a guarda’. Não tenho noção do que já fizemos, minha mentalidade é descansar e trabalhar”, disse.
O Palmeiras chega à quarta final consecutiva do Campeonato Paulista, número inédito na História do clube. Além disso, contando as participações em todos os torneios, desde 2020, são 12 decisões disputadas pelo Verdão, sendo 11 com Abel e uma com Vanderlei Luxemburgo.
Relembre as finais do Palmeiras sob o comando de Abel Ferreira:
Com a conquista da Supercopa do Brasil, Abel Ferreira ultrapassou Felipão e empatou com Oswaldo Brandão em número de títulos pelo Verdão
O técnico Abel Ferreira segue fincando cada vez mais seu nome entre os maiores técnicos da História do Palmeiras. Com a conquista inédita palmeirense da Supercopa do Brasil neste sábado, sobre o Flamengo, o comandante chegou a sete títulos e se tornou o segundo treinador com mais troféus pelo Verdão, empatado com Oswaldo Brandão e ficando atrás apenas de Luxemburgo (8).
Abel ultrapassou Luiz Felipe Scolari em número de conquistas pelo Palmeiras, onde está desde outubro de 2020. Felipão, considerado por muitos torcedores o maior da História do clube e o segundo que mais vezes dirigiu o Verdão, tem seis troféus.
Ao todo, os portugueses acumulam 185 partidas à frente do Palmeiras, com 107 vitórias, 44 empates e 34 derrotas. Destes 185, 165 jogos foram comandados por Abel, 18 por João Martins e 2 por Vitor Castanheira.
Com Abel Ferreira, confira a lista dos técnicos com mais títulos pelo Palmeiras:
Felipão esteve à beira do campo pela última vez no domingo, no duelo do Athletico-PR contra o Botafogo; pelo Palmeiras, é o terceiro técnico com mais títulos
Luiz Felipe Scolari anunciou na tarde de domingo, após a vitória do Athletico-PR sobre o Botafogo, sua aposentadoria como treinador de futebol. Aos 74 anos, Felipão se despede do cargo com 27 títulos conquistados, sendo um deles a Copa do Mundo de 2002, pela Seleção Brasileira – como técnico, ele é o maior vencedor brasileiro.
Seis de suas 27 conquistas foram no Palmeiras, clube no qual é considerado por muitos torcedores o maior treinador da História. Foram três passagens pelo Verdão: entre 1997 e 2000; 2010 e 2012; e 2018 e 2019.
Na segunda passagem, levou uma equipe de pouca inspiração técnica ao título da Copa do Brasil (2012), sobre o Coritiba – tido pela imprensa, à época, como amplo favorito. Apesar do troféu, não conseguiu evitar que o Palmeiras entrasse na rota do rebaixamento naquele ano.
Além do Palmeiras, Scolari também é idolatrado no Grêmio e em Portugal. Longe dos gramados, ele assumirá o cargo de diretor-técnico da equipe paranaense.