Multiverso, realidades paralelas e a falácia do gol do Thiago Ribeiro – parte 1

O cinema vem provocando o público há algumas décadas, desde a trilogia De Volta Para o Futuro, passando por filmes como Efeito Borboleta, o universo Marvel, o excepcional A Origem, e o recente laureado pela Academia Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, entre tantas outras produções, com os conceitos de multiverso e realidades paralelas.

O recente sucesso do Palmeiras criou uma espécie de meme recorrente em outras torcidas a respeito de como seria o mundo do futebol se o Verdão tivesse sido rebaixado em 2014 – algo que não aconteceu por muito pouco – e descrevem seus universos imaginários caso a tragédia tivesse se concretizado pela terceira vez.

A cada troféu conquistado pelo Palmeiras, torcedores rivais, páginas de sátira, jornalistas mal-informados e/ou mal-intencionados e até palmeirenses com senso de humor duvidoso ironizam nas redes sociais que tudo isso só está acontecendo “graças ao gol do Thiago Ribeiro”.

Contexto do multiverso dos rivais

Frizzo e Tirone

O ano de 2014 foi o último em que o Palmeiras mandou seus jogos como nômade, devido à construção do Allianz Parque. O Verdão vinha de uma década tétrica no futebol, registrando o primeiro rebaixamento de um time grande paulista e vivia de um único título, o estadual conquistado em 2008.

A construção do Allianz Parque coincidiu com a pior gestão de todos os tempos no clube. Sob a gestão de Arnaldo Tirone e seus fiéis escudeiros Roberto Frizzo e Piraci de Oliveira, o Palmeiras não conseguia montar um time competitivo e foi rebaixado pela segunda vez em 2012, no mesmo ano em que, por um milagre felipônico, havia conquistado a Copa do Brasil (quando a competição não contava com os times que jogavam a Libertadores, diga-se).

A primeira gestão de Paulo Nobre começou em 2013 com o Palmeiras voltando com facilidade à elite do futebol, mesmo mandando seus jogos no Pacaembu. O ano de 2014 parecia promissor e a presença do presidente no futebol passou a ser cada vez maior, culminando numa sequência de erros que conduzia o time a uma trajetória que desgraçadamente parecia cada vez mais familiar à torcida do Verdão: a de mais um rebaixamento no Brasileirão.

O Allianz Parque foi finalizado na reta final da temporada e o Palmeiras dependia apenas de seus resultados para, ao menos, se manter na Série A. A inauguração do estádio foi apressada para que, na 35ª rodada, o Palmeiras vencesse o Sport numa grande apoteose e se aproximasse dos pontos necessários.

Como sabemos, o Verdão acabou derrotado, o que se repetiu nas duas rodadas seguintes em confrontos fora de casa contra Coritiba e Inter. O Palmeiras chegou à rodada final precisando ganhar do Atlético-PR, ou que o Vitória, que vinha um ponto atrás com uma vitória a menos, não vencesse o Santos.

Em seu segundo jogo no Allianz Parque, o Palmeiras saiu atrás, empatou com um gol de pênalti de Henrique Ceifador, mas não conseguiu a virada. O jogo foi encerrado perto das 19h, enquanto o Vitória ainda tentava o gol salvador num jogo com o placar em branco. O Brasil parou para assistir mais uma agonia palmeirense, torcendo por um gol do time baiano, que se lançou desesperadamente à frente. Num contra-ataque, aproveitando essa desorganização, o Santos marcou com Thiago Ribeiro o gol solitário da partida, concretizando o que o placar sem gols já determinaria: Vitória rebaixado e Palmeiras na Série A.

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Assim, mesmo com todo o drama, não dá para dizer que o Palmeiras foi salvo “pelo gol do Thiago Ribeiro”. O empate já seria suficiente para o Verdão; o universo paralelo dos sonhos de nossos rivais só aconteceria em caso de derrota santista. Seria necessária uma entregada histórica para perder aquele jogo diante de um Vitória que mereceu ser rebaixado, mais que o Palmeiras.

Desde então, o Palmeiras retomou a trajetória vitoriosa que caracteriza a maior parte da História do clube, conquistando mais dois estaduais, duas Copas do Brasil, três Brasileiros, duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana e uma Supercopa do Brasil.

Mas e se essa entregada tivesse acontecido? O Palmeiras teria mesmo se transformado numa espécie de Botafogo?

Na parte 2 deste texto, vocês verão como poderia ter sido a trajetória do Verdão nos últimos oito anos sob uma perspectiva que considera todo o cenário com mais propriedade, de forma bem mais realista que os devaneios de nossos rivais, que recorrem à imaginação para aplacar um pouco a dor de cotovelo que os consome a cada título conquistado pelo Primeiro Campeão Mundial. Fiquem atentos!


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